Lord's Princess escrita por Brigadeiro


Capítulo 18
17 - Quando Eu Percebo


Notas iniciais do capítulo

Posso iniciar essas notas lembrando que Jesus disse que temos que perdoar?
Eu sei, demorei demais de novo. Eu to realmente ficando cansada de começar todas as notas desta história pedindo desculpa. Mas... Desculpem.

Gente do céu, eu comecei essa história em 2013... Já são quase 4 anos de história. QUATRO ANOS PRA POSTAR UMA FANFIC! Eu passei dos limites do aceitável. Perdoem mesmo. Eu to na vibe de tentar terminar ela até o final desse ano, sem demorar mais postar.

Minha meta: postar o próximo até dia 27, que é o aniversário de 4 anos da história.

Espero que vocês não tenham me abandonado. Para compensar, esse é o maior capitulo da fanfic até agora. Aproveitem!

Nome do capítulo: Me Leva Pra Casa - Israel Subirá. É uma parte da frase que diz:

"Minha alma soluça quando eu percebo
O contato de Seus olhos com os meus"

Sério, escutem essa música. É incrivel.

Boa leitura,
B♔



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ISABELLA PDV

Dominique permaneceu naquele hospital por uma semana, internada para fazer uma bateria completa de exames. Nem Rosalie e nem Emmett saíram de lá, ambos se recusando a ficar um minuto que seja longe dela. Naquele meio tempo, toda a minha família também se mobilizou, deixando de lado problemas secundários para fazer o possível por Nick e para ajuda-los. Eu e Edward fazíamos visitas diárias, porém rápidas; e Eden insistia ir também e levar livros e brinquedos para a prima. Alice e meus pais, embora não pudessem ir ao hospital todos os dias, enviaram dezenas de cartões e flores. Ela não se sentiu só ou entediada por nenhum dos dias daquela longa semana. Ali, enquanto contávamos os dias para a melhora dela, foi onde eu percebi que Dominique já era da família. Apenas dois meses depois de conhecê-la, a pequena Masen já tinha conquistado nossos corações e nosso amor, tanto quanto eu sabia que Eden tinha conquistado o deles.

Embora fosse especifico que aquela era a minha parte no contrato, Emmett me pediu para passar toda a responsabilidade pelas contas medicas de Nick para ele. Mesmo sabendo o que aquilo poderia significar, eu não questionei. Eu entendia. Ele queria assumir total responsabilidade por ela, para que pudesse ter controle de tudo o que estava sendo feito e se certificar. Eu sabia como era ter necessidade de controlar a situação, ajudava a diminuir a ansiedade por pensar nas coisas dando errado. Porém, tanto quanto com Nick, eu estava também preocupada com Emmett. Ele não podia perder outra filha, seria devastador para ele.

Ele também tinha me pedido outra coisa, que não compreendi tão bem quanto a outra. Emmett me implorou para não deixar que a entrevista feita fosse reproduzida. Ela tinha sido transmitida ao vivo, é claro, mas ele queria que eu garantisse que não fosse retransmitida nem no canal e nem em outros canais ou mídias. Não entendi o porquê, mas eu confiava no meu irmão então me dediquei àquilo. Consegui uma boa parcela de sucesso, me custou uma boa quantia e mais algumas ameaças de processos, mas o GS prometeu não exibir a gravação novamente, não vende-la ou repassá-la e sancionar qualquer outra mídia, como a internet, que a exibisse. Foi difícil, pessoas que gravaram em casa já tinham divulgado no Youtube e Facebook, mas censuramos o máximo possível.

Outro grande problema com o qual eu tive que lidar foi o ataque à minha imagem, principalmente vindo dos fãs. Edward não tinha sido bem aceito e os fãs o culpavam pelo ‘rompimentos do noivado’ fictício com Mike. Tanto ele quanto eu estávamos sendo atacamos moralmente. Ele por meus fãs, e eu pelos fãs do Mike. A minha imagem estava péssima, Alice estava quase arrancando os cabelos e sem Emmett para lidar com aquilo por mim eu tive que tentar tomar as providencias que podia sozinha. Por conta da queda na minha popularidade, Jenks estava cogitando cancelar o lançamento do novo álbum por medo de perder dinheiro. E todo o stress que Mike me deu me fez considerar abrir um processo contra ele, pelas mentiras.

Os dias de hospital se arrastaram, mas finalmente passaram, e os exames de Dominique revelaram que o lipoma nas costas dela estava evoluindo em uma velocidade rápida demais, e que ela precisaria de uma cirurgia urgente, porque ele estava prestes a se transformar em algo maligno. Porém, antes ela teria que passar certo tempo tomando alguns remédios para tentar diminui-lo, para que a cirurgia pudesse ser feita com o mínimo de riscos possíveis. E finalmente, com todas as recomendações e receitas devidamente prescritas, o Dr. Carmichael, o pediatra de confiança da minha família, finalmente deu alta a Dominique.

Ela estava vindo para casa naquele dia, e minha mãe fez questão de preparar uma recepção de boas vindas para ela na minha casa. Foi difícil convencer Rosalie a leva-la para uma festa na mansão ao invés de para o conforto da casa deles, mas depois de tantos dias de preocupação a ideia de um pouco de alegria foi bem recebida.

Sendo assim, nos mobilizamos para enfeitar toda a sala de estar. Centenas de balões coloridos foram espalhados por todo o ambiente, tanto que eu nem conseguia enxergar direito os moveis no meio do caminho. Cupcakes e doces enchiam as mesinhas de centro e de canto, e uma grande faixa escrito “Bem-Vinda de Volta, Dominique” foi esticada e pendurada de uma parede a outra no pé direito da sala.

A minha filha estava radiante por ter a prima de volta. Ela quicava entre os balões, parecendo-se muito com Alice e falando em voz alta sobre tudo o que queria brincar com Nick quando ela estivesse aqui. Eu ficava muito feliz de ver Edeline formando aquele laço forte de amizade. Só eu sabia o quanto ter amigos ao seu lado podia fazer diferença, e eu tinha privado a minha filha de tê-los por conta da vida agitada para a qual eu a tinha arrastado. Antes de Dominique, a única criança com quem ela tinha contato era Cameron, o filho de Jacob, que tinha quase a mesma idade. Mas ele morava com a mãe, então o contato entre eles era ocasional. A amizade com Dominique estava fazendo muito bem a ela e eu torcia para que ela perdurasse por muitos anos.

