Crônicas Do Olimpo - A Maldição Do Titã escrita por Laís Bohrer


Capítulo 18
A Montanha do Desespero




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Tínhamos deixado o píer do shopping center bem para trás. Estávamos nos dirigindo para a Ponte Golden Gate, mas era muito mais longe do que eu havia pensado. O sol já estava mergulhando no oeste.

- Nesse ritmo, nunca vamos chegar a tempo.  - resmungou Zoë.

- Como assim? - perguntei. - Por que é tão importante chegarmos antes do por do sol? 

- As Hespérides são as ninfas do pôr do sol – Zöe disse. – Só podemos entrar no jardim delas quando o dia muda para noite.

- O que acontece se chegarmos de noite? - perguntou Percy.

- Amanhã é o solstício de inverno. Se perdermos o pôr do sol esta noite, teremos que esperar até a tarde de amanhã. E a essa altura, o Conselho Olimpiano já teria terminado. Devemos libertar Lady Ártemis hoje à noite.

- E Jake estará morto... - eu murmurei, mas ninguém parecia me ouvir.

– Precisamos de um carro – Thalia disse. - Urgentemente.

- Mas e Bessie? - perguntei.

Hansel parou de repente.

- Eu tive uma ideia. O Ofiotauro pode aparecer em diferentes ambientes aquáticos, não é? - perguntou.

- Sim... - falei sem entender. - Quero dizer, ele estava no Estuário de Long Island. Então apareceu de repente na água da Represa Hoover. E agora está aqui conosco.

– Então talvez possamos persuadi-lo a voltar para o Estuário de Long Island. - sugeriu. - Ai então Quiron nos ajudaria a leva-lo para o Olimpo.

- Mas... Ele estava me seguindo. - falei. - Se eu não estiver lá, ele saberia para onde está indo?

- Moo! - Bessie concordou com um mugido.

- E-eu posso mostra-lo! - exclamou Hansel. - Vou com ele.

Era uma boa ideia, mas não vindo de Hansel. Eu sabia que ele não era muito lá fã de água. No último verão ele ficara traumatizado depois de quase morrer no Mar de Monstros e não conseguia nadar muito bem com seus cascos de bode.

- Eu sou o único que posso conversar com ele. - disse Hansel. - Faz sentido, não faz?

- Faz... - concordou Percy.

- Mas... E se algo der errado? - perguntei, o que eu não disse era que estava com medo que alguém os encontrasse... Por mais impossível que fosse, eu tinha medo de perder meu melhor amigo.

- Vai dar certo. - disse ele. - Vamos, Megan! Acredite um pouco em mim.

Parei para pensar, na verdade isso era uma ideia impossível... Mas por outro lado ele tinha razão, eu tinha que acreditar nele... Como sátiro e... Como amigo.

Ele se curvou e disse algo no ouvido de Bessie. Bessie se arrepiou, então fez um som de mugido, contente.

– A bênção da natureza – Hansel falou. – Isso deve ajudar com uma passagem segura, reze para o seu pai também. Veja se ele nos garante uma travessia a salvo pelos mares.

Suspirei. Me virei para os oceanos e fechei os olhos. Não entendi como eles poderiam de algum jeito nadar de volta para Long Island partindo da Califórnia. Mas de novo, monstros não viajam do mesmo jeito que humanos. Já tinha visto muitas provas disso. Tentei me concentrar nas ondas, no cheiro do oceano, no som da correnteza.

– Pai – falei. – Ajude-nos. Leve o Ofiotauro e Grover em segurança até o acampamento. Proteja-os no mar.

- Uma prece como essa, precisa de um grande sacrifício. - disse Thalia.

- Certo. - disse Percy tirando seu casaco.

Eu o encarei. Ele erguia o casaco de pele de leão para o mar.

- Percy... Não... Isso é seu e... - eu comecei. - Pode ser útil no futuro. Héracles usou isso!

Então ele estreitou os olhos como se eu tivesse dito algo que despertou uma informação nele.

Percy trocou olhares significativos com Zoë, eu fiquei confusa é claro. Zoë observava Percy com atenção, esperando pela sua próxima ação.

