Cheguei em casa completamente entorpecida. O que foi isso? Edward me beijou e me chamou pra sair? Foi isso mesmo? Meu Deus! Aliás, eu tive meu primeiro beijo, com Edward!

Ao entrar em meu quarto encontro uma garota sentada em minha cama mexendo no celular e batendo o pé no chão ansiosamente.

— Bella! — Gritou ao me ver e veio correndo na minha direção. Desviei da mesma antes de ser atacada pela pequena anã conhecida como Alice — Você demorou! Estou aqui há meia hora!

Alice disse irritada, mas eu ignorei e fui sentar na minha cama. Eu ainda não estava acreditando no que havia acontecido.

— Conta tudo! Vai Bella, deixa de ser lerda. Hey Bella. Helloooo! — Alice estava mexendo as mãos freneticamente em frente ao meu rosto. Segurei os braços dela, fazendo-a dar um pulo de susto, mas eu precisava para-la antes que os movimentos me deixassem tonta.

— Ele me beijou — Falei tão devagar que me senti uma debilmental

— O QUÊ? ISABELLA MARIE SWAN, VOCÊ BEIJOU?

— SHIU! Alice, pelo amor de Deus, você quer que a casa inteira escute? — Eu devia saber que essa seria sua reação

— Desculpe. Mas vai, conta! Conta tudo!

— Ok... é... nós fomos a um café. Aquele daquele dia — Alice moveu os braços em sinal de “eu sei, conta o resto” — mas estava muito cheio. Resolvemos ir para outro lugar e acabamos parando em uma pracinha ali perto. Ah e ele estava com a mão na minha cintura, como se me guiasse para o caminho. Ou talvez, de alguma forma divina ele sabe sobre minha instabilidade e tentou me proteger de uma futura queda. — Falei brincando.

— É uma possibilidade — Alice riu

— Aí ficamos sentados na praça conversando sobre várias coisas. Ele me falou sobre a família dele, eu falei sobre a minha. Depois na hora de ir embora ele simplesmente me beijou — Alice deu pulinhos e não pude evitar sorrir

— E como foi seu primeiro beijo, Belita? Gostou? É bom né?

— Na verdade — Alice revirou os olhos e sentou ao meu lado — Não foi um beijo de verdade

— COMO NÃO?

­— ALICE!

— Desculpa. Vou me controlar

— Não foi aqueeeele beijo. Ele encostou os lábios no meu, só isso.

— Péra, não teve língua? — Abaixei a cabeça envergonhada

— Não. Quando ele foi aprofundar eu me afastei e...

— E o quê, Bella?

— Corri

— Não acredito — Alice bateu na testa — Por que você fez isso?

— Ele me beijou do nada, Lice. Eu não estava preparada — Alice bufou — Eu não sabia o que fazer e não queria passar vergonha

— Mas que absurdo!

— Eu não sei beijar, Lice — olhei minha amiga que não estava com cara de quem teria pena de mim. Droga!

— Não sabe porque não quer. Sei muito bem que não faltaram oportunidades para você ser expert em beijos. Se você tivesse beijado todos os garotos que quiseram ficar com você...

— Que horror, Alice!

— Ué, mas é verdade.

— Eu não ia beijar qualquer garoto só por beijar. Tem que ser... especial.

— Tanto faz. De qualquer forma agora já foi. Você só vai aprender a beijar beijando. Posso te dar mil aulas de como fazer isso aqui, mas isso seria perca de tempo porque na hora você sabe o que fazer. É natural, nessas horas o corpo sempre sabe o que fazer. — Suspirei resignada

— Eu não devia ter corrido né?

— Não

— Mas se eu disser que ele me chamou para jantar vamos poder ignorar essa parte?

— Ele te chamou para jantar? — Alice sussurrou. Aposto que isso foi resultado de toda força que ela fez para não gritar

— Sim. Quando saí correndo ele me chamou, eu parei, ele veio até mim e me chamou pra jantar.

— BELLA, VOCÊ TEM UM ENCONTRO OFICIAL — Alice gritou, se levantou e começou a pular em cima do meu colchão. Dessa vez não me importei, deixei Alice transparecer toda alegria que eu também sentia.

— Pois é — Falei sorrindo

— Já sabe o que vai usar? — Perguntou quando se cansou de pular e voltou a sentar

— É claro que não!

— Por quê? — Ela parecia indignada e eu bufei. Tinha que ser Alice

— Porque eu não sei ainda quando é e nem para onde vamos

— Então assim que souber vai me falar?

— Sim, Alice — revirei os olhos.

— Promete? — Alice estava apoiada nos joelhos com o corpo inclinado na minha direção e as mãos esticadas próximas a minha barriga. Uma ameaça clara de cócegas. Era sempre assim, quando Alice não queria me dar opção de escolha, ela ameaçava me fazer cócegas. Eu não suporto qualquer tipo de cócegas, então essa era uma tática muito boa, que Alice infelizmente descobriu.