— Acho que está tudo ótimo, não está? — Esme perguntou pela milésima vez.

— Está incrível, meu bem. Parece que um unicórnio vomitou na sala — Carlisle depositou um beijo na têmpora da espoa. — Você é ansiosa demais.

— Ou vocês são despreocupados demais.

— Ou as duas coisas — sorri. — Está tudo ótimo, mãe. Ela vai amar.

Meu celular, que estava jogado no sofá, começou a tocar. O rosto de Emmett apareceu na tela e eu prontamente o peguei para atender.

— Emm? Tudo bem?

— Estamos perto — ele anunciou. — Todo mundo está ai?

Emmett e Rosalie foram os encarregados de buscar Dominique no hospital e trazê-la para cá, enquanto enfeitávamos tudo e esperávamos por eles. Olhei em volta. Meus pais conversavam no sofá, com Eden pulando ao redor deles. Leah e Seth estavam na cozinha com Felícia, que terminava de decorar o bolo. E, no canto próximo à poltrona, Alice se encontrava totalmente absorta na tela de seu smartphone.

— Sim — confirmei. — Só falta o Edward descer e estaremos todos posicionados para a surpresa.

— Estaremos ai em menos de 20 minutos.

Eu confirmei novamente e ele desligou.

— Esta tudo bem? — mamãe perguntou.

— Sim, eles estão perto. Vou subir e chamar o Edward para esperarmos.

Edward tinha passado muito tempo na mansão nos últimos dias, porque se sentia muito sozinho e preocupado em sua casa e a presença de Eden o acalmava. Subi as escadas em direção ao segundo andar sem fazer muito barulho, eu estava de sapatilha e não de salto alto por causa de todo o corre-corre dos preparativos.

— Edward? — chamei, me aproximando da porta do quarto de hospedes que eu tinha disponibilizado para ele.

A porta estava entreaberta, mas o ambiente estava escuro. Olhei pela brecha e vi Edward de joelho no chão, os olhos fechados e a cabeça erguida. Parei atrás da porta, não querendo interromper o momento.

— Continua cuidando da Nick, da Rose e do Emmett, os deixe saber que o Senhor está com eles — ele pedia em voz baixa. — E renova as nossas forças, por favor, para nos mantermos firmes diante de tudo isso.

Aquela não era a primeira vez que eu o pegava orando. Ele tinha feito aquilo durante todos os dias daquela semana. Às vezes, duas ou três vezes no mesmo dia. Ele conseguia passar horas fazendo aquilo, escondido dentro do quarto de hospedes no qual estava instalado. No hospital, Rosalie fazia a mesma coisa. Toda aquela atmosfera de oração constante estava me constrangendo a cada dia mais. Eu não sabia o que fazer com tudo o que estava presenciando. A confiança que Edward e Rosalie tinham naquele Deus sem rosto ultrapassavam os limites da sensatez.

— Toc toc — bati de leve da porta já aberta, anunciando que eu estava ali. Edward, entretanto, estava tão concentrado que não ouviu.

— E obrigada pela vida dos Cullen, que tem sido tão bons para a gente. Eu sei que o Senhor os colocou nas nossas vidas e tem usado eles para nos abençoar — Edward disse, me surpreendendo. — Oro para que o Senhor consiga alcança-los, para que eles conheçam o Senhor e o seu amor, também. Eles precisam disso, principalmente a Bella. Eu a vejo muito confusa, mas eu sei que algo dentro dela clama para que ela Te encontre. Mostre a ela o caminho, Pai. Em nome de Jesus.

Edward estava orando por mim. Eu não pude acreditar. Meus olhos se encheram de lagrimas. Em todas as vezes que eu o via fazendo aquilo, jamais imaginei que ele pedisse algo por mim. Eu mesma já não tinha esperanças para mim, como ele poderia ter?

— Aham — pigarrei audivelmente, querendo que ele encerrasse a oração para que o aperto em meu peito diminuísse.

— Bella? — ele se sobressaltou. Rapidamente, se colocou de pé. — Há quanto tempo está aí?

 — Acabei de chegar — menti. — Eles estão quase aqui. Você vem?

— Claro.

Fomos juntos em direção as escadas que nos levariam até o andar de baixo. Eu olhei para trás, para o quarto de onde Edward tinha saído, e parei.

— Hum... Eu esqueci uma coisa — eu disse. — Vai na frente e eu já desço.

— Precisa de ajuda com algo?

— Não. Pode ir na frente.

Ele deu de ombros e prosseguiu. Esperei a imagem dele sumir escada abaixo e entrei no quarto. Eu não sabia o porquê tinha feito aquilo, mas a paz reconfortante que parecia emanar do ambiente era inegável. A sensação de ter ouvido Edward orando por mim ainda estava queimando. Eu fiquei confusa, emocionada e um pouco chocada com sua fé, também. Como ele podia acreditar que alguém como eu poderia encontrar Deus, se é que ele existia mesmo? Ou, cultivando expectativas ainda mais irreais, ser alguém como ele era? Eu não era uma pessoa tão ruim comparada com muitas outras no mundo e sabia disso, mas também sabia que, quando queria, podia ser uma péssima pessoa. A vergonha por saber disso dava as caras as vezes, mas nunca o suficiente para gerar mudança. Que chance eu tinha de sequer chegar perto de ser como Edward, tão puramente sincera, honesta e boa? Ainda mais se, conforme ele afirmava, tudo isso proviesse de seu relacionamento com esse Deus invisível. Eu não tinha chances.

Me sentei na cama, ainda com a mente cheia do que movia essa fé que Edward tinha em mim, e percebi que havia uma bíblia aberta em cima da cômoda. Curiosa, peguei-a e passei a mão pela capa, me perguntando o que tinha ali dentro que, de acordo com Edward, podia mudar a vida de qualquer um. Até mesmo a minha. Parecia um pouco ridículo pensar que as palavras ali vinham mesmo de Deus. Mas eu ainda estava emocionada pela oração de Edward, e aquilo trouxe vários questionamentos de volta ao plano da minha mente. Principalmente o dia do assalto.

