Darkness to Kill escrita por Quaeso


Capítulo 14
A dor de perder alguém...


Notas iniciais do capítulo

Uma palavra em relação ao capitulo: Revelações. Muitas revelações.
Talvez achem esse capitulo um pouco maior do que o de costume, mas me dediquei realmente a ele, pois estava aproveitando que NÃO FUI pra aula nessa segunda maravilhosa. Confesso que realmente amei esse capitulo, e estou dando um novo rumo na história que não estava em meus planos.
Espero que gostem tanto quanto eu!!



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Mais uma vez lá estava eu novamente, num carro a beira da estrada. Fazia umas 3 horas desde que deixamos a cidade em que eu conversei com o padre, e descobri certas coisas a respeito de Jake e sua misteriosa vida. Ainda estava muito confusa e desde que tínhamos saído não abri a boca para proferir uma única palavra. Ele não foi inconveniente o suficiente para puxar assunto e seguiu meu exemplo selando sua boca, mas não estávamos no mais perfeito silêncio. Ele colocou no dvd do carro, um cd do Bon jovi, e assim evitamos o desconforto entre ambos. Nesse meio tempo pensei sobre tudo o que estava acontecendo e cheguei à conclusão de que apesar de tudo o Jake era a única coisa "boa" que estava acontecendo na minha vida. Não que eu confiasse cegamente nele ou estivesse apaixonada, muito pelo contrário eu só não queria dar as costas a uma pessoa que me salvou tantas vezes da morte mesmo sendo ele, um envolvido em todas elas. Mesmo me salvando das enrascadas Jake ainda me devia inúmeras explicações, e não parecia disposto a revelar nada. Olhando pela janela percebi que estava fazendo frio e ameaçava chover muito forte nas próximas horas. Ao som de "its my life" observei pacificamente ele, e pensei em como o padre não sabia de nada a seu respeito. Esta abrigando um provável assassino e nem sabe de nada, aposto que ele rouba a caixinha do altar, pensei sorrindo com a simples menção da cena no meu cérebro. Assim que sorri Jake olhou pra mim, e enrubesci desviando o olhar.
— O seu sorriso é tão meigo... — quebrou o silêncio, ainda olhando para mim — Quem a vê assim, discorda completamente que você foi capaz de matar uma pobre mulher.
Jake continuou me encarando com os olhos frios e um sorriso sem humor, enquanto eu recuei perplexa. Fiquei calada alguns segundos até a cor voltar a meu rosto e eu conseguir gaguejar as seguintes palavras:
— Como você sabia...? — não consegui olhar em seus olhos, me encolhi com vergonha.
— Então é verdade... — confirmou rindo amargamente.
— Você não sabia? — me senti tola por falar tão abertamente sobre um assunto tão sério.
— Tinha somente suspeitas... Mas você acabou de confirmar. Esqueceu que eu pesquisei sobre sua vida? — perguntou, o que me mostrou que sua "pesquisa" foi muito além do que eu imaginava.
— não importa... Como foi que você descobriu isso? Só eu e meu pai que sabíamos. — hesitei. Talvez estivesse revelando informações inconscientemente.
— mesmo assim a morte dela ainda foi descoberta. Não como um assassinato, já que não havia provas, mas como um suicídio.
— como a morte dela foi descoberta? — arquejei surpresa, esquecendo o medo e olhando em seus olhos curiosa.
— ele não te contou o que fez com o corpo? — me encarou desconcertado— bem... Não foi comentado como a morte do século, e nem apareceu no noticiário, mas foi descoberto o corpo em um lago não muito longe da sua casa.
— ele não a enterrou? — gritei com raiva, incapaz de acreditar em como ele foi insensível. — mas ele tinha dito que...
— O que eu mais fiquei surpreso é em: como eles não suspeitaram que foi um assassinato? quer dizer você encontra uma mulher boiando em um lago com 3 buracos feitos por uma faca, e nem cogita a ideia de um assassinato. Mas também eles não conseguiram ligar os fatos... Por pura sorte eu lembrei que você tinha uma babá chamada Clarisse, e quando eu fui conferir: Bingo!!
— Por favor pare... — implorei colocando as mãos nos ouvidos, querendo que ele parasse com a tortura.
— Eu nunca pensei que você seria capaz de algo assim Annie... Eu fiquei realmente surpreso, já da pra fazer um filme de show de horrores com a sua família...
— cale a boca — gritei interrompendo—o , com a visão embaçada e turva. Um furor de cólera irrompeu de mim e eu não consegui impedir as palavras. — você não sabe de nada Jake... Fica falando de mim, mas e você hein?
Ele apenas continuou com sua expressão inalterada e prossegui.
