Com aqueles dois facões, eu parti para cima daquele jogador. Antes dele fazer o ataque, eu consegui retalha-lo. Espera, retalha-lo, como assim? Nem mesmo eu acreditei. No momento em que fiz isso, meus olhos se arregalaram. O corpo do jogador se dividiu em dois e caiu no chão. Quando o corpo caiu no chão, a cerca viva foi o pegando, em seguida, desapareceu.

Fui dando passos para trás. Por que... Por que eu não fiz apenas um simples ataque? Não havia necessidade daquilo... Encostei na cerca viva e me sentei. Abri minha bolsa e peguei a caixinha decorada. Quando abri havia a letra “L” dentro. Toquei naquilo, em seguida, apareceu um holograma na minha frente. Era Lya.

– Lya? –Perguntei.

– Sim, sou eu. Fico feliz que minha mensagem tenha chegado até você. Como está indo aí? –Ela perguntou um pouco preocupada.

Pus minha mão sobre minha cabeça. Estava tomando coragem para falar alguma coisa.

– Bem, eu... Eu consegui matar um jogador...

– Você matou um jogador? –Ela virou a cabeça para o lado. –Eu sei como você está se sentindo, mas não pode deixar as emoções o levarem. Agora, você tem que mais do que nunca, encontrar aqueles seus dois amigos. O objetivo daqui é matar todos que estão sem suas equipes, mas obviamente muitos vão quebrar essa regra. Assim que você encontrar seus dois amigos, procurem a saída.

– A saída...?

– Sim. Agora vá, você não tem muito tempo.

A conversa terminou. As rosas brancas daquele jardim estavam começando a ficar vermelhas com o sangue espalhado.

Enquanto isso, Louis estava frente a frente com uma garota. Cabelos lilases em dois rabos de cavalo, sardas no rosto e olhos cor de esmeralda. Ela estava com uma roupa de cor roxa, três botões brancos e uma bota vermelha. Estava também segurando uma espada.

– Ora... O que temos aqui? Está perdido, está? –Ela disse ironicamente.

Louis sacou sua espada enorme.

– Isso não é da sua conta. –Ele respondeu friamente.

– Oh, por que está falando assim comigo? Você é muito bonito sabia? Ah, se eu tivesse esses cabelos sedosos como os seus! E que olhos azuis gelados invejáveis! A sua namorada deve ser uma sortuda, hein? –Ela continuou, enquanto tentava se aproximar para tocar nos cabelos de Louis.

– Não se aproxime. –Ele disse, enquanto afastava a mão dela.

– Ah, que grosso! É falta de educação tratar uma dama assim! –Ela disse enquanto ajeitava sua espada. –Ok, então, chega de papo!

Ela partiu com tudo em direção à Louis. No momento em que estava prestes a atingi-lo, ele deu um salto e se esquivou sem mesmo mudar sua expressão.

– Que sem graça. Você não muda a sua expressão. És sempre um cara frio assim? Me deixe ver, deixe eu perfurar o seu coração para ver o quão CONGELADO ELE ESTÁ!

Ela partiu para o segundo ataque, mas Louis se defendeu com a sua espada enorme de aço.

– É, eu sou um cara frio mesmo, e é melhor você se conformar, porque vai ser difícil alguém como você perfurar meu coração. –Ele sorriu um pouco.

– Já sei! Que tal isso ficar um pouco mais divertido?

Ela recuou um pouco. Colocou a espada no chão e de repente uma atmosfera rosa escuro começou a surgir dela, como chamas. Então, logo em seguida ela se levantou, mas não parecia ela. Ela havia outro rosto... Esse rosto... Ela adquiriu a imagem de Zain!

Louis arregalou os olhos. Deveria estar se perguntando que tipo de poder era aquele. Nunca havia visto antes em sua vida.

– Mas o que você... –Ele murmurou.

– Ah, gostou? Esse é o meu poder. Consigo tomar a forma das pessoas próximas à você. Quem é esse garoto? Até que é bem fofo.

– Pare de brincadeiras! –Louis gritou.

– Ok, certo, e que tal essa aqui?

Ela repentinamente tomou a forma do próprio Louis.

– Nossa... Agora eu estou bem mais alta. Acho que dá para lutar melhor com você com este tamanho.

– Nossa! Eu sou mesmo muito bonito! Nunca havia me olhado por este ângulo!

– Maldito...

