POV Ally

Quando acabei minha conversa com o Austin o vi sorrindo e me senti feliz, por que em parte, a felicidade dele me tomou. Fui para a enfermaria devolver o remédio que peguei emprestado e a enfermeira me perguntou se acabou ajudando e eu confirmei, em seguida, indo em direção a sala.

Entrei e percebi que todas as pessoas ainda não tinham entrado, já que deveriam estar no campo resolvendo a renunciação do Aus, e eu resolvi sentar perto da janela, abrindo meu caderno e deixando-o em cima da minha mesa, caso o professor já chegasse.

Em questão de segundos, o Dez e o Dallas chegaram correndo em minha direção e colocaram seus cotovelos na minha mesa como apoio, enquanto ficavam me encarando.

– Você viu o Austin? O que aconteceu? Por que ele renunciou? Ele é louco? - O Dallas jogou perguntas para cima de mim.

– Ei, calma ai. Sim, eu vi o Austin e ele disse que ia te procurar e explicar o porque dele... Falando no diabo, ele aparece. - O loiro entrou na sala sorridente e quando viu as pessoas ali presentes o encarando, ficou sério novamente. Quando encontrou meu olhar, sua felicidade ainda não parecia estar dispersa, mas o garoto parecia um tanto incomodado por estar sendo observado.

– Austin! - O Dez correu para o amigo sendo seguido pelo Dallas e os três foram para o lado de fora conversar. Depois de alguns instantes, a Trish e a Cassidy chegaram e sentaram ao meu lado, uma de frente para outra.

– E ai Ally. Que loucura aconteceu no campo não? - A Cassidy falou enquanto colocava seu livro em cima da mesa.

– Pois é, e eu ainda acabei saindo sem ver o resultado. O que aconteceu?

– O Dallas virou o capitão do time e alguns amigos do Billy discordaram, mas o técnico disse que seu teste foi tão bom quanto o do Austin e por assim ficou. - A loira não parava de sorrir enquanto a Trish explicava a situação.

– Ta, então em parte foi bom o Austin ter renunciado sua vaga?

– A maioria das pessoas acabou se dando melhor com o Dallas e ninguém recusou o moreno como um jogador oficial do time.

– Parabéns para ele então. - Eu falei sorridente.

– Mas espera, cadê o meu ruivo e o moreno? - A Trish falou um tanto confusa, enquanto o resto das pessoas entravam na sala e completavam a turma.

– Eles foram conversar com o loiro, mas eu não faço a mínima ideia do que aconteceu. - Acabei mordendo o lábio por estar um tanto nervosa. Não acho que eles fossem brigar com o amigo, mas como não sou vidente, não é bom criar falsas especulações.

O professor finalmente entrou e os garotos entraram atrás, sendo recebidos por muitos aplausos (o Dallas, já que o Austin veio sentar atrás de mim e o Dez que sentou ao lado da Trish).

– E ai, o que aconteceu? - Perguntei baixinho ao loiro enquanto o Dallas se sentava e sessavam as palmas.

– Eles me agradeceram por ter feito aquilo, mas disseram que eu era muito bom e merecia a vaga. Mas eu não me importei sabe? E os garotos me abraçaram e falaram ainda que eu sou o melhor amigo da face da Terra.

– Aw, que bonitinho! - Falei sussurrando, não querendo ser notada pelo professor, enquanto eu pegava um caneta e já anotava algumas coisas.

– Silêncio Ally, vai prestar atenção na aula para conseguir suas notas altas no boletim. - Ele falou rindo daquilo e abriu seu caderno.

– E você? Não é mega inteligente? Então, fica quietinho loiro oxigenado. - Ri baixinho e depois começamos a prestar atenção no quadro, parando de brincar um com o outro momentaneamente.

As aulas que se seguiram foram um tanto entediantes, mas tentei absorver tudo que podia delas sem morrer de tédio. Sim, sou uma pessoa que até gosta das aulas, mas que tenta ao máximo não dormir nelas.

O almoço foi tranquilo, só que o clima na mesa onde estávamos era de completa melação. A loira ficava olhando para o moreno e fazendo carinho nele, enquanto a latina e o ruivo ficavam rindo de uma piadinha. Eu e o Austin nos sentimos um tanto constrangidos e acho que tivemos a mesma ideia, por que quando nossos olhares se cruzaram, decidimos sair dali. Peguei meu sanduíche e comecei a caminhar com o garoto ao meu lado.

– Se for assim todos os dias, nunca mais vou sentar com eles. - Ri de seu comentário por que ele estava certo.

– Eles são meio grudentos mesmo.

– Meio? É por que você não viu onde a mão do Dallas estava. Mas tirando isso, aonde você quer almoçar?

– Lá em cima?

– Não, sem graça.

– Terceiro andar?

– Abandonado demais.

– Na praça?

– Pode ser.

Na hora do intervalo, o segurança que ficava lá na frente não se importava se os alunos quisessem sair, então puxei o Austin para dentro daquele local que eu tanto adorava. Vi uma árvore grande com galhos fortes e o doido decidiu escalar.

– Você sabe que eu não consigo subir ai, né?

