A Verdade escrita por mybdns


Capítulo 3
Capítulo 3




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- Quem você acha que o matou? – disse para Allan, lhe entregando um copo de cappuccino.

- Eu não sei, Anne. Mais eu espero que eles o encontrem logo. – disse colocando seu braço em meus ombros. Coloquei a cabeça em seu peito e nós ficamos sentados no sofá de minha casa por alguns minutos.

- Allan, eu preciso te contar uma coisa.

- Você está grávida? – disse assustado.

- Não!

- Ufa.

- Sabe o meu pai?

- Aquele que você não tem?

- Agora eu tenho.

- Como assim?

- Minha mãe me disse que ele nem sabe da minha existência. Ela não contou a ele que estava grávida.

- E por que não?

- Eles estavam no Hawaii, amor de verão sabe? Ela ficou grávida, só que ele morava em NY e ela em San Francisco. Ela se mudou para NY quando conheceu o Adam, e eu já havia nascido. Ela escondeu isso durante dezessete anos, Allan.

- E quem é o seu pai?

- Mac Taylor.

- O cara da NYPD?

- Esse mesmo.

- Você tem certeza?

- Eu não, mas minha mãe tem.

- Você vai falar com ele?

- A minha mãe tem que falar com ele, não eu.

- É, você tem razão.

O Allan foi embora ai eu decidi ir caminhar um pouco. Coloquei a roupa adequada e fui.

NYPD  

- Mac, nós achamos algumas digitais dentro do armário da vítima. – disse Lindsay.

- E?

- Elas não estão no CODIS, mas o Adam encontrou um parente no sistema.

- Que bom.

- Ela tem 50% de alelos semelhantes com... Você.

- O quê? – Mac pegou a folha da mão de Lindsay e leu.

- Como assim? Annelies Marie Evans? Quem é essa menina?

- Eu sei quem ela é. – disse Stela. – foi eu quem a interrogou hoje.

- Vamos até a casa dela agora. – disse Mac, visivelmente abalado. Ele já havia se relacionado com algumas mulheres, mas pelo que ele sabia, nunca havia engravidado uma.

- Eu vou com você. – disse Stela.

Eles foram até a casa da garota, mas não encontraram ninguém. Esperaram um pouco, até que a viram, entrando na casa. Ela fechou a porta e eles desceram do carro.

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-  Srtª Evans? NYPD. – disse uma voz masculina vinda de fora. Fiquei com medo então corri para abrir a porta.

- Posso ajudar?

- Queremos falar com você, podemos entrar?

- Podem, mas a minha mãe não está em casa.

- Tudo bem. – os dois entraram.

- Bem, vamos direto ao assunto: encontramos digitais suas dentro do armário de Luke Anderson. – disse Stella.

- Óbvio que as minhas digitais estavam lá. Eu estava ajudando o Luke passar de ano.

- Só isso? – perguntou Mac olhando discretamente alguns porta-retratos que decoravam a sala.  

- Olha, Detetive, eu não matei o Luke. Nós só estudávamos juntos depois das aulas. Se ele não passasse de ano, ele não conseguiria a bolsa para Stanford. E então eu estava ajudando ele.

- Só isso? Vocês tinham um relacionamento amoroso?

- Óbvio que não. Foi o meu namorado que pediu que eu o ajudasse. Porque eles são muito amigos.

- Está certo. Qualquer coisa, entramos em contato. – disse Stella, um pouco desconfiada.

- Tudo bem. – disse acompanhando os dois até a porta.

Mac parou e me olhou, bem nos olhos.

- Mac, você não vem? – perguntou Stella.

- Entre no carro, eu já estou indo.

- Algum problema, Detetive? – perguntei.

- As suas feições, as maçãs do seu rosto. Sua pele, seu cabelo castanho, os seus olhos...

- O que você quer?

- Não pode ser. Você é igualzinha a sua mãe.

- Como você sabe? – perguntei, com cinismo.

