Excluídos escrita por Matheus Saioron


Capítulo 23
Capítulo 23- Viagem da vida




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Demorei a ceder, mas Peter me fez acreditar que aquilo não era nada de mais. Fomos dormir. Mentira, ficamos deitados, conversando sobre tudo e depois pegamos no sono. 

-Qual sua cor favorita? Livro favorito? Música favorita? Vamos, fale mais de você. Quero saber de tudo relacionado a você! - Questionou o Peter olhando para mim e um pouco envergonhado por aquelas perguntas. 

-Er... - Comecei pensando nas respostas. - Eu simplesmente amo o roxo, não tenho um único livro favorito, cada um me conquistou com sua história, amo todos. - Fiz uma pausa para lembrar das perguntas, afinal eu me esquecia das coisas muito fácil. - Eu não sei sobre músicas, mas amo a They don't know about us, me lembra você, aquela é a tua música. 

- Gostei da ideia de ter uma música que te faz lembrar de mim. - Fez uma pausa pensativo e continuou. - Gosto do vermelho, meu livro favorito é Querido John e minha música favorita é heroes. 

Não acreditei na hora que o livro dele favorito era Querido John. Era o livro favorito do John também. 

- Por quê seu livro favorito é Querido John? - Perguntei intrigada. - Acabei de ler esse livro esses dias, mas para mim a história não teve um impacto assim tão grande. Gosto de crônicas e histórias mais... Não sei explicar.

-Não diga nada, Querido John é incrivelmente perfeito. - Falou colocando um dedo sobre minha boca para não falar nada sobre o livro. - Não sei, a história tem uma magia que te prende nele. - Completou rindo como um adolescente, espera, nós somos adolescentes. 

Não falamos mais nada a noite, peguei no sono deitada com a cabeça no peito dele. Dormi ouvindo as batidas do quente coração de Peter. Acordei antes dele, os olhos fechado e a suave expressão me fazia lembrar dos anjos, mas ele estava ali na minha cama. 

Me levantei sem acorda-lo e fui pegar o café da manhã, compensar o dia anterior. Coloquei tudo em uma bandeja e entrei no quarto. Ele ainda dormia, tirei a roupa e fiquei apenas de calcinha e sutiã. Não acreditei no que estava fazendo. Acordei-o. 

-Bom dia, amor. - Falei me deitando ao seu lado com a bandeja. 

Ele se virou para o meu lado, acordando gradativamente. Ele me olhou, e sorriu. Comemos o que tinha trazido. Decidi não leva nova comida clichê, levei um café da manhã tradicional. Uma pena não termos acabado de comer tudo, acho que minha roupa - ou a falta dela - excitou o Peter. Aconteceu a maior vergonha do século, pelo menos para mim. Estávamos transando, e minha mãe entrou no quarto sem bater. Acho que vale comentar que estávamos sem o lençol. Ela primeiro deu um grito, pediu desculpas e saiu. Depois daquilo não conseguimos termina o que havia sido começado. Fomos tomar banho juntos, afinal devemos economizar a água do mundo. Ficamos rindo do acontecido, realmente, a culpa era minha. Eu o excitei e não tranquei a porta.

Quando estou com o Peter parece que nada faz sentido, nenhuma das especialidades da ciência parece  funcionar. Não sinto fome e nem frio, é como se ele fosse a parte que me faltava durante anos. Eu o abraça e nunca sinto vontade de larga-lo, fico confortável e protegida pelos músculos rígidos do Peter. 

Saímos e fomos procurar a minha mãe que deve estar se sentindo muito sem graça nesse momento. 

-Tudo bem, desculpa, Laura, eu não podia ter entrado sem bater... - Falou a minha mãe assim que me viu. 

Rimos um pouco.

-Calma, tudo bem, não tem problema, você já sabe de tudo mesmo... - Falei recebendo um abraço do Peter.

Hoje tínhamos planejado um passeio pela cidade, Hollywood. Todos os filmes e celebridades passaram por lá, queria conhecer de perto. Tiramos uma foto, Peter e eu aparecendo a clássica placa da cidade. Logo, tiramos com minha mãe também. Paramos um senhor e ele tirou a foto. Essas fotos ficaram para sempre no meu quarto. Minto, nada fica por uma eternidade. 

O lugar é simplesmente encantador, ficaria aqui preenchendo várias linhas com belos adjetivos e mesmo assim nada chegaria perto da nossa sensação em Hollywood. Não falamos, apenas admiramos a beleza natural do lugar. No dia seguinte, já era o dia da nossa volta para o Colorado. Os Estados Unidos é um país enorme com vários lugares para se conhecer, e eu tinha vontade de conhecer todos. Porém eu sentia que não tinha tempo para realizar tudo isso. 

Na viagem de volta, eu passei muito mal. Não via a hora de chegar em casa. Uma dor insuportável na minha cabeça me incomodou desde a partida até a chegada. Aquela dor que não existe uma posição confortável. Minha mãe queria parar, mas eu não permiti. Queria chegar logo, pendurar as fotos no mural. Deitar na minha cama, ver os meus amigos. A maldita dor não me deixava em paz, o Peter me encarava e me abraçava com muita frequência tentando me ajudar com a dor que só eu sentia. 

Laura veio calada a viagem inteira. Só resmungava as vezes de dor. Eu via aquele sofrimento e não havia nada para se fazer. Eu a abraçava e sentia seu corpo rígido, tremendo com a dor. Meus olhos se enchiam de lágrimas. Eu não podia chorar e deixa-la ver meu pranto de desespero. Ela era mais forte que eu. 

Eu estava implorando para chegar em casa, os asfaltos pareciam não ter fim. Eu via o rosto aflito da mãe da Laura pelo espelho. Ficávamos nos entreolhando sem saber o que fazer com aquela pessoa que amamos tanto se contorcendo de dor em uma viagem de centenas de quilometros. 

Enfim, chegamos. Abri a porta do meu quarto e me deliciei na minha cama. Quantas saudades, minha mãe fora preparar algo para mim. O Peter estava na sala, ajudando minha mãe com as bagagens. Minha dor estava se esvaindo da minha cabeça. Por toda a viagem, eu achei que não chegaria, que o tumor ia me consumir bem no meio da minha viagem. Não me refiro à viagem para Califórnia, mas a viagem da vida. O meu destino é ter a minha filha e entrega-la ao Peter. Sinto que vou poder ter a chance de poder vê-la dar os primeiros passos, e falar as primeiras palavras, se isso acontecer, já agradeço. Depois, confio ao Peter cuidar da nossa filha. 


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