– Eu vou tentar, se eu conseguir depois te ajudo. - Revirei os olhos o vendo ir rapidamente até um tronco forte e depois voltar sorridente. Ele parecia quase uma aranha com sua rapidez e... - Pronto. - Eu nem tinha percebido que ele já tinha descido. Minhas viagens internas acabam me deixando assim...

– Você nem é louco de me fazer subir ali.

– Vamos Ally, eu sei que você já foi uma criança travessa.

– Que parte do "eu não vou subir ali" que você não entendeu? - O "Homem-aranha" fez uma carinha de cachorrinho abandonado e eu acabei me arrependendo do que eu disse:

– Só não me deixa cair. - Ele subiu primeiro junto com o meu sanduíche e depois eu fui. Segurei um galho e posicionei meus pés em um lugar para poder ter o impulso suficiente para subir. Cuidei ao máximo meus óculos para não caírem e continuei me firmando. Meus braços finos conseguiram me sustentar um instante, mas minha força não foi de grande ajuda por que quase não consegui sustentar meu peso, até sentir a mão grande e forte do Austin em meus braços e depois em minha cintura me ajudando a manter o equilíbrio. Sentamos no galho em que ele tinha testado primeiro e depois peguei o sanduíche de suas mãos.

– Viu, não doeu e no final eu te ajudei.

– Claro. - Comi meu sanduíche fingindo que não tinha escutado seu comentário, por que eu sabia que o garoto estava tirando sarro de mim.

– E ai, Sábado está marcado para fazermos o quê?

– Só no dia você vai saber.

– Vai que você queira me agarrar, eu preciso saber antes.

– Claro que sim. - Revirei meus olhos e quando ia dar mais uma mordida, o loiro assassino de lanches se aproximou e deu uma dentada no meu perfeito e delicioso sanduíche. - Austin!

– O que foi? - Por ele ainda estar mastigando o seu "O que foi" saiu mais como uma língua diferenciada e eu comecei a rir.

– Você praticamente devorou meu sanduíche.

– Mas estava tão bom. Posso dar mais uma mordida?

– Claro que não! - Distanciei meu sanduíche de sua boca e consegui comê-lo sem falta de mais nenhum pedaço.

– Isso foi crueldade sabia.

– Meu sanduíche. Por que não pegou um para você?

– Eu tinha perdido a fome.

– Ah, e ela volta quando você olha para o meu almoço, é isso?

– Claro.

– Depois não quer que eu te chame de loiro oxigenado.

– Ei! Eu não pinto meu cabelo.

– Será? - Olhei para ele com uma sobrancelha levantada e ele pareceu "ofendido".

– Magoou Ally. Só por isso vou embora. - Ele passou por mim e começou a descer da árvore, levando minhas risadas com ele.

– Espera! Eu tenho medo de descer daqui!

– Deveria ter pensando melhor. - O olhei e tentei descer devagar, e percebendo meu pânico o loiro se arrependeu. - Olha só, quando estiver aqui perto eu te pego.

– Não, agora deixa que eu caio daqui e quebro uma perna.

– Deixa de drama, vem. - Consegui descer devagar, mas no último minuto escorreguei. Fechei os olhos para não sentir o impacto, mas ele acabou me pegando antes que eu pudesse me quebrar no chão. - Pode abrir os olhos, já te peguei. - Encontrei seus olhos cor de avelãs me encarando, e não estavam com uma expressão debochada.

– Obrigada. - Sorri para ele e o mesmo me soltou coçando a nuca um instante meio sem graça.

– Já quer voltar para escola?

– Sim, senão vamos nos atrasar.

– Tudo bem. - Seguimos para a escola em silêncio, e eu podia sentir meu rosto quente, possivelmente ficando vermelho.

Corri para meu armário quando cheguei e peguei minha mochila que tinha deixado lá, andando rapidamente para sala. O sinal tocou logo depois e todos os alunos entraram. O loiro sentou atrás de mim, só que desta vez não puxou assunto.

Passamos as aulas - já que era o mesmo professor nos três períodos seguintes - fazendo um trabalho com base no livro que estávamos lendo e acho que eu me sai bem.

Quando o sinal tocou, pensei em ir andando, mas vi um carro conhecido me esperando na frente da escola.

– Elliot? - O garoto estava apoiado em seu carro e quando me viu um enorme sorriso apareceu. Dei um abraço rápido nele e sorri.

– Pensei em te buscar hoje.

– Você não tem as aulas extras?

– Hoje não. Um dos professores faltou e nos liberaram. - Ele olhou para as pessoas que começaram à sair e ficou um tanto nervoso. - Ally, vamos logo. Se o pessoal souber que sou da outra escola vou acabar meio encrencado.

– Tudo bem. - Eu sabia desta rixa que nossa escola tinha com a sua, mas não sabia que era tão forte, então entrei rapidamente em seu veículo.

Quando estávamos saindo, vi um loiro sendo assediado pelas líderes de torcida - possivelmente o convidando para sair, já que ele quase foi um capitão hoje e perceberam que ele é bonito - e comecei a rir daquilo e ficar um tanto ressentida. Ri por causa de sua expressão tentando imediatamente sair dali, mas fiquei ressentida pelo fato de que, um dia, o Austin iria encontrar alguém que realmente gostasse e que correspondesse seus sentimentos, e essa garota possivelmente não será eu...