O Choro Das Ninfas escrita por Pessoana33


Capítulo 8
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Neste Capítulo é sobre a visão de Warner sobre os acontecimentos do Capítulo 5 x'DD



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Warner



Ela não tem medo de mim. Não tem medo de morrer pelas minhas mãos. Ela é algo que eu não entendo, ela é algo que foge da minha realidade. A realidade de um homem que todos temem, a realidade de um homem banhado de sangue. Ela não deve ouvir o que os outros dizem a cerca de mim. Se ouvisse, ela teria medo, e com certeza fugiria de mim. E não ficaria no meu caminho. A sua ignorância pode arruinar a sua vida, mas ela não valoriza muito a vida que tem, porque se valorizasse ela não daria a sua vida para salvar uma monstruosidade.

A sua ingenuidade dá-me vontade de rir, porque não consigo acreditar que exista uma pessoa tão ingénua no mundo, num mundo cheio de maldade. E eu sou encarnação dessa maldade. Ela deveria de me conhecer antes de tentar negociar comigo, porque negociar comigo é mesma coisa que negociar com o diabo, mas o diabo seria muito mais gentil do que eu.

Eu disparei nela, mas ela não morreu, se ela fosse uma ninfa ela teria morrido, porque as balas têm uma substancia fatal para os corpos das ninfas. Uma vez que as balas entram em contacto com a carne, os seus corpos apodrecem aos poucos, e a morte é demorada e dolorosa. E é agradável se ver uma ninfa contorcer-se de dores, seus gemidos são música para os meus ouvidos. Sorte da Juliette ser humana, se não ela teria morrido. Acho que ela ficaria feliz se isso tivesse acontecido, mas eu não gosto de ser generoso, e muito menos com ela, porque ela é o rosto do meu pesadelo, sempre que olho para ela relembro o que perdi numa só noite, e relembro da criança triste que fui. Ela é como uma bofetada no meu rosto, uma ferida na minha pele. E sempre que olhar para ela irei lembrar-me daquela noite, na qual eu deveria ter morrido e não eles. Eu sobrevivi, e eles morreram. E tudo por minha culpa. Se eu não tivesse…

Chega de pensar nisso. O que adianta pensar, não irá mudar nada. Eu ainda continuarei vivo, e eles ainda estarão mortos. Não há como mudar a história, e o passado será o mesmo, a única coisa que eu devo pensar é no presente, no aqui e no agora. Estou aqui, deitado sobre um monte de almofadas, num dos quartos do mil noites. Olho para teto. E penso no agora, e agora estou á espera da menina que só me faz relembrar das coisas más, e não sei porquê, mas só quero estar perto dela. Acho que sou uma contradição de mim próprio. Como é possível, eu querer estar perto dela? Talvez eu preciso de magoa-la, talvez eu deva estragar o seu rosto, talvez eu deva fazê-la sofrer. Não é isso que eu sei fazer melhor? Sou perito em despedaçar, e destruir. Foi para isso que eu nasci, e foi isso que me ensinaram. Não sei nada mais do que matar, destruir, despedaçar, e magoar.

Ouço a batida na porta, e um sorriso ganha forma na minha face. Ordeno que elas entram. Elas entram e entregam-me a corrente que me liga a ela. Depois as meninas saem, e eu puxo a corrente, e ela entra. A porta fecha-se. E ela tenta abrir, mas ela não consegue, porque a porta só se abre com o meu chamado.

O agora apenas eu e ela.

Ela deixa de lado a porta, e olha para mim, seus olhos arregalam-se com a minha imagem, acho que ela não esperava a minha visita, tenho a certeza que sou a última pessoa que ela queria ver, mas isso não me aborrece, na verdade até que me diverte.

Ela parece tão vulnerável, tão inocente, e seu rosto é tão angelical, ela parece uma menina num corpo de uma mulher.

– Como esta a menina?- Pergunto-lhe por educação, porque não me importo com a sua resposta.

E ela não me responde, mas olha para mim como se eu fosse homem mais desprezível do mundo, e eu acho piada.

