Excluídos escrita por Matheus Saioron


Capítulo 24
Capítulo - Olhando nos teus olhos




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Estava exausta naquela noite, simplesmente apaguei ao me deitar. Só acordei no outro dia dez horas, nunca dormi tanto. Tudo isso consequência da viagem dolorosa a que fui submetida. O Peter havia ajudado minha mãe com as malas ontem, e logo foi para casa. Deveria estar exausto também. A viagem de volta nunca é tão boa quanto a de ida. De manhã, me lembrei que só faltavam uma semana para a volta as aulas; estava super ansiosa. A maioria das meninas adolescentes estariam dando um maior drama, mas eu gosto de ir pra escola e estar em contato com as outras pessoas, mesmo com as pessoas que não gostavam de mim. 

Laura adormeceu super rápido na noite da viagem de volta. Fiquei lá olhando a dormi por um tempo, admirando a, e depois fui para casa. Fiquei horas olhando para o teto, no escuro pensando nela. Liguei a televisão e só se passava romances e mais romances. Eu tinha me feito uma promessa: Nunca Mais Assistir Romances. Eles colocam coisas na nossa cabeça que nos deixa criar faltas expectativas. Beijar na chuva, por exemplo, é tudo fantasia, porque um romance de verdade não precisa disso para ser perfeito. Eu amo a Laura, e apesar de todos os desafios, eu ainda me encontro forte para enfrentar cada um, por ela. Às vezes, eu quero mante-la de baixo dos meus braços para me certificar que ela está bem, mas não é possível. Há meio que um campo de forças que me impossibilita de fazer isso. Eu juro que queria sentir todas as dores dela, só para deixa-la com a felicidade em tempo integral. Os romances nos mostram que para ser um romance deve ter Aquela Trilha Sonora e Aquele Beijo escondido de todos, mas isso não é verdade. Um romance é perfeito pelo sentimento que une aquelas duas pessoas. Aquele laço que te deixa totalmente disponível para fazer que o outro se sinta ótimo. Tudo isso para ver um sorriso dela. 

As aulas voltaram, eu estava com os meninos, do futebol, enquanto Laura não chegava. Apesar de todos me apoiarem, eles ainda me encaram como um irresponsável, e ficam me olhando com um olhar de pena. Eu simplesmente não vejo o problema de ter uma filha com dezesseis, quase dezessete anos. Na noite passada, eu fiquei fazendo planos. Viajar para Califórnia com nossa filha, mostra-la onde nos apaixonamos mais ainda, ir dirigindo um carro admirável e ouvindo aquela música perfeita. Laura chegou na escola com um vestido lilas. Ela amava vestidos e ficava perfeita dentro delas. Ela conseguia ficar mais linda com o sol da manhã batendo nos seus cabelos negros. Fui na direção dela para falar com ela. 

Estava super ansiosa para isso. Estavam todos lá, exceto a Sarah. Eu não sabia o que falar primeiro, eram tantas novidades e acontecimentos que me deixavam tonta. O Peter estava vindo com aquele sorriso que tanto amava estampado no rosto. Como ele era perfeito. O sinal para a primeira aula soou e fomos conversando para sala de aula. O Peter segurou a minha mão e sussurrou no meu ouvido:

- Deixa que eu te levo. 

Na sala de aula, estava a maior barulheira. Todos conversando com os amigos. Tem boatos falando que a Sarah não ia mais estudar naquela escola. Daniel e Chris contavam tudo o que aconteceu, as festas, os filmes, as férias de todos pareciam ter sido incríveis. Rachel e Angel apenas esperavam a vez para contar as novidades, elas apenas riam se entreolhando. A primeira aula era a da Rose. Eu duvidei que ela conseguisse dar aula naquela zona. Eu me enganei, ela nem tentou, estava de ótimo humor. Sentou com a gente e perguntou sobre TUDO. Ela tinha conhecido um homem e foram jantar nas férias. Não dá para acreditar, mas ela estava até mais bonita.

Eles ficaram perguntando o que aconteceu nas nossas férias. Peter e eu contamos, eles ficaram em silencio apenas escutando e sorrindo. Faltava apenas uma aula para o intervalo, a turma estava mais calma, ouviam as explicações do professor de matemática atentos. A Sarah apareceu na porta, seria. Todos a encararam, até o professor fazendo silencio. Ela não entrava e nem saía. Ele ficou me encarando por um tempo, até que abriu o sobretudo preto e tirou uma arma. Não sei qual era o nome daquela arma, mas era grande, na minha opinião. 

Ela as apontou para mim, todos olhavam para ela e logo olhavam para mim. Perplexos. Eu não podia fazer nada, o silencio era tão forte que eu conseguia escutar aquele zunido chato. Depois de um tempo, ela abriu a boca, pensou no que iria falar e proferiu:

-Você vai se arrepender por cada segundo que ousou cruzar o meu caminho.

E disparou. Tudo foi muito rápido. O Peter entrou na minha frente recebendo o tiro. A Sarah desapareceu depois disso. O tirou pegou no peito do Peter que caiu no chão do meu lado perguntando se eu estava bem. Ele sangrava, o sangue escoria pelas minhas mãos e eu estava ajoelhada do seu lado segurando sua cabeça nos meus braços. Logo, ele ficou inconsciente. Chegamos no hospital com ele. O médico não disse nada, apenas entrou com ele em uma sala. 

Eu estava em estado de choque. Não conseguia pensar em nada, minha mãe ainda não tinha chegado ao hospital. A mãe e o pai do Peter chegaram primeiro. 

-Por favor, me diga que meu filho está bem. - Falou a mãe dele.

-Eu não sei... Eles entraram com ela lá para dentro e não falaram nada. - Respondi.

-Não deixa o Peter morrer assim como você deixou o John morrer. - Falou a mãe dele caindo no choro nos braços do pai.

-Desculpa, ela não quis dizer isso. - Retrucou o pai dele tirando a mãe de perto de mim. - Ela está muito nervosa. 

Aquelas palavras pairavam na minha cabeça "Não deixe o Peter morrer assim como você deixou o John morrer." Tentei tirar aquilo da minha cabeça, estava morrendo de preocupação com o Peter. Os médicos não davam noticias, eu estava na sala de espera. Sem nada que eu podia fazer, sentindo a minha filha na barriga e sabendo que o pai dela estava lá dentro sabe se lá como. Minha mãe finalmente chegou e me abraçou, aquilo me confortou um pouco. Nós duas choramos juntas, ela conseguia imaginar meu sofrimento. Ela andava de um lado para o outro, as esperanças eram o que nos motivava. Vários médicos entravam na sala, nenhum saía. Eu imaginava de tudo, e uma dor veio se dilatando no meu coração. Uma dor que estava ficando intensa. Eu queria sentir os braços do Peter envolta de mim de novo. Queria ouvi-lo conversar comigo, me trazer cupcakes para comermos juntos. Cadê o Peter que não aparecia e que estava me matando de aflição?

O médico finalmente apareceu com uma prancheta na mão, e veio na minha direção. Depois de cinco horas esperando por noticias, elas chegaram, meu coração estava batendo tão forte que eu achei que as outras pessoas podiam escutar as batidas.


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