Conversamos por um bom tempo na sacada, contei a ele sobre a viajem, o que o deixou “desconfortável” ele disse que Katy não havia mencionado nada disso com ele, expliquei que a idéia foi dos pais de Janny e Jully, e que ele devia ficar despreocupado, pois eles nos encontrariam no hotel...
Voltamos pra sala que já para o bem de minha sanidade já se encontrava mais vazia, apenas as gemias e Katy se encontravam no recinto.
Sem uma palavra voltei a ajudar na arrumação, olhei pra Jully e percebi um sorriso brincando em seus lábios, mas decidi não questionar, pois temia que o motivo fosse meu pequeno “show”. A conversa fluiu tranquilamente, as gemias faziam planos para viajem enquanto Katy conversava com Jon sobre alguém que eu não conhecia, acho que um amigo que morava em Londres ou Paris... Já eu me concentrei em separar algumas fichas que estavam em uma caixa no canto da sala. Depois das 20:00 fomos surpreendidos por Astolfo trazendo uma cesta recheada de comida. Eu continuava sem fome, então resolvi comer apenas um pedaço de torta.
No fim a sala já estava praticamente arrumada, Katy sorriu agradecendo pela ajuda.
-Muito obrigada meninas.
-Que nada Katy, no fim nem tínhamos o que fazer hoje...
-Mesmo assim foram de grande ajuda.
Os dois dias que antecederam a viajem foram recheados de arrumação de malas, escolhas de roupas e gritos histéricos.
Enfim a hora da viajem chegou, o carro que os pais das gemias mandaram estavam a nossa espera, o motorista foi nos ajudar com as malas, Katy ficou responsável de nos “despachar” para o aeroporto. Desci o elevador sorrindo com o entusiasmo das gemias, que não paravam de falar nem por um segundo.
Chegando ao saguão vi Jon e meu coração se partiu, nos dias anteriores havíamos gasto nossos momentos juntos discutindo sobre a viagem, ele se negava a aceitar minha ida, eu me negava a não ir, assim havíamos ficado em um impasse, eu achava que ele nem viria se despedir, mas lá estava ele, cabisbaixo e tristonho... Respirei fundo e me aproximei cautelosamente.
-Pensei que não viria.
Ele abriu um pequeno sorriso e me abraçou.
-Achou mesmo que eu desistiria de você?
-Bem...
-Não importa, o que preciso é que prometa se cuidar, e voltar rápido pros meus braços;
Elevei meus olhos na altura dos dele e assim pude ver o quanto era difícil pra ele me deixar ir.
-Meu lugar sempre será em seus braços a menos que não me queira mais neles...
Ele selou nossos lábios com um beijo apaixonado, e deixei de pensar, esqueci o mundo por alguns segundos, pra mim não havia mais nada nem ninguém no universo, apenas eu e ele. Foram suas palavras que me tiraram do transe.
-Sabe que ainda pode desistir...
-Te ligo assim que chegar ao hotel...
Dei mais um selinho e sai, antes que eu chegasse às portas o ouvi sussurrar.
-Eu te amo...
Virei-me para responder, mas ele não estava mais lá.
Assim que cheguei ao lado de fora do prédio encontrei as gemias já instalados no enorme carro. As duas pareciam discutir sobre a roupa que usariam no avião. Essa seria um viajem longa até de mais.
Despedi-me de Katy com um caloroso abraço e entrei no carro. Katy deu as coordenadas finais ao motorista, logo depois deu a nos três mais algumas recomendações.
-Já sabem, seus pais chegaram ao hotel amanha por volta das 13:00, eles querem que já estejam prontas para um almoço em família. O motorista levara as três para o aeroporto, onde pegarão um vôo direto para o Havaí, ele embarca com vocês. Devem chagar no destino final por volta das 17:00... Por favor, me liguem pra avisar que chegaram bem...
Jully olhou exasperada pra Katy e disse.
-Ok, prometemos ligar, e prometemos não sair com estranhos, também não sair do hotel sem avisar ao motorista, e todo o resto que você disse, agora será que podemos ir?
-Tudo bem, boa viagem.
A porta do carro foi fechada e assim partimos rumo ao aeroporto.
Nosso vôo estava marcado para as 08:00 da manha, chegamos com uma hora de antecedência, o motorista levou nossas malas pra perto das poltronas e foi fazer o chequim, assim poderíamos ficar na sala de embarque.
Deixei que as gemias tagarelassem sobre o motorista e me recostei em uma das poltronas.
Minha cabeça começou a latejar levemente, o barulho de muitas pessoas conversando ao mesmo tempo era intenso e alto, fechei meus olhos e me concentrei em minhas lembranças e pensamentos, estranhamente vi a imagem de um anjo, ele era lindo, olhos claros, pele branca como porcelana, um sorriso enigmático no rosto, era a imagem mais perfeita que eu já havia presenciado. Por impulso me aproximei a fim de tocá-lo, mas fui impedida por um par de mãos, pisquei e percebi que estava de volta ao aeroporto.
-Terra chamando Ally, o avião já vai sair, vamos logo.
Procurei atordoada pelo anjo sabendo que ele não estaria ali. Forcei um sorriso e segui as gemias pelo corredor de embarque.