Eu não tinha me esquecido do episodio do assalto. Aquilo tinha impactado as minhas defesas e abalado as minhas convicções. Até ali, eu me orgulhava de ser uma mulher sensata, racional, madura, que não acredita em contos de fadas ou bobagens sobrenaturais ou divinas. Mas será que eu estava certa? Será que toda essa confiança no racional não estava me fazendo ignorar uma verdade que eu desconhecia, por mais surreal que fosse? Edward tinha afirmado, naquele dia, que Deus é quem tinha salvado as nossas vidas e eu acreditei. Como podia não acreditar, a bala tendo sido disparada na direção de Edward, há menos de um metro de distancia, e acertado a parede? Era impossível. Ele tinha feito o impossível para salvar a vida de Edward, e consequentemente me salvado também. Eu não tinha uma explicação racional para isso. Mas se Ele existia, mas eu ainda não conseguia confiar nEle.

E mesmo que eu pudesse ter certeza, entre acreditar que existe um Deus e confiar nEle há uma ponte extensa e larga. E essa ponte já estava quebrada para mim.

Ainda perdida em pensamentos, folhei a bíblia na minha mão sem realmente prestar atenção no que estava escrito, pensando no qual inacreditavelmente grosso era aquele livro e no quão pequenas eram as letrinhas ali, espremidas nas duas estreitas colunas. Eu não conhecia quase nada da bíblia, no orfanato eles nos ensinavam e incentivavam a ler, mas eu nunca obedeci.

Percebi, enquanto folheava, que tinham dois lugares marcados, um com um marca paginas e outro com uma fita de cetim. Curiosa, abri as duas marcações, uma de cada vez, e li.

"O Senhor é um abrigo para os que são oprimidos; ele os protege em tempos de aflição. Ó Senhor, aqueles que te conhecem confiam em ti, pois não abandonas os que procuram a tua ajuda." - Salmos 9:9-10

"Mas Sião diz: ‘O Senhor nos abandonou, Deus nos esqueceu’. Acaso será que uma mãe pode esquecer do seu bebê que ainda mama e não ter compaixão do filho que gerou? Mas ainda que ela viesse a se esquecer dele, Eu todavia nunca me esquecerei de ti.” - Isaías 49:14-15

Fechei a bíblia com força, respirando entre arquejos. Percebi lagrimas escorrendo pelo meu rosto enquanto me perguntava como um livro poderia descrever a maneira como eu me sentia e me responder ao mesmo tempo. Como ele sabia que a minha mãe tinha me abandonado? Como ele sabia que a dor daquela rejeição tinha me levado a crer que Ele tinha me abandonado também? E como aquele livro podia me afirmar que era mentira? Que Ele não só existia, mas que não tinha se esquecido de mim, e ainda dizer que eu precisava busca-Lo?

Aquilo era demais para o meu coração ferido lidar naquele momento. A insegurança e a dor falavam mais alto. Quem poderia me dar certeza de que era verdade, que Ele realmente se importava? Só porque aquele tipo de fé deu certo para os Masen, não significa que daria certo para mim.  E se eu tentasse conhece-Lo e fosse decepcionada? Eu já tinha um histórico tão grande de dores com as quais lidar, não podia me arriscar viver uma decepção maior ainda. Meu coração já vacilava na duvida de se Ele existia ou não, inclinado a admitir que sim, mas mesmo que fosse tudo verdade, eu jamais conseguiria conhece-lo como Edward conhecia. E mesmo que eu tentasse, Ele não olharia para mim. Eu estava suja demais e o meu coração corrompido demais.

Rapidamente limpei as lagrimas que escorriam, coloquei a bíblia de volta no lugar, me recompus e sai do quarto, trancando aqueles questionamentos em um compartimento secreto na minha mente, sem motivação de compartilha-los com ninguém. Fingindo que eles não existiam. Eu não podia e nem queria lidar com aquilo naquele momento.

Ao chegar na sala, abri o maior sorriso que minha habilidade como atriz me permitia e fui para perto dos meus pais.

— Tudo pronto.

— Pegou o que precisava? — Edward, agora sentado com Eden no outro sofá, perguntou.

— O quê?

— Você disse que tinha esquecido algo.

— Ah — tentei inventar uma desculpa rapidamente. — Só queria retocar a maquiagem.

Ele me olhou com uma sobrancelha levantada.

— Você já está linda, não precisava.

Corei. Junto com tudo com o que minha mente estava tendo que lidar no momento, Edward ainda estava na parte mais rasa, me fazendo enlouquecer por não conseguir esquece-lo como deveria. E por não conseguir fazer as patéticas borboletas irem embora do meu estomago sempre que ele me elogiava.

O mundo inteiro me venerava, então porque a singela aprovação de Edward causava tanta comoção em mim? Era ridículo.

— Obrigada.

Minha mãe me lançou um olhar penetrante e malicioso, acompanhado de um sorriso contido que me deu medo. Acenei negativamente com a cabeça e ela suspirou.

Eu sabia o que ela estava insinuando, e fiquei com medo. Esme não era boa em não conseguir o que queria.

— Alice, tem como você tirar os olhos da porcaria dessa tela por um segundo e vir esperar com a sua família? — desesperada, joguei a atenção dela para Alice.

Alice olhou mortalmente para mim e eu murmurei um pedido de desculpas silencioso.

— Aliás, com quem tanto você fala nesse celular, Alice? — minha mãe perguntou já desconfiada.

— Não me diga que é o Jasper — Edward perguntou rindo.

Ela ficou tão vermelha quanto um tomate e afundou no sofá com a cabeça baixa. Eu ri levemente, mas fiquei com pena.

— Jasper, ãn? — Carlisle murmurou em tom malicioso. — Ainda com isso?

— Ele não para de perguntar dela — Edward contou. — Está começando a ficar chato, inclusive.

— Ele pergunta? — a cabeça dela levantou-se no ar tão rápido quanto torradas saltando de uma torradeira. — O que ele perguntou?

— Alice — Esme pronunciou em um de reprovação. — Eu vou ter que pedir mais uma vez para você me apresentar esse rapaz, ou será melhor eu mesma procura-lo nessa igreja de onde você também não sai mais?

— Não, mãe! — Alice rapidamente vetou. — Somos só amigos, você não precisa se preocupar. Deixe Jasper em paz.

— Amigos? Olha a maneira como você reage ao nome dele. Ou você traz ele aqui, ou eu vou até lá e...

— Eles estão entrando! — Carlisle interrompeu, chamando a nossa atenção para a porta se abrindo e salvando a pele de Alice. Esme lançou a ela um olhar que dizia claramente que aquela conversa não estava encerrada.