— Prometo. Palavra de escoteiro — Abracei minha barriga de forma protetora. Eu havia prometido, mas quando se trata de Alice, nunca se sabe.

— Certo — Ela se afastou e deitou na minha cama e se espalhando por todo colchão — Agora manda uma mensagem para ele dizendo que foi ótimo o tempo que passaram juntos

— O QUÊ? — Essa foi minha vez de gritar. Não que minha tarde não tenha sido ótima, mas mandar mensagem? Alice está louca?

— É. Vai Bella. Anda!

— Por que eu faria isso?

— Sem perguntas. Apenas faça o que eu mandei — Pensei em ignora-la, mas ao olhar para Alice percebi que ela não me deixaria em paz se eu não fizesse isso.

Peguei meu celular derrotada. Olhei para o número no qual Edward me ligou mais cedo e apertei o botão para mandar mensagem. Certo, essa parte está feita, mas o que escrever?

Edward,

Adorei o tempo em que passamos juntos. Apenas me perdoe por aquele último episodio...

Enfim, estou ansiosa para vê-lo de novo.

Beijos Bella

Repeti o que escrevi para Alice e ela sorriu em concordância. Hesitei, pensando se realmente devia fazer isso, mas em um ato rápido e impensado (essa foi intenção) apertei enviar e somente vi na tela “enviando mensagem para Edward”. Suspirei um pouco assustada. Que merda eu havia feito?

— Feliz Alice? — murmurei brava

— Sim — O sorriso dela chegava até as orelhas. Mas é claro, não é ela que corre o risco de perder um deus grego como o Edward por causa de uma mensagem.

— Se ele nunca mais falar comigo, Alice. Eu juro que mato você — Falei me deitando ao lado dela

— Ele não vai parar de falar com você por causa de uma mensagem, Bells. E você não ia me matar, você não tem coragem e me ama o suficiente para nem tentar fazer isso.

Bufei brava. Alice estava certa. Maldito seja esse meu coração bom.

Alice dormiu em casa. Ficamos assistindo filme até tarde e agora, à uma da tarde de um domingo, eu estava acordando. Alice continuava dormindo como uma pedra. O que eu agradeci, porque se ela tivesse acordado antes de mim eu teria sido despertada com pulinhos, cócegas, gritos e beliscos. E independente do horário ou quem seja, isso não é legal.

Fui fazer minha higiene matinal. Após tomar banho, escovar os dentes e arrumar a bucha, vulgo cabelo. Voltei para o quarto encontrando Alice sentada na cama com a cara amassada

— Ele respondeu?

— Hãn?

— Edward. Ele respondeu?

— Cruzes Alice. Bom dia pra você também

— Bom dia. Ele respondeu?

— Que obsessão. Nem eu estou assim

— Porque você é mole.

— Não sou não — Procurei o celular e não achei — Não sei onde está meu celular, vamos descer para comer e depois procuro.

— ACHEI! — Alice gritou me assustando. Fui até ela pegando meu celular de sua mão olhando a tela. Na mesma hora tremi. Estava escrito: 1 nova mensagem

— E aí? — murmurou ansiosa

— Tem uma mensagem — Falei ao mesmo tempo em que apertava a tecla para abrir mensagem. Ah, se for da operadora eu vou querer morrer.

Bom dia princesa

Também gostei muito de passar à tarde com você. E mal posso esperar para te ver de novo.

Podemos jantar no sábado?

Edward

Meu coração, sem dúvida nenhuma, queria pular para fora do corpo.

Respirei fundo e olhei para Alice

— Então? — Li a mensagem para Alice e ela sorriu — Agora responde

— O que eu respondo? — Me julguem, mas eu realmente não sabia o que responder.

Alice revirou os olhos e pegou o celular da minha mão.

— Ei! — No mesmo momento peguei de volta — MEU celular, EU escrevo.

— Ok, então se vira para responder. — Deu de ombros

— Não! Por favor, Lice. Me ajuda — Fiz cara de gatinho do Shrek, ou pelo menos tentei. Acho que acabei ficando com a cara do Shrek mesmo

— Diga “bom dia meu príncipe. E é claro que podemos jantar no sábado, estarei com uma lingerie que te deixará nas nuvens só de olhar”. — Fiquei espantada. Ela não estava falando sério, estava?

Quando me recuperei a respondi

— Primeiro que não posso mais desejar bom dia porque já é uma da tarde. Segundo, não vou chama-lo de “meu príncipe” e muito menos falar sobre minha lingerie! — Alice riu e eu decidi ignora-la

Boa tarde, Edward.

Será um prazer vê-lo no sábado.