— Porque você não me fala um pouco sobre a Ellie? onde é que ela está? Por acaso você a matou?— ri cruelmente — até consigo imaginar ela gritando e implorando que você parasse enquanto a matava aos poucos e se divertia com seu sofrimento.
Só percebi o quão cruel foram as minhas palavras quando Jake freou de repente e meu corpo foi de encontro ao vidro do carro. O impacto foi tão forte que perdi a consciência por alguns segundos e quando me levantei um filete de sangue escorreu pela minha testa. Percebi que estava sem o cinto e o mesmo não tinha ocorrido com Jake. Abri devagar os olhos, gemendo com a dor. Apoiei-me na porta e o observei. Ele estava com a cabeça baixa e seus cabelos negros cobriam seu rosto me impedindo de olhar em seus olhos. Sua expressão era de dor e ao mesmo tempo raiva, não diretamente dirigidas a mim, mas a outro alguém. Seus braços estavam pendidos sem vida do lado do corpo. Olhei para o lado de fora e percebi que mais uma vez estávamos no meio do nada em uma estrada qualquer. Assim que me virei para vê-lo novamente me surpreendi quando ele se ergueu e me empurrou em direção ao banco e me segurou com uma força excruciante pelo pescoço. Olhei para ele, mas parecia que não o enxergava, Jake não era o Jake que eu conhecia. Ele estava tentando me estrangular. E teria sucesso se eu não conseguisse gritar e chutar, gemendo com a dor. Isso fez ele recobrar a consciência e me soltar de repente.
Tossi desesperada e assustada, com a respiração desregulada e almejando o máximo de oxigênio que eu conseguisse inspirar. Sem pensar sai correndo do carro, com a hipótese de que de alguma forma ele iria tentar me matar. Minha cabeça latejava e agora que eu estava correndo uma dor horrível começou a pulsar no abdômen, suspeitei que tivesse aberto alguns dos pontos. Não tinha me recuperado do acidente ainda. A dor não me permitiu ir muito longe e acabei caindo e não tendo forças pra levantar. Só depois lembrei que minha bolsa estava dentro do carro com aquele maníaco. A queda me resultou alguns arranhões e já não conseguia distinguir uma parte do corpo que não estava doendo. Estava somente a alguns metros do carro quando de repente Jake abre a porta do motorista e se levanta. Achei que ele viria até mim, mas ele apenas se encosta na porta e começa a olhar para o céu. Já estava anoitecendo e a lua se encontrava no céu, aos poucos começou a cair gotas de água dele e criei forças para levantar. Algumas pessoas me chamariam de louca por fazer o que estava prestes a fazer, mas na minha situação eu não tinha escolha. Tentando ao máximo obter progresso em meus curtos passos em direção ao carro eu observei Jake e percebi mesmo ele estando de costas para mim, que ele soluçava. A chuva começou a cair mais forte e meu cabelo preto estava completamente grudado em meu rosto. Meu curto vestido de gatinhos decaiu a uma peça usada na guerra, pelo tanto de sangue que se encontrava nela. Mesmo eu tentando estancar o sangue com a mão direita não estava adiantando muito. Assim que cheguei ao carro não acreditei na minha loucura quando dei a volta em direção ao Jake. Parei a 5 passos de distância entre nós, e o observei. Mesmo estando tão perto dele, Jake não se apercebeu da minha presença e continuou olhando para cima. Consegui enxergar seu rosto perfeitamente de um ângulo que nunca havia visto, e mesmo com a chuva percebi que Jake chorava e soluçava em silêncio. Como se fosse para não incomodar ninguém. Ele não estava bem, e senti necessidade de retribuir o que ele havia feito por mim, considerando apenas as coisas boas. Dei mais um passo, como se estivesse reaprendendo a andar e coloquei um pé após o outro, até estar completamente a sua frente.
— Jake? — sussurrei baixo, com medo da sua reação a minha voz. — Jake está me ouvindo?
Não sei explicar, mas Jake aparentava estar comedido em todas as suas dores. Apenas quando o chamei pela segunda vez que ele demonstrou alguma reação. Ele abaixou o olhar devagar e assim que me viu, arregalou os olhos muito surpreso. Fiquei ainda mais surpresa com sua reação, por supor que ele me receberia aos gritos e não com um enorme sorriso no rosto. Sem nem entender direito o que estava acontecendo, e percebendo que naturalmente Jake estava longe de estar bem, ele me abraçou forte.
— Eu não acredito que você esta aqui. — Jake encostou sua testa na minha e fez promessas que eu não conseguia entender. Seus braços me apertavam forte, e por um segundo pensei que aquilo estava dirigido a mim até ele dizer repetidas vezes o nome da namorada. Ele não me soltou e nem afrouxou o abraço por um milésimo de tempo, com medo de que sua ilusão desaparecesse