Corremos para nos posicionar embaixo da faixa de boas-vindas enquanto a porta abria. Emmett entrou primeiro, sorrindo para nós, enquanto atrás dele Rosalie arrastava Dominique pela mão. Gritamos um forte “SURPRESA!”, assustando a pequena. Ela parou na entrada da sala, com os olhos arregalados e as pequenas mãozinhas no coração.

— É pra mim? — sua voz fraquinha perguntou.

— Claro que é pra você —Emmett se agachou na altura dela, depositando um beijo em sua bochecha.

— PRIMAAAAAAAAAAAAAAAA — Edeline correu para cima dela, rodeando-a com seus bracinhos finos e então as duas começaram a pular.

— Hey, vão com calma — Rosalie pediu.

Foi uma alegria só. Rodemos os três, dizendo a Dominique o quanto estávamos felizes por ela estar de volta em casa, mas ela não prestou muita atenção. Estava completamente deslumbrada com os balões, com os doces e com Edeline gritando em volta dela.

— Não posso acreditar que fizeram tudo isso — Rose olhava para tudo impressionada. — Muito obrigada.

— Foi ideia da Esme —Edward contou.

Rosalie segurou as mãos de Esme entre as suas e, sorrindo, a abraçou.

— Obrigada!

Esme sorriu ternamente para ela, passou a mão carinhosamente por seu rosto. Não importa o quanto minha mãe pudesse ser uma peste quando estava determinada a isso, ela também era a pessoa mais terna que existia no planeta. Toda a ferocidade que ela carregava era para defender a quem ela amava, só bastava você ser sortudo o suficiente para ser uma dessas pessoas. E, uma vez alvo do amor dela, era impossível não amá-la de volta.

— Não tem de quê, filha. Dominique é minha neta também — ela respondeu. — Eu quem tenho que agradecer por ter entrado nas nossas vidas. Eu pensei que o bobão do meu filho nunca fosse arrumar alguém que prestasse.

— Ei!

— Eu concordo — Carlisle abraçou Rosalie. — Em meio a tantos problemas, vocês dois terem se acertado foi um alivio.

— Graças a Deus um dos meus filhos tomou rumo na vida! — Esme exclamou. — Não se atreva a perdê-la — minha mãe ameaçou Emmett.

— Nunca — ele garantiu e sorriu para Rosalie.

— Não acredito que Esme finalmente encontrou uma nora a altura — Carlisle riu, recebendo um olhar direto da esposa. — Agora só faltam vocês, garotas. Quem será a próxima?

Eu e Alice nos entreolhamos, mas sabiamente não respondemos. Olhei para Edward, do lado da irmã, e mais uma vez me amaldiçoei por não conseguir tirá-lo dos meus pensamentos. A preocupação com Nick não nos deixou focar em muita coisa, é claro, mas a presença dele por perto me consumia. Toda vez que eu sentia o perfume dele, era tomada por uma saudade avassaladora daquele beijo. A minha mente não queria querê-lo, mas o meu coração se recusava a esquecê-lo. E o meu corpo, então, este estava decidido que o desejava.

Como se ouvisse meus pensamentos, ele me olhou naquela hora e sorriu. Eu não conseguia esquecer, também, a memória de ele orando por mim. A ternura que suas palavras carregavam, enquanto as dizia para Deus. Tudo aquilo junto estava me deixando tão confusa! Eu estava tão angustiada como jamais estive antes. E eu só queria descobrir como fazer parar.

— Estou muito feliz por vocês terem se acertado — me dirigi a Emm e Rose, tentando dispersar meus pensamentos. Que bom que eu era uma boa atriz!

Ela ficou vermelha.

— Obrigada, Bella — Rose respondeu. — Eu quero muito agradecer o que você tem feito por mim, pela Nick... Jamais poderei retribuir. Você é um tesouro que Deus colocou nas nossas vidas.

Troquei um olhar rápido com Emmett. Não tínhamos contado a eles que era Emmett quem estava arcando com todas as despesas de Dominique, e nem iriamos. Aquilo poderia anular totalmente o contrato que eu tinha com Edward e eu tinha muito medo de que aquilo pudesse significar a saída dele das nossas vidas.

— Não precisa agradecer — sorri. — Já vejo a Nick como a minha sobrinha, também.

— Ela vai ser oficialmente, quando nos casarmos — Emmett comentou.

— Emm!

Rose ficou vermelha como um pimentão, nos fazendo rir.

— O que? Não precisa ser agora, mas quero me casar com você algum dia, Rose.

Atraída pelo conteúdo da conversa, a loirinha se levantou desajeitadamente do chão onde brincava com a prima e se empoleirou no colo de Emmett.

— Você vai casar com a mamãe? — ela questionou, com os olhinhos brilhando, enquanto apertava as bochechas de Emmett para demonstrar seriedade.

— Eu vou, sim — ele respondeu com convicção.

— E aí você vai ser o meu papai de verdade?!

A menina parecia jamais ter ouvido noticia melhor. Ela estava quase quicando de animação. Emmett, com cuidado, sentou-a em sua perna e a fez ficar de frente para ele.

— Eu já sou seu pai, Nick. Desde o dia em que você me escolheu. E eu nunca mais vou te deixar.

Lagrimas escorreram silenciosas do rosto de Rosalie quando a filha abraçou meu irmão e eu, também comovida, passei um dos braços ao redor dela, sorrindo. Também, pudera. Emmett tinha emocionado todos na sala. Senti algo puxando a barra do meu vestido e quando desviei meu olhar da cena e olhei para baixo Eden estava ali, com um biquinho no rosto, com as mãos esticadas para mim pedindo colo. Me soltei de Rose e a peguei e ela me olhou com aqueles olhos carentes que denunciavam que ela queria alguma coisa.

— O que foi, bebê?

— Você e o meu pai vão se casar também? — ela perguntou.

Abri a minha boca, mas nada saiu. Olhei para Edward, que também tinha escutado a pergunta. Entrei em pânico, sem saber o que fazer. Eu já tinha chegado ao extremo de contratar um homem para fingir ser pai dela, tudo por conta de seus pedidos. Até onde mais eu iria? Um casamento falso? Mesmo que eu fosse louca o suficiente, Edward jamais concordaria, eu vi em seu olhar. Ele chegou mais perto e se sentou do meu lado, pronto a dar uma resposta que eu precisava, mas não tinha coragem de dar a ela: um não.

