Scorpius estava limpando o sangue de seu nariz.

O soco de Rose lhe causou algumas fraturas em seu nariz. Estava dolorido e o sangue não parava de escorrer, além de ninguém saber um feitiço para fazer o sangramento parar. Após Alberto quase arrancar seu nariz fora com um episkey mal executado Scorpius decidiu se deitar. O dia foi um tanto longo e cheio demais para ele. Brigar com Rose, vê-lá metendo a mão na cara de Rowena e o principal, levar um soco dela. Ele esperava por isso. Conheceu Hermione, mãe de Rose, que era uma pessoa calma, assim como a filha, porém sempre que se descontrolava, sai de perto, porque é treta na certa. Agora, Rose provou que puxou boa parte da personalidade a mãe.

A porta do dormitório se abriu e Brian entrou. Ele olhou para Scorpius, que estava com um pedaço de papel enfiado no nariz e sorriu.

— Mulheres - disse ele rindo. - É por isso que sou solteiro.

— Não, você é solteiro por que não pega ninguém.

— Melhor do que levar socos no nariz. - e dizendo isso, Brian foi para o banheiro.

O sono chegou rápido para Scorpius. Mais rápido do que ele esperava e logo ele adormeceu. Sonhou que ele era um anãozinho e que Rose corria atrás dele com uma marreta na mão, gritando "você me traiu".

Scorpius acordou na manhã seguinte, com a fronha de seu travesseiro, inteiramente manchada de vermelho. Desejou ter Rose ali com ele. Ela com certeza saberia um feitiço para solucionar isso. Não, ele não queria. Não poderia se dar ao luxo de desejá-la, devia seguir adiante com sua decisão. Trocou-se e saiu do seu quarto com Brian, para irem tomar café. Quando chegaram ao salão principal, viram Rose, conversando com Tiago e Teddy. Ela parecia bastante animada, e às vezes dava socos no ar, o que significava que estava dizendo como meteu um soco no nariz de Scorpius. Ele foi se sentar o mais longe possível dela, ao lado de Rowena. A garota estava com vários curativos e machucados ao longo dos braços e rosto, porém, não estava aborrecida com Scorpius. Estava com Rose.

— Aquela mestiça sangue ruim acha que acabou - Rowena fez um barulho com a boca de puro deboche. - Ela começou uma guerra com a garota errada.

Scorpius revirava os olhos, sorria e olhava de esguelha para Rose. A garota, porém, nem olhava para ele.

O final de semana chegou rápido. Rose não mostrou nada além de indiferença em relação á Scorpius. Na aula de Poções, por exemplo, o caldeirão de ambos ficavam lado a lado, e Rose, nem olhava para ele. Estava apoiada com os cotovelos na mesa, as mãos apoiando o queixo observando e as vezes fazendo anotações do que o professor falava. Porém, isso estava deixando Scorpius nervoso, o que o fazia errar na hora de preparar as poções, e levando bomba de Slughorn. Rose nem sequer ria.

Ela agia como se Scorpius não existisse, e que o namoro dos dois fosse uma mera lembrança. A família dela, porém, não deixou de falar com ele. Hermione enviou-lhe uma carta dizendo que sentia muito que o namoro tivesse levado esse rumo, e que sempre que Scorpius precisasse, era só mandar uma carta para ela. A Sra. Weasley enviou uma torta para o garoto, com um bilhetinho dizendo "é uma pena que acabou, querido." e os demais Weasley's não se manifestaram. Nem mesmo Rony. A família de Scorpius, porém, se alegrou com a notícia. O avô de Lúcio enviou um cartão pedindo desculpas pelo seu comportamento e dizendo que voltará a agir da mesma forma na qual ele agia antigamente, o que Scorpius não sabia se considerava isso uma coisa boa, porém, a carta que mais alegrou e que mais o entristeceu, foi a de seu pai.

Scorpius,

É realmente uma honra, saber que seu relacionamento com a filha do Weasleyzinho tenha acabado. Você pode conseguir alguém muito melhor. Puxou minha beleza. Enfim, sua mãe se alegrou com a notícia e seu estado de saúde não é mais crítico. Ela já consegue andar e não vê a hora de você escrever para ela.

Abraços, Draco.

PS: Seu avô não quer mais sua cabeça em uma bandeja.

Scorpius desabou em lágrimas. Ele releu a carta. "Você pode arranjar alguém muito melhor" foi o que seu pai disse. Ele não queria ficar sozinho. Rose foi sua primeira namorada e namoraram por quatro longos meses e ele acabou se acostumando com a situação. Alguém muito melhor... Porque não...

— COMO É QUE É? - gritou Rowena.

Os dois estavam em frente ao Salão Principal, e após o grito da garota, boa parte dos presentes no local olharam curiosos para eles, de dentro e fora do salão.

— Psiu, fala baixo. - pediu Scorpius.

— Desculpa, é que...

— É, eu sei, foi muito atrevimento meu pedir isso, desculpa. - Scorpius encarou os próprios pés, como fazia quando conheceu Rose.

