Jogos Meio-sangrentos escrita por Lord Camaleão


Capítulo 14
Capítulo 14 - Trilhos sobre a areia


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Uma novidade sobre este capítulo: ele é BEM grande. De acordo com o Word são 3.120 palavras. Isso porque juntei a despedida do Acampamento com algumas cenas particulares entre os tributos em lugares que vocês logo verão. Espero que gostem.



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A colheita fora feita. Vinte e quatro almas ceifadas.

Os tributos reuniam-se no Anfiteatro. Lado a lado, por ordem de sorteio e de chalé pertencentes. Semideuses, sátiros, ninfas, dríades, náiades... Aliviados, apreensivos, melancólicos. Prestavam atenção ao discurso de Quíron. O centauro passara os dias desde a vinda de Gaia lamentando-se. Naqueles momentos, não importava quantos heróis renomados ele havia treinado, apenas que aqueles meio-sangues seriam levados para a morte – e ele não poderia fazer nada a respeito.

–... Hermafrodito, Ariadne e Caronte. Estes são os representantes de Chalé. Eles foram escolhidos por Gaia para acompanhar os tributos até o Acampamento dos Monstros e instruí-los acerca de eventos e comportamentos. Peço para que eles entrem e que vocês os saúdem.

Os representantes entraram em fila indiana encabeçada por Ganímedes, que sorria e batia palmas, incentivando o público. Desencorajados, os campistas começaram com palmas lentas, mas após os olhares ameaçadores de Calisto, o público ovacionou os visitantes.

– Também por determinação de Gaia, o Acampamento Meio-sangue deve enviar os Conselheiros de cada chalé como mentores. Na ausência do Conselheiro, um substituto deve ser enviado. Sendo assim, peço para que entrem, em ordem de numeração do Chalé, os mentores.

Treze jovens entraram, todos com caráter sério. Apesar da falta de incentivo, as palmas da plateia foram bem mais fortes que as anteriores.

– Cada chalé constará com dois mentores, um do Acampamento e um herói ressurreto, também filho do mesmo deus. Eles não puderam comparecer à solenidade, de forma que apenas os tributos irão conhecê-los.

Quíron então começou a falar sobre a dificuldade dos Jogos e o quanto os semideuses deveriam ser bravos durante os mesmos. Na verdade o centauro sentia vontade de esbravejar contra Gaia e seu exército e propor uma rebelião, mas não podia. Era muito arriscado.

– Para encerrarmos a solenidade, peço para que os tributos se cumprimentem. Assim como fizeram durante o sorteio, agora farão com os outros campistas. Primeiro os tributos do Chalé 1 cumprimentam os seguintes, até encerrar no Chalé 13.

Reyna e Brandon, obedecendo ao pedido do centauro, dirigiram-se a Noah e Peter. Os quatro sussurraram “Boa sorte” um ao outro, quando deveriam desejar a morte dos mesmos.

Esse cara é enorme. Como vou matá-lo?, pensou Brandon ao apertar a mão do ciclope. Agora apertava a mão de Elena e depois Josh e seguiu até os outros. Desde então, não viu potencial apenas no ciclope filho de Poseidon, mas sim em todos os outros.

Reyna terminou de cumprimentar Elizabeth, filha de Apolo e deu um passo lateral para cumprimentar seu irmão. Era Jason.

– Reyna! – Jason exclamou ao abraçá-la forte – Me diga que é mentira! Diga-me que você não vai para os Jogos também!

– Ei, bonitão, você está preocupado comigo? – debochou Reyna afagando o queixo do amigo – Preocupe-se com você e deixe que eu cuide do resto.

– Não consigo me preocupar comigo mesmo sabendo que você também corre perigo... Agora continue, parece que você está atrapalhando a solenidade.

Reyna continuou, logo então cumprimentando Rosalya. Mas não importava se ela apertava a mão de um humano ou o casco de um búfalo, seus pensamentos estavam realmente em Jason.

Era agora a vez de Ethan e Hannah cumprimentarem os outros campistas. Ou adversários, como ele mais gostava de chamar. Não pretendia fazer amizade com nenhum deles, nem mesmo com sua irmã de treze anos. Ela certamente seria uma aliada fortíssima, mas na Arena o rapaz poderia perder um tempo precioso lamentando sua morte.

