Shadows Of The Soul- Livro 2 escrita por Taty Kiss


Capítulo 5
Capítulo 5 - Revelaçoes e Sofrimento




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Ficamos trancados em meu quarto até as 11h00min, quando com muito sacrifício consegui fazer com que Jon me deixasse sair para ajudar Katy. Ele saiu da mesma forma que havia entrado. Esperei alguns minutos e depois sai pela porta. Encontrei algumas alunas conversando perto da cantina e resolvi passar reto, não sentia nenhum pingo de fome...
Acabei encontrando Ana, minha professora de filosofia, ela me abordou sobre um dos últimos trabalhos que entreguei, segundo ela eu havia me expressado com muita intensidade sobre o tema, levei alguns segundos até me lembrar de qual ela estava falando especificamente...
-A senhora está falando da redação que fiz sobre vícios e viciados?
-Sim, esse mesmo. Ally, achei uma obra prima.
-Imagina senhora Ana, eu apenas utilizei os dados que a senhora disponibilizou.
-Digo sim querida, tanto que estive pensando, o que acha de apresentar esse trabalho para todos os alunos assim que voltarmos das férias?
-Apresentar?
-Sim, acho que esse é um assunto que deve ser levado muito a serio, ah tantos jovens se perdendo no mundo das drogas...
-Isso é verdade, mas não vejo onde eu me encaixo nisso...
-Em tudo, em tudo, sabe, podemos utilizar o computador e criar uma apresentação com slides...
-Bem, se a senhora acha importante...
-Acho sim, eu acho que será algo muito importante...
Ela saiu andando e falando sozinha, como que planejando o trabalho, sorri, ela seria sempre a professora maluca. Continuei minha caminhada.
Os prédios estavam quase todos vazios, afinal as férias já haviam chegado, e assim as viagens com os pais... Senti um nó na garganta ao pensar nisso, eu me sentia rejeitada por meu pai, há muitos anos ele resolveu que eu não era nada na vida dele, na verdade havia mais de um ano que não nos encontrávamos, nossas conversas se resumiam a poucas vezes em que com muito esforço consegui persuadir alguma secretaria dele a passar a ligação...
Lagrimas silenciosas escorriam por meu rosto, as enxuguei rapidamente, pois não queria dar explicações às pessoas.
Eu mentia para todos até pra mim mesma quando dizia que não ligava pra essas coisas, eu tentava não demonstrar o quanto era difícil para mim. Inconscientemente me vi tocando no relicário que comprei antes da festa, eu não o havia tirado desde que o coloquei ali, era como um amuleto...
Por varias vezes tentei abri-lo para desvendar o mistério que o acercava, mas o resultado era sempre o mesmo.
Mantive-me concentrada no colar a fim de desviar meus pensamentos.
Os corredores próximos à diretoria estavam totalmente vazios, a sala de Katy estava com a porta fechada, me aproximei para bater quando ouvi uma voz familiar.
-Sei que está preocupada, mas não vejo o por que...
-Não vê? Ele não vem aqui há quanto tempo?
-Não é pra tanto, ele é um homem ocupado.
-Antes de ser um homem ocupado ele é pai dela.
-Olha, sei que é pai, mas entenda, ela não se sentiria bem ao lado dele, ele tem receios...
-Quem pensa que é pra saber o que ela sente?
-Sou tio dela.
-Ah, disso o senhor se lembra...
-Sim, lembro muito bem.
-Ela se sente sozinha...
-Ela tem amigos.
-O que sabemos não ser o bastante, ela precisa do pai, um homem que diga que a ama, que a proteja, que seja tudo o que um pai deve ser.
-Não posso fazer nada, ele não consegue se sentir assim em relação a ela, você já deve ter sido avisada quanto a isso...
-Hipócritas.
-Senhorita Katerine, não me provoque...
-Ou o que? Eu já disse quero ele aqui antes do inicio das férias.
-Acredite, ele não vira, ele não liga a mínima pra ela, no fim ele a colocou aqui para se livrar, essa é a verdade.
-E o quer que digam a ela? Que ele não se preocupa, que não quer passar um tempo ao lado dela? Ally é uma garota extraordinária, não devia passar por isso...
