Blood, Death And Vampires escrita por Estressada Além da Conta


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Tentei fazer esse capítulo maior, mas acho que falhei miseravelmente. XP XD

Boa leitura! XD



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/396288/chapter/12

- Mais um de seus mistérios?

- Pode apostar. – Começou a fazer o caminho de casa – Bye, bye, Nii-san!

"Gol D. Roger foi o último Grande Rei, e governou por anos e anos, trazendo honra e ordem para as criaturas mágicas e segurança e alegria para os humanos. Mas era apenas um humano. E morreu por uma doença desconhecida, provavelmente provocada pela magia negra de seu irmão, Marshall D. Teach. Porém, isso não o impediu de fazer algo para salvar a todos. Roger dividiu, então, sua família em três: Monkey, Portgas e Scarlet. A primeira foi, e ainda é, uma grande linhagem de lobisomens. A segunda é feita de Mundanos, humanos cuja magia é inexistente, porém têm contato com o outro mundo. A terceira é formada completamente de bruxas e bruxos. Na verdade, as Scarlet são as bruxas mais fortes que existem."

- E eu sou a ovelha negra da família... – Nami murmurou para si mesma. Ela andava lentamente de volta para seu lar, a brisa gelada chamava seu cabelo para bailar, porém a ruiva nem sequer notava. A noite parecia um véu de escuridão, bordado com estrelas, que pareciam mais vagalumes errantes e fadas perdidas, e a Lua se erguia, imperiosa, com pompa que talvez nem mesmo a mais formosa dama possa ter. As palavras de Marco, um velho amigo e seu tutor, soavam em sua mente.

"Scarlet, você é a última bruxa da família D... Mesmo não tendo magia, você corre perigo! Confie em Ace, ele poderá te ajudar, pequenina... Nami, você é mesmo filha de Bellemere... A última bruxa, igualzinho àquela profecia..."

Nami continuou andando de cabeça baixa, refletindo. Ninguém além de Ace sabia de seu segredo. Nem mesmo aquela quem chamava de irmã. A ruiva sabia que não deveria estar ali, naquela família. Afinal, qual a utilidade de uma bruxa sem magia? Nenhuma. Ela não podia negar. Era uma bruxa inútil, uma desgraça para os D. Se pudesse ao menos ser algo como humana... Queria tanto se sentir em casa, saber que é amada mesmo com aquele sobrenome... Ninguém sabia. Por que contar? Após a morte de Gol D. Roger, os humanos tiveram sua crença suprimida pelas ciências, filosofias, religiões e tantas outras coisas, e as memórias foram apagadas. Apenas Mundanos sabiam o peso daqueles sobrenomes, principalmente da letra.

Que vida miserável. Ter que esconder quem é para viver, viver para esconder quem é. Sem nunca poder confiar em ninguém. Não existia em quem confiar. Portgas tinha sua vida, e, mais do que isso, tinha o direito de viver do modo que quisesse, pois, para todos, Portgas D. Ace era um nome normal de um rapaz normal. E Nami não se perdoaria se envolvesse a pessoa que via como irmão em seus assuntos. Não tinha tal direito. Ela queria chorar. Queria gritar para o mundo o que era. Queria não ter medo de se ferir por causa dos outros. Mas não conseguia. Não devia. Não, a ruiva não faria nada disso. Nem chorar, nem fraquejar. Apenas ergueria a cabeça e sorriria para os outros, tentando convence-los, e também a si mesma, de que estava tudo bem. Superar o passado e tudo aquilo que acontecera era improvável. No entanto, desistir era mais que impossível e impensável. Afinal, era necessário apenas sorrir, mesmo que fingindo. Sorrir para mostrar que estava tudo bem, mesmo não estando. Sorrir para tentar ser feliz, mesmo falhando vergonhosamente a cada tentativa.

A mulher andou e andou, lenta, de cabeça abaixada. Só pensava em ir para casa. Até que Nami bateou a cabeça em algo. Nami ergueu o olhar e fitou Eustass Kid para bem a sua frente. Seus olhos se arregalaram por um momento e um sussurro fraco caiu de seus lábios. Estava tão absorta em pensamentos que até esquecera a presença do ruivo.

- Kid...

- Vamos. – Ele segurou a mão direita da garota com a esquerda e começou a puxa-la em direção a casa dela.

- Por quê? – Perguntou aos tropeços, tentando acompanhar as passadas largas e rápidas do ruivo.

- Porque está tarde e você está cansada, tola.

-... Obrigada, Kid... – Sorriu, mas não forçada, tampouco alegre. Apenas cansada.

- Disponha.

O0o0o0o0o0o0o0o0o0o0o0O

Nami saiu do banheiro já com sua camisola branca. Kid a havia praticamente arrastado para casa, mas ela era grata, pois se ele não quebrasse sua linha de raciocínio, ela se tocaria... Do quanto não merecia ter tudo que tinha. Eustass estava em seu quarto, observando algumas fotos que estavam espalhadas pelo chão, já que, na pressa de encontrar os sapatos, Nami deixara cair do armário. Nelas, havia várias crianças, e uma delas chamou a sua atenção. Era um menino moreno com uma cicatriz debaixo do olho e um sorriso enorme. Ao lado dele, uma menininha de cabelo laranja sorria segurando uma laranja.

- Esse é Luffy. – Nami informou entrando no quarto.

- Luffy?

- Monkey D. Luffy, um antigo amigo. Sumiu quando eu tinha oito anos, um dia antes dos lobos me atacarem. – O ruivo abriu os olhos mais que o normal. D? Ela falara D? Monkey D?