- Porque eu sou o seu pai.

- Eu já sabia.

- Como?

- Minha mãe me contou ontem.

- Ah, eu a vi, mas eu soube por causa das investigações. Seu DNA tinha uma combinação no CODIS.

- Ela me contou isso também, então encontraram alelos em comum, eu já assisti programas de investigação criminal. Eu só não consigo entender porque ela escondeu isso de você.

- Talvez porque nós morávamos longe e o nosso romance foi passageiro.

- Summer loving happened so fast – cantarolei a famosa canção do musical “Grease”.

- I met a girl crazy for me. – para minha surpresa, Mac continuou a música.

- Não sabia que você gostava deste tipo de filme. – ri.

- Temos muitas coisas pra descobrirmos um sobre o outro.

- Tell me more, tell me more. – disse.

- Agora não dá, mas depois das investigações, eu vou te levar para jantar. Que tal?

- Eu aceito o seu convite, Detetive.

- Até mais, Anne.

- Até.

Fiquei feliz por Mac ter conversado comigo. Ele me parecia um bom homem. Ainda bem que minha mãe havia viajado, pois ela ficaria louca com tudo isso.

O outro dia chegou e recebi a notícia que os investigadores haviam encontrado o assassino de Luke. Mac veio até a minha casa para me contar. Estava com Allan, assistindo um jogo de futebol quando ele bateu na porta.

- Posso ajudar? Oi Mac! – disse surpresa pela visita. – logo, Allan foi até a porta também.

- Oi. Eu estou atrapalhando alguma coisa? – disse, meio constrangido.

- Não, claro que não, senhor. – disse Allan.

- Pode entrar, Mac. – disse convidando-o.

- Você tem notícias sobre a morte do Luke?

- Tenho. Nós encontramos o assassino.

- E quem é, Mac?

- Anne, foi o próprio pai dele.

- O Sr. Anderson? Por quê?

- Bem, nós descobrimos que Brenda tinha um caso com o Sr. Anderson.

- Aquela vadia desgraçada. – praguejou Allan.

- E então o Luke descobriu. Um dia antes do assassinato, ele foi tirar satisfações com o pai. Os ânimos ficaram exaltados e os dois brigaram. Na noite do assassinato, O Sr. Anderson foi até a escola para conversar com o filho, mas eles brigaram ainda mais feio. Só que o Sr. Anderson estava armado e atirou no próprio filho.

- Que horror. – eu não podia acreditar no que eu estava ouvindo.

- Bem, o Sid, nosso legista, já liberou o corpo para o funeral. Ele acontecerá numa Igreja Batista aqui perto.

- Obrigada por nos avisar, senhor. – disse Allan. – eu vou para casa avisar o Caio. Nos encontramos lá? – disse Allan me dando um beijo.

- Tudo bem. Até mais então. – disse abrindo a porta.

- Tchau.

- Se você quiser, eu te leva até lá.

- Sério?

- Claro.

- Só que eu preciso tomar um banho primeiro. Você pode esperar?

- Posso sim.

- Então fique a vontade. Pode ligar a TV se quiser. Antes, eu vou te trazer um suco. Ou quem sabe um cappuccino?

- Eu estou bem.

- Um cappuccino é melhor. – fui até a cozinha e peguei um cappuccino para ele.

- Eu prometo que não vou demorar.

- Eu espero.

Desci correndo as escadas e entrei no banheiro. Estava feliz por terem descoberto o assassino de Luke. Pensei na Sra. Anderson, que era uma mulher tão bondosa. Ela não merecia isso tudo, de maneira alguma. Terminei meu banho, me sequei e coloquei um vestido preto discreto, um pouco pra cima dos joelhos e um sapato de salto fechado, também preto. Peguei uma pequena bolsa e coloquei meu celular, as chaves de casa e uma quantia em dinheiro e desci. No meio da escada, eu escutei uma voz feminina. Era a minha mãe, discutindo com Mac.

