A Volta Das Relíquias Da Morte escrita por Eline Sandes


Capítulo 11
Capítulo 11 - O livro




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Acordei no dia seguinte ansiosa para saber o que havia acontecido com Chloë. Na noite anterior, Vitória e eu concordamos que apenas uma de nós iria conversar com ela, e ela venceu. Depois de me arrumar, fui até o dormitório das terceiranistas, e lá estavam as duas. Chloë estava dormindo e Vitória a encarava, parecendo em dúvida se acordava a amiga ou não. 
- E aí? - perguntei para ela - O que aconteceu?
- Ela não quis me falar, mas está realmente mal. Puxou a cortina ontem à noite dizendo que queria que eu deixasse ela em paz e ouvi ela chorar até cair no sono, que foi quando abri as cortinas para ficar de olho nela.
Enquanto ela falava, dei uma olhada no dormitório. Ele era do mesmo tamanho que o do primeiro ano, mas não havia pôsteres de desenhos animados ou de programas infantis, e sim fotos de meninas com amigos, namorados e cantores famosos. Notei que havia uma cama vazia ali, e parecia não estar sendo usada, pois na escrivaninha ao lado não havia nada.
- Por que aquela cama está vazia? - perguntei
- Ah, a menina que dorme ali está... hm... viajando...
Sem questionar, me virei para Vitória e pedi para que ela acordasse Chloë.
     Nossa primeira aula do dia era História da Magia, com o professor Binns. Ninguém estava realmente animado para a aula, com exceção de mim, que estava ansiosa para ver o professor entrar na sala através das paredes. Peguei um lugar ao lado de uma menina loira, já que as carteiras na sala eram organizadas em duplas. 
- Bom dia, alunos - disse o professor fantasma, ao atravessar a parede - sejam bem vindos de volta. Esse ano iremos trabalhar vários assuntos, como por exemplo, a guerra dos gigantes e o porquê dos duendes trabalharem em bancos bruxos. Como podem ver, na página catorze do nosso livro, há um texto explicando um pouco mais sobre os duendes e suas revoltas. Leiam a página e façam os exercícios como dever se casa.
   A maioria dos alunos passou a aula inteira lendo (ou fingindo ler), mas eu consegui terminar a leitura quando ainda faltavam cinco minutos para a próxima aula, então adiantei três questões do exercício. 
Enquanto caminhávamos para a aula de Herbologia, Chloë perguntava o que eu havia achado da aula do Professor Binns e como eram as aulas de História da Magia na escola brasileira. Eu havia me esquecido que não tinha contado para ela sobre não ter sido transferida daquela escola, mas na hora que ia contar para ela, ouvi vozes familiares vindo de trás de nós.
- E você disse que sim? - Rosie perguntava animada - que demais! Quando você estiver jogando na Copa do Mundo de Quadribol, mande ingressos para toda a minha família! O Hugo adora Quadribol, minha mãe não gosta nem um pouquinho, mas até que assiste os jogos! Ah, que demais, não é, Alvo? Alvo? 
- Ele deve ter ido em algum lugar com o Will e o Thomas - Isabelle, a melhor amiga de Rosie respondeu 
- É, deve ter ido mesmo. Oi, Sophie! Como vai? 
- Bem, obrigada - cumprimentei ela 
- Sabia que o capitão do time da Grifinória convidou a Isa para jogar como batedora? 
- Poxa, meus parabéns - eu disse
- Sério? - Vitória interrompeu - Eu sempre quis jogar no time da Corvinal, mas a capitã não vai com a minha cara. 
Isabelle olhou com um pouco de desprezo para Vitória, mas Rosie veio com palavras de consolo para ela, dizendo que um dia ela entraria no time. 
   Neville, ou Professor Longbottom, como o devíamos chamar, entrou na estufa cinco. Ele era mais velho do que eu esperava, por volta dos seus quarenta e poucos anos de idade; não era nada parecido com o menino gordinho dos livros do Harry Potter, era alto e bem magro. 
- Bom dia, alunos, e bem vindos de volta! Esse ano será um ano bem diferente para nós, pois vamos começar a estudar plantas com venenos mais agressivos e que podem, vamos dizer... ENFORCAR CRIANÇAS! - ele gritou - brincadeirinha, gente, se acalmem! Hoje vamos revisar as mandrágoras. Alguém ainda sabe qual o efeito que elas fazem nos seres humanos?
Tanto Rosie quanto eu levantamos as mãos.
- Senhorita Weasley? - o professor pediu
- Elas gritam bem alto, professor, de um jeito que precisam ser cortadas com os ouvidos tampados, pois o grito delas pode matar.
- Exatamente, senhorita Weasley! Dez pontos para a Grifinória! E alguém sabe como era realizado o ritual para cortá-las na Idade Média?
Eu já tinha lido isso na Internet. Levantei a mão antes de Rosie.
- Senhorita...?
- Ravenclaw, senhor
- Ravenclaw?
- Sim, é meu sobrenome
Alguns alunos riram.
- Tudo bem, senhorita Ravenclaw, como era realizado esse ritual?