Afastei-me da porta sentindo-me enjoada, eu sabia quem estava junto de Katy do outro lado da porta, meu tio Erik, que nas horas vagas era advogado e porta voz de meu pai, agora eu sabia, ele não viria, de novo, e o pior ele realmente não me amava... Ele me odiava de verdade, eu sempre tive isso em mente, apenas fingia não saber, eu achava mais fácil, mais cômodo.
Corri o mais rápido que pude tentando afastar a dor que persistia assolar meu coração, por que minha mãe teve de morrer? Por que logo ao dar a luz a mim?
Eu era culpada, sempre seria, e por isso ele me odiava, eu era um ser desprezível, que matara a própria mãe. Eu não merecia o amor de ninguém.
Uma chuva fraca começou a cair do céu, como que lamentando por minha dor, meu coração estava despedaçado.
Consegui chegar até as bordas da floresta antes que meu corpo se rendesse a dor, me deixei cair na grama molhada, soluços escapavam de meus lábios, era algo involuntário.
Não sei por quanto tempo permaneci assim, poderiam ter sido minutos, horas ou até dias de repente senti alguém colocar algo sobre mim e me carregar gentilmente, não tive forças de olhar quem era meu salvador, apenas fechei meus olhos e continuei a chorar.
Eu ouvia duas pessoas conversando mas não conseguia distinguir quem eram, eu só sentia meu coração se despedaçando mais e mais, senti uma mão em minha testa e apertei mais ainda meus olhos, a mão era fria, delicada, mas eu sabia que não pertencia a Jon.
Forcei-me abri os olhos e me deparei com Tayler, ele me olhava com expectativa. Tentei me levantar mas ele me impediu.
-Acho melhor não, o que exatamente você ouviu?
Balancei a cabeça sentindo-me confusa, como ele sabia que eu havia ouvido algo? Forcei-me a perguntar, minha voz saiu baixa e esganada, resultado de muito choro misturado a chuva...
-Como sabe?
-Eu estava lá, eu devia ter percebido que já não estávamos sozinhos, mas eu estava concentrado de mais na conversa...
Katy surgiu atrás dele com uma xícara nas mãos, ela me olhava com piedade, o que me causou raiva, eu não queria que ninguém sentisse pena de mim, eu não merecia tal sentimento.
Senti meu corpo tremer, eu não queria estar ali, não queria estar com ninguém. Ela suspirou e ignorou meu olhar.
-Ally, preciso que diga o que exatamente você ouviu?
-O que ouvi? Eu te digo, ouvi o suficiente pra saber que meu pai me odeia, e sabe, não tiro a razão dele, sou um monstro, eu matei minha mãe, matei alguém inocente. Não é justo que eu tenha felicidade assim, sabendo que para que eu nascesse foi necessário acabar com a vida dela. Ele a amava, e eu a tirei dele.
Eu gritava como se isso pudesse extrair a dor, o ódio que eu sentia.
Katy caminhou lentamente até a cama, Tayler se afastou para que ela se aproximasse de mim, ela pegou meu rosto em suas mãos e me forçou a olhar em seus olhos verdes.
-Nunca mais diga isso, ele está apenas confuso. Ele não te odeia, você não é culpada pela morte de sua mãe, ela deve estar muito orgulhosa da filha que teve. Você é boa, é meiga, delicada.
-Isso não importa...
-Importa sim, e por isso eu decidi que não é o momento pra você lidar com isso, um dia quem sabe, mas esse não é o momento...
Olhei confusa pra ela, do que estava falando? Como assim um dia eu lidaria com isso?
Ela gesticulou com a cabeça e percebi Evans encostado num canto escuro do quarto, ele se aproximou, olhou em meus olhos e eu soube o que viria a seguir, só não sabia se realmente queria isso...

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Notas finais do capítulo

Para o capitulo 05 eu queria lago triste, que mostrasse os sentimentos da Ally em profundidade, confesso que foi difícil pois a maior parte das musicas tristes se referem a traição de namorado e esse não é o caso desse cap, portanto depois de muito pensar resolvi escolher a musica "Debussy, Clair de lune"
que foi tocada em Crepúsculo e atualmente é tema de Nicole e Thales em Amor a vida.
Espero que apreciem minha escolha, beijos
http://www.youtube.com/watch?v=CvFH_6DNRCY



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