As sombras das árvores refletindo na neve deixava tudo mais tenso. Eu andava por ai com Anaklusmos na mão observando enquanto o grupo de Beatrice desapareceu na floresta à esquerda. O grupo de Thalia deu alguns segundos, então se lançaram pela direita.

Eu esperava algo acontecer, um galho se quebrar, qualquer coisa! Escalei o Punho de Zeus e obtive uma boa visão de cima da floresta. Lembrei de como as Caçadoras saíram de repente do bosque quando enfrentaram o manticore, e eu estava preparada para algo assim – uma carga enorme que nos esmagaria. Mas nada aconteceu.

Lembrei da minha reclamação. Eu estava lutando com Jake pela bandeira. Depois eu lutei contra um monstro que por acaso era um grande cão infernal convocado por Silena Beauregard, minha antiga amiga que tentara me matar e agora faz parte de um grupo de semideuses vitimas de uma lavagem cerebral causada por Cronos, o titã do tempo.

Captei um relance de Beatrice e seus dois batedores. Eles correram através de uma clareira, perseguidos por cinco Caçadoras, conduzindo-as mais para dentro da floresta e para longe de Thalia. O plano parecia estar dando certo. Então eu mirei outro amontoado de Caçadoras dirigindo-se para a direita, arcos preparados. Elas deviam ter visto Thalia.

– O que está acontecendo? – perguntou Nico, tentando escalar ao meu lado. Sem muito sucesso.

– Megan? - chamou Percy.

Ignorei ambos. Minha mente tentava achar algum erro, alerta a qualquer coisa. Então eu tive uma ideia. Thalia nunca conseguiria passar, mas as Caçadoras estavam divididas. Com tantas assim em cada flanco, o centro deveria estar aberto. Se eu fosse rápida...

Olhei para Beckendorf e Percy abaixo de mim.

– Vocês conseguem proteger o forte?

Percy olhou para mim e sorriu.

– Tem certeza? - perguntou.

– Acho que sim.

Beckendorf e os Stoll ficaram confusos. Percy bufou.

– Boa sorte, damos conta daqui. - disse ele.

Os irmãos Stoll e Nico me apoiaram enquanto eu corria em direção às linhas de fronteira.

Estava correndo a toda velocidade e me sentia ótima, adrenalina na veia. Saltei sobre o riacho para dentro do território inimigo. Eu podia ver sua bandeira prateada acima, apenas uma guarda, que nem estava olhando na minha direção. Escutei lutas à esquerda e à direita, em algum lugar no bosque. Eu tinha conseguido. A guarda virou no último minuto. Era Bianca di Angelo. Os olhos dela se arregalaram enquanto eu lhe dava uma trombada e ela ia se esparramando pela neve.

– Desculpe. - falei.

Arranquei da árvore a bandeira prateada de seda e parti.
Estava a dez metros de distância quando Bianca conseguiu gritar por ajuda. Pensei que estava livre de problemas.

Foi ai que um cordão prateado passou pelos meus tornozelos em um zunido e fincou na árvore próxima a mim. Um fio para tropeçar, disparado de um arco! Antes que eu pudesse ao menos pensar em parar, eu fui pra baixo duramente, estatelado na neve.

– Megan! - ouvi Thalia gritar. - O que você pensa que esta fazendo?!

Ah, chega! Eu conseguia ter paciência com a filhinha de Zeus ai, mas esta difícil... Sério, ela fala como se fosse minha mestra ou algo do tipo. Ela pode até ser superior a mim, mas eu...

Antes de eu terminar de reclamar. Uma flecha explodiu aos seus pés e uma nuvem de fumaça amarela ondulou em volta de sua equipe. Eles começaram a tossir e a engasgar. Eu podia sentir o cheiro do gás por toda a floresta – o horrível cheiro de enxofre.

– Não é justo! - disse Thalia. - Flechas de peido são antiesportivas!

Levantei e comecei a correr de novo. Apenas mais alguns metros até o riacho e eu teria o jogo. Mais flechas zuniram pelo meu ouvido. Uma Caçadora surgiu do nada e me golpeou com sua faca... mas eu desviei e continuei correndo como se minha vida dependesse disso, competindo contra elas, eu não duvido.