- Monkey D. Luffy...

- Diziam que ele era um lobisomem.

- E era verdade?

- Não sei, não tive chance de perguntar. – Deu de ombros e se ajoelhou no chão ao lado dele – Kid...

- Quem era aquele?

- Quem?

- É, aquele idiota com sardas que te abraçou. Quem é aquele?

- Ace. Portgas D. Ace. – Nami viu a expressão do rosto pálido mudar drasticamente. Com certeza, o vampiro sabia sobre a lenda dos D.

- Um Mundano...

- O que disse? – Não devia contar seu segredo, não importava o que acontecesse.

- Não é nada que você precise saber, mulher.

- Você é um velho chato, sabia? – Resmungou com um leve sorriso, encostando a cabeça no ombro dele – Kid?

- Hum?

- Você teve mesmo vontade de tomar meu sangue?

-... Quer mesmo que eu responda?

- Quero.

-... Sim.

- Por quê?

- A culpa é sua.

- Minha?!

- Sim, sua. Quem mandou ter um cheiro tão apelativo, pele branquinha e macia e parecer tão frágil?

- Eu pareço frágil?

- Você é uma humana.

- Humanos também são fortes!

- Eu sei. Você é a prova. O problema é que você é mulher e parece fraca.

- Quer ver quem é fraca, idiota? – Nami ameaçou levantando o punho.

- Fraca, indefesa, efêmera... Você parece uma rosa.

- Por que não? É o mais bonito! – Recitou num murmúrio – Porque as flores são efêmeras.

- O Pequeno Príncipe?

- "Minha flor é efêmera", disse o principezinho, "e não tem mais que quatro espinhos para defender-se do mundo! E eu a deixei sozinha!"

- Os espinhos não servem para nada. São pura maldade das flores. – Dessa vez, foi o ruivo quem relembrou – Não acredito! As flores são fracas. Ingênuas. Defendem-se como podem. Elas se julgam terríveis com seus espinhos...

- Você leu!

- Minha noiva adorava ler. Acabei pegando o hábito de ler de vez em quando, embora já faça umas duas décadas que eu não pego um livro.

- Sua noiva? Aquela tal de Yumi? – Ele assentiu num movimento melancólico.

- Acho que vocês teriam se dado bem, apesar de você parecer uma adolescente briguenta.

- Como ela era? – Indagou com a voz suave – Não precisa me responder se não quiser... Nós podemos sempre mudar de assunto... – A ruiva sabia que era um assunto delicado.

- Yumi era como você, na aparência. Exceto os olhos, que eram azuis e um tanto frios.

- E o que aconteceu com ela?

- Morreu. – Respondeu evasivo, preferia não tocar no assunto.

- Sinto muito.

-... Estava mais isolado que o náufrago numa tábua, perdido no meio do mar. – Suspirou – Vivi, portanto, só, sem amigo com quem pudesse realmente conversar.

- Você a amava?

-... Muito. Foi graças a ela que eu descobri o que é amar... E como isso fere. E você é muito curiosa, sabia?

- Quando o mistério é muito impressionante, a gente não ousa desobedecer.

- O principezinho, que me fazia milhares de perguntas, não parecia sequer escutar as minhas.

- Você deve ter ficado arrasado.

- Nem consegue imaginar.

- Consigo sim. Minha mãe também morreu quando eu era pequena.

- E Nojiko?

- Ela não é minha irmã de sangue... É de consideração. Depois que Bellemere-san morreu, tive que trabalhar muito para conseguir viver e seguir em frente...

- Quando a gente anda sempre para a frente, não pode mesmo ir longe...

- Depende de como você faz isso, Kid. – Sorriu dócil e bocejou. Estava lutando para ficar acordada.

- Está com sono. – Não foi uma pergunta.

- Um pouco, mas não quero dormir agora. Quero conversar com você.

- Você está quase caindo de sono.

- É preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas.

- De que adianta? Você está com sono, vai dormir. A noite foi longa.

- Mas... – Bocejou com exaustão, e algumas lágrimas lhe vieram aos olhos, desmentindo qualquer tentativa de argumento – Você tem razão... – Se levantou e apagou a luz, indo até a cama e puxando as cobertas, dando passagem para seu corpo cansado – Você vai embora?

-... – Kid não respondeu, pois uma das lembranças de Yumi resolvera aparecer. Ela estava prestes a se deitar e dormir, e sorria docemente, trajada com camisola bem longa e totalmente coberta, num tom rosado bem claro.

- Kid? – Nami chamou, trazendo-o para a realidade. Quem estava prestes a deitar não era a mulher de olhos azuis, e sim a garota de orbes castanhos, cuja roupa não passava de uma camisola até a metade das coxas, meio transparente e totalmente branca.

- Sim?

- Boa noite. – Desejou e deitou-se, caindo no sono quase que imediatamente. Eustass ficou ali por mais algum tempo, fitando o rosto adormecido daquele anjo tão belo. Os lábios rosados estavam entreabertos e o peito subia e descia por debaixo das cobertas.

Ela estava viva. Ela respirava, sorria, sangrava. Poderia até morrer. Era indefesa e frágil. E se esse era o caso, então o ruivo a protegeria. Pois era sua humana. Yumi o ensinara a amar. Nami estava o ensinando a viver. Mesmo que já estivesse morto. Antes de ir embora, deixou uma última frase sair por seus lábios rubros:

- Se alguém ama uma flor da qual só existe um exemplar em milhões e milhões de estrelas, isso basta para que seja feliz quando a contempla.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Reviews?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Blood, Death And Vampires" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.