— Ellie...meu amor me perdoa... De agora em diante vamos ser felizes, vamos ter aquela casa na beira do mar, com o nosso cachorro que vai se chamar Marley, como naquele livro que você adora, lembra? Ellie...por favor meu amor... Por favor...não me deixe novamente... Eu faço o que você quiser... Eu te prometo que vou parar de trabalhar para ele... Meu amor vamos ser felizes... está bem? Eu prometo.
Jake começou a passar a mão pelos meus cabelos, e fez uma trilha de beijos e mordiscadas da minha orelha até o queixo. Não estava entendendo o porquê de tal delírio, mas ele não me deu tempo de explicar o mal entendido.
— Espera Jake... — tentei chamá-lo, mas ele não me ouvia. Lentamente ergui as palmas da mão com o sangue ainda fresco e segurei seu rosto, firme em querer que ele me olhasse de verdade. Olhei fundo em seus olhos e vi algo que quebrantou meu coração em pedaços pequenos. Sua expressão era de tanta dor que nem a pessoa mais dramática do mundo poderia se equiparar ao seu sofrimento. Mesmo estando ensopado percebi finas lágrimas quentes escorrerem pelo seu rosto e caírem até minha mão, limpei-as delicadamente e senti uma enorme necessidade de fazê-lo parar de chorar. Eu queria vê-lo sorrindo. Enquanto encarava firmemente seus olhos nublados de tristeza, me aproximei lentamente, muito lentamente, com temor de que ele se assustasse. Naquele momento Jake parecia uma criança que acabou de perder seus pais num acidente e não tinha para onde ir. Ele era como eu. Sem perceber comecei a chorar também me consolidando com sua dor. Cheguei tão perto a ponto de sentir sua respiração ofegante e quente, nossos narizes se tocando suavemente, e o único barulho que eu ouvia ou me importava em ouvir era de seus batimentos. Só existia eu e ele. Nossa única platéia eram as quentes gotas que caíam do céu. Esperei um tempo e assim que senti que aquilo era o que ele queria, uni nossos lábios suavemente. Deixei apenas que aquele simples selinho fosse um conforto para ele e para mim. Mas o que eu queria de verdade era me aproximar dele até que não existisse um milímetro entre nós. Como se lendo meus pensamentos, Jake realizou meu desejo e aprofundou nosso beijo que ansiávamos com um desejo ardente e inóspito. Não existia distância entre nós, seus braços circundavam minha cintura, enquanto eu deslizava meus dedos por seus longos fios de cabelo e o puxava para mais perto. Jake tinha um delicioso perfume de grama fresca, e isso me fez lembrar aqueles comerciais de televisão, onde os atores interpretam uma feliz família, e quase se pode sentir aquele aroma de felicidade mascarada no ar.
Esqueci completamente a dor que se perpetuava cada vez mais em meu corpo, e me entreguei ao momento. Em seu delírio eu era a namorada dele, e como se fosse para estancar um pouco do sofrimento que Jake tinha, retribui seus beijos da mesma forma que ele. Toda a dor do meu corpo se esvaiu, e talvez estivesse gostando daquilo tanto quanto ele. Fiquei impressionada em como ele amava a tal da Ellie... Ele estava disposto a tudo por ela. Um amor verdadeiro. Capaz de superar tudo. Em minha mente chorei muito. Algo que eu quis tanto encontrar em alguém estava bem ali, na minha frente. E mesmo que todo aquele amor não estivesse sendo para mim... Apenas fui egoísta o suficiente para não me importar e fingir que era a Ellie. E só naquele momento me senti amada como nunca fui em toda a minha vida... E desejei poder ser ela, só para aproveitar todo esse carinho e paixão, que com certeza ela tinha muita sorte de ter. Fiquei um bom tempo hipnotizada pelo prazer que Jake me proporcionava, mas acordei assim que o ouvi sussurrando o nome dela novamente.
— Jake... — soltei entre nossos gemidos. E de repente me senti a pessoa mais suja do mundo, por cooperar com aquela farsa. O empurrei para encerrar aquilo. Seu abraço forte não me permitiu ir longe, e nós apenas não estávamos mais com nossas bocas grudadas — eu sinto muito... Muito mesmo, mas eu não sou a Ellie...

