_ Edward eu não sei você, mas eu estou cansada garoto! - falei me sentando em um tumulo qualquer.

_ Mas nós nem vimos todos os túmulos ainda Isabella. E não me chama de garoto. - ele disse birrento.

_ Vá você então procurar. Eu estou viva e cansada agora. Sabe-se lá Deus quantos raios de defuntos tem nessa droga de cemitério. - disse exasperada. Notei que de longe um casal me olhava assustado. _ Tá vendo?! Tou pagando de louca por sua causa.

Ele limitou-se apenas em revirar os olhos e saiu andando entre as covas procurando a dele. Tomara que ache e volte pro buraco de onde nunca devia ter saído, aberração.

Continuei sentada no pequeno túmulo durante algumas horas, até que cansei de esperar por Edward e fui embora. Peguei um táxi em uma rua próxima ao cemitério e me dirigi pra casa.

Estava dormindo quando me senti sendo observada. Fingi estar dormindo, mas já estava incomodada com essa sensação.

_ Dá pra parar de me encarar. - falei de uma vez me sentando na cama.

_ Grossa! - ele disse, mas algo nele estava diferente.

_ Demorou. E aí, achou sua tumba?

_ Não. Olhei todos os túmulos daquele cemitério, e nada. - ele disse se jogando em uma cadeira.

_ Temos que tentar outra coisa então. Por que daqui uns dias eu vou acabar sendo internada num hospício. Ou meus padrinhos me internam por me achar louca de estar falando sozinha. Ou você me enlouquece de vez.

_ É tão ruim assim minha companhia pra você? - ele disse, decepcionado? Foi o que pareceu.

Ele não esperou resposta e sumiu. Me senti mal. Acho que venho pegando pesado com ele. Poxa, o cara é um fantasma, não sabe quando ou por que morreu. Sem contar que é uma puta de uma sacanagem um cara novo e tão lindo estar morto.

Eu no lugar dele muito provavelmente não estaria muito bem. Não poder falar com as pessoas que eu quisesse, ficar sozinho por que ninguém me veria, e no caso alguém me vendo poderia ser um completo desconhecido. E o pior sem nem ao menos saber que eu sou, minhas lembranças apagadas, esqueceria das pessoas que eu tanto amo. Isso não é justo.

_ Edward? Aparece. Me desculpa se fui grossa com você, é por que ainda é tudo muito estranho pra mim. Volta, vamos conversar. - Ele não apareceu.

Desci pra jantar, mas não estava com fome. Queria poder falar com Edward, pedir desculpas. Me sentia mal ainda por tê-lo tratado daquela maneira.

_ Bella? - Emmett me tirou dos meus devaneios. Eu remexia involuntariamente o prato de comida e mal tinha colocado três garfadas na boca. _ Acorda Bellinha, tá sonhando é?

_ Hummm, quem fica assim com a cabeça nas nuvens são os apaixonados... Tá gostando de alguém é Bella?! - Alice brincou. Me senti corar e por alguma razão pensei em Edward.

_ Não Alice. Só estou cansada. - tentei sorrir, mas deve ter saído quase como uma careta. A imagem de Edward ainda estava na minha mente. _ Com licença, eu vou para o meu quarto. Boa noite.

Todos se despediram de mim e eu fui para o meu quarto. Ele não estava lá. Fui até o meu banheiro e tomei um banho quente, vesti uma camisola curtinha, liguei o ar e fiquei deitada na minha cama esperando o sono chegar. Uma hora se passou e eu estava jogando qualquer porcaria no meu celular só pra ver se me cansava, e nada. Olhava a cada minuto para todos os cantos do quarto esperando vê-lo. Por fim cansei. Deixei o celular em cima da mesa de cabeceira, e apaguei um dos abajus que estava ligado, deixando apenas um clarear o quarto. Não conseguia mais dormir no escuro desde aquele dia.

_ Pensei que você já estivesse dormindo. - me assustei com a voz dele e quase gritei, mas engoli o grito a tempo de perceber que era apenas ele.

_ Que bom que voltou. - eu disse e involuntariamente sorri. Meu primeiro sorriso verdadeiro em várias semanas. _ Vem cá, deita aqui comigo.

_ Não acho uma boa ideia. - ele disse serio.

_ Por favor - implorei com direito a mãozinhas coladas e tudo. _ Não é como se você pudesse abusar de mim ou coisa do tipo, é só pra deitar. Preciso falar algumas coisas com você.

Ele se levantou e lentamente subiu na minha cama. Seus olhos me fitavam com intensidade, senti um nó descendo por minha garganta com a proximidade de nossos corpos, ou quase isso, que seja.

Ele deitou-se em minha cama, ao meu lado e de braços cruzados no peito me encarava.

_ Queria te pedir desculpas pelo que eu falei mais cedo. Não foi por querer. Mas sei lá, você está me assustando.

_ Oh, claro. Por que pelo menos da ultima vez que chequei eu ainda era um fantasma, e é isso que os fantasmas fazem, não é?

Respirei fundo.

_ Não. Não é isso. Mas é que você tá me deixando confusa, sei lá. Minhas mudanças de humor em relação a você estão me deixando maluca. E você não ajuda sendo gato desse jeito, mesmo para um fantasma.

Ele me olhou intensamente por alguns segundos e deu um sorriso meio torto. Apenas isso me deixou ofegante.

_ Agora eu sou um gato, bom saber. E eu estou te deixando confusa? Olha, não é querendo te assustar não, mas acho que você está se apaixonando por mim.

_ Não seja absurdo. Como eu poderia me apaixonar por um fantasma? - seu rosto sorridente deu lugar a um inexpressível.

_ Durma Isabella. Você precisa descansar.

_ E você? - perguntei me aconchegando melhor as minhas colchas.

_ Vou ficar aqui velando seu sono. Além do que eu não durmo. - ele deu um sorriso triste. _ Agora durma.

_ Não vai embora. Amanhã vou continuar te ajudando. Vamos pensar em algo. Você vai ver. - logo a sonolência me embalou para uma noite tranquila. Coisa que eu já não tinha com tanta frequência.

E meus sonhos foram rodeados por fantasias com um certo fantasma de cabelos ruivos.

Oh céus!