- Bom, o ritual devia ser feito ao pôr do sol, e era preciso desenhar três círculos ao redor da planta, pois acreditavam que tinha vida própria. Depois disso, era preciso tapar os ouvidos para não ouvir os gritos da planta e arrancar a planta pela raiz, pois senão, as folhas começariam a produzir um cheiro horrível.
- Isso mesmo, senhorita Ravenclaw. Dez pontos para a Corvinal.
Eu sorri de satisfação. A portinha da estufa se abriu, revelando um Alvo e um Will extremamente molhados, seja de suor ou água. 
- Senhores Potter e Jordan, onde estavam? - o professor perguntou, fazendo todos os alunos virarem as cabeças para os dois, e Rosie pois a mão na testa em gesto de frustração.
- Pirraça jogou água na gente - Alvo falou - desculpe o atraso, não vamos fazer isso de novo.
- É bom mesmo, e por mais que eu seja o diretor da Casa de vocês, vou ter que tirar cinco pontos de cada pelo atraso.
- Obrigada, vocês dois - Rosie resmungou quando os dois se sentaram perto dela.
Depois de Poções, tivemos aula de Transfiguração, em que novamente não encontramos Carolina, mas um garoto loiro de olhos cinzentos (Escórpio Malfoy, segundo minha dedução) ficava olhando ameaçadoramente para Chloë, que tentava ignorá-lo. Maxon ficava chacoalhando fazendo caretas toda vez que Escórpio fazia aquilo. Os últimos horários antes do almoço eram Poções, o que fez Vitória ficar resmungando "por que justo nos horários antes do almoço?" até chegarmos na masmorra. A aula foi em sua maior parte, teórica, e nos últimos trinta minutos de aula começamos a preparar a poção estudada. Ninguém terminou, é claro, mas a professora deu notas mesmo assim. Ganhei um B, de bom. 
   Depois do recreio, Vitória e eu fomos para a biblioteca pesquisar sobre o Vítor Frankenstein (Chloë tinha aula de Aritmância). Pegamos o livro, que era pesado e tinha uma capa preta amedrontadora, com a ilustração de um bruxo de aparência maligna colocando uma poção roxa em um caldeirão. 
   Os trabalhos eram numerados por ordem de acontecimento, então a parte sobre Vítor estava entre o início e o meio do livro. O título da página era "Vítor Frankenstein - O Primeiro monstro de aparência humana"
"Não sabe-se exatamente em que ano Vítor criou sua maior obra, o terrível 'Monstro de Retalhos', mas sabe-se que foi entre 1725 e 1730. Vítor era conhecido pelos trouxas como Alquimista, e alguns bruxos também defendiam essa tese até a criação de Frankenstein, quando ficou claro que Vítor Frankenstein era, na verdade "
    A página estava rasgada no lugar da explicação. Que falta de sorte! Procurei o resto da folha no livro, que folheei duas vezes até notar que havia outras três páginas, lá para o final, faltando. 
- Credo! Como podem permitir que esse livro continue na biblioteca! - Vitória exclamou 
- Vamos perguntar para a Madame Pince se tem outro exemplar desse livro - sugeri, e assim, Vitória foi perguntar para a bibliotecária e voltou mais zangada do que antes.
- Nada. Pelo jeito nunca vamos descobrir quem esse cara foi. 
Eu já não estava mais intrigada com a parte de Frankenstein, e sim que havia três folhas inteiras retiradas nos trabalhos do século vinte, sem nenhuma pista do que poderia ser. 
- Mas é meio que óbvio, não é? Vítor era um bruxo das trevas, com certeza. De agora em diante, Sophie, me chame de Tori. Não quero ter nenhuma semelhança com aquele desgraçado - Ela dizia irritada quando caminhávamos para a aula de Estudo dos Trouxas, no segundo andar. 
     A aula era com todos os terceiranistas que escolheram a matéria, não importa de qual casa eram, e mesmo assim a sala estava vazia quando entramos. Maxon estava sentado ao lado de uma menina da Lufa-lufa de cabelos castanho-claros, conversando com ela sobre Simon Lewis, um vampiro da uma série de livros trouxas. Senti vontade de ingressar a conversa, mas fiquei com vergonha de começar uma conversa com duas pessoas que eu mal conhecia. Rosie entrou sozinha na sala e se sentou atrás de Vitória e eu. Ela ainda parecia irritada com o atraso de Alvo e Will. 
     A professora de Estudo dos Trouxas sabia muito pouco sobre a matéria que ensinava. Ela achava que um relógio digital era uma bomba feita para acordar os trouxas, e que uma lâmpada era, na verdade, vagalumes presos em um pote. Mesmo não concordando com nenhuma palavra que ela dizia, fiz anotações breves. 
    As aulas do dia terminavam com Astronomia, (a qual eu quase me atrasei por estar tomando banho) às 19:30. Já estávamos na Sala Comunal quando Vitória voltou ao assunto sobre como iríamos achar uma explicação sobre Vítor Frankenstein.
- Não sei, Tori. Acho que vamos ter de nos conformar com a história que conhecemos, ou então, procurar outro livro.
- Outro? Mas aquele parecia muito bom!
Eu estava treinando o feitiço convocatório quando tive uma ideia:
- E que tal convocarmos as outras páginas do livro?


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