Excluídos escrita por Matheus Saioron


Capítulo 9
Capítulo 9- sem respostas




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Capítulo 9 - Sem respostas

Vi em um noticiário qualquer que uma pessoa só morre quando o cérebro morre. Ou seja, o coração pode parar de bater, mas se o cérebro estiver bem, o sujeito pode viver. Fiquei pensando nisso, e cheguei a conclusão de que a razão muitas vezes é maior que o amor. É tudo lógica, o coração precisa do cérebro pra bater, em virtude disso, o amor precisa da razão pra existir. Não começamos a amar ninguém só porque o cabelo; o corpo, ou até o rosto é bonitinho. O nome disso é ATRAÇÃO FÍSICA. Amor é a convivência, são os defeitos, não só o casamento, mas o acordar junto todos os dias. Um amor se constrói com razão. 

Claro que não entendi isso de um hora pra outra. Essa questão martelava na minha mente durante bastante tempo; ao fim consegui achar uma resposta cabível, ou no mínimo, aceitável. Na noite em que o John me pediu em namoro, e logo depois me viu beijando outro; eu tentei ligar várias vezes para o celular dele. Em todas elas, a ligação caia na caixa postal. A agonia do telefone chamando e ninguém atendendo me deixou horrorizada. 

Decidi ir à casa dele, me desculpar por tudo o que tinha feito. Ele morava perto da minha casa, então decidi ir à pé. Não sei o porque, mas tinha um pressentimento ruim. Nunca fui de acreditar nessas balelas, mas depois disso, comecei a pensar melhor na incógnita em questão. Na porta da casa do John haviam algumas ambulâncias, sinceramente, eu achei que tinha  chegado à casa errada, mas infelizmente, era aquela mesmo.

A mãe e o pai do John choravam na porta de casa, abraçados e completamente arrasados. Enquanto o filho era levado em cima de uma maca. Eu ia me aproximando devagar, até chegar bem próxima da cena. Ele estava coberto por um pano branco e dois médicos o levavam. Pensei que tudo aquilo fosse um pesadelo. É difícil para o nosso cérebro armazena a ideia de que alguém tão próximo de nos possa estar tão mal. Os pais dele me viram e choraram mais ainda, a cena foi horrível, parecia um filme de horrores. 

Eu já podia imaginar o que tinha acontecido, quero dizer, uma parte do acontecido. Me ajoelhei na grama em frente a casa dele, coloquei minhas mãos no meu rosto e fiquei ali chorando. Mesmo sem saber o que tinha acontecido, eu chorei, mesmo tendo pessoas ali, eu me senti sozinha. Eu estraguei tudo, acabei não só com a minha felicidade, mas com a de todos ali, eu não tinha mais o John. 

Senti uma mão pousar no meu ombro. Não queria tirar as mãos do rosto, não queria me mostrar chorando à ninguém. 

-Laura? - Perguntou com uma voz fraca a mãe do John. 

Eu não respondi, só continuei ali, imóvel. Tudo se movia muito rápido, era tudo muito barulhento, era muito barulho dentro de mim, e não ao contrário. Tudo ficou escuro, e quando acordei, tudo era muito claro. 

- Laura? Você pode me ouvir? -Questionou um homem de branco. 

-Onde estou? No hospital? Porque estou aqui? Cadê o John? - Fiz várias perguntas ao mesmo tempo me levantando da cama e o médico me empurrando contra a mesma. 

-Calma, Laura. Vai ficar tudo bem, só fique calma. O John está em um lugar ótimo. Agora, você está se sentindo normal?

-Er... Estou... Eu acho. Quero ver o John. - Protestei.

- Infelizmente isso não é possível. Porém os pais dele estão aqui pra conversar com você, só me prometa que vai ficar calma. 

-Vou tentar. - Falei tentando ser o máximo confiante que conseguia. 

O médico saiu da sala. Uns dez minutos depois, os pais do John entram e a mãe colocou a mão no meu ombro como na noite passada. 

-Laura, não sei como te explicar tudo o que aconteceu. Só quero que você entenda que não temos raiva de você, e que conseguimos ver o seu sofrimento ocasionado pelo seu amor pelo John, seja como amiga, ou como namorada. Tudo bem? - Disse a mãe se sentando do meu lado na cama do hospital. 

-Tudo bem... -Falei encarando os dois.

-Quando o John descobriu que tinha câncer, ele ficou depressivo. O que acontece muitas vezes, mas com o passar do tempo, ele começou a se cortar de uma maneira exagerada. Fomos ao psicologo, fizemos de tudo e nada tirava essa mania dele. Um certo dia, ele conheceu uma menina muito especial. - Ela fez uma pausa, levou as mãos aos olhos e retirou lágrimas que iam ser derramadas de dor. - Essa menina é você, Laura. 

-Mas...

-Calma, deixa eu termina de te explicar. -Disse me interrompendo para não me deixar nervosa. - Você sem saber o fez parar com os cortes. E eu te agradeço, te agradeço também por ter feito meu filho voltar todos os dias contente com a escola. Ele estava feliz por estar ao seu lado todos os dias, Laura. Ontem à noite, ele voltou do encontro com você chocado. Não quis explicar, só disse que tinha sido traído, e umas duas horas antes, ele estava feliz, porque tinha começado o namoro com você. 

-Me desculpe... - Sussurrei tentando conter o choro. 

-Não, deixe eu terminar. - fez uma pausa longa como se estivesse escolhendo as palavras, sem sucesso, afinal não existe palavras que expliquem à uma mãe a morte de um filho. - John entrou correndo no seu quarto e trancou a porta. Tentamos bater e chama-lo para uma conversa. Porém ele não respondia. Meu marido resolveu abrir a porta à forças. Quando entramos no quarto encontramos John caído no chão e... - Outra pausa, ela não conseguia conter o choro, agora as lágrimas escorriam sem parar em sua face branca. - E em seu pulso ele escreveu Laura com uma tesoura. Infelizmente, em algumas das letras do seu nome, ele rompeu alguma veia principal, e ele faleceu, Laura. Não pudemos fazer nada... -Ela começava a gritar e chorar. Eu estava chorando alto com as mãos no rosto querendo me opor de toda a situação. - Eu não posso fazer nada, meu filho se suicidou dentro na minha sem eu poder fazer nada. - Berrou a mãe com toda a dor que levava e depois chegou um médico que a retirou do meu quarto. 


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