— Não, princesa, eu e sua mãe não vamos nos casar — ele disse.

As palavras, por mais verdadeiras que fossem, causaram incomodo em mim.

— Por quê? — ela aumentou o bico. — Se tia Rose e tio Emmett podem casar, porque vocês não?

— Porque tia Rose e tio Emmett são um casal. A sua mãe e eu não somos.

— Então sejam um!

— Não é assim que funciona, Eden.

— Eu quero que vocês se casem também!

Eu olhei para Edward desesperada. A tristeza na voz dela doía em mim quase que fisicamente. Ele viu meu olhar e fez que não com a cabeça. Eu assenti, me segurando para deixa-lo conduzir essa conversa.

— Edeline, eu e sua mãe te amamos, mas não podemos nos casar. Sinto muito — Edward deu sua sentença final. Ela me olhou, prestes a chorar.

— Mamãe, casa com o papai?

Meu coração se quebrou.

— Filha...

— Edeline, não significa não — Edward me cortou.

Eu deveria ter ficado brava, mas fiquei grata. Eu já tinha forjado uma mentira enorme para lhe dar um pai quando ela pediu um, e dei muita sorte por aquilo ter saído melhor do que planejei. E o que eu teria feito, então, se Edward não tivesse me cortado? Eu sabia que precisava começar a colocar limites na minha filha, mas eu agia por impulso quando ela me pedia algo.

Eu vi, porém, o estrago que tinha causado nela quando, diante da recusa, ela lançou um olhar de pura inveja para Dominique, que descansava no peito de Emmett. Edward a abraçou antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa, e ela enterrou a cabeça no peito dele, soltando pequenos soluços.

— Eeeeeeentão! — Emmett exclamou, mudando o assunto de forma nada sutil para que a atenção de Eden pudesse ser desviada da conversa. — Sabe o que a Nick me contou quando estávamos vindo para cá?

— O que ela contou? — Edward sabiamente entrou no jogo.

— Que nunca foi à praia!

Olhei para Rose, curiosa.

— Nunca? — questionei. Eden era apaixonada pela praia, tanto que morávamos na frente de uma.

— Morávamos longe demais e não tínhamos carro — ela justificou.

— Por que não aproveitamos agora? — sugeri, achando que aquilo animaria Eden. — Hoje está relativamente quente e temos que aproveitar esse inicio de outono antes que a chuva comece.

— Vamos, vamos, vamos, vamos, vamos, vamos! — Dominique pulou do colo de Emmett para o chão, veio até Eden e a puxou do meu colo também. Edward cutucou a cintura dela até que os resmungos se transformaram em pequenas risadinhas. Ela olhou para cima e ao ver a prima se animou, a inveja e a discussão já esquecidas.

— Filha, cuidado! — Rose pediu. — Você acha que esta bem para isso?

— Tô, mamãe! Por favooooooor.

Rosalie fez uma careta, mas a briga já estava ganha. Não tinha jeito, mãe é mãe. Ela olhou para Emmett.

— Fica muito longe daqui?

Nós rimos. Até Alice levantou o rosto do celular onde digitava com a pergunta.

— Você nunca foi até a parte de trás da mansão, foi? — ela perguntou.

— Não...

— A saída de lá dá de frente para a praia.

Rosalie arregalou os olhos.

— O que estamos esperando? — me levantei, desesperada para sair da tensão daquela sala. — Vamos realizar o sonho de uma princesa!

Subimos para nos trocar. Minha mãe fez questão de aprontar as meninas, e eu sabia que ela conversaria com Eden lá em cima. Ela era muito melhor nesse tipo de conversa do que eu. Então fui direto para o meu quarto colocar uma roupa de banho e pegar toalhas, arrastando Rosalie comigo para que pudesse lhe emprestar um maiô.

— Desculpe pela cena que Eden fez — eu disse a Rosalie enquanto lhe passava o traje de banho. Eu estava envergonhada pelo que tinha acontecido. Edeline tinha tudo na vida, não tinha porque invejar a prima que já tinha sofrido tanto.

— Imagina. São crianças, elas não medem o que falam.

— A Nick mede — suspirei, lembrando da pequena que mesmo já tendo passado por tanto, era tão doce. — Acho que na minha vontade de superproteger Edeline, acabei privando ela de aprender algumas coisas que eram necessárias.

— Bella, eu sei o que é ter a segurança da sua filha como prioridade — Rose afirmou, enquanto se trocava. — Não se preocupe, Eden aprenderá tudo o que precisa aprender ao longo da vida, por enquanto ela ainda é uma criança inocente, mas que tem uma mãe que faria de tudo por ela, e isso basta. Você é uma ótima mãe, não se recrimine.

As palavras dela não me animaram muito, mas assenti e me pus a trocar de traje sem dizer mais nada. Ainda estava afetada por tudo o que tinha visto e ouvido. Uma vez prontas, descemos novamente, onde as meninas já estavam eufóricas e pulando ao redor de Esme, Carlisle e Edward enquanto nos esperavam. Emmett e Alice ainda não tinham descido.

— Ela está bem? — perguntei a minha mãe enquanto olhava para Edeline, que agora estava sendo erguida até os ombros por Edward. Meu pai erguia Dominique da mesma maneira.

— Ela não aceitou exatamente. Insiste em dizer que vocês vão se casar sim, boa sorte com isso — minha mãe respondeu.

Eu estava com um belo problema em mãos agora. Ela não pararia de insistir naquilo tão cedo. Quem poderia culpa-la por acreditar que aconteceria, quando eu jamais tinha recusado um pedido seu? Fui eu quem a ensinei que tudo o que ela pedisse seria atendido. E seria eu a decepcioná-la agora.

— Eu a estraguei mesmo, não foi?

— Você fez o melhor que podia, querida — mamãe passou os braços ao redor dos meus ombros, me confortando. O que era estranho, porque Esme era sempre a primeira a me recriminar pela forma como eu a criava. — Ela vai crescer e vai entender com o tempo.

— Eu a mimei demais.

— Isso é verdade.

Não disse?

— Prontinha! — Alice nos interrompeu, chegando enrolada em uma canga e ainda com a cara enfiada no celular.