Escutei gritos do nosso lado do riacho. Beckendorf e Nico estavam correndo na minha direção. Pensei que eles estavam vindo para me receber de volta, mas aí eu vi que eles estavam perseguindo alguém – Zöe. correndo até mim como uma pantera atrás da caça, esquivando-se de campistas sem nenhum problema.

E ela tinha nossa bandeira em suas mãos.

– Droga... - resmunguei. Aumentei a velocidade.

Estava a meio metro da água quando Zöe passou de volta para seu lado, trombando comigo como medida de segurança. As Caçadoras se animavam enquanto os dois lados convergiam para o riacho. Quíron surgiu entre as árvores, parecendo ameaçador.

Ele tinha os irmãos Stoll em suas costas, e ao que parecia os dois tinham tomado umas desagradáveis pancadas na cabeça. Connor Stoll tinha duas flechas cravadas em seu elmo como antenas.

Elas não...

– O Jogo acabou! - exclamou Quiron, sua voz fez até as árvores tremerem. - As Caçadoras venceram. - disse sem prazer.

– Megan Jackson! - ouvi Thalia me gritar... Como é que ela...

Ah tá, claro! Se eu sou irmã do Percy, é claro que eu sou uma Jackson.

Ela cheirava a ovo podre, e ela estava tão brava que faíscas azuis tremeluziam em sua armadura. Todos titubearam e recuaram por causa de Aegis. Precisei de toda a minha força de vontade para não me acovardar. Estava cansada de ter medo dela, tinha coisas piores para ter medo do que uma garota de Zeus mesquinha e mandona.

– O que em Hades você estava PENSANDO em fazer? – ela rugiu.

Já havia tido suficientes coisas ruins acontecendo comigo para um dia. Eu não precisava disto. Cerrei os punhos.

– Eu peguei a bandeira, Thalia Grace. - falei calmamente. - Vi uma chance e me aproveitei disso.

– EU ESTAVA NA BASE DELAS! – Thalia gritou.

– Olha, você não precisa gritar. - falei, minha calma aprecia irrita-la. - Eu estou bem aqui na sua frente.

– Se você não tivesse se metido nos poderíamos ter ganhado! - ela rugiu me ignorando. - PORQUE VOCÊ NÃO PODE FICAR NA SUA?! VOCÊ NUNCA PODE NÃO É?! EM WESTOVER, JAKE NÃO ESTA AQUI POR SUA CULPA! PORQUE VOCÊ SE METEU!

Agora... Ela pegou pesado.

– Cale a boca. - murmurei sentindo algo tremer... Meus punhos cerraram mais. As árvores se agitaram... Não... Não eram as árvores. Era o chão.

– O que disse?

– EU MANDEI VOCÊ CALAR A BOCA! VOCÊ NÃO SABE NADA SOBRE MIM! ENTENDEU? - berrei.

Com o meu grito, Nico cambaleou. Não entendi porque. Percy se segurava na árvore para não cair. Ele gritava meu nome, mas sua voz era apenas um ruido insignificante agora para mim. Thalia tremia. Beatrice se jogou no chão, Haley fez o mesmo, assim como Beckendorf e outros.

O Chão tremia de leve. Terremoto.

– Megan! Já chega! - ouvi Quiron gritar.

– Você é muito irritante! - disse ela me empurrando e jutno disso veio um choque elétrico. Eu cai no lago.

Voltei para a superfície no mesmo instante. Seca. Thalia empalideceu. O chão se aquietou.

– Eu... Eu não queria. Sinto muito. - disse ela.

Mas eu estava descontrolada. Um mini redemoinho ao redor de mim se formou, e um jato de água explodiu na cara de Thalia.

– Eu também não queria. - falei.

– Então é assim? - provocou. - Cabeça de água?

Estremeci. Apenas Jake me chamava assim e quando ele chamava parecia mais amigável e menos assassino do que Thalia estava sendo.

– Pode vir, Menina-Árvore. - falei abrindo os meus braços como se fossem asas, o lago se ergueu em uma grandiosa onda, como a de um maremoto.

Thalia ergueu o dedo para o céu e um raio tocou seu dedo, iluminando seu rosto de uma forma perversa. O Chão começou a tremular outra vez. E eu soube que era eu.

