Rose estava fervilhando de raiva.

Ela brigou com Scorpius e isso a deixou histérica. Sentia vontade de sacar a varinha para todos que passavam por ela, enquanto se dirigia ao Salão Principal. Como ele se atreveu a falar mal da mãe dela, depois dela ter sido tão carinhosa e amorosa com ele? Tudo que a garota mais queria era descontar sua raiva em alguma coisa.

Ou em alguém.

Quando chegou a porta do Salão, ela a viu. Rowena. Rose ficou vermelha de raiva. Ela foi um dos motivos da briga com Scorpius. Agora ela estava ali, vindo em direção á ela, com aquele sorrisinho idiota e seu nariz em pé. Rose se descontrolou. Uma vez ela viu no Noticiário dos Trouxas meninas brigando na saída da Escola. Como elas não tinham varinhas, elas brigavam de puxão de cabelo, mordidas, arranhões e tapas. Rowena era uma completa bruxa. Provavelmente ela não saberia brigar desse jeito.

Rose correu em direção a garota e parou diante dela. Rowena olhou para ela com surpresa e nojo estampados como um banner em seu rosto, e isso bastou para toda a sanidade de Rose sumir.

Ela desferiu um forte e estralado tapa na cara dela, que derrubou Rowena no chão e chamou a atenção de todos no salão. Rose então, se jogou em cima de Rowena, prendendo as pernas dela no meio das suas e começando a dar tapas, socos e puxões de cabelos na menina, que gritava insultos e tentava em vão se livrar das mãos da menina.

Rose sentiu mãos em seus ombros, mãos que estavam tentando separar a briga, porém não conseguiam. Ela estava descontrolada. O Salão Principal já estava todo em volta de Rose e Rowena, porém, Rose não via nada. Só via o rosto de Rowena sendo esbofeteado por ela e a única coisa que sentia era a raiva e a angústia dentro dela se esvaindo a cada tapa que desferia na cara da garota.

Ela grudou no pescoço de Rowena e começou a estrangulá-la quando finalmente conseguiram tirá-la de cima da menina. Rose não queria sair de cima dela. Queria ficar ali e dar na cara dela até não poder mais. Enquanto puxavam Rose de cima de Rowena, ela segurou firme nos cabelos castanhos e agora, despenteados de Rowena e ficou lá, se segurando enquanto a puxavam. Ela segurou os cabelos dela com uma mão e com a outra, começou a dar socos na nuca de Rowena.

A Profª McGonagall chegou e agitou a varinha. Porém, nem a magia de Minerva conseguiu segurar Rose. Ela estava completamente descontrolada. Foi então que Scorpius apareceu no Salão Principal. Ele abriu caminho entre os estudantes, que sabiam que os dois namoravam e arregalou os olhos quando viu Rose grudada nos cabelos de Rowena. Ele segurou Rose pelos braços e a empurrou para trás, fazendo com que ela soltasse Rowena e caísse em cima de alguém, que ela viu mais tarde, ser Alvo.

McGonagall usou o feitiço de corpo preso nela enquanto Rowena se levantava. Ela estava descabelada, seu nariz sangrava e tinha vários machucados pelo rosto e braços, além de marcas das unhas de Rose na testa dela. Alguns alunos do Quarto Ano a seguraram, pensando que ela provavelmente iria tentar bater em Rose, ou azara-lá, mas ela não estava suficientemente em boas condições para isso.

McGonagall pediu para alguns professores tirarem Rowena do Salão e a levarem para sua sala. Pediu também aos monitores para tirarem os alunos do Salão Principal. A multidão se dispersou e Teddy, Victorie, Louis, Alvo e Tiago apareceram. Alvo sangrava. Ele é quem estava tentando separar Rose e Rowena. McGonagall retirou o feitiço do Corpo Preso de Rose e ela se levantou, ofegante. Olhou para o lado e viu Scorpius, vindo em sua direção. A raiva tomou conta dela novamente e quando ele chegou perto dela, ela estendeu o braço e meteu um belo soco em seu nariz.

— Sra. Weasley - berrou Minerva.

Rose já se preparava para dar outro soco, quando Alvo, Louis e Teddy a seguraram.

— Você é louca. - disse Scorpius, limpando o sangue que escorria por seu nariz.

— Você ainda não viu nada, seu nojento. - gritou Rose.

— Já chega, Sra. Weasley. Venha comigo. - Minerva pegou Rose pelo braço e a arrastou para fora do Salão Principal.

Rose se sentia estranha. Sentia-se mais livre e mais solta. Dar uns tapas e uns socos nas pessoas deve ter feito isso com ela. Ela se sentia mais relaxada e revigorada. Minerva arrastou Rose para a gárgula do sétimo andar. Ela disse sua senha - Severo Snape - e a estátua se moveu para o lado, revelando uma escada em caracol que subia para sua sala. Elas subiram e quando entraram na porta, o Profº Slughorn, o Profº Neville e Madame Pomfrey tratavam dos ferimentos de Rowena. A garota se assustou quando Rose entrou e esta sorriu maliciosamente para ela. Minerva a levou para um banquinho em sua escrivaninha e começou a dizer.