- Se eu tiver de sobreviver nessa missão. - disse ele. - Não vai ser por causa desse casaco. Eu não sou Héracles.

Então ele atirou o casaco na baía. O mesmo voltara a ser um pelo dourado de leão e enquanto afundava eu tive a impressão de que ele pareceu dissolver no mar. E então desapareceu.

De repente, a brisa marinha ganhara força.

Hansel respirou fundo.

- Bom... Não temos tempo há perder. - disse ele.

Ele estava pronto para pular no mar, quando eu o peguei de surpresa em um abraço de urso. Ele ficou surpreso e mais vermelho que as chamas nos olhos de Ares. 

- Tome cuidado, menino-jegue. - eu falei me afastando.

Ele sorriu para mim.

- Você também... Nanica. - então ele colocou a mão na minha cabeça e bagunçou os meus cabelos.

Eu odiava quando faziam isso, em situações normais eu piraria. Mas não pirei. Apenas sorri para Hansel.

- Fique vivo. - eu disse.

- Você também. 

Então ele finalmente pulou na água e imediatamente ele começou a afundar.

- Ah... Bessie. - ele chamou - Vamos para Long Island. Fica na lesta, naquela direção.

- Muuu?

- Ah... Sim. - disse ele. - Long Island, é esta a ilha. E... É bem longe daqui.

Bessie deu uma guinada para frente. Ele começou a submergir e então Hansel disse:

- Não, eu não sei respirar embaixo da água... Achei que tinha deixado isso... Glub!

Eles foram para baixo, e esperei que a proteção do meu pai se estendesse para pequenas coisas, como respiração. E... É.

- Bom... Agora é por nossa conta. - disse Zoë. - Mas como chegaremos ao jardim das minhas irmãs?

- Thalia tem razão. - eu disse. - Nos precisamos de um carro, mas... Agora é impossível.

- Ah não ser... - começou Percy. - Que peguemos um emprestado.

Olhei para ele.

- Você me ouviu? Eu disse que agora é impossível! Quem vai nos emprestar um carro aqui e agora?

No final Thalia me explicou o que Percy quis dizer exatamente com "emprestar", na verdade não tínhamos escolha, ah não ser essa ideia. Quero dizer, claro que era uma situação de vida ou morte, mas ainda assim, era roubo, e era a fronteira para que nos percebessem.

No final, Thalia mexeu com a névoa de novo e acabamos pegando um carro emprestado de verdade, mas a gente não ia devolver... Eu acho, não seria possível. 

- Essa coisa não anda mais rápido? - perguntou Thalia quando já estávamos dentro de um Sedã prateado.

Zoë olhou furiosamente para Thalia.

- Eu não controlo o transito!

- Vocês duas parecem minha mãe falando. - comentou Percy.

As duas se viraram para ele e disseram.

- Cala a boca!

- Eu gostaria de saber como a mamãe falava... - eu murmurei. As duas não pareceram ouvir (ou fingiram não escutar), mas Percy ouviu, mas nada disse, apenas me olhou solidário.

Zöe costurou por dentro e por fora do trânsito na Ponte Golden Gate. O sol estava afundando no horizonte quando nós finalmente chegamos em Marin County e saímos da rodovia.
As estradas eram estupidamente estreitas, serpenteando através de florestas e por cima de encostas de colinas e ao redor de beiradas de ravinas íngremes. Zöe não diminuiu a velocidade de jeito nenhum.

- Por que tem cheiro de pastilhas para garganta? - perguntou Percy.

- Eucaliptos – Zöe apontou para as enormes árvores à nossa volta.

- Aquelas folhas que os coalas comem? - perguntei.

- E monstros. - disse Thalia. - Eles amam mastigar as folhas. Especialmente dragões.

- Existem dragões aqui? - perguntei.

- Dragões mastigam eucaliptos? - perguntou Percy.

- Sim e sim. - disse Zoë. - Acredite, se tivesses hálito de dragão, mascarias eucalipto também.

