Okay, eu me importei mesmo, mas depois de saber o que ele já passou me sentia mal por pensar todas aquelas coisas ruins dele. Ele só era daquele jeito idiota dele pois a atenção que ele não tinha em casa e da família toda, ele tinha de nós, por mais que fosse ódio, implicância e coisas desse tipo. Nós o odiavamos por que ele "queria" ser, ao contrario de sua família, que o culpava pela morte de sua mãe no dia de seu nascimento; da depressão que seu pai sofreu após esse acidente com a esposa, com tentativas de suicídio; e seus irmãos, que não o "perdoavam" pelo que aconteceu com sua mãe. Mas, a culpa não era dele, ela sabia que a gravidez era de risco com os problemas que havia tido e mesmo assim manteve a tentativa de engravidar. 

Quando eu soube as coisas que León passou, eu o via... Diferente. Eu sentia que tudo era uma farsa, aquela pose de babaca, seus amigos esnobes, seu olhar... Tudo era uma mentira para esconder a verdadeira pessoa que estava atrás daquela máscara.

Bem, sim eu me exaltei um pouco, mas não queria pensar nessas coisas, então me levantei e fui para a sacada que havia do lado de fora da "casa".

Droga, malditos insetos. Estes não me deixavam sozinha de jeito algum, parecia que haviam mais pernilongos do que árvores naquele lugar. Talvez eu faça um trabalho sobre os mesmos.

Alguns minutos depois, León apareceu, escorando seus braços sobre a sacada.

—O resto do pessoal já acordou, estão indo tomar café lá embaixo. Você vem? - ele perguntou, enquanto coçava o braço todo picado.

—Ah, eu não estou com muita fome, os biscoitos me encheram. Obrigada..

—Violetta, eu sei que está incomodada com alguma coisa. Pode falar, anda.

—Pode me chamar de Vilu, León.

—Da última vez que te chamei assim você ficou bem nervosa. - ele disse, e nós dois demos umas leves risadas, dessas de no máximo 5 segundos.- Você não vai me dizer o que tem de errado?

Eu hesitei um pouco. Não sabia como dizer: "não é nada de mais León, só não acho justo o que sua família faz com você por acharem que você matou sua mãe".

Então eu só respirei, e inventei algumas coisas na cabeça que, na verdade no fundo eram verdades.

—É que... Só estou preocupada, como as coisas estão lá em casa. Não é um dos melhores lugares do mundo de se ficar. Eu só quero que essa semana... Não termine tão cedo. -eu disse, enquanto mexia na minha pulseira.

E quando pensei que eu levaria um conselho de 5 horas e 22 minutos, ele respondeu com um sorriso sem jeito e me olhando, apenas duas palavras:

—Eu também.

Depois disso, ficamos nos olhando e rindo feito bobos. Uma coisa idiota, simples, mas que porém me deixava tranquila e feliz de alguma forma.

Não demorou muito até que Beto aparecesse e nos chamasse para continuar a caminhada. Juntamos nossas coisas, lotamos de repelente, e "continuamos viagem".

León ainda insistia em ser o último da "fila". Ele achava que era muito melhor, pois assim podíamos observar tudo sem que ninguém nos empurrasse ou mandassem-nos apressar o passo.

Estava tudo muito tranquilo, até que avistamos uma cachoeira linda, a água caía com uma pressão muito forte sobre algumas pedras e quando chegava junto ao "rio" a pressão diminuía. Entre as suas pedras haviam algumas florzinhas brancas e azuis. O sol refletia na água e fazia com que parecesse que haviam "estrelas" ou gotinhas brilhantes na mesma. Era o lugar mais lindo que eu já tinha visto. 

Quando me dei conta do tempo que estávamos ali parados, chamei Leon, para continuarmos a caminhada com os outros. Mas quando nos viramos...

—Leon, onde está todo mundo?!