— Ah não. Não me importo se é Jasper ou o Papa nesse celular, vai guarda-lo! — Esme gritou.

Alice a olhou.

— Mas, mãe...

Irritada com a recusa, Esme puxou o celular da mão dela e jogou em minha direção.

— Leve pro quarto da sua irmã. Ela só vai tê-lo de novo quando der a devida atenção para a família dela.

Alice bufou, mas não retrucou.

Dando risada e fiquei com dó da minha irmã, mas obedeci e subi de novo, refazendo o caminho até o meu quarto. Porém, parei ao passar na frente do quarto de Emmett, onde a porta estava entreaberta e a voz dele podia ser ouvida. Ao olhar pela fresta, porém, paralisei no lugar. Não. Emmett, não podia estar fazendo o que eu achava que ele estava fazendo. Era impossível. Não ele.

— Sou grato por ter cuidado da Dominique e pela sua misericórdia. Por favor, aceite a minha vida e me ajude a descobrir o que é depender de você.

Emmett estava de joelhos no chão do seu quarto, com o rosto quase tocando o chão e os olhos fechados. Ele estava orando! Por que raios ele estava orando? Emmett não orava. Ou pelo menos, não até aquele momento. O que tinha dado nas pessoas ao meu redor? Eu não podia acreditar que aquilo estava acontecendo.

Sem querer que ele me flagrasse bisbilhotando, forcei minhas pernas a me moverem até onde o quarto de Alice, joguei o celular na cama dela e corri de volta lá pra baixo, ainda chocada demais para dizer alguma coisa.

Aquele dia estava sendo uma sucessão de surpresas sem fim e eu torcia para que a minha capacidade de atuação resistisse aos caos em que eu me encontrava por dentro. Eram tantas coisas para uma pessoa só... Eu já estava tendo que lidar com a péssima imagem pública que ameaçava meu novo álbum, a quebra do contrato que poderia ocasionar uma grande confusão e esse sentimento irritante por Edward que se recusava a desaparecer, e agora a minha filha estava demonstrando os sinais da péssima criação que eu dei a ela e eu não sabia como consertar aquilo, Edward estava orando por mim e colocando duvidas no meu coração quanto a tudo o que acreditei a minha vida toda e, como se não bastasse, aparentemente o meu irmão tinha entrado no mesmo barco agora. Minha vida estava virando uma bola de neve crescente e descontrolada em uma ladeira íngreme, e o meu emocional estava bem no centro como alvo do colapso.

— Bella? Você está ouvindo? — ouvi a voz de Edward me tirar dos meus devaneios.

Olhando em volta, percebi que Emmett já tinha descido e estavam todos prontos, provavelmente apenas me esperando. Respirei fundo e, depois de lançar um olhar indignado a Emmett que o deixou confuso, ajeitei minha bolsa no ombro e me encaminhei para os fundos.

— Bella? — Edward chamou novamente.

— Sim?

— Eu tinha lhe perguntado se não seria uma boa ideia chamar Seth e Leah.

Franzi o cenho. Eu não tinha percebido, mas os dois estavam parados na sala, um pouco atrás dos meus pais. Leah carregava uma boia infantil nos braços e Seth tinha um bolinho na boca. E, claro, Edward tinha que tentar dar uma de bom moço.

— Vocês terminaram tudo o que tinham para fazer? — perguntei.

— Por acaso você é a Lady Tremaine e os dois sua Cinderela? — Edward bufou, já irritado. — Qual o problema de eles irem na praia?

— Problema nenhum se isso não for desconcentrá-los.

— Bella, você é tão...

— Está tudo bem — Leah interrompeu. — Eu só tinha vindo lembrar a Eden de não esquecer a boia. Eu tenho mesmo muita coisa pra fazer ainda, se ficar perdendo tempo vou atrasar nos prazos. Com licença.

Ela passou a boia para a mão de Alice e subiu as escadas, provavelmente em direção a biblioteca. Leah vinha passando muito tempo lá ultimamente. Edward me olhava indignado, provavelmente julgando sem ter entendido nada. Eu não queria que eles dessem prioridade ao lazer ao invés de a responsabilidade, mas eu também sabia que stress demais só prejudicava. Suspirei.

— Seth — chamei. O garoto nos olhava com a expressão de um labrador abandonado. — Sua irmã não é muito paciente para escutar, mas eu acho que seria bom vocês curtirem um pouco. Chame ela e encontramos vocês lá na praia, ok?

Ele abriu um sorriso enorme.

— É pra já, chefinha.

Então ele subiu as escadas de dois em dois degraus, sorrindo.

— Viu? Não doeu, doeu?

Bufei e passei direto por Edward, fazendo-o rir. Passada a confusão, fomos para os fundos da mansão. Era preciso passar pela área da piscina e seguir mais adiante para chegar a um deque que daria em um pequeno gramado com trilha. Era preciso andar apenas alguns poucos metros para que nossos pés tocassem na areia branca e fofa que Santa Monica tinha a oferecer. As meninas, empolgadas, saíram correndo e saltitando, com Eden na frente guiando o caminho já conhecido.

— Uau — Edward, que até então estava caminhando ao lado de Alice, se aproximou de mim conforme descíamos pelo caminho e a paisagem da praia ficava visível. — Que vista incrível.

Olhei para seu rosto e sorri. Ele estava maravilhado, com os olhos brilhando em direção a água. Se se isso fosse possível, ele ficava ainda mais bonito com aquele brilho no olhar.

— Você nunca esteve na praia, Edward? — questionei, surpresa.

Ele negou.

— Nunca tivemos meios, tempo, ou dinheiro necessário. Quando éramos crianças, meu pai vivia planejando juntar dinheiro e nos trazer de ônibus, mas nunca aconteceu.

— Então essa também é a primeira vez de vocês na praia? — Emmett parecia perplexo.

Para Emmett, era difícil entender como um lugar como a praia, tão acessível e geralmente publico, podia ser de difícil acesso para algumas pessoas. Ele tinha nascido e crescido como um Cullen, diferente de mim e de Alice. Antes de sermos adotadas, nenhuma das duas tinha conhecido a praia também. Essa foi uma das primeiras coisas que Esme, Carlisle e Emmett nos levaram a fazer quando nos mudamos. E eu era apaixonada pela praia desde então.

— Sim — Rosalie respondeu a pergunta feita por Emmett. — Nunca imaginei que pudesse ser tão... AH!