A primeira pessoa a cumprimenta-lo foi a garota que estava ao seu lado, filha de Atena. Ele esperava um olhar tímido, como o das outras nerds de seu chalé, mas os olhos azuis da mesma eram como metralhadoras prontas a serem disparadas.

– Boa sorte, filho de Ares – disse ela com um ar gélido. Ethan a cumprimentou da mesma maneira.

Uma aliada interessante, pensou Ethan. Uma aliada.

Era frustrante para Hannah cumprimentar pessoas mais altas que ela. Era o tributo mais jovem dentre os escolhidos, mas provavelmente era a mais forte. Enquanto apertava a mão dos outros meio-sangues, ela pensava em coisas divertidas como Ele vai me matar tocando lira ou recitando poesias? ou Belas unhas, espero realmente que elas não quebrem enquanto estiver manejando uma espada.

Mas após cumprimentar a filha de Afrodite e seu irmão, a pessoa seguinte a eles gelou o coração de Hannah pela primeira vez naquele dia. Porque ela estava frente a frente com a garota que a havia abandonado anos atrás.

– Hannah? – perguntou Leah, surpreendida e assustada ao mesmo tempo.

– Você – disse Hannah entre dentes e logo depois esbravejando – Você! Como eu nunca tinha te visto antes por aqui? Com essa sua cara de sonsa desde o tempo em que me abandonou naquele beco! Aquela quimera quase me matou! Por sua culpa!

– H-hannah, eu sinto muito. Naquele dia eu havia encontrado minha mãe finalmente e iria voltar para casa!

– Então você no final de tudo se deu bem! Enquanto eu continuava a morrer de fome, frio... Eu ainda me lembro do gosto da baba daquele monstro! Sua estúpida!

Nesse momento, a plateia fez um coro de admiração.

– Nem ao menos me ajudou a matar aquela coisa! – continuou Hannah – Eu tive a minha primeira experiência com monstros sozinha! Mas ao menos eu agradeço a você por isso. Agradeço por ter me deixado uma pessoa forte! Forte o suficiente para matar você na Arena. Está ouvindo Leah? A primeira pessoa a morrer nesses Jogos será você! E pelas minhas mãos! Pensando bem... eu vou matar você AGORA!

A plateia prendeu a respiração quando Hannah pulou no pescoço da filha de Hermes e as duas caíram no chão. Leah tentava conter a menor, agarrando seus cabelos, mas a menina era forte como um cão. Talvez a loira fosse realmente morta ali, se não fosse por Ethan que tivesse agarrado a menina e a levado para fora do Anfiteatro, acompanhado por Clarisse La Rue.

Quíron, estarrecido pelo ocorrido, declarou prematuramente:

– Declaro iniciados os Jogos Meio-sangrentos!


~ ~//~ ~

Fora dito à diretoria do Acampamento que o transporte para os tributos seria na Praia dos Fogos de Artifício. Não fora especificado qual, mas era garantido que eles chegassem ao Acampamento dos Monstros em segurança. Quíron, Sr. D, os tributos e demais campistas estavam reunidos para despedir-se.

Inesperadamente, a areia da praia começou a sacudir-se e algo se elevou. Eram trilhos de trem. Quatro minutos depois, ouviu-se um estrondo vindo do solo. Foi aí que algo pontudo irrompeu do solo na mesma direção dos trilhos. Girando e jogando areia para os lados, o grande cone de titânio lembrava uma furadeira. Atrás da peça surgiu um grande vagão. E depois outro e mais outro... De forma que um trem de doze vagões – além da maquinaria –surgira. Cada vagão apresentava uma cor diferente e um número em grego estampado ao lado. Quase ao mesmo tempo, vários telquines – um em cada vagão – saíram. Uma voz grave provavelmente da maquinaria gritou.

– TODOS À BORDO!

Os tributos, mentores e representantes adentraram em seus respectivos vagões. Campistas fizeram suas mais diversas despedidas com palmas, assobios e até galhos de árvores. O trem soprou uma fumaça espessa e quase negra e voltou a afundar no solo. Quando afundou por completo, a areia remexeu-se e os trilhos também sumiram. Logo a praia estava vazia como de costume.

~ ~//~ ~

– Bela estreia essa sua, Hannah – disse Clarisse, irônica.