Em quanto Louis e aquela garota com o poder de tomar a forma de qualquer coisa ou pessoa que quisesse lutavam, Zain estava totalmente perdido.

– Ah? Eu com essas duas espadas... Duas pessoas na minha frente... O que está acontecendo?

– Ande, lute! Lute mais! Crie forças para se levantar e lutar! –Disse um dos rapazes que estava na sua frente.

Foi então que Zain percebeu. Ele estava no meio de uma luta, mas por alguma razão não lembrava. Sangue estava escorrendo pelo seu rosto. Zain posicionou as duas espadas e deu um salto para trás.

Cada rapaz havia um revólver. Zain estava com duas espadas. Na hora em que Zain deu um salto para trás, os dois atiraram em direção à ele. Um tiro passou de raspão pelo seu rosto, fazendo sangrar um pouco, mas Zain se defendeu do outro tiro com uma de suas espadas.

– Droga! –Disse um dos rapazes.

– Desculpe... –Disse Zain, que estava flutuando no ar.

Zain colocou as suas espadas posicionadas para frente. Foi descendo em velocidade supersônica em direção deles, e perfurou seus estômagos com as duas espadas ao mesmo tempo.

– Desculpa, desculpa mesmo. –Zain disse com uma expressão triste.

Os dois tentaram resistir à morte, mas as espadas já estavam atravessadas. Eles caíram no chão, e as plantas da cerca os enrolaram e em seguida despareceram só deixando o sangue pelo chão cor de prata.

– Puxa vida... –Zain murmurou.

Enquanto isso, nesse momento, eu estava criando forças para não vomitar com todo aquele cheiro de sangue espalhado.

No momento em que aquele jogador desapareceu, eu vi no mapa tudo se distorcendo. O labirinto estava se distorcendo. Todas as rotas estavam mudando de lugar, inclusive a minha localização atual. Fiquei mais próximo de Zain, porém, mais longe de Louis.

– Ah! Zain já está mais perto! –Murmurei com um ar de alegria.

Comecei a correr. Estava meio sem fôlego, mas mesmo assim queria correr. Queria encontrar Zain.

Nesse momento, vários jogadores aparecem na minha frente. Pareciam fracos, mas estavam armados.

– NÃO ME ATRAPALHEM, IDIOTAS! –Gritei.

Queria que aquilo tivesse um fim. Não daria mais bobeira, queria que aquela batalha terminasse logo. Coloquei uma forte onda de energia nos meus facões, e parti com tudo para cima deles que tentaram defesa. Mas assim que meus facões os tocaram, eles foram eletrocutados instantaneamente. Não havia necessidade de enfiar os facões neles, mas uma força dentro de mim fez com que meus braços se mexessem sozinhos, então enfiei os facões em cada um, em velocidade supersônica, que caíram mortos. Sujei minha roupa de sangue. O jardim então puxou-os, e em seguida desapareceram deixando apenas a imensa poça de sangue.

Olhei paras minhas mãos, sujas. Sujas de sangue. Tentei ignorar. Fui então me orientando pelo mapa até chegar à Zain. O mapa especificava quem era Louis e quem era Zain. Aquilo me acalmava mais. Era a próxima “esquina” para dobrar e eu me encontraria com Zain, segundo o mapa. Diminuo a velocidade. Olho para o lado e me aproximo lentamente. Havia uma pessoa. Estava coberta de sangue, com uma imensa poça embaixo de si. Depois eu reconheci quem era. Era o próprio Zain.

– Zain!!! –Gritei.

Zain olha lentamente para o lado. Seu rosto estava inexpressivo.

– Masao... Você também... Está coberto de sangue...

Em seguida ele caiu. Corri em velocidade máxima para poder pegá-lo.

Ele caiu em meus braços, um pouco tonto.

– Zain, Zain! Pode me ouvir? Você está tonto! Você nunca havia visto tanto sangue na vida, certo?! É psicológico! Se acalme!

– É... É... Você pode ter razão... Agora temos que encontrar Louis.

Zain tentou se levantar, eu o ajudei lógico.

– Aqui. Se vermos o mapa, Louis não está tão longe. Temos que chegar lá o mais rápido possível.

Zain concordou com a cabeça.

Nesse exato momento aparece uma tela gigante em cima do labirinto escrita:

“Chegamos a 500 mortos!!! Mas esse ainda não é o fim do jogo, por favor, não joguem as suas vidas fora em vão. Tentem resistir o máximo possível. Quem sabe é VOCÊ que irá ganhar?”