– Sinto muito por aquilo que fiz, mas foi necessário imobiliza-la, porque a menina estava no meu caminho.- Eu não sinto, e tudo o que fiz foi necessário, porque machuca-la era a única forma de tira-la do meu caminho.

Ela não diz nada e o seu silêncio irrita-me. Puxo a corrente e ela aproxima-se mais de mim.

– A menina não vai falar? – Pergunto-lhe, porque eu quero ouvir sua voz, mas ela continua no silêncio, e ela consegue enfurecer- Também não esta aqui para falar. Dance.- Ordeno-lhe, mas ela não se move.

– Você matou aquela menina?- Finalmente consigo ouvir sua harmoniosa voz, mesmo que ela tenha feito uma pergunta estúpida.

Gargalho, porque sua ingenuidade me surpreende.

–Menina? Ela nem sequer era humana.- Relembro-a que humanos, e ninfas são muito diferentes, não há humanidade dentro delas, só ruindade.

– Você matou-a.- Ela sibila as palavras, como se eu tivesse cometido a maior atrocidade do mundo. Ela não compreende que “elas” não são como nós.

– Eu tive de matar esse pequeno monstro.- Digo calmamente, porque eu sei que fiz a coisa certa. Se eu não a matasse outros morreriam. Penso em todas as vidas que ela roubou. E penso em todas aquelas vidas que ela nunca irá roubar. Salvei essas vidas, é nisso que eu quero pensar é nisso que eu quero acreditar.

– Chega de conversas, e dança para mim.- Eu ordeno, mas ela nem se quer dá um passo em frente.

– Eu não vou dançar para o senhor.- Posso notar o desprezo que ela sente em relação a mim.

Ela me irrita, ela me tira do sério, e eu só tenho vontade de machuca-la.

Presenteio-a com um pequeno sorriso. Puxo a corrente, e o seu corpo pequeno cai sobre mim. Aproximo o meu rosto do dela e sinto o seu doce perfume.

– Juliette não foi um pedido foi uma ordem.

– Eu nunca vou dançar para senhor. Nunca.- Sua ousadia já foi longe demais.

– A menina tão desafiadora, mas eu odeio as pessoas que me desafiam. Agora serei obrigado castiga-la, porque a menina desobedeceu-me.- Espero que ela aprenda a lição. Ela é a primeira pessoa a desafiar-me, nunca fui desafiado antes, e nunca ninguém desobedeceu-me. E esta pequena menina tem mais audácia que todos os meus soldados. Custa-me acreditar ela de verdade.

Puxo o seu braço direito e estou sobre ela. Olho para cada canto do seu rosto, e não há como fugir, não consigo fugir da noite de “27 de Outubro”, voltei a ser aquele menino assustado, aquele menino que perdeu-se em si mesmo. Vejo o escuro, não vejo nada, gritos agudos magoam os meus ouvidos. O cheiro a sangue paira no ar. Medo, eu sinto medo. Quero correr, mas não tenho por onde correr. Ela não me deixa. Ela nunca há-de me deixar.

Ela estremece por baixo de mim, e eu volto para o presente. Olho para ela, para mulher que me destroçou por dentro. E só tenho vontade de sorrir, porque eu tenho-a nos meus braços, e eu posso rompe-la, posso fazer com ela o que ela fez comigo.

Quero fazê-la chorar, e quero ouvi-la gritar.

Ela esmurra o meu peito. Ela tenta libertar-se, mas ela nunca há-de conseguir libertar-se de mim.

Movo os seus braços por cima da sua cabeça, e prendo os seus pulsos com uma das minhas mãos, e ela quase deixa de respirar.

– Pare com isso.- Ela grita, e eu gosto de ouvi-la a gritar.

Aproximo os meus lábios dos dela, e quase posso sentir o calor da sua boca. Eu quero devorar os seus lábios cheios. Aproximo ainda mais, por milímetros nossas bocas não se chegam a tocar. Ela aperta os olhos. Mas eu não quero eles fechados, eu quero que ela me veja. Cravo os meus dentes em sua delicada pele, e sinto o seu gosto, ela é doce, eu quero mais dela, eu preciso mais dela.