Filha do deus dos Mares e Terremotos... É... Só que sim. Raiva rugiu nos meus ouvidos.

Thalia apontou seu dedo para mim e um raio chocou-se contra meu peito, poderia me jogar para longe e me transformar em churrasco em segundos.

Mas automaticamente uma pequena onda me protegeu, como um escudo. Era estranho já que o raio poderia simplesmente atravessar a água naturalmente. Mas isso não aconteceu. E o mais estranho, não fora eu que conjurei aquela onda. Percy...

– Megan! Thalia! - ouvi ele gritar. - Parem com isso! Megan se controle!

– Como se você fosse mais controlado que eu... - resmunguei.

Ele pareceu pensar por um instante.

– É... Até que isso faz sentido. - disse.

Dois Jatos explodiram de uma vez na cara de Thalia que cuspiu água como um chafariz.

– Não se meta nisso, Cabeça de alga. - ela fez um raios explodir nos pés de Percy que o jogara para longe.

Me enfureci.

– Não mexa com meu irmão, cara de Pinheiro!

– Megan! Pare!

Eu estava prestes a jogar a maior onda do mundo na cara de Thalia quando vi lago que realmente fez meu queixo cair, junto com a onda que caiu aos meus pés, eu olhava para além de Thalia.

– Di Immortales... - sussurrei para mim mesma.

Foi ai que Thalia se virou para ver o que me deixara aflita daquele jeito. Alguém... algo estava se aproximando. Estava imerso numa tenebrosa névoa verde, mas enquanto se aproximava, campistas e Caçadoras se sobressaltaram.

– Não é possível... - disse Quiron. - Ela nunca saiu do sótão. Nunca.

– Aquela é Rachel? - foi tudo o que Percy disse, ele deveria conhecer a múmia.

Ninguém respondeu, estavam aflitos demais.

Ainda assim, a múmia esmirrada que carregava o Oráculo vacilou para frente até que ficou no centro do grupo. Neblina circundava seus pés, deixando a neve com uma doentia tonalidade verde.

Nenhum de nós se atreveu a se mexer. Então sua voz sibilou na minha cabeça. Aparentemente todos podiam ouvi-la, porque muitos apertaram suas mãos contra os ouvidos.

Eu sou o espírito de Delfos, a voz falou. Orador das profecias de Febo Apolo, matador da poderosa Píton.

Ela olhava sem erro na direção de Percy, com seus frios e mortos olhos. Então ela se virou... Para mim.

Aproxime-se buscadora... E Pergunte.

Não era a primeira vez que eu ouvira isso...

Engoli seco.

– Megan... Pergunte. - disse Quiron.

– Como... Como faço para ajudar Jake?

A boca do Oráculo se abriu, e névoa verde espalhou-se para fora. Eu vi uma silhueta humana e verde na minha frente, era um garotinho. Peter... Peter era um filho de Hermes, talvez vocês não se lembrem dele, ele morreu em um jogo de caça a bandeira quando aquele cão infernal invadiu o acampamento. Senti uma dor no coração com aquela imagem.

Ele sorriu para mim, e com a voz arrastada do oraculo, sitou:

Seis na busca da deusa acorrentada embarcarão.

Ao Oeste no caminho irão.

Um na terra árida se perderá.

Subordinadas da lua e os filhos dos deuses...

Juntos a trilha para a dona da lua.

A maldição do Titã um nas mãos irás de carregar.

Pelo perdido, o amor da cria do mar arrancado será

E pelas mãos de um parente um a vida irá tomar.

A névoa rodopiou e recuou como uma grande serpente verde para dentro da boca da múmia. O Oráculo se sentou numa rocha e ficou parada como se ela estivesse no sótão, como se ela tivesse sentado perto do riacho por cem anos. Eu tremia.

Coração... Vida... Morte... Traidor.

Aquelas palavras corriam na minha mente. O suspense de uma profecia era sempre assim. Tenso. Senti uma dor de cabeça na hora, e cai do joelhos. Ouvi Percy gritar por mim. Tudo ficou turvo e perdeu cor. Mergulhei na escuridão total.

Uma garotinha de cabelos negros trançados voava em um balanço pendurado em um árvore. Eu. E um garoto idêntico a mim empurrava o balanço. Ele.