– Vão se danar! –Gritei olhando para cima cerrando meus punhos.

Senti uma mão em meu ombro. Era Zain. Ele estava sorrindo para mim.

– Acalme-se. Tudo vai acabar bem. –Disse Zain.

Sorri de volta. Então nós dois fomos procurar Louis, sendo guiados pelos nossos mapas holográficos.

Enquanto isso, Louis já estava suando. A garota estava mudando sua forma várias vezes, imitando várias pessoas. Já foi sua mãe, seu pai, até sua professora do primário.

– Qual seu objetivo com isso? –Louis perguntou.

– Me divertir. Sabe, eu quero ganhar o jogo. –Ela respondeu enquanto se defendia com sua espada.

– Isso é um jogo, e não um parque de diversões. Mas mesmo assim, eu não pretendo perder também. –Respondeu Louis, rindo.

– VOCÊ AINDA TEM FORÇAS PARA RIR, MALDITO?!! –Ela desferiu um golpe de sua espada contra Louis, que feriu seu rosto.

– Como você tem coragem de ferir o rosto de um belo adolescente? Que cruel...

Ele pegou sua espada e cortou o rosto dela, que ficou desfigurado.

– Ah... –Ela disse enquanto cuspia um pouco de sangue. –Que tal ficarmos parecidos de novo?

Ela de novo tomou a forma de Louis. Nesse momento eu e Zain chegamos.

– L-Louis? –Zain perguntou olhando os “dois Louis” em sua frente.

– Espera, qual de vocês é o Louis? –Perguntei.

– Sou eu! –Os dois disseram ao mesmo tempo.

– Masao? Que bom que você veio... Você veio me salvar... –Disse um dos Louis em minha direção, com um sorriso muito gentil.

Nesse momento eu recuei um pouco.

– Não, Masao! –Disse o outro Louis.

Peguei os meus dois facões. Tinha que matar um deles rápido. E não podia errar.

– VOCÊ NÃO É O LOUIS!!!! –Eu disse para o Louis “gentil” que estava mais próximo de mim.

Posicionei meus facões, porém, rapidamente, ele me carregou pelo pescoço me colocando contra a cerca viva. Então ele tomou a verdadeira forma da garota. Louis e Zain se movimentaram rapidamente, mas a garota foi mais rápida.

– Para trás! –Ela disse enquanto segurava uma bola de fogo. –Ou eu o mato.

Zain e Louis ficaram sem ação. Ela ia me matar ali mesmo, enforcado. Eu já estava ficando sem ar. Aquilo seria o fim.

Eu tinha que ter forças. Tinha que ter forças para movimentar minhas mãos que já estavam segurando os meus dois facões. Com as minhas últimas forças, pus com tudo os dois facões no coração dela. No momento em que fiz isso, ela arregalou os olhos. Zain e Louis ficaram surpresos, olhando a cena. Ela me soltou e eu caí com tudo naquele chão gelado. Ela começou a recuar, com as duas facas apunhaladas em seu coração. Começou a jorrar sangue. Em seguida, ela caiu. Todas as flores no local ganharam a coloração vermelha. As folhas, até o chão gelado cor de prata. Em seguida, depois de ter jorrado todo aquele sangue, a cerca viva pegou ela e logo depois desapareceu.

Louis e Zain correram até mim. Eu já estava ficando inconsciente. Estava todo sujo de sangue, mas Louis não se importou muito com isso. Ele tentava me reanimar. Tentei abrir um pouco meus olhos. Sorri. Toquei no rosto de Louis, e logo em seguida fechei meus olhos. Zain estava desmaiando de tanto sangue que havia visto.

Em seguida, um aviso gigante aparece de novo para todos os jogadores:

“Todas as equipes já estão reunidas. Não há mais necessidade de matar (afinal, o jardim em formato de labirinto já está muito sujo). Declaro o fim da batalha dessa semana. Com o número aproximado de 615 mortes, a batalha chega ao fim. Parabéns as equipes sobreviventes, e até a próxima batalha!”

Eu ouvia tudo ao meu redor. Louis pensava que eu iria morrer. Zain estava vomitando de tanto nojo. Eu estava feliz. Eu estava feliz de estar perto dos meus amigos de novo.