“Sou um anjo, mas nunca fui bom. Tenho consciência disso, mas também não me importo. Minha verdadeira natureza me impede de ser o que Deus quer que eu seja.”

Aquela escuridão na minha mente se repetia e uma dor insuportável invadia o meu corpo inteiro, principalmente a minha cabeça. Dessa vez...  Seria esse o verdadeiro inferno onde estou? Provável. Se não é... Então, talvez seja o caminho para ele.

Não enxergo nada. Só me contorço e grito enquanto a dor me corrói.  

“Uma alma negra sempre será negra, não importa o que aconteça”, creio que essa filosofia se aplica muito bem a mim. Eu nunca liguei para humanos, exceto uma vez. Mas nem sequer lembro ao certo quando e em relação a quem foi.

Minha memória é um borrão desde que acordei nesse corpo fraco. Um borrão ruivo, sem rosto... E obscuro. Que me encara do pior modo possível.

Ou não... Essa é uma parte da minha memória, na verdade. Uma lembrança que Arian talvez tenha visto de relance durante seus sonhos mais recentes, mas não percebeu.

Entretanto... Quem liga para tudo isso? Estou caindo na escuridão, sofrendo tanta dor que sinto que todas minhas células explodirão e meu ser deixará de existir em segundos.

“Segundos”... Restam apenas alguns segundos para que a minha alma não exista mais.

Puff. Eu deveria saber... Deveria mesmo. Deus nunca teria misericórdia de alguém como eu. Alguém com a alma e natureza tão podre, cruel, negligente, perversor e orgulhoso... Eu deveria saber.

E COM ESSA CONCLUSÃO URIEL SORRIU EM MEIO A MAIOR DOR QUE UM SER PECADOR É CAPAZ DE SENTIR EM TODO O MUNDO.. SIM... E ASSIM FOI: URIEL PRESSENTIU A CHEGADA DO SEU FIM E SE ENTREGOU A ESCURIDÃO.

... Ou pelo menos era isso que parecia ter ocorrido.