Eu e Percy menores. Ouvi as nossa risadas e tudo ficou branco. Eu estava em um nada, a claridade segava meus olhos até eu me acostumar a essa. Eu via Peter, ele vestia uma camisa branca e calças da mesma cor.

A Luz pareceu recuar. Peter estava no topo de uma campina, eu estava ajoelhada diante dele, meu cabelo batia furiosamente em meu rosto.

– Peter... - murmurei.

Ele não respondeu.

– Pequena estrela de inverno... - ele cantou em uma voz angelical. - Aquela do brilho eterno... Você nunca estará sozinho... Ilumine meu caminho... Pequena estrela, Alhena... Aquela que brilha no céu... Leve-me contigo... E nunca estará sozinho...

Então sua voz cessou. O Silêncio tomou conta do lugar, mas as palavras permaneciam na minha cabeça. Estava frio e alguma coisa quente estava sobre minha testa, um pano. Então finalmente abri meus olhos e vi Annie Summers, a filha de Apolo. Eu estava na enfermaria...

– Só porque estou te ajudando não significa que gosto de você, tá? - disse ela.

– Eu imaginei. - falei tentando me sentar, imediatamente senti vontade de desmaiar.

Annie me ergueu um copo com um liquido vermelho. Néctar. Bebi aquilo. Tinha gosto de brownies com nozes liquido.

– Você esta ferrada... De novo. - disse a loira.

– Eu imaginei. - repeti.

– Quando estiver melhor, Quiron mandou avisar que ele quer todos os lideres dos chalés reunidos... Daqui a cinco minutos. Thalia foi chamar Percy, ele ficaria muito chateado se ficasse de fora. - disse ela.

– É... Percy é meio temperamental...

– Você fique quieta. Lembra do episódio com a Thalia certo?

– Sim.

– Então tá. - disse ela dando as costas para mim, mas antes de me deixar ela se virou para mim e disse: - Megan... Benjamin já comentou sobre mim?

Mordi o lábio. Pensativa.

– Sim.

– Ah... É? - ela gaguejou? - O que ele disse?

– Algo sobre você ter a cabeça mais esquentada da face do olimpo. - falei.

– Ah... Isso é bom?

– Não sei... Acho que sim. Deve ser... Por que você não pergunta para ele? - perguntei.

Sua expressão endureceu.

– Não é da sua conta. Não tenho nada a ver com aquele sabidinho irritante. - então ela saiu batendo o pé.

Fiquei sozinha ali suspirei e voltei a me deitar.

– É Hansel... Não entendo mesmo o amor. - falei para o nada.

Mais tarde eu estava lá como Quiron ordenou. O conselho tomou lugar em torno de uma mesa de Ping-Pong na sala de recreação. Dioniso acenou com a mão e forneceu lanches: patê de queijo, bolachas e diversas garrafas de vinho tinto. Então Quíron o lembrou que vinho era contra as suas restrições e que muitos de nós éramos menores de idade. Sr. D suspirou. Com um estalo de dedos o vinho se transformou em Diet Coke. Ninguém bebeu isso também.

Sr. D e Quíron (na cadeira de rodas) sentaram numa ponta da mesa. Zöe e Bianca di Angelo (que havia se tornado um tipo de assistente pessoal de Zöe) pegaram a outra ponta.

Thalia, Hansel, Percy (Que ficou em pé atrás de mim), e eu (sentada ao lado de Hansel.) e os outros conselheiros chefes - Beckendorf, Os Stoll (já que Luke se revoltou), Beatrice, Will Solace, Benjamin e tal... - sentaram na esquerda. Os filhos de Ares deveriam ter mandado um representante também, mas todos eles haviam fraturado algum membro (acidentalmente) durante a captura da bandeira, cortesia das Caçadoras.

Eles estavam descansando na enfermaria. Zoë deu início à reunião com um recado positivo.

– Isso é ridículo... - bufou.

– Patê de Queijo! - Hansel ficou tipo assim > *-*

Ele começou a catar bolachas e bolas de Ping-Pong e a passar cobertura nelas. Vá entender. Um dia ele me disse que era vegetariano...

– Não há tempo para conversa – Zoë continuou. – Nossa deusa precisa de nós. As Caçadoras devem partir imediatamente.