Antes que Rosalie pudesse terminar a frase, Emmett a tinha pegado no colo, sorrindo de orelha a orelha.

— Então deixe-me levar a moça mais belas do país para conhecer um dos lugares mais bonitos da Califórnia na companhia do homem mais lindo da vida dela.

Rosalie gargalhou e, ainda com as duas mãos segurando o pescoço dele, o beijou. E então os dois saíram correndo para alcançar as meninas à frente, com Emmett sacudindo uma Rosalie sorridente em seu colo.

— Eles são tão lindos juntos — Esme suspirou, observando os dois descerem pela areia.

— Emmett foi a resposta de muitas orações minha — Edward comentou.

— Como assim? — questionei.

— Há muito tempo eu venho pedindo para Deus que Rosalie encontrasse alguém decente que a fizesse feliz. E veja só. Emmett parece sempre saber exatamente o que fazer para que ela sorria e ele faz. Ela passou a ultima semana sob muita tensão e preocupada com Dominique, e bastou um gesto dele para que ela relaxasse e ficasse feliz como se nada no mundo estivesse errado. Esse é o tipo de amor que todos deveriam encontrar.

Involuntariamente, eu acabei olhando para Edward ao ouvir sua sentença. Não foi uma boa ideia, porque ele também estava olhando para mim, o que me fez corar até a raiz dos cabelos. Eu tinha que me controlar.

Aquela altura, tínhamos chegado à parte central da praia, onde havia um sofá de praia, camas de chão e algumas espreguiçadeiras cobertas em uma área de conforto que eu tinha mandado construir naquela parte da praia que pertencia à minha casa. Esme e Carlisle foram rápidos e pegar um lugar em uma das camas, enquanto Alice se jogou preguiçosamente em uma das espreguiçadeiras. Emmett e Rosalie já estavam perto da beira da água, molhando os pés, andando de mãos dadas e sorrindo como dois bobos da corte.

Busquei Edeline, que tinha corrido na frente com Nick desde que saímos da casa, e encontrei as duas ajoelhadas na areia perto de uma das camas, onde pareciam estar tentando dividir baldinhos, pazinhas e moldes de areia. Eles eram muitos, porque Eden os tinha em abundância. Edward e eu fomos até a cama onde elas estavam.

— Esse aqui faz conchinhas na areia, esse aqui monta o castelo, esse aqui... — Eden tentava explicar para a prima para que cada um de seus acessórios fazia, enquanto a loirinha prestava toda atenção como se o que Edeline dizia fosse o conteúdo principal de uma matéria muito importante. Elas estavam muito fofas com dois maiôs, Eden em um que imitava uma sereia e Dominique com um do que eu tinha comprado no ultimo verão para Eden, que fazia o estilo marinheira.

— Filha, onde estão suas boias? — perguntei, não as vendo em lugar algum. Edeline sabia nadar, mas tinha uma coleção de boias enormes que ela gostava de usar porque eram grandes e coloridas.

Ela e Dominique me olharam.

— Não sei, mamãe. Eu tinha pedido pra Leah pegar.

Eu me lembrava mesmo de ter visto Leah com uma na mão antes da pequena cena na sala. Virei-me para minha irmã, totalmente largada ao sol perto de nós.

— Alice? Você não estava com a boia da Eden na mão?

— Deixei no sofá — ela resmungou. — Não sou obrigada a carregar aquela coisa.

Fiz uma careta. Pelo visto, ela ainda estava brava pelo fato de não poder falar com Jasper naquele momento.

— Ah, eu esqueci o walkie talk na casa — reclamei, depois de vasculhar na bolsa. — Vão ter que se contentar com os castelinhos de areia por enquanto, garotas. Mais tarde eu peço para Seth ir buscar as boias e vocês entram na agua, combinado?

— Sim! — as duas gritaram, animadas.

Fui tirando as coisas necessárias da bolsa. Separei o protetor solar, óculos de sol, canga e toalha tanto as minhas quanto as das meninas. Edward ainda observava tudo calado, parecendo impressionado.

— Lindo, não é? — eu perguntei. Ele concordou com a cabeça. — É um dos meus lugares preferidos para relaxar, essa praia. Sente-se, fique a vontade.

Ele deu a volta na cama e sentou-se do outro lado dela, perto de mim. Seus olhos vasculharam o mar, passaram pelas meninas brincando no chão e pousaram em mim, enquanto eu prendia meu cabelo.

— Consigo entender o porquê é um dos seus lugares preferidos. É tudo tão calmo, sereno. É uma praia deserta?

— É uma praia particular — respondi. — Só os moradores desse complexo, onde ficam as casas dos grandes artistas e milionários, é quem tem acesso. Mas a maioria esta sempre viajando nessa parte do ano, por isso está tão vazia. Fora os moradores, só há alguns comércios um pouco mais ali na frente, que fazem parte da rede do complexo paro conforto dos moradores. Há um restaurante, uma loja de roupas de praia e uma loja de artigos de praia também.

— Há quanto tempo mora aqui?

— Uns cinco anos, desde um pouco depois que Eden nasceu. Ela ama praias desde bebê e então comprei a mansão para que ela tivesse a dela sempre que quisesse.

Edward riu.

— Meu Deus, Bella. Não tem limites mesmo para o que você daria a Edeline, não é?

— Bom, aparentemente, um casamento falso com você está nos meus limites.

— Ah, não está. Você iria sugerir aquilo, eu sei que ia. Eu te impedi a tempo.

Fiz uma careta. Ele tinha razão.

Ouvimos risadas e levantamos o olhar para onde uma Rosalie sem fôlego corria em nossa direção e um Emmett eufórico a perseguia correndo. Quando estavam prestes a chegar até nós, Emmett consegui alcança-la pela cintura e a prendeu em um abraço, depositando um beijo em sua têmpora. E então eles vieram até nós, abraçados.

— Meu Deus, será que dá pra guardar a melação pra quando estiverem a sós? — perguntei, brincando.

Rosalie corou. Ela estava muito bonita no meu maiô preto, mesmo que ele fosse terrivelmente fechado e comportado. Fiz uma nota mental de dar o maiô a ela.

— Não — Emmett riu. — Porque as princesas ainda não estão na água?

Ao som da voz de Emmett, Dominique levantou e foi até ele, que a pegou no colo. Edeline levantou-se da areia também, com um olhar enciumado e um bico no rosto, e pulou no meu colo.