Beijos Bella

Apertei a tecla para enviar e... Epa! E se Edward levar esse prazer para o literal? Ai meu Deus! Eu assinei minha sentença de desvirginamento? O que foi que eu fiz?

Olhei para Alice desesperada e ela correspondeu meu olhar

— O que foi? — Senti a tensão em sua voz

Mostrei a mensagem para Alice e ela me olhou com cara de “que que tem?”

— E se ele levar o “será um prazer” para o literal, vou ter que transar com ele? — Me assustei mais ao dizer isso em voz alta. Mas Alice, ao contrario de mim, começou a rir histericamente.

— Eu não acredito nisso — Ela disse quando se recuperou, mas logo voltou a rir. Ok, qual o problema dessa garota? Isso é sério, ela não devia rir. — Você só pode estar brincando comigo — Ela disse respirando fundo, mas ainda rindo.

— Não — Falei séria. Não entendo porquê rir de uma situação dessas

— Não seja bobinha, Bella. Ele tem que ser muito malicioso para pensar isso

Suspirei e resolvi deixar isso para lá.

Alice passou o resto do dia em casa. Quando foi embora já era tarde da noite. Alice sabia muito bem como me distrair, e isso era bom, porque não pensei em Edward pelo resto do dia. Mas ao ficar sozinha no meu quarto olhei para o celular. Edward não tinha me respondido e provavelmente não o faria mais. Suspirei. O que ele estaria fazendo agora? Será que eu iria vê-lo antes do sábado? Qual a chance de isso acontecer?

Nessa mesma noite adormeci pensando em Edward. Sonhei com ele também. Estávamos juntos em uma campina linda e cheia de flores silvestres. Violetas amarelas e de um branco delicado. Em algum lugar perto dali, pude ouvir a música borbulhante de um riacho.

Eu e Edward andávamos devagar pela relva macia, agitando as flores enquanto o ar quente tocava nosso corpo. Em um dado momento me virei para Edward. Ele sorria e não pude evitar sorrir também. Ele se aproximou e me beijou. O beijo não foi simples como no parque. Edward agarrou meu corpo sem pudor e me beijava com volúpia. Pude sentir sua língua tocar a minha e aquilo era incrível. As mãos de Edward subiam e desciam delicadamente nas minhas costas.

Uma parte de mim dizia que deveria estar assustada com toda essa caricia até então desconhecida, mas eu não estava assustada, nem um pouco. Eu estava... feliz. Dessa vez eu não fugi de Edward e meu corpo comemorava por isso. Edward me apertava e eu o apertava também. Nesse momento eu quis me fundir a Edward. Mas com grande tristeza, vi Edward interromper o beijo e afastar. Quando nos separamos eu percebi que precisava de ar. Respirei fundo e olhei para Edward. Ele estava com os lábios vermelhos e sorria lindamente.

Logo Edward me puxou para seus braços de novo, dessa vez em um abraço. Edward me apertava e aquilo era tão bom. Fechei meus olhos para aproveitar o momento. Senti o cheiro dele e abri meus olhos. Ao longe vi uma mulher se aproximar. Eu não conseguia ver seu rosto, via apenas que ela tinha um belo corpo e parecia jovem. Ela andava devagar, bem devagar. Fiquei chateada por saber que havia alguém além de eu e Edward aqui, mas não fiz nada, apenas continuei a observa-la se aproximar sem me soltar do abraço quente dele. Quando ela estava próxima de nós eu ainda não conseguia ver seu rosto, mas a vi respirar fundo e sem mais nem menos gritar. Um grito estridente que me fez tremer. E ela não parava. Me apertei mais a Edward. Eu estava com medo. E o grito continuava...

Abri meus olhos desesperada ouvindo o som do despertador tocar. Um ruído irritante. Sentei na cama e vi meu travesseiro nos meus braços. Então era o travesseiro que eu abraçava pensando ser Edward? Talvez isso signifique que eu associei o som do despertador ao grito da mulher bonita. Isso foi estranho, me sinto estranha, estou tão confusa.

Suspirei e desliguei o despertador. Fiz minha higiene matinal e me arrumei para o colégio. Sem nunca parar de pensar no sonho. Seria estranho se eu dissesse que eu ainda sentia o beijo de Edward? Que ainda podia sentir sua língua com a minha? Suas mãos na minha costela, me apertando e acariciando? Eu ainda podia sentir o calor da luz do sol misturado ao calor de Edward, que deixava meu corpo ainda mais quente. Mas eu também podia ouvir o grito da mulher. Aquele grito sinistro, que fazia meus pelos arrepiarem.

Suspirei mais uma vez e saí de casa sem nem tomar café. Dona Renée ficaria louca comigo, mas eu realmente estava sem fome.