– Eu também não quero trabalhar com ela! - apontei para Zoë. - Prefiro me jogar no Tártaro.

– Ártemis é mais importante que seu amiguinho homem insignificante. - disse ela.

Ri.

– Eu sei. Mas ele ainda é meu amigo. - falei.

– Silêncio! - rugiu Sr. D. - Quiron...

– Vocês escutaram não? - disse Quiron. - Subordinadas da lua e os filhos dos deuses... O que quer dizer, campistas e caçadoras.

– Inútil! - exclamou ela. - Não precisamos de...

– Ah... Repetindo, não foi você que recebeu a profecia. - disse Thalia vitoriosa.

– Ah... Qual é o gosto disso? - Percy perguntou para Hansel apontando para as bolas de Ping-Pong com patê de queijo.

– Percy! - exclamei.

– Foi mal. - disse ele. - Curiosidade... Aonde estávamos.

– Temo que a profecia diga que vocês precisam de nossa ajuda – Quíron disse. – Campistas e Caçadoras devem cooperar.

– Ou não devem? – Sr. D disse, sonhador, agitando sua Diet Coke embaixo do nariz como se tivesse uma bela fragrância. – um a vida irá tomar. Isso soa um pouco macabro, não é? E se vocês falharem porque tentaram cooperar?

Eu já estava surpresa com o fato de que ele estava prestando atenção em algo a mais do que sua Diet Coke.

– Sr. D – Quíron suspirou, – com todo o respeito, de que lado você está?

Dioniso ergueu as sobrancelhas.

– Desculpe, meu querido centauro. Apenas tentando ajudar.

– Nós devemos trabalhar juntos – Thalia disse, teimosa. – Eu também não gosto disso, Zoë, mas você conhece essas profecias. Você quer lutar contra uma, mesmo?

Ela hesitou e fez uma careta. Ponto para Thalia.

– Não devemos nos atrasar – Quíron avisou. – Hoje é domingo. Nesta sexta, vinte e um de dezembro, é o solstício de inverno.

– Odeio essas reuniões de família. - disse Sr. D.

– Ártemis deve estar presente no solstício – Zöe falou. – Ela tem sido uma das mais atuantes no conselho, argumentando por ações contra os servos de Cronos. Se ela estiver ausente, os deuses não vão decidir nada.

– Você está sugerindo que os deuses têm problemas em agir juntos, mocinha? – Dioniso perguntou.

– Sim, Lorde Dioniso.

Sr. D balançou a cabeça.

– Apenas confirmando. Você está certa, é claro. Continue.

– Devo concordar com Zöe – disse Quíron. – A presença de Ártemis no conselho de inverno é de suma importância. Nós temos apenas uma semana para achá-la. E possivelmente ainda mais importante: localizar o monstro que ela estava caçando. Agora, devemos decidir quem vai nessa missão.

– Três e três. - disse Percy de repente chamando atenção de todos.

E eu estou mais surpresa por ele estar prestando atenção em algo mais do que Hansel comendo bolas de ping-pong.

– Três caçadoras e Três meios-sangues. - disse ele meio oque constrangido. - Nada mais justo.

Thalia e Zoë trocaram olhares.

– Bem – Thalia disse. – Faz sentido.

Zoë grunhiu.

– Preferia levar todas as Caçadoras. Precisaremos de força numérica.

– Vocês estariam refazendo os passos da deusa – Quíron a lembrou. – Movendo-se rapidamente. Sem dúvida Ártemis rastreou o cheiro desse monstro raro, o que quer que seja, enquanto ela se movia para oeste. Vocês precisarão fazer o mesmo. O que sua senhora falaria? “Caçadoras demais estragam o cheiro”. É melhor um grupo menor.

Ela fulminou Quiron com o olhar e depois começou a estudar uma raquete de ping-pong como se fosse uma adaga e fosse perfurar a garganta de Quiron com aquilo.

– Esse monstro. Estive caçando ao lado de Lady Ártemis por muitos anos, ainda assim não tenho ideia do que essa fera pode ser.

Todos olharam para Dioniso, acho que por ele ser o único deus presente e deuses supostamente sabem das coisas. Ele estava folheando uma revista de vinhos, mas quando todos se calaram ele olhou de relance.

