O resto dia passou como num raio. Eu aceitei passar a noite novamente na casa de Paul, meu estomago e o de ET agradeceram, nunca comi tanto na minha vida. E eu nunca na minha vida eu senti tanta falta de Jack. Eu só precisava olhar para seus olhos azuis, mesmo que fosse só por um segundo. Eu só precisava que ele me dissesse que tudo ia fica bem. Mas ele não estava aqui. E mais uma vez eu chorei até que eu finalmente caísse no sono.

Até que eu acordei de madrugada com um barulho. Sério, isso já estava virando rotina, e não uma das boas.

– Tiffany! - a voz de Ares ressoou forte na escuridão. - Seu tempo acabou! Venha até mim!

Ao ouvir a voz de Ares, ET ficou inquieto e começou a latir. Eu me certifiquei de deixá-lo bem preso e me dirigi em direção a saída da casa de Paul, mas antes que eu pudesse dar um passo fora ele e sua mãe estavam ao meu lado. Eu devia tentar deixar eles fora disso para que eles não se machucassem, mas eu não o fiz. Eu já não me importava mais com quem ia sair ferido, eu só me importava em destruir Ares. Enquanto nós seguimos em direção a fronteira Elijah e os outros se juntaram a nós e logo tinha uma multidão ao nosso redor.

Eu agora estava próxima o suficiente para ver Ares. Ele estavam vestido a mesma roupa preta de sempre, o que lhe dava um ar sombrio. Seus cabelos negros estavam penteados formando um topete e seus lábios estavam formando um sorriso de lado que já era sua marca registrada, sempre com um tom de escarnio. Brad estava ao seu lado, assim como minha mãe e meu pai. Mas hoje havia outra pessoa com eles, um pessoa que era impossível não reconhecer, mesmo agora com seu olho todo branco.

Eu dei um passo vacilante e parei. Era Jack. Meu Jack. Sua alma havia sido roubada e seus lindos olhos azuis deram lugar a algo vazio. Ele encontrou meus olhos e um sorriso irônico surgiu em seus lábios. Ele agia como se aquilo tudo fosse muito engraçado, mas eu sabia que Jack jamais faria piada de uma situação como essa. Mas esse não era o Jack. Seu rosto, seu corpo, seu cabelo, tudo estava exatamente igual, menos o Jack.

– Ora, Tiffany! - disse Ares. - Não fique aí parada feito um estátua! Junte-se a nós.

– Você não vai conseguir me tirar daqui, Ares. - eu respondi ameaçadoramente.

– Eu imaginei que você ia dizer algo desse tipo. - disse ele e para me surpresa o sorriso em seus lábios ficou ainda maior. - Por isso que dessa vez eu vim preparado. Não sei se você sabe, Tiffany, mas alguns de nós possuem poderes muito especiais, você pode chamá-los de bruxos ou Harry Potter, o que você preferir. - Elijah veio se colocar ao meu lado e eu pude perceber sua tensão, o que me deixou nervosa. - O fato é que eu tenho um deles aqui comigo e ele irá fazer um feitiço que irá lhe puxar para fora da proteção como se atraída por um ímã. Eu só preciso de um mais ingrediente, algum objeto seu que você dê muito valor.

– Eu posso ajudar com isso. - disse Jack, sua voz era tão fria que me deu arrepios. Ele então tirou o meu prendedor de cabelo da sorte do bolso e o entregou a Ares. Meu coração parecia que ia explodir em meu peito. Jack também havia me traído. Não bem o Jack, mas ainda assim eu havia sido traída por ele.

– Eu realmente acertei ao decidir não matá-lo. Eu sabia que você ainda me seria muito útil, menino. - disse Ares e então entregou meu prendedor para o um homem. Eu mal conseguia ver o homem, pois a luz da lua que chegava até ele era muito pouca, mas eu pude ver ele começando a mexer vários objetos na sua mão.

E foi então que eu senti. No começo foi como cosquinhas em meus pés, mas logo depois a pressão ficou mais forte e eu comecei a ser puxada em direção a fronteira. Eu tentei me segurar em Paul, mas foi inútil. Os outros vieram ao meu auxilo, mas também foi inútil. Enquanto isso, as gargalhadas de Ares ressoavam pelo ar. Foi então que uma ideia me ocorreu: eu precisava impedir que o bruxo continuasse a fazer o feitiço. Eu então lancei um raio em sua direção, mas Jack se colocou no caminho e quando o raio lhe atingiu ele foi jogado para longe.

E foi então que meu pé tocou o limite da proteção e eu atravessei a fronteira.