— O que você esta dizendo Ellie? — Suspirou triste — Você é a Ellie... não é mesmo? — Disse com uma provável incerteza.

Aos poucos senti que sua consciência voltava e nosso abraço se afrouxou até existir uma grande distância entre nós novamente. Percebi que ele havia voltado, pela forma como ele escondeu o rosto e aparentou estar envergonhado. A chuva aos poucos se tornou mais leve, e anoiteceu completamente. Ele não parecia querer conversar então apenas, entrei no carro e esperei até que ele se sentisse melhor. Se passou alguns minutos até que ele resolveu entrar.

— Desculpe. — Foi o que ele resolveu dizer simplesmente. — Eu não estava em meu total juízo... Então desconsidere qualquer coisa que eu falei... Por favor...Sorri sem humor, com a ironia da situação. Talvez preferisse aquele outro Jake.

— Não é como se eu estivesse acreditando mesmo.

Ele fez uma varredura pelo meu corpo encharcado em seu estofado, e se sentiu culpado pelo meu atual estado. Sendo ele totalmente culpado por aquilo. Ele se virou para o banco de trás e pegou uma toalha, a jogando em minha direção.

— O que você disse sobre eu ter matado a Ellie... — Abaixou a cabeça, e logo pensei em me desculpar por tal grosseria quando ele confessou.

— Você tem razão.

Fiquei calada.

— Eu realmente matei ela.

— Como você pôde? — exclamei — Você não a amava?

— Ainda amo. — Corrigiu — Eu não a matei pessoalmente mais foi como se fosse. A envolvi em algo horrível.

— Então somos dois parceiros de crime. — falei — “Os que matam, não matando”.

— O que quer dizer com isso?

— Eu também não matei pessoalmente a Clarisse. Mas vi quem foi, e não a socorri. Ela poderia ter vivido, mas eu apenas a encarei morrer lentamente, enquanto ela pedia por ajuda. No fim fui incriminada pelo meu pai, e o verdadeiro culpado é com quem ele dorme. Engraçado, não? — Ri amargamente — Não a ter matado pessoalmente não me faz sentir menos culpada.

Após a declaração ambos ficamos em silêncio, até eu quebrá-lo.

— Porque você a enxergou, mesmo sendo eu quem estava na sua frente?— perguntei calmamente, querendo evitar outro surto psicótico.

— Eu... Eu tenho transtorno dissociativo de identidade. Tomo remédio para evitar esse tipo de coisa. Mas ás vezes ele não funciona e acabo delirando quando estou sob muito stress.

Não acreditei quando falou que tinha uma doença. O Jake, a pessoa que aparentava ser mais saudável que qualquer um. De repente me senti muito preocupada com seu estado psicológico. E me vendo ele percebeu disso.

— Não se preocupe comigo. Não é tão grave assim. Eu descobri isso depois da morte dos meus pais, e isso faz bastante tempo, e já esta bastante tratada à doença. Você percebe isso por eu admitir que eu tenho ela.