Ela abre novamente os seus olhos, e posso ver o medo neles. Ela olha para mim como se ela não pudesse acreditar que eu fui capaz de toca-la.

– A menina pensava que eu não seria capaz de toca-la? – Pergunto-lhe e minha voz sai mais pesada do que eu pretendia. – Pensou em errado.

Eu quero explora-la.

Aproximo lentamente os meus lábios em seu pescoço, e ela treme, não é como se ela tivesse frio, porque todo o meu corpo cobre-a como um manto quente. Beijo o seu pescoço, e sinto toda a sua suavidade, e sinto o gosto doce em meus lábios, é como se toda ela fosse coberta de açúcar. Quanto mais a beijo, mais viciado em fico, ela é como uma droga, que eu preciso de consumir. Eu sinto tanta fome dela, e eu preciso de me alimentar dela, de me encher dela.

Eu quero mais muito mais.

Mordo o seu pescoço, e ela arqueja.

Eu só posso estar louco. A loucura apoderou-se de mim. E eu não sei como parar, só sei que deveria.

– Pare com isso.- Ouço a sua voz, e olho para ela. Seu cabelo esta bagunçado, seu rosto avermelhado, seus olhos vidrados, seus lábios ante abertos, e sua respiração é ofegante. Só de olhar para ela tenho vontade de cometer a maior loucura de todas as loucuras. Vontade de entrar nela e me perder nela.

Sinto as suas pequenas mãos em meu rosto, nunca uma mulher tinha-me tocado desse jeito, todas elas tinham muito medo de mim, então nunca houve gestos simples como este. Ela próxima de mim e os seus lábios tocam em minha bochecha. Ela abre boca, e rasga minha carne com os seus dentes. Doí, mas doí mais sua frieza, porque pensei que talvez ela fosse diferente. Pensei que talvez ela fosse a única pessoa no mundo que não tinha medo de mim, eu queria acreditar nisso, mas na verdade ela é como todas as mulheres que já passaram pela minha vida, frias como pedra.

Berro, e maldições saem da minha boca.

– Abram a porta. Por favor. Abram a porta.- Ela grita, e bate freneticamente na porta.

Raiva. Raiva é o que sinto agora. Raiva e mais raiva. Raiva abraçou o meu corpo, e consolou-me, e não há lugar para tristeza. Não será esta mulher que que me deixará triste. ELA é uma mulher vulgar. Não é uma mulher para mim, não existe nenhuma mulher para mim. Sempre estarei sozinho, e é melhor assim, sentimentos só nos traem. Sentimentos só nos darão um fim.

Não serei enganado novamente.

Não serei enganado por esta mulher.

– Juliette.- Eu berro, e o seu nome tem um gosto ruim em minha boca.

Puxo a corrente, e ela cai brutalmente no chão, não me importo se magoei-a, não me importa se ela sinta dor, é isso que eu sei fazer melhor, enraizar dor, magoar, quebrar, e posso fazer tudo isso com ela.

Levanto-me e vou até ela. E vejo sua expressão de dor, também há um pouco medo, mas isso não é suficiente, eu quero mais…

– Eu não me interesso por mulheres como tu. Uma mulher que não tem nada a esconder, todos homens já te viram por fora e por dentro. Tu és vulgar Juliette.- Minhas palavras são para feri-la.

– Abram a porta.- Berro, e porta se abre.

E dono aparece, e quando vê o meu rosto, os seus olhos quase saltam para fora. Eu não quero que ele me veja assim. Eu quero que ele desapareça.

– Desculpe-me.- Essas palavras foram suficientes para acender o rastilho. Soco o seu estômago, e ele cai no chão.

Não quero ficar mais aqui. Eu quero ficar longe dela, porque ela confunde-me, e faz-me acreditar em coisas que nunca existirão para mim. Torno-me frágil, e deixo de ser quem sou.

Ela é um erro da natureza. Ela não deveria de existir.

Caminho, e não olho para trás, porque não há ninguém para ver.


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Notas finais do capítulo

O próximo Capítulo será narrado por Warner. Por isso não percam o Próximo Capítulo.P.s ---> Trailer da fic http://www.youtube.com/watch?v=FiDUYQCPt6E