- Você não tinha o direito de esconder isto de mim, Livy.

- Mac, entenda de uma vez, foi melhor assim.

- Você escondeu de mim durante dezessete anos que eu tinha uma filha? E diz que foi melhor assim?

- Não fale assim coma minha mulher, está ouvindo? – disse Adam.

- Não se intrometa.

-Hey! – gritei descendo as escadas. – vocês podem parar com essa gritaria? Estão parecendo uma escola infantil!

- Annelies, suba. Eu tenho que conversar com o Mac.

- Não. Isso também é sobre mim. E outra: um amigo meu foi morto. Eu preciso ir ao funeral dele. Agora.

- Eu te levo, meu bem. – disse Adam.

- Não. O Mac já disse que ia me levar e é com ele que eu vou. – bati o pé, como uma criança faz quando quer um brinquedo.

 - Eu falei pra você não mimar esta menina, Adam. Olha só o que ela se tornou.

- Esfriem a cabeça. Quando eu voltar, nós conversamos, okay? – disse abrindo a porta. Mac me seguiu.

Minha mãe e meu padrasto ficaram lá se olhando. Mac abriu a porta de seu carro para eu entrar. Ele também entrou e deu partida. Seguimos por alguns instantes sem dizer nada. Até que ele quebrou o silêncio.

- Então, Anne... Quando você faz aniversário?

- Dia vinte e três de março.

- Hum. Sabe, sua mãe me disse quando estávamos no Havaí que se tivesse uma filha, ela colocaria o nome da Anne Frank nela. Percebo que ela manteve a promessa.

- É. A minha mãe gosta muita da história da Anne Frank. E eu também, apesar dela ser tão curta e triste.

- Você tem razão. Você já está no último ano, não é?

- Sim.

- E o que você pretende fazer?

- Bem, daqui a três semanas eu tenho uma entrevista de admissão na Universidade de Nova York. Eu quero trabalhar na Unidade de Vítimas Especiais do NYPD.

Percebi uma expressão assustada ao mesmo tempo surpresa em seu rosto.

- Sério? Eu não esperava por isso.

- Sabe, eu nunca entendi de onde veio este meu gosto por ser detetive. Pelas influências, eu deveria ser médica ou empresária ou estrela da Broadway. Não detetive. Mais agora eu entendo...

- É um trabalho gratificante. Porém muito...

- Perigoso. – completei.

- Exato. E o seu namorado? Ele me parece um cara bacana.

- Ele é.

- Que bom. Você é uma menina muito especial. Merece um cara especial também.

- Obrigada, Mac. E você? Já cansei de falar sobre mim. Vamos falar sobre você.

- Bem, eu trabalho no NYPD. – disse, dando risada.

- Hum, agora uma coisa que eu não sei. – disse também dando risada. – você tem esposa?

Ele parou um pouco e suspirou.

- Eu tinha... Só que ela foi morar em Londres.

- E vocês não tentaram manter o relacionamento?

- É complicado manter um relacionamento à distância. Ela decidiu terminar.

- Se ela te amasse de verdade, ela não terminaria com você.

- Você tem razão.

- Você parece estar um pouco cansado. Você tem dormido direito?

- Não. Chegamos. – disse cortando o assunto. – bem, se você não tiver nada melhor para fazer, nós podemos jantar amanhã, que tal?

- Tudo bem. Obrigada por ter me trazido, Mac.

- Imagina.

- Bom trabalho. E lembre-se de dormir, okay?

- Pode deixar.

Eu desci do carro e logo avistei Allan, Caio e o namorado de Caio, Bruno.

- Oi Anne. – disseram Caio e Bruno.

- Oi meninos.

- Oi Anne. Você está linda. – disse Allan,me beijando.

- Obrigada.

- Vamos, o resto do pessoal já está lá dentro da Igreja. – disse Bruno e nós entramos na igreja.