– Você não sabe como é ser rejeitada por todas as pessoas à sua volta! – esbravejou Hannah, jogando-se no sofá vinho do vagão.

– Como tem essa certeza? Olha, eu não vou discutir com uma pirralha de treze anos por um motivo tão idiota como esse. Se quiser fazer birra até explodir, fique aí.

– Você não vai me apoiar? – indagou Hannah a Ethan.

– O quê? Saiba que estou bem mais interessado nesta cabeça de alce do que nessa briguinha de mulher – disse o loiro apontando para uma cabeça empalhada na parede. Hipólita se estivesse ouvido isso de seu quarto teria feito o rapaz em pedacinhos – Se eu fosse você, esqueceria a loirinha do onze e curtia a viagem – Ethan entrou em um quarto que a partir dali seria dele, levando consigo uma barra de chocolate suíço que havia sobre a mesa.

Ele se acha tanto por ser filho de Ares, mais forte do que os outros, mais velho que os outros, pensou Hannah. Babaca.

– Então parece que já começamos bem – uma voz adentrou a saleta do vagão. O dono dela era um homem de caráter frio. Usava uma jaqueta de couro branco. Nos ombros algumas tachinhas pontudas prateadas e sob ela, uma camisa vermelha que combinava perfeitamente com a cor de seus olhos. A pele era branca quase como neve, assim como seus cabelos de um loiro claríssimo. – Prazer, sou Anteros.

– Hannah Dalewood. Seu nome é bem parecido com o deus do amor...

– Meu irmão Eros, sim eu sei. O lindo bebê que sai dando flechadas de amor nos casais apaixonados... não sei como aquilo saiu do deus da guerra. Nem mamãe sabe como eu saí dela mahahaha! Não estou com muita vontade de contar histórias então chegarei logo ao ponto: fui criado para me opor ao meu irmão e garantir o equilíbrio entre amor e discórdia. Você tem discórdia com alguém, garotinha?

– Primeiro: não sou uma garotinha. Segundo: sim, além de não confiar em ninguém, odeio uma certa pessoa com todas as minhas forças.

– Ah, que ótimo garotinha! – disse Anteros ignorando a informação de Hannah – Vamos trabalhar bastante para que isso se torne algo produtivo, hm? – ele assanhou os cabelos pretos e vermelhos da mais nova. Hannah odiava isso.

~ ~//~ ~

– Há tempos não via tanta coisa linda reunida – exclamou Valentina – Guardanapos bem dobrados e presos com fita, e uma réplica perfeita de O Nascimento de Vênus!

– Repintada pelo próprio Botticelli a pedido da sua mãe, vale ressaltar – complementou Adônis.

Valentina estava deslumbrada. Claro, todos aqueles pratos e elementos decorativos já não eram novidade para ela. Eles eram na verdade objetos que a faziam lembrar-se de casa. De suas brincadeiras sobre o tapete persa de com vinte metros de comprimento, as horas que ela passava estudando sob o lustre de cristal...

– Creio que vá gostar ainda mais de seu quarto – disse Adônis num meio sorriso.

Valentina abriu a porta indicada pelo representante e entrou. Alan esperava que ela soltasse gritinhos e pequenos chiliques como quase toda filha de Afrodite fazia, mas não ouviu nada. Talvez ele estivesse julgando mal a irmã, ou talvez ela fosse apenas uma patricinha mais calada.

– Pensando muito sobre os Jogos, novato? – perguntou Drew, jogando seu longo cabelo escuro para trás.

– Meu nome é Alan. E não sei se devo pensar sobre isso agora. Queria na verdade tirar um grande cochilo e acordar na Arena.

– E como vão ficar as estratégias, garoto? – perguntou alguém vindo da cozinha – Muito prazer sou Eros, deus do amor, da paixão e blá-blá-blá. Quer uma maçã? Não? Ótimo.

Aquele era Eros. Alan o imaginava como um garotinho travesso de cabelos cacheados, com asinhas, uma fralda folgada e com rosto corado. Mas aquele definitivamente não era o aspecto do deus. Ao invés de uma fralda, uma jaqueta branca com tachinhas redondas douradas; os cachos deram lugar a cabelos completamente pretos e seus olhos vermelhos davam um ar mais malandro do que apenas travesso.

Valentina, após voltar de seu tour no vagão, juntou-se a Alan, Drew e a Eros para discutir sobre estratégias na Arena.