Eu não duvidei, aprendi com essa missão de que da Zoë não se argumentava nada.  Mas mantive meus olhos abertos com mais cautela enquanto nos movíamos. À nossa frente erguia-se o Monte Tamalpais. Acho que, em termos de montanhas, era pequena, mas parecia bem grande enquanto nos dirigíamos a ela.

- A Montanha do Desespero? - perguntei.

- Sim. - disse Percy. - Mas porque se chama assim?

Zoë ficou em silêncio por mais um quilômetro antes de responde-lo.

- Depois da guerra entre os Titãs e os deuses, muitos dos Titãs foram punidos e aprisionados. Cronos foi fatiado em pedaços e jogado no Tártaro. O braço direito de Cronos, o general de suas forças, foi aprisionado lá em cima, no topo, logo além do Jardim das Hespérides. Ele foi condenado a segurar o céu por toda a sua... Imortalidade.

- Ah sim. - disse Percy. - Eu conheço essa história. Aquele titã que...

- Wow! - interrompi. - Para tudo... O General é um titã?

Eu vi Zoë apertar mais o volante até seus dedos ficarem brancos.

- Acho melhor vocês não se meterem nisso. - disse Thalia como quem sabe demais.

- Por que? - perguntei.

Percy olhava para as próprias mãos, eu podia ver as engrenagens rodando na sua cabeça.

- Atlas. - disse ele.

- O que? - perguntei.

- Atlas é o titã que segura o céu, é o titã que carrega a maldição... Faz sentido. Megan! Os sonhos... A Profecia. - ele lembrou. - A maldição do Titã um nas mãos irás de carregar.

- Isso é realmente estranho... Mas... - comecei. - Zoë, qual sua ligação com Atlas?

- O q-que quer dizer?

- Ele disse que te conhecia, quando estávamos lá naquele museu. - falei.

- Isso é pessoal... Não falo sobre isso há anos. - disse ela parecendo irritada.

- Pessoal? - repetiu Percy.

De repente o Sedã freio e foi parar bem no canto da estrada. Eu e Percy fomos de cara nos assentos dianteiros. Thalia praguejou em grego antigo, E Zoë parecia tensa. Ela se virou para nos e percebi algo em seus olhos, uma fúria, uma raiva... Algo que para alguém controlada (e controladora) como ela, eu nunca imaginaria ver.

- O Titã Atlas é o meu pai. 

Um silêncio tenso, eu sentia uma discussão, eu esperava que a qualquer momento Zoë gritasse conosco, mas então Thalia apontou.

- Olhem! 

Olhei de relance abaixo, para o oceano, enquanto passávamos numa curva exagerada, e vi algo que me fez pular do assento. Provavelmente era o que Thalia apontava.

- Um navio cruzeiro? - perguntou Percy. - O que tem ele?

Thalia olhou para mim.

- Megan... Você já viu, você sabe não é?

- O que há com o navio? - Zoë perguntou.

- Ah, nada demais, esta apenas infestado de monstros. - falei.

- O que? 

- Calma! Não tenho certeza.

- Como pode não ter certeza de algo assim? - perguntou Thalia.

- Não sei, mas estou com um mal pressentimento sobre isso. - falei suspirando. - Espero que eu esteja errada...

- O que quer dizer? - perguntou Percy.

Ignorei ele.

- Zoë, pise fundo. - falei sem dar explicação.

Poderia ser uma coincidência. Mas eu sabia bem. OPrincesa Andrômeda, navio de cruzeiro demoníaco de Luke, estava atracado naquela praia. Foi por isso que ele mandou seu navio por todo o Canal do Panamá. Era o único jeito de navegar vindo da Costa Leste até a Califórnia.

- Se for o que tememos. - disse Zoë. - Temos sérios problemas agora...

Thalia deu uma risada seca. Mas parecia meio nervosa.

- E quando não temos?

- Bem... - começou Percy.

Então, o grito de Thalia me fez pular e bater a cabeça no teto, daqui a pouco vou perder a cabeça desse jeito:

- Pare o carro! AGORA!

Zöe deve ter sentido que alguma coisa estava errada, porque ela pisou no freio sem questionar. O Sedã prateado rodou duas vezes antes de parar na beira do penhasco.

- Todo mundo PARA FORA! - gritou Thalia.