Encolhi-me envergonhada por ter falado coisas horríveis para uma pessoa mentalmente tão instável.

— Mas acredito que aconteceu porque você se parece muito com ela, Annie. Esse vestido é dela sabia?

Olhei para o atual estado de algo que deveria ser precioso para ele e me senti culpada por estragá-lo. Continuei em silêncio até ele se virar novamente para o banco detrás e puxar um kit médico.

— Você fez muito esforço. E mesmo tendo se passado um tempo desde o acidente, ainda não cicatrizou completamente.

— Dá pra perceber — Ironizei pelo fato do vestido estar todo ensanguentado.

Jake novamente me olhou profundamente, ainda absorto em seus pensamentos e estendeu a mão para colocar um band-aid na minha testa pelo ferimento, que o impacto tinha me causado. Senti a palma da sua mão demorar um pouco mais do que o suficiente e deslizar pelo meu rosto, até ele segurar meu queixo. Achei que ele estava delirando de novo então o afastei com o outro braço. Ele riu e falou.

— Relaxa, não vou te fazer mal de novo. Eu te prometo.

Queria poder dizer para o Jake, que ele não me fazia mal. Tirando a parte do estrangulamento, que percebi só depois que foi um sintoma da sua doença. Era a doença agindo, não ele.

— Desculpe, por te fazer lembrar de coisas tão ruins. — lembrei. — Eu não sabia de nada... E eu continuo sem saber. Não sei se posso confiar em você Jake...

— Não confie, eu posso acabar te magoando.

Ele abriu a caixa e tirou de lá uns instrumentos estranhos.

— O que vai fazer com isso? — me amedrontei.

— Você precisa fechar essa ferida para não infeccionar. Por que se isso acontecer não tenho como te tratar.

Ele pegou a tesoura e mesmo sem me consultar ou consultar a razão, ele cortou o vestido na parte do abdômen, fazendo parecer que eu estava de saia e blusa de alcinha. Assim que olhei para o ferimento senti enjoo, não estava aberto uma cratera em mim, mas era isso o que eu sentia. Era apenas em fino corte do umbigo até mais encima. Praticamente toda a barriga, deveria ter uns cinco ou seis centímetros de extensão. Com minha barriga completamente a mostra me senti envergonhada por tamanho constrangimento.

— Não vai me chamar de tarado? — Perguntou ele.

Apenas bufei e fingir ter uma coragem que não tinha. Ele pegou uma agulha pequena, colocou algo dentro dela e mais uma vez sem me consultar a enfiou no meu pulso. Não foi tão dolorido quanto pensei que seria.

— Me desculpa Annie mas eu não tenho anestesia.— Se desculpou primeiramente.

— E o que diabos você injetou em mim?

— Só precisa saber que não era anestesia.

— Tudo bem, então. — Choraminguei - eu sou forte, pode começar.

— Tem certeza que aguenta? — Perguntou sério. — Talvez seja melhor você fechar os olhos então.

E sem pensar fechei os olhos, não querendo ser traumatizada.

— Posso te fazer uma pergunta? — falei pressionando minhas mãos fortemente contra o estofado, deixando os nódulos dos dedos brancos.

— Já fez.

— É sério. — Reclamei, enquanto sentia sua mão deslizar sobre meu abdômen.

— Pode falar.

Mesmo de olhos fechados, já podia imaginar a cena na minha cabeça, e via ele tão próximo a mim que sentia seu hálito e seu perfume de grama recém cortada.

— Você se lembra do que aconteceu enquanto delirava?

Um longo silêncio se perpetuou até ele responder suspirando.

— Sim, eu me lembro perfeitamente.


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Notas finais do capítulo

Pra quem achou que eu exagerei na quantidade de sentimento, informações, ou qualquer outra coisa, não deixem de comentar...por favor me falem o que estão achando!! Uns dias desse assisti um filme realmente bom que me inspirou um pouco nesse capítulo, ele se chama: Perfect blue. É do satoshi Kon, é só uma indicação para quem estiver querendo um pouco de cultura!! Ele é realmente incrível !! ( quem assistir me manda uma mensagem sobre o que achou)!!
Beijos xx