Ao chegar no colégio encontrei Alice e Jacob. Jacob é alto e forte. Sempre fica comigo e Alice no colégio, o que de certa forma era bom, porque nós duas somos pequenas e ele nos protegia. Ninguém ousava mexer conosco com Jacob por perto. Mas ele não era apenas nosso guarda costas, ele era um bom amigo também. Quando Alice saia com Jasper, seu namorado, e inventava de arrastar a gente junto, Jacob me fazia companhia.

— Bom dia, Belita! — Alice como sempre saltitava no lugar.

— Bom dia anã saltitante — Alice fez cara de brava e eu e Jacob rimos. Corri até minha amiga e dei um beijo estalado em seu rosto para depois abraça-la

— Eita, vou ganhar beijo de bom dia também? — Jacob estava ao meu lado sorrindo. O olhei querendo dizer “tu tá zoando né?” mas não resisti a sua cara de cachorro sem dono e pulei para lhe dar um abraço. Jake segurou minha cintura e me levantou. Eu dei um beijo demorado em seu rosto quente, mas antes de me afastar dei uma bela mordida em sua bochecha. Jake gemeu e me colocou no chão

— Ai sua canibal — Disse esfregando o local da minha mordida. Eu havia deixado uma bela marca

— Você que quis — Fiz cara de inocente e ele riu. Virei para Alice e percebi que ela não estava mais por ali. Olhei para Jacob

— Cadê a Alice?

— Sei lá. Deve ter ido fornicar com Jasper — Dei um tapa no braço de Jake e ele riu

— Então vamos entrar

Jacob me deixou na porta da sala e foi para sua. Sentei no meu lugar de costume em poucos minutos o professor estava na sala. A aula foi uma droga, não consegui prestar atenção em nada. A única coisa que se passava na minha cabeça era aquele estranho sonho. Teria sido um sinal? Porque a mulher gritava? Depois de um momento deixei a mulher de lado e apenas pensei em Edward e no beijo. Agora eu não conseguia sentir mais seu gosto, mas ainda sentia a sensação de estar o beijando. Ainda conseguia sentir seu abraço, era tão bom. Devo ter suspirado alto demais porque o professor me olhou com cara feia. Tentei fingir prestar atenção na aula depois disso, mas quem eu queria enganar? Eu não conseguiria prestar atenção em nada, não enquanto pensava em Edward.

POV Edward

Na hora de ir para o trabalho resolvi fazer um caminho diferente. A trajetória seria maior e com certeza eu chegaria atrasado na empresa, mas nesse momento não me importo com isso.

Acordei pensando em Bella. O que eu mais queria era poder vê-la novamente antes de começar meu expediente. Tenho certeza que Carlisle me procuraria hoje para encher minha paciência, então eu só queria me permitir ter um momento de prazer antes de enfrentar a tensão do trabalho.

Bella tinha dito que estuda na Forks High School, então eu a faria uma visita agora de manhã, nem que seja só para olha-la de longe.

Peguei minhas chaves e saí de casa. Quando entrei no meu carro senti um frio no estomago no qual eu não estou acostumado. A cada quadra que eu me aproximada o frio na barriga ficava mais forte. Quando parei em frente à entrada do colégio minhas mãos estavam suadas tamanha a ansiedade. Sem sair do carro eu a procurei, mas havia tantos garotos e garotas que comecei a desistir. Mas aí eu a vi, ela estava abraçando uma garota tão pequena quanto ela. Sorri ao vê-la. Ela estava tão linda

Bella se soltou da pequena e pulou em um garoto alto que estava perto delas. Ele pegou a cintura de Bella e a tirou do chão. Ela ficou um tempo no colo do garoto, talvez ela estivesse o beijando ou talvez falando em seu ouvido. Daqui eu não conseguia ver direito. Mas isso não impediu que minhas mãos fechassem em punho. Tive vontade de tira-la dos braços do garoto, porém, infelizmente, eu não poderia fazer isso. Senti uma pontada de inveja, pois ela pulava no colo dele para beija-lo e corria de mim quando eu tentava beija-la. Nesse momento eu trocaria tudo para ser esse garoto.

Continuei a observa-los e vi o garoto a colocar no chão e esfregar o rosto, ela deu tapa em seu braço e ele riu. Depois disso os dois entraram juntos no colégio.

Seria ele seu namorado? Isso explicaria porque ela correu de mim quando a beijei. Bella teria um namorado? Senti meu coração se apertar. Passei as mãos pelo meu cabelo. Porque ela não me disse?

Suspirei sentindo parte da minha felicidade por vê-la ir embora. No fundo eu tinha esperanças de ter Bella para mim, eu a queria. Ela era diferente de qualquer garota que já conheci. Talvez eu não devesse ter vindo. Meu dia estava fadado a ser uma droga. Eu, com certeza, não tiraria isso da cabeça tão cedo.