Depois de transar comigo pela segunda vez, Lauren deita no meu peito e fecha os olhos. Ah, sério que ela pretende dormir? Aqui? Por que não vai dormir na casa dela?

– Nossa, lembrei que tinha que ter ido na casa do meu tio pegar uns documentos pro meu pai, puts. - Invento qualquer coisa, na esperança dela ir. Ou de não dormir, pelo menos.

– Sério? E agora?

– Sei lá, acho que ainda dá tempo de ir pegar.

– Ah, então acho melhor eu me vestir né...

– É...

Eu levanto da cama e coloco a calça, virado de costas pra ela.

– O QUE É ISSO? - Viro e ela estava mexendo no meu celular.

– Isso o que? - Pego o celular da mão dela, e leio. É uma mensagem, da Anne, dizendo "Já tô com saudades."

– Espera, você tá com ela e comigo ao mesmo tempo? – Ela indaga como se isso fosse o maior absurdo da face da terra.

– Não. - Minto automaticamente, mesmo não ligando a mínima se ela vai parar de ficar comigo por isso ou não.

– John, depois de tudo o que você me disse? - Espera, o que eu disse? Penso.

– Eu só digo o que sei que você quer ouvir.

– Ah, então quer dizer que é tudo mentira?

– Não, Marie... Me deixa explicar.

– Marie???

– Que? Que Marie? - Porra, eu disse Marie?

– Você é um canalha, mentiroso. - Ela me fita com um olhar de desprezo que mal consigo notar, não com esses peitos dela a mostra. Ela percebe pra onde estou olhando e imediatamente se enrola no lençol. - Sai daqui pra eu me trocar e ir embora, por favor.

– Por que? Nada que eu já não tenha visto. - Dou uma risada irônica e viro as costas, e ela atira o lençol em mim. - Pô, faz isso não, doeu hein. - E saio do quarto, indo pro meu.

Respondo a mensagem da Anne, dizendo "Também to, desculpa não ter te mandado nada, é que eu tava no treino. Perai, vou tomar um banho." E vou direto pro banheiro, fico uns dez minutos debaixo da água, lavo o cabelo e saio. Coloco uma camiseta cinza, uma calça jeans escura e um tênis. Pego as chaves do carro e saio. Dou voltas pela cidade sem rumo, sem direção. E paro em frente ao subway. E vejo de longe cabelos cor de mel, no final da fila. A cidade aqui é pequena, mas não tão pequena assim... Esse é o subway mais perto de casa, e é perto da casa dela também. Mas não pode ser só coincidência. Entro na fila, logo atrás dela.

– Oi. - Cumprimento.

– Oi, John. - Ela sorri, um sorriso sincero, e então eu me surpreendo.

– Você sorrindo pra mim? Isso deve ser um milagre.

– Esse é meu irmão, João.

– E aí, rapazão!

– E aí.

– Mas voltando ao assunto, o que deu em você?

– Bom, fiquei sabendo que voltou com a Anne, parabéns! - E dá outro sorriso, mostrando suas covinhas. Ah, ela é tão linda.

– Só fiquei com ela hoje, mas obrigado.

– Você devia dar valor a ela, não é todo dia que se encontra uma menina dessas.

– Não é todo dia que se encontra alguém como você, também... Ou melhor, esses últimos tempos, tá sendo, né? Todo dia a gente se encontrando. Coincidência ou destino?

– Por favor. - Diz em um tom de ironia e revira os olhos, mostrando de volta seu jeito menos simpática, o jeito dela que eu mais gosto. Peraí, eu nem sei quais são os jeitos dela. Mas é como se soubesse. - E vê se para de dar em cima de mim, você está com a minha amiga. Minha melhor amiga.

– A gente não tem nada sério.

– É óbvio, você não tem nada sério com ninguém. Mas ainda assim, você entendeu.

– Você é tão complicada.

– Você é que é bagunçado demais.

– Me deixa ser sua bagunça, então. - Dou um sorriso de lado.

– Ha-ha. Deixa eu ver, pera... Não. Bom, tchau. - Ela se despede, assim que chega sua vez de pedir o lanche.

Acho que nunca conheci alguém tão complicada quanto ela. Todas as outras se entregam tão fácil pra mim, sei lá, talvez elas não vejam tudo de ruim em mim que ela vê. Sejam mais iludidas ou sei lá. Eu só queria ter uma chance com ela, no começo era só de ficar uma vez, agora eu não sei mais do que. Eu não fico irritado ou acho um saco falar com ela, como com as outras. Mas obviamente, também não levaria ela a sério e isso não a tornaria única pra mim.