Doce Problema escrita por Camila J Pereira


Capítulo 30
Fim do Adiamento


Notas iniciais do capítulo

Game Over para a noite do casal, mas outras noites e dias virão.
Divirtam-se.



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Edward

Bella estava tentadora e eu tive que me controlar o resto do dia para não jogá-la em meus ombros e levá-la para longe, um lugar onde só existiria nós dois. Faria com que fosse minha, eu precisava disso. Quando começou a anoitecer percebi que o seu ânimo desanimava, ela estava cansada. E novamente fiquei frustrado quando ela adormeceu no carro quando estávamos a caminho de casa. Talvez não fosse para ser ainda, suspirei fundo quando a coloquei na cama.

Fiquei olhando para seu rosto tão tranquilo. Ela virou de costas para mim e os meus olhos desceram até suas nádegas, era tentador. Eu devia mesmo me controlar, fechei os olhos tentando permanecer com a razão. Ela se remexeu mais uma vez, estava agitada.

Tirei seus sapatos com delicadeza, e depois sua blusa, a mesma que tinha quase rasgado pela manhã. Seus seios eram perfeitos, senti vontade de beijá-los. Tentei evitar olhar para o piercing, seria tentação demais. Com cuidado, tirei a sua calça e rapidamente a cobri, não poderia arriscar ficar olhando por muito tempo o seu corpo. Poderia cometer uma loucura.

Corri para o banheiro e tomei um banho gelado, quando sai de lá já me sentia dono dos meus instintos, os desejos refreados. Deitei ao seu lado e a abracei. Bella se aninhou em meus braços e suspirou satisfeita. Na madruga fui acordado com a falação dela. Bella estava suando e tentei acordá-la, mas ela parecia presa ao sonho.

- Eu não estava lá, não estava... - Bella chorava como se estivesse mesmo vivenciando algo horrível.

- Bella, meu amor, acorda.

- Eu não estava...

- Bella, acorda! - Tentei acordá-la sacudindo-a um pouco, mas nada. Ela parecia desesperada.

- Becca! Não queria...eu juro que não.

- Bella, por Deus acorda! - Sacudi os seus ombros com mais força e ela abriu os olhos. Eles estavam arregalados olhando para mim. Bella se agarrou a mim em um abraço forte. - Shhiii...calma, está tudo bem. - A confortei fazendo carinho nela. Bella chorava e aquilo apertou o meu coração.

- Ed...

- Estou aqui, está tudo bem. Quer falar sobre isso?

- Apenas me abrace Ed. - Ela fungou e me apertou mais.

Deixaria essa conversa para depois, mas teríamos que voltar a ela. Bella adormeceu novamente, muito tempo depois, já estava prestes a amanhecer. Decidi não trabalhar, não queria deixá-la sozinha. Fiz a minha higiene e desci para preparar o café. Peguei o jornal na porta e sentei para ler as notícias esperando que ela acordasse.

Bella

Quando abri os olhos senti o ardor neles, claro, eu havia chorado muito na noite passada e dormi pouco. Eles estavam muito sensíveis a claridade também, por isso voltei a fechá-los e só os abri longos minutos depois. Aqueles pesadelos estavam me deixando cansada e atrapalhada.

Olhei para o meu corpo e fiquei confusa...estava apenas com peças intimas. Não me lembrava de ter tirado as roupas. Edward deveria ter feito isso ontem à noite. Ontem á noite...estava tão ansiosa para que ele tirasse as minhas roupas e eu adormeci, no final foi o que aconteceu, mas não como eu planejava.

Depois de tomar banho e escovar os dentes, vesti uma bermuda jeans e uma camisa amarela. Prendi meus cabelos em um rabo de cavalo. Desci as escadas e fiquei feliz ao encontrar Edward sentado na cozinha, lendo o jornal. Ele estava de bermuda e camiseta branca, seus pés descalços. Parecia que alguém iria faltar ao trabalho hoje.

- Bom dia! - Falei erguendo uma sobrancelha mostrando surpresa. Ele abaixou o jornal sorrindo e seus olhos foram para as minhas pernas descobertas.

- Bom dia. - Sentei a sua frente, ele pegou a minha mãos por cima da mesa.

- Estou confusa. - Suspirei.

- É mesmo? - Edward perguntou em tom brincalhão.

- Sabe...não me lembro de ter tirado as roupas ontem à noite. - Edward prendeu um sorriso.

- Eu tive que fazer isso, você estava incomodada. Saiba que não me aproveitei de você, mesmo tendo vontade. - Aquilo me fez arrepiar.

- Bom...eu também queria que você tirasse as minha roupas. - Edward ficou sério, observando o meus rosto.

- Você é...muito sexy, Bella. Mas...temos outros assuntos pendentes.

- Temos?

- Sim.

- Coma enquanto falamos sobre ele. - Edward pressionou um pouco a minha mão. Eu já sabia do que ele queria falar sobre ontem à noite.