O caixão preto de Luke estava no altar, ao lado, uma foto de Luke, com a jaqueta do time de futebol da escola. Ele tinha um sorriso encantador. Sentamos ao lado se Safira, Max, Naomi, Sam, Caleb e Maya.

- O que esta vadia filha de uma mãe está fazendo aqui? – disse Sam, irritado.

- A Brenda está aqui? – perguntou Allan. – onde?

- Olhe ali, ao lado do Gabriel. – disse Naomi.

- Eu vou lá expulsá-la daqui! – disse Allan.

- Eu vou com você. – disse Caleb.

- Eu também! – Sam levantou-se.

- Vocês três não vão a lugar algum. – eu disse. – querem criar mais confusão?

- Ela não tem o direito. De uma forma ou outra, ela é a culpada de o Luke estar nessa merda de caixão! – disse Allan, irritado.

Como não conseguimos segurá-los, eu e Naomi fomos atrás dos três.

- O que você está fazendo aqui, sua vaca? – perguntou Sam.

- O quê? O meu namorado morreu. – ela respondeu com cinismo.

- Você se importa com o Luke depois de tudo o que fez ele passar? – disse Caleb, agarrando o braço de Brenda.

- O que está acontecendo aqui? – perguntou Gabriel.

- O que está acontecendo é que essa moça com carinha de boazinha foi a grande culpada pelo Luke ter morrido e está aqui, como se nada tivesse acontecido. – disse Sam, por fim.

- Eu não tive culpa de nada. Eu não sabia que o Edward seria capaz de matar o próprio filho.

- O que será que a Sra. Anderson vai pensar quando ela perceber que você está aqui? – perguntei.

- Cala a boca, sua idiota.

- Cala a boca você sua vadia.

- Vocês duas, podem parar. – disse Gabriel.

- Você não manda em mim, Gabriel. Nós não estamos na escola. – eu disse, enfrentando-o como ninguém nunca foi capaz de fazer. Até que mesma fiquei surpresa.

- Olhe o jeito que você fala comigo, sua pirralha. Agora, saiam daqui! Todos vocês. – ordenou, por fim e nós não tivemos outra escolha senão ir sentar. Quando chegamos, escutamos uma mulher gritar:

- O QUE ESSA DESGRAÇADA ESTÁ FAZENDO AQUI? VOCÊ ARRUINOU MEU CASAMENTO, DESTRUIU MINHA FAMÍLIA. SAIA DAQUI! AGORA! – a Sra. Anderson estava incontrolável.

Brenda deu meia volta e saiu da Igreja.

- O que está acontecendo aqui? – perguntou o Reverendo. – minha filha, esta é a casa de Deus!

- Ela arruinou meu casamento. Meu filho está aqui dentro deste maldito caixão por causa dela! – disse debruçando sobre o caixão.

A senhora Anderson se acalmou e o Reverendo começou a dizer algumas palavras.

- O SENHOR é o meu pastor, nada me faltará.

Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a águas tranquilas.

Refrigera a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça, por amor do seu nome.

Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam.

Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos, unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda.

Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na casa do Senhor por longos dias. Amém?

- Amém. – a igreja disse em coro.

- Que Deus conforte o coração desta mãe. Que Deus conforte o coração dos amigos. Meu pai acolha o seu filho. Perdoe todos os seus pecados e conduza sua alma para a vida eterna!

A celebração acabou e nós acompanhamos o cortejo até o cemitério. Quando o caixão de Luke desceu, todos nós jogamos rosas brancas em cima dele. Tudo foi muito triste. Os meninos do time estavam inconsoláveis. O treinador Button estava desolado. Luke, como todos nós tinha um futuro brilhante pela frente. Ele com certeza passaria de ano e iria para a faculdade. Ele estava se empenhando muito. Foi muito triste ver uma vida ser interrompida desta maneira. E ele só tinha dezoito anos... Ninguém estava conformado com isso.

O enterro acabou e eu fui para a minha casa. Sabia que quando chegasse lá, eu teria uma longa conversa com a minha mãe. 


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