— Não, não é isso, é que... bem... ah, como eu posso dizer isso? - ela tomou fôlego e disse. - Eu sempre quis isso Scorpius.

Scorpius a fitou, perplexo.

— Você sempre quis a mim?

— Sim. Você é sangue puro, e não é outro idiota como a maioria desses sangues puros são. E você também é... bonitinho... Ah, a quem estou querendo enganar? Está bem, você é lindo Scorpius. Sempre quis namorar com você...

Rowena, porém, parou de falar e olhou por cima do ombro de Scorpius. Ele olhou também. Rose vinha andando sozinha na direção deles. O garoto foi agarrado pelo colarinho e beijado por Rowena. Pelo canto do olho, Scorpius viu Rose parar. Ela olhou para eles, ergueu as sobrancelhas e... aquilo no canto de sua boca era um riso? Sim. Era um riso que se transformou em uma gargalhada, alta e gostosa. Ela passou pelos dois ainda gargalhando alto e entrou no Salão Principal. Rowena soltou Scorpius e olhou para Rose, perplexa.

— Era para ela estar de mordendo de raiva. - confessou ela, bufando.

Um mês se passou desde que Rowena e Scorpius começaram a namorar. A notícia se espalhou pela escola como uma trilha de Fogos de Artifícios Weasley e por onde os dois andavam, cochichos e sussurros os seguiam. Alguns dias depois do início do namoro, Scorpius recebeu uma carta de seu pai, o parabenizando. Rowena era uma bela namorada. Ajudava-o sempre com as lições para eles passarem mais tempo juntos, o deixava deitar a cabeça em seus joelhos, enquanto ela acariciava seu rosto e passava a mão em seu cabelo, e bufava sempre que Rose passava por eles e ria.

Mais tarde, Scorpius descobriu que Rowena esperava que Rose chorasse, se trancasse em seu dormitório e atacasse vários sapos de chocolate quando visse os dois juntos. Rose, porém, limitava-se a rir.

Era Domingo, e fazia muito frio. O vento batia nas janelas de Hogwarts fazendo um barulho engraçado. A neve fria de inverno se dispersava, dando lentamente, lugar para a primavera. Scorpius deixou Rowena na sala comunal e foi para a biblioteca, buscar um livro para fazer seu trabalho de Transfiguração. Precisava entrega-lo no dia seguinte e não tinha praticamente nada para fazê-lo. Ele chegou à biblioteca e começou a procurar. Estava em uma prateleira onde faltavam alguns livros, dando para ver e ouvir a conversa das pessoas da prateleira ao lado. Scorpius olhou através da prateleira e viu belos cabelos ruivos e outros belos cabelos loiros. As duas garotas cochichavam. Ele se aproximou e pôde ouvir o que elas diziam.

—... não está ligando nem um pouco para isso, Rose? - era Victorie.

— Nem um pouco mesmo. - respondeu Rose.

— Sabe, vocês namoraram por quatro meses, esperava que você pelo menos esboçasse alguma reação em relação á isso.

— Victorie, o Scorpius é livre para namorar quem ele quiser. Eu estou pouco me lixando para quem ele beija ou deixa de beijar. O máximo que consigo fazer é rir. Sabe, tantas garotas bonitinhas por aí e ele vai ficar logo com a Rowena? É bizarro.

— Realmente, mas sabe Rose, você não pensou em tipo, voltar a namorar com ele.

— Ah, francamente Vic.

— Desculpe, desculpe, é que eu pensei que...

— Vic, me escuta, e me escuta com atenção: Scorpius é livre para namorar quem ele quiser. Já se passou um mês. Eu já me vinguei pelo quanto ele me fez sofrer metendo-lhe um soco no nariz e dando uns tapas na destrambelhada da Rowena. Agora, já passou. Considero-o como passado e nada mais. Ele é livre agora, para ser o menino perfeitinho que sua família espera que ele seja. Não é mais nenhuma ruiva mestiça que vai atrapalha-lo. Agora chega, vamos logo pegar esses livros e ir para a sala comunal. Essa biblioteca é um gelo, e eu estou sem touca.

Rose e Victorie se distanciaram e deixaram Scorpius no escuro. Passado? Depois de tudo que os dois passaram, Rose o considerava passado e nada mais? Ele não acreditava nisso. Estava sendo um completo idiota. Ainda idolatrava Rose, pensava nela, para agora descobrir que ela o considera como passado. Não, isso ele não podia aceitar. Ele pegou o livro desejado e saiu da biblioteca pisando duro.

Chegou ao retrato da mulher gorda, porém, antes de falar a senha da semana, o retrato foi para o lado e Rose apareceu. Ela olhou para ele e arregalou os olhos. Scorpius, porém, foi frio. Passou por ela e a empurrou levemente para o lado com o ombro, entrando pelo buraco logo em seguida, sem nem parar para ouvir as reclamações da Mulher Gorda, dizendo que ele devia ser mais educado com as damas. Um novo começo para Scorpius começava agora.