Sem aviso tive uma lembrança nublada e estranha de minha própria imagem no espelho passando batom e ajeitando os cabelos com os dedos. Via até mesmo os detalhes do espelho: moldura oval branca e antiga e uma lasca pequena quase no meio. Esse espelho em particular não estava pendurado no banheiro da casa de Edward, o que significava que pertencia a outro lugar, que eu já vira antes.

A sombra do medo refletiu-se em meu rosto e vi o rosto de Edward também ficar apreensivo. Sabia que com um pouco mais de concentração poderia ver muito mais do que apenas um espelho emoldurado de branco. Não duvidava disso. Mais detalhes, mais pistas que acabariam por levá-la às respostas que faltavam. Eu deveria ficar entusiasmada e ansiosa por sentir que as minhas lembranças poderiam voltar a qualquer instante, mas em lugar disso sentia pânico, ele prevalecia. Eu senti os meus cabelos da nuca em pé.

- Edward! - O meu grito saiu do fundo da alma.

Levantei-me de um salto, Edward também, agarrei-me em seus ombros. Naquele momento, uma dor lancinante na base do meu crânio atingiu-me como um soco. Foi tão violenta, tão inesperada que achei que iria desmaiar.

- O que foi? - Edward prevendo que eu poderia desmaiar pegou-me nos braços.

Edward

O grito dela me apavorou. Bella parecia em pânico, quando ela levantou tão rápido a minha reação foi automaticamente levantar também. Agindo por experiência e com medo de que ela caísse peguei-a nos braços. De novo. Como se estivesse carregando aquela mulher desde quando a levei presa.

Estava assustado, tomado pela surpresa. Jamais vi ninguém tão pálido, branco como uma folha de papel, mas Bella estava em meu colo assim.

- Fale, Bela! O que aconteceu? Foi o tornozelo? A cabeça? O coração? Meu Deus, você está tendo um enfarte? - Eu não sabia o que pensar.

- Não, não. - Parecendo reunir forças ela me lançou um olhar exasperado. - Acha que pareço alguém que está sofrendo um enfarte?

- Por que não? É a única coisa que falta lhe acontecer! - E era a verdade.

- É a cabeça. De repente senti uma pontada insuportável...Estava começando a recordar de algo, e veio essa dor pavorosa. Por favor, coloque-me no chão. Não posso respirar.

Percebi que a culpa era minha, pois a apertava contra o tórax sem nenhuma delicadeza.

- Vou sentá-la na cadeira, ou prefere ir para o quarto?

Bella apertava as têmporas com as mãos e pareceu não me escutar.

- Qualquer lugar. - Disse por fim. - Já está passando. Foi horrível...Por um instante, não enxerguei nada. Dói só de imaginar.

Eu a acomodei na cadeira e agachei a seu lado, murmurando frases de conforto. Um pensamento desagradável me ocorreu: os sintomas de Bella poderiam não ter relação nenhuma com o acidente. Talvez ela estivesse muito doente. E se fosse isso?

E se Bella precisasse de algum tipo específico de medicamento? E se sua relutância em tentar desvendar o mistério estivesse colocando sua vida em perigo?

- Eu deveria ser preso. - Dessa vez, porém eu falava sério.

- Não tem culpa nenhuma, Ed. Eu acho...talvez, precise descansar um pouco. Você se importa?

Não, não me importava. Tinha assuntos para resolver, e não poderia começar até Bella estar segura e bem acomodada. Assim, ajudei-a a subir a escadaria e prometi levar-lhe o desejum em seguida.

Depois de acomodá-la na cama, desci as escadas e peguei o cartão do advogado. Decidi usar o telefone da cozinha para que ela não escutasse.

Havia dois números. Um do escritório de Emmet Gilbert, outro do celular. Disquei o número do celular, mas ouvi uma gravação pedindo para deixar recado. E foi o que fiz:

- Meu nome é Edward Cullen, xerife de Hope Falls, em Montana. Uma mulher que o senhor deve conhecer, Isabella Swan, sofreu um acidente em minha jurisdição. É importante que entre em contato comigo. Muito importante. Por favor, retorne minha ligação com urgência. - Informei o número do meu telefone e por precaução o da residência da Rosie.

Em seguida liguei para o escritório do advogado e deixei a mesma mensagem. Não podia desperdiçar nenhuma chance. Não poderia fazer mais nada. O pequeno jogo de adiar o momento da verdade foi uma estupidez, um risco idiota para correr, porque ela é...

Necessária, como o oxigênio.

Detestava essa sensação de impotência. Como na infância quando dependia da aprovação do meu pai. Fui impotente para prevenir a morte dele, apesar dos meus esforços. E para ajudar a minha irmã ainda adolescente, depois do meu retorno ao lar. Por sorte, nos anos seguintes a minha situação com a casa e família melhorou muito. Todavia, meu desejo de ganhar a absolvição permanecia bem no fundo da alma. Era tarde demais para fazer as pazes com meu pai, mas ainda não era para agir direito com Bella.