– Sabem o que nós, filhos de Afrodite, temos que os caras do Um, Três, Cinco, Seis e Oito não têm? – perguntou Eros, agora devorando um cacho de uvas.

– Charme? – arriscou Valentina.

– Isso mesmo, garota esperta! – riu o deus – Rostinhos bonitos podem sim salvar suas peles durante os Jogos. Além da sobrevivência na Arena, podemos receber dádivas dos Patrocinadores, que não são nada mais nada menos que os deuses menores. E como se ganha isso? Sendo simpáticos, corajosos e tendo toda aquela pose que um herói deve ter.

– Ah sim, eu já pus tudo no papel. – Drew desenrolou uma folha A3 cheia de esboços e frases – Desfile, falas das entrevistas, atividades no treinamento... Programei tudo para que vocês sejam Os Irmãos Diamante.

– Espere – disse Alan – Você não perguntou se nós dois queríamos fazer parte disso.

– Não é questão de querer, novato. É questão de so-bre-vi-vên-cia. Ou fazem isto, ou morrem logo no primeiro dia.

Enquanto Drew debatia com Alan, Valentina examinava o papel que a oriental apresentara. Seu pai sempre ensinou a ler antes de assinar.

“Durante o período que não estou no Acampamento, estou sempre engajada a ajudar as crianças órfãs do Abrigo Madre Teresa...” Pera aí, eu nunca fiz isso – disse Valentina com uma careta – Você está propondo que contemos mentiras? Durante toda minha vida me fizeram acreditar que eu era uma patricinha por ter uma boa condição ou cuidar da minha aparência. Eu nunca aceitei isso. E não são vocês dois que vão me mudar, especialmente agora. E mais uma coisa: você escreveu “engajada” erroneamente.

Dizendo isso, Valentina voltou ao seu quarto, de onde, de acordo com ela, nunca deveria ter saído. Drew apenas bufou e enrolou o papel novamente.

~ ~//~ ~

Leah ainda estava zonza pelo acontecido no Anfiteatro. Não pelos xingamentos, puxões de cabelo. Mas sim pelo seu passado que voltara à tona. E voltara furioso.

– Leah, tome este copo de suco. Ainda não comeu nada – disse Hermafrodito, sentado ao seu lado.

– Eu não quero. Eu... Eu estou com medo. Quando fui sorteada, apenas pensei que poderia morrer caso alguma coisa desse errado. Mas agora eu tenho certeza. O primeiro pensamento de Hannah vai ser o de me ver morta. Ah, por que eu não arrisquei minha vida logo, salvando-a daquele bicho? Não custava nada tirar a garota de lá e dar algumas apunhaladas no monstro! Mas naquele dia minha mãe finalmente havia me encontrado. E eu estava tão feliz por voltar para casa que me esqueci completamente da menininha.

– Não fique sofrendo por ter escolhido a direita quando deveria escolher a esquerda. Os caminhos são sempre assim: eles vão apenas para frente, nunca em outra direção. O que você pode fazer agora é continuar seguindo e escolher um caminho quando houver a oportunidade – Hermafrodito levantou-se para pôr o copo em cima da mesa. E logo ele não estava mais lá e sim Salmacis.

– Agora garota, por favor, pare de bancar a fraca! Se vai deixar uma pirralha te meter medo, imagine os outros vinte e dois!

– GAHHHHHH AHHHH – a bronca de Hermafrodito fora interrompida por um grito – Minhas calças! Onde vocês a puseram?

Era John, que adentrava na sala com apenas a blusa do acampamento e uma cueca branca. Atrás dele, os irmãos Travis e Connor abafavam suas gargalhadas.

– Sentimos muito, mas não fomos nós que a pegamos! – disse Connor, rindo.

– Então se não foram vocês, quem foi?

– Fui eu, menino. Muito prazer, sou Autólico – o homem que segurava as calças de John Bryan tinha a aparência no mínimo excêntrica. Sua pele era bem bronzeada, contrastando com os olhos azuis marcados por lápis de olho preto. Além disso, exibia alguns piercings ao longo do rosto. O visual completava-se com dreads mal tingidos de azul – Provavelmente vocês não devem me conhecer muito. Talvez seja porque um ladrão não tem boa fama. Mas o principal fator é a minha discrição. Falando nisso, esta é uma qualidade necessária para que vocês consigam êxito nos Jogos...