Ninguém argumentou. Mas eu comecei a abrir a boca então Thalia me empurrou. No próximo segundo: BOOOM!

Um relâmpago brilhou e o Sedã explodiu como uma granada prateada.  Eu provavelmente teria sido morto pelos estilhaços se não fosse o escudo de Thalia, que apareceu sobre mim. Escutei um barulho parecido com um bate-estacas metálico, e quando abri meus olhos, estávamos rodeados por destroços. Parte do para-lama do Sedã tinha empalado a si mesmo na rua. A cobertura de fumaça estava rodando em círculos. Pedaços de metal prateado estavam espalhados pelo meio da estrada.

Olhei para Thalia.

- Você... Você me salvou.

E pelas mãos de um parente um a vida irá tomar. - recitou ela. - Droga! 

Ela tacou o escudo no chão com toda a raiva.

- Ele ira me destruir! A mim! A mim? - ela parecia indignada.

Levou um segundo para eu perceber que ela falava de seu pai.

– Ei, esse não pode ter sido o relâmpago de Zeus. De jeito nenhum.

– De quem, então? – Thalia exigiu pegando seu escudo de volta.

– Eu não sei. Zöe falou o nome de Cronos. Talvez ele... 

Thalia agitou a cabeça, parecendo com raiva e atordoada.

- NÃO! Não foi isso! Ele ia me matar!

- Espere! - ela se calou. - Zoë... Onde esta Zoë? E Percy? Zoë!

Então ela estava de pé ao meu lado, puxando-me pelo braço.

- Quieta, tola! Queres acordar Ladon?

- Ela fez a mesma coisa comigo. - reclamou Percy.

- Significa que já chegamos? - perguntei.

– Bem perto – ela disse. – Segui-me.

Camadas de neblina estavam flutuando pela estrada. Zöe pisou numa delas, e quando a neblina passou, ela não estava mais lá. Thalia, Percy e eu trocamos olhares.

– Concentrem-se em Zöe – Thalia avisou. – Nós a estamos seguindo. Vá direto para a neblina e mantenha isso em mente.

- Espera! - Percy chamou. - Sobre o que aconteceu lá no pier. Quero dizer, com o manticore e o sacrifício...

- Eu realmente não quero falar disso...

- Mas você não ia... - continuou ele. - Você sabe...

Ela suspirou.

- Eu estava apenas chocada, só isso. - disse ela. 

- Zeus não mandou aquele relâmpago no carro. - falei - Foi Cronos. Ele está tentando te manipular, fazendo você ficar com raiva do seu pai.

- Megan, sei que esta tentando fazer eu me sentir melhor. Obrigada, mesmo. Mas vamos nos concentrar na missão. 

Ela pisou na neblina, para dentro da Névoa, e eu segui, Percy veio logo atrás de mim. 

Quando a neblina clareou, eu ainda estava na encosta da montanha, mas a estrada era lamacenta. A grama era mais grossa. O pôr do sol fez um corte vermelho sangue através do mar. O pico da montanha parecia mais próximo agora, rodopiando com nuvens de tempestade e poder bruto. Havia apenas um caminho até o topo, diretamente à nossa frente. E levava através de um exuberante campo de sombras e flores: os jardins do crepúsculo, exatamente como eu havia visto em meus sonhos.

Se não fosse pelo enorme dragão, o jardim seria o lugar mais bonito que eu já tinha visto. A grama cintilava com luz prateada do entardecer, e as flores eram de cores tão brilhantes que quase resplandeciam no escuro. Lajotas de mármore preto polidas conduziam em volta dos dois lados de uma macieira do tamanho de um prédio de cinco andares, cada galho reluzindo com maçãs douradas, e eu não quis dizer maçãs douradas amarelas como na mercearia. Quero dizer maçãs douradas de verdade. Não consigo descrever por que elas eram tão atraentes, mas logo que senti sua fragrância, soube que uma mordida seria a coisa mais deliciosa que eu já teria provado.

- Presente de Hera para Zeus. - disse Thalia. - As maçãs da imortalidade.