— Sinceramente, Sra. Weasley, nunca vi tal comportamento em todos esses anos em que lecionei em Hogwarts. Você é uma moça, não uma lutadora trouxa. Posso saber o motivo pelo qual você atacou a Srta. Tivit?

Rose olhou para Rowena.

— Talvez porque ela seja uma idiota, professora.

— Idiota? - sobressaltou-se Rowena, mas ainda tomando o cuidado de se manter longe das mãos de Rose. - Prefiro mil vezes ser idiota a ser uma mestiça imunda como você. Com quem aprendeu esse comportamento? Com o idiota do seu pai ou com a sangue ruim da sua mãe?

— Não fale assim da minha mãe - gritou Rose, se levantando e indo em direção a Rowena. - Você e Scorpius são iguaizinhos. Porque não começam a namorar? Os dois são idiotas e metidos.

Minerva ergueu as sobrancelhas.

— Pensei que você namorasse o Sr. Malfoy, Sra. Weasleu...

— Namorava - interrompeu Rose. - Namorávamos até essa vaca se meter em nossa relação.

— Olha como fala comigo. - disse Rowena, empurrando Rose.

Rose sacou a varinha e apontou para o enorme nariz de Rowena.

— Levicorpus

No mesmo instante, ela foi levantada no ar, sendo puxada por uma corda invisível. Rose a encarava, sorrindo, pois era a primeira vez que conseguirá fazer uma pessoa flutuar. Incrível o que a raiva pode fazer com você.

— Chega, Sra. Weasley. - Minerva girou a varinha e Rowena despencou do alto. - Irei escrever para sua família e você sofrerá detenção.

— E quanto á ela? - perguntou Rose

— A Srta. Tivit irá para seu dormitório. Também escreverei para sua família, Rowena. Agora, vão, as duas. Já!

Rose estava perplexa. Não era justo. Além de perder seu namorado para Rowena, estava sendo castigada e ela não. Rowena olhou para ela com um olhar superior e Rose sentiu o sangue subir. Ela iria pega-lá pelos cabelos e dar-lhe mais uns tapas na cara assim que chegassem ao corredor, porém, quando saíram da gárgula, Alvo, Teddy e Victorie estavam esperando-a. Rowena passou por eles, com o nariz empinado e torto. Como Rose gostaria de abaixar aquele nariz com diversos socos.

— E aí, o que houve? - perguntou Alvo

— Minerva escreverá para meus pais e irei sofrer detenções. - resmungou Rose.

— Mas, Rose, porque você brigou com ela? - perguntou Victorie. - E porque meteu um soco no nariz de Scorpius?

— Porque agora, um poderá cuidar dos ferimentos do outro. - respondeu Rose indiferente.

Ela começou a andar, deixando os primos e Teddy para trás. Estava cansada. Falaria com eles depois. Ela foi para a Torre da Grifinória, que estava barulhenta naquela noite. O silêncio, porém, dominou a sala quando Rose entrou. Ela olhou de um lado para o outro e viu diversos rostos a encarando, uns demonstrando admiração e respeito, outros, que pertenciam aos amiguinhos de Rowena, demonstravam nojo e alguns até demonstravam medo. Rose nunca pensou que poderia fazer alguém ter medo dela. Merlin, o que diria sua mãe se soubesse?

Ela suspirou, sentindo a vergonha chegar e foi para o dormitório. Assim que fechou a porta, pôde ouvir o barulho das conversas retornando. Ela tirou a roupa, deitou na cama e ficou encarando o teto. Scorpius a chamou de louca. Não, Rose não estava louca ainda. Ele e Rowena, ainda iriam conhecer a fúria de Rose.

Ela deu um risinho, se lembrando da cara de Rowena, sendo esbofeteada pelas suas mãos, e do seu soco no nariz de Scorpius. Rose estava feliz. Afinal, meter a mão na cara de sua inimiga e de seu ex namorado, deixa qualquer um em paz com você mesmo.

A porta do dormitório se abriu e sua amiga, Elizabeth Borgat, entrou. A garota tinha cabelos escuros e encantadores olhos verdes e era dona de um dos rostos da Sala Comunal que demonstravam admiração e respeito.

— Foi um belo soco - disse ela, se sentando na cama ao lado.

— Obrigado, ele mereceu - falou Rose, rindo.

— E ela também, não aguentava mais ver toda aquela superioridade estampada naquele rosto magrelo.

Rose riu. Nos últimos meses, descobriu o enorme senso de humor da amiga e agradeceu por tê-lá por perto, pois Rose sentiu que, a partir do dia de hoje, iria precisar muito dela.