Autólico devolveu as calças de John e sentou-se estirado em um sofá. Ele falou sobre estratégias, agilidade, sobrevivência. Que matar não era tudo. Leah começou a imaginar que poderia vencer seu passado.

~ ~//~ ~

– Certo crianças, chega de TV, é a hora do chá – Anfitrite batia em uma xícara de porcelana decorada com margaridas usando uma pequena colher de prata.

Noah e Peter estavam assistindo às gravações das Colheitas, enquanto uma dracaenae as narrava. Era agoniante ouvi-la deslizando o S toda vez que falava “Hefesto” ou “Meio-sangrentos”. Eles estavam assistindo ao ataque de histeria de Ariadne quando a madrasta os chamara. Junto à mesa estavam Tritão e Índigo, seus mentores.

O nome Índigo, apesar de terminar com O, pertencia a uma garota. Havia certa polêmica em relação a isso, já que Poseidon possuía pouquíssimas filhas, além de elas serem altamente desconhecidas. Mas Índigo não, ela gostava de fazer a diferença. Tanto que era a Conselheira do chalé quando Percy ou Tyson não estavam – o que era o caso.

– Índigo, você poderia me passar o prato com os donuts? – balbuciou Peter, ansioso.

– Na na na! Índigo, dê apenas dois donuts para Peter. Ele já está muito gordo e quero que caiba nas roupas que for vestir – disse Anfitrite, tomando o prato de volta. – Tritão querido, você está comendo muito pouco! Ponha mais uns biscoitinhos no prato, sim?

– Mãe! Eu sei bem o que comer, certo?

– Eu sei o que é melhor pra você, querido. Agora co-ma.

Era estranho ver o príncipe dos mares ser tratado como um bebê. Afinal, Tritão aparentava uns trinta anos, tinha cabelos compridos, barba e o principal que um homem de verdade deveria ter, – segundo Peter – pelos no peito.

– Então Tritão, Índigo, vocês têm alguma estratégia para os Jogos? – perguntou Noah enquanto bebericava uma xícara de chá mate. Tritão prontamente o respondeu.

– Então garoto, estávamos pensando em...

– Nada de conversas enquanto estivermos comendo, meninos – disse Anfitrite, limpando os lábios com um guardanapo – Principalmente assuntos violentos como esse.

Na verdade Anfitrite queria atrapalhar o sucesso dos irmãos o máximo possível. Até um filho de Hades poderia vencer esses Jogos, mas para ela deveria existir apenas um campeão filho de Poseidon: o seu próprio. Mas Noah já estava quebrando a máscara da deusa.

– Me desculpe rainha Anfitrite, mas o assunto que estamos tratando é o motivo disso tudo; de estarmos aqui juntos, neste vagão, tomando chá. Seu filho e Índigo foram convocados para garantir que um de nós dois permaneça vivo até o fim. E não são biscoitinhos e donuts que vão me impedir de falar sobre isso.

– Ah, mais uma vez a ingratidão desses insolentes! Saiba que eu também estou aqui para garantir a vitória de vocês! Estou apenas impondo normas de etiqueta, coisas que não aprenderam com harpias e sátiros! Mas como sempre, a madrasta má acaba estragando tudo não é? Por Nereu, como minha vida é injusta – a rainha dos mares comprimiu seu rosto até que dele saísse um filete de lágrimas. Logo depois, Anfitrite correu para sua cabine, com as mãos no rosto.

– Depois conversamos sobre isso, garoto, depois – disse Tritão com um rosto sério e indo de encontro à mãe.

Noah voltou os olhos para Peter e Índigo. O ciclope observava a cena meio confuso, meio feliz por finalmente poder comer quantos donuts queria. Índigo olhou para Noah com um ar desdenhoso e disse enquanto mexia sua xícara de café:

– Bem-vindo aos Jogos.


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Notas finais do capítulo

(A imagem retrata os representantes de chalé por ordem de numeração)

Sinto muito pelo capítulo parecer enfadonho. Mas precisava fazer isso ou iria demorar ainda mais para concluir esta etapa. Essas quatro cenas não têm nada de especial em relação às do próximo capítulo. Eu apenas tive vontade de escrever e assim o fiz. O próximo terá oito cenas nos vagões, apenas isso.