Queria passar à frente e arrancar uma, salvo pelo dragão enrolado em volta da árvore. Agora, não sei o que você pensa quando eu digo dragão. O que quer que seja, não é assustador o suficiente. O corpo de serpente era grosso como um foguete detonador, tremeluzindo com escamas de cobre. Ele tinha mais cabeças do que eu podia contar, como se uma centena de pítons mortíferas estivessem fundidas juntas. Ele aparentava estar dormindo. As cabeças deitadas enroladas num monte parecido com um espaguete na grama, todos os olhos fechados.

- Não se engane com isso. - disse Percy. - Aquele velho do mar também parecia estar dormindo.

- Nem me lembra daquele capítulo. - resmunguei.

- Foi mal.

As sombras à nossa frente começaram a se mover. Havia uma bela e misteriosa cantoria, como vozes vindas do fundo de um poço. Procurei Anaklusmos, mas Zöe deteve minha mão.

Quatro figuras cintilaram para a existência, quatro jovens mulheres que se pareciam muito com Zöe, elas entraram no meio do caminho. Como guardiãs. Todas usavam túnicas gregas brancas. A pele delas era como caramelo. Sedosos cabelos negros caíam soltos em volta dos ombros. Era estranho, mas eu nunca havia reparado no quanto Zöe era bonita até ver suas irmãs.

 As Hespérides.

- Irmãs. - Zoë cumprimentou-as.

– Não vemos irmã alguma. – uma das garotas disse friamente. – Vemos três meio-sangues e uma Caçadora. Vós todos deveis morrer em breve ao passar por nos.

- Você esta enganada. - disse Percy. - Não estamos nem um pouco a fim de morrer. 

Elas tinham olhos de pedra vulcânica, inexpressivos e completamente negros. Estudavam Percy.

- Perseu Jackson. - disse uma delas. - Vejo que reencontrou sua irmã...

– Sim – meditou a outra. – Não vejo o por que da menina ser uma ameaça.

- O que quer dizer? - perguntei. - Por que eu seria uma ameaça?

A primeira Hespéride olhou rapidamente às suas costas, na direção do topo da montanha.

- Eles temem a ti. Estão descontentes que esta aqui ainda não te matou.

Ela apontou para Thalia.

- Tentador... Já tentei uma vez. - disse Thalia. 

- Oi? - me virei para ela.

- Mas ela é minha amiga.

– Não há amigos aqui, filha de Zeus – a garota disse. – Somente inimigos. Regressai.

- Não sem Jake. - falei.

- E sem Ártemis. - disse Zoë. – Devemos nos aproximar da montanha.

- Ele vai mata-la. - disse uma delas. – Tu não és páreo para ele.

- Deixai-nos passar. - disse Zoë duramente.

A garota balançou a cabeça.

- Isso não cabe a mim... - disse ela. - Cabe a Ladon.

- Ele não vai me machucar. - disse Zoë.

Tu não tens mais nenhum direito aqui. Ele não vai lhe responder. - disse ela. 

- Eu não acredito. - disse Zoë.

- Ah, não? Tu não és mais uma de nos... Zoë. - disse ela. 

Então ela se virou para mim.

- Sabemos o que virá... Seria melhor se tu morrestes. - disse ela.

Então elas cintilaram mais uma vez e desapareceram no ar... Eu me pergunta o que Hades havia acontecido ali. Mesmo assim. Suspirei.

- Vamos logo com isso. - disse eu dando um passo a frente.

- Espere! - Zoë tentou me deter.

Mas já era tarde. Ladon, o dragão de várias cabeças, abriu seu olho verde vivo e se colocou na nossa frente bem distante, mas tão perto que eu pude sentir seu bafo de eucalipto. 

- Zoë... - eu recuei.

- Ele não vai me machucar... - ela disse andando na frente.

Ela murmurava a mesma coisa enquanto andava lentamente na direção do dragão. Ela dava passos hesitante, pensei em gritar, mas isso pioraria a situação.

- Ele não vai me machucar...

Mas eu já não tinha certeza sobre isso. E no final eu estava certa. Eu tive que segurar um grito e morder a língua no exato momento em que Ladon a atacou.


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