Ainda estava na cozinha olhando para o nada, quando o telefone tocou. Dei um salto como se tivesse ouvido um alarme de incêndio.

- Sim?

- Sim? - Respondeu a voz surpresa de Jasper. - É assim que atende ao telefone agora? Você é um cowboy desajeitado Cullen.

- Bella está com dor de cabeça. Para ser franco, eu ia mesmo telefonar para você.

Após uma breve pausa, Jasper falou:

- Sei. Obrigado pela informação. Como médico de Bella, eu deveria impedir esse tipo de coisa.

- Droga, Jasper! É uma dor de cabeça terrível! Veio de repente, como se ela tivesse levado uma pancada.

- Edward, pensei que já tivéssemos conversado sobre isso. Bella precisa de tempo para se recuperar. E isso não vai acontecer da noite para o dia. Trocando em miúdos, é por isso que ela está tão sensível e sentimental. Entendeu?

Não estava com disposição de ser compreensivo ou educado.

- Como é que é?! Eu profissionalismo me deixa perplexo!

Seguiu-se um longo silêncio, conhecendo Jasper sabia que ele estava contando até dez para não responder a altura.

- Sim. Você se surpreenderia ainda mais se soubesse até onde vai o meu profissionalismo, xerife. Tenho muita experiência em lidar com amigos, parentes e namorados histéricos dos pacientes. Neste caso, refiro-me a você.

Eu não disse? Isso não foi nada para o que ele poderia ter respondido. Reconhecia que estava um pouco fora de prumo, mas muito controlado, é óbvio. Porém, preferi não discutir o ponto.

- Jasper, feche a sua linda boquinha e ouça-me. Tem alguma coisa errada. Bella estava muito bem, apesar dos pesadelos da noite passada. Até mesmo começava a se lembrar de detalhes. De repente, do nada, veio aquela dor pavorosa. Não durou muito, mas...Será que tem a ver com o acidente? E se ela já sofria de alguma doença? A pobrezinha não tem condições de nos informar nada.

- É possível. - Acho que ao ver a minha angustia ele começou a levar mais a sério. - Eu acredito, mas quais são as chances disso estar acontecendo? É difícil precisar. Você disse que Bella começou a recordar algo? E foi quando a dor surgiu?

- Sim. - Passei as mãos pelos cabelos andando de um lado para outro. - Não sei se foi coincidência ou se tem algum significado. A esta altura já não sei de mais nada!

- Já pensou na possibilidade de Bella não querer se lembrar, Edward? Que seu inconsciente esteja bloqueando a própria memória, impedindo-a de voltar? É uma hipótese que faz muito sentido.

Eu me arrepiei.

- Está supondo que há algo mais doloroso para ela enfrentar do que a amnésia?

- Não se desespere. Só estou considerando uma hipótese. Ouça, se a dor de cabeça piorar, leve-a sem demora para o hospital. E se ele se mostrar confusa...

- Confusa? Jasper, Bella não se lembra de nada! Como poderia ficar confusa?

- Pare de agir como um cão de guarda e me escute. Não a deixe sozinha. Observe qualquer mudança de comportamento. E por enquanto, acho mais prudente não encorajá-la a rememorar o passado. Procure distraí-la. Tenho certeza de que encontrará um jeito de fazer isso. Aliás, descobriu algo? Onde Bella mora, quem são os familiares? Alguém poderá nos auxiliar a entender o que está havendo com ela.

- Não, ainda não entrei em contato com a polícia de Los Angeles. - Suspirei. - Vim adiando isso por puro egoísmo.

- Ei, cowboy, não se culpe por tudo. Quando encontramos a pessoa certa, não queremos mesmo que ela vá embora tão facilmente.

- Não tente me animar, Jasper, mas...vou trabalhar nisso. Obrigado, Jasper. É muito importante...ela é...

- Eu sei xerife, fique calmo. Desde que ela chegou anda em um estado de nervos lastimável. Quando a levou ao hospital no dia em que foi atropelada parecia pior do que ela. Sei que importante para você, sei que é importante cuidar dela, mas não há mais nada que possamos fazer. Uma das coisas que aprendi praticando a medicina é que os maus presságios quase nunca se materializam. Tente se apegar a isso.

Suspirei novamente, grato pela preocupação do meu amigo. Poderia ter expressado a minha gratidão com um discurso rebuscado, mas Jasper acharia que eu estava tendo um surto.

- Não será maravilhoso quando você deixar de praticar a medicina e passar a ser um médico de verdade?

- Tem ideia de quantas vezes já ouvi essa piada cretina? É uma das desvantagens de desperdiçar meus conhecimentos médicos na mesma cidade em que nasci e cresci. Não sou respeitado. Ligue se precisar de mim, certo?

Desliguei o telefone pensando nas palavras de Jasper. Bella não queria lembrar do passado, era evidente. O que de horrível pode ter acontecido em sua vida para que ela querer fugir em cima de uma moto maluca?


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