– Não olhem para mim! Sou um deus jovem, lembram? Não acompanho todos esses monstros antigos e titãs mal humorados. Eles são um terrível assunto de conversa para uma festa.

– Quiron... - falei finalmente. - Não tem nem ideia do que pode ser... O monstro?

– Tenho muitas na verdade, nenhuma é agradável, receio. E nenhuma delas faz sentido. Tifão, por exemplo, este encaixaria na descrição como uma luva. Ele foi uma verdadeira desgraça para o Olimpo. Ou o monstro marinho, Ceto. Mas se um desses estivesse se agitando, nós saberíamos. Eles são monstros marinhos do tamanho de arranha-céus. Seu pai, Poseidon, já teria soado o alarme se fossem eles. Infelizmente, é provável que esse monstro possa ser mais ardiloso. Talvez até mais poderoso do que Ceto e Tifão juntos.

Engoli seco.

– É um perigo bem sério que vocês estão encarando – Connor Stoll disse. (Gostei de como ele falou vocês e não nós.) – Parece que pelo menos dois dos cinco vão morrer.

– Bom saber... - falei com a voz vacilante. - Eu já sabia... Estava claro, mas você não precisava mesmo ter dito isso.

– Pelo perdido, o amor da cria do mar arrancado será

– Amor. - suspirou Beatrice. - Disso eu entendo. Mesmo assim talvez Megan ou Percy percam um amor. Isso não é nada romântico.

Mordi o lábio e olhei para Percy.

– Percy... Sabe de algo que eu não sei? - perguntei.

Ele engoliu seco.

– C-Como assim?

– Tipo... Eu tenho uma cunhada? - perguntei.

– Eu... Você não... E eu? - perguntou.

– Você tipo... Eu não...

– Parem com isso vocês dois! - exclamou Benjamin Chase. - Ainda tem essa história... Olhei de relance para Thalia e imaginei se ela estava pensando o mesmo que eu. Anos atrás, Quíron escutou a Grande Profecia, que falava sobre a próxima criança filha de um dos Três Grandes – Zeus, Poseidon e Hades – que fizesse dezesseis anos.

Poderia um parente Olimpiano se voltar contra seu filho meio-sangue? Seria às vezes mais seguro apenas deixá-los morrer? Se em algum momento existiram meio-sangues que precisavam se preocupar com isso, éramos Thalia e eu. Imaginei se eu deveria ter mandado para Poseidon aquela gravata modelo concha pelo Dia dos Pais que Percy falou...

– Oh, que bom! – Dioniso falou.

– Ah... Não liguem para mim, pinot noir está fazendo um grande retorno. - gaguejou.

– Ah, notável – Zoë disse sarcasticamente. – E suponho que tu desejas ser voluntária?

– Não vou a lugar nenhum com as Caçadoras. Não olhe para mim!

Beatrice começou a se levantar, mas os irmãos Stoll a puxaram de volta.

Zöe levantou.

– O que? - perguntou a Di Angelo.

– Sim, por que?

– Sim – Zöe cortou. – Por quê queres saber?

Eu sabia que os Stolls estavam aprontando algo. Eles sempre estavam. Mas acho que Zöe não os conhecia tão bem quanto eu.

– Como eu estava falando, vou levar Phoebe e Bianca.

– Confio-te isto Bianca, não há dúvida de que deverás ir.

– Eu vou. - falei.

– Por que?

– Qualquer coisa para ajudar Ártemis! - disse Hansel.

– Acho que não, sátiro. - disse Zoë - Tu nem ao menos és um meio-sangue.

– Ei! Esperem! - cortou Percy. - Eu também quero ir!

– Mas Hansel é um garoto... - falei. - Menino.

– Eu tenho que ir – insistiu Percy. – Preciso estar nessa missão.

– Percy vai no meu lugar, confio nele. - falei.

– Insisto nisso. - insistiu Zoë... é. - Levo um sátiro se for preciso, mas não um herói.

– É por causa do teu amiguinho, Jack. - disse ela.

– Tanto faz. - disse Zoë.

Lembrei dele nos estábulos dizendo-me que iriamos salvar Jake juntos, me senti mal de repente.

– Assim seja. - disse ele. - Thalia, Hansel e Megan acompanharam as caçadoras escolhidas. O Conselho esta encerrado!