— Alice largou a boia no sofá — bufei. Aproveitando o momento, peguei o protetor com maior fator e espalhei na minha mão. Mesmo com o sol baixo de Agosto, estávamos no meio da tarde e eu não queria arriscar queimar a pele das meninas. — Rose, me ajude aqui.

Passei o protetor para ela, que também encheu a mão e começou a passa em Dominique, principalmente nas costas dela, onde ficava a protuberância do lipoma. Ela resmungaram, mas cooperaram.

— Vamos comprar outros, então. Dominique vai precisar de suas próprias boias de quiser aprender a nadar desta vez, não é?

Dominique soltou um gritinho e grudou sua bochecha na de Emmett após ouvir a sugestão. Eden puxou meu rosto até o seu.

— Quero boias novas também, mamãe.

Ela estava ficando realmente enciumada por Dominique e eu fiquei com medo de até onde aquilo poderia chegar. Suspirei e me levantei, colocando Eden no chão com a mão presa na minha.

— Tudo bem, vamos comprar boias novas então.

Peguei a carteira dentro da bolsa sob o olhar atento, e reprovador, de Edward.

— Vocês vão comprar boias novas porque estão com preguiça de ir lá em cima pegar as que já tem?

Rolei os olhos. Edward as vezes conseguia ser bem chato.

— São só boias, Edward. Deixe as meninas serem felizes.

— Eu já volto, Ursinha — Emmett disse para Rosalie, e depois lhe deu um beijo antes de me seguir com Nick agarrada à sua mão.

As lojas não ficavam muito longe da área do complexo de mansões, apenas alguns metros andando pela areia. Eu estava incomodada por estar a sós com Emmett depois de tê-lo visto orando. Eu ainda não sabia o que pensar daquilo, ou dele. Alice não saia mais de dentro da igreja. Meus pais agora a frequentavam todo o domingo. E agora Emmett estava orando por ai. Me senti sozinha e um tanto quanto traída.

— Está tudo bem, Bella? — Emmett me perguntou.

— Todo ótimo — menti.

— Fala sério, você está toda esquisita hoje, eu te conheço — ele suspirou. — Olha, eu sei que tenho focado demais em Rosalie e em Dominique, e com ela no hospital eu deixei de cuidar da sua agenda, mas eu...

— Emm, para — pedi. —Não tem nada a ver com a minha carreira, ta legal? Quer dizer, está tudo um caos por causa das mentiras do Mike, mas eu consigo lidar com isso. Estou feliz por você e por Rose, e quero que esteja com ela nesse momento. Não se preocupe comigo.

Eu fui sincera. Por mais que tudo perecesse estar desabando e por mais que eu estivesse me sentindo abandonada, eu estava imensamente feliz por Emmett e Rosalie. Ela não era exatamente o tipo de mulher com quem eu pensei que Emmett ficaria, mas era tudo o que ele precisava e queria. E eu queria que o meu irmão fosse feliz. Apoiaria os dois tanto quanto fosse necessário, mesmo que tudo aquilo estivesse também causando caos na mente da minha filha.

— Obrigado — ele sorriu de canto, mas seu olhar para mim ainda era preocupado. — Mas qualquer um que te conheça vê que você não está bem, Bella. Você se manteve quieta o dia todo, está fora do ar, e está me olhando estranho agora. O que está te incomodando, irmã?

Eu olhei para o céu aberto, sem nuvens, me perguntando se deveria ser honesta. Emmett tinha essa preocupação genuína no olhar que fazia a gente querer se abrir na hora. Não me surpreendia que ele tivesse conseguido fazer Rosalie se abrir. Emmett era simplesmente confiável. Ele tinha conquistado a mim e a Alice desde a primeira vez que foi nos visitar no orfanato, quando ainda era um menino. Ele nos fez suas amigas e depois nos fez suas irmãs. Ele sempre tentou nos proteger e nos fazer sentir queridas. Por causa dele, o processo de adoção e adaptação tinha sido mais fácil. Ele se formou e ficou ao meu lado para dar suporte na minha carreira, ao invés de ir atrás de sua própria. Me ajudou a criar a minha filha e foi presente sempre que ela precisou. Embarcou na loucura de contratar alguém para fingir ser pai da minha filha comigo. Como eu podia não ser sincera com o meu irmão, depois de tudo o que já tínhamos passado?

Quando já estávamos perto das lojas, Edeline se soltou da minha mão e saiu correndo na frente, o que fez com que Dominique a imitasse e soltasse Emmett para correr atrás da prima. Como elas estavam perto e eu conhecia a loja, deixei-as ir.

— Eu ouvi você orando — contei, por fim. — Antes de sairmos de casa, eu fui guardar o celular da Alice e ouvi você orando.

Emmett franziu o cenho, confuso.

— Está estranha comigo por causa disso?

— Eu estou meio que em uma crise de identidade, Emm — confessei, chateada. — Eu estou me questionando sobre tudo o que já vivi e tudo no qual acredito ultimamente. E eu tenho resistido a algumas ideias, e ter visto que agora até você está se entregando a essa fé estranha, me abalou um pouco.

Estávamos prestes a entrar na loja quando Emmett me parou e me impediu de entrar. Dali podíamos ver Eden arrastando Dominique por cada corredor, olhando todo o tipo de boia que tinha. O vendedor, que já conhecia Eden, apenas olhava de longe. Olhei para Emmett, ele soltou meu braço, mas permanecemos na entrada.

— Você sabe o quanto eu me apeguei a Dominique, não sabe? — ele me perguntou. Não entendi aonde ele queria chegar, mas assenti.

— Eu sei que você a está enxergando como filha, como uma segunda chance da vida depois da morte da Elizabeth, ou algo assim. Não tenho certeza se isso é saudável, mas consigo entender o sentimento.

— Eu sei que Dominique não é a Lizzie, mas estou tendo a chance de ser o pai que eu não pude ser para Elizabeth. E, agora que eu e Rose estamos juntos, me sinto ainda mais como pai dela. E, Bella, vê-la naquele hospital, fazendo exames e mais exames, sempre cansada e pedindo para ir para casa... Foi como reviver os dias no hospital com Lizzie, antes de ela falecer. Eu morri de medo.

Assenti, imaginando como deve ter sido para ele. A época em que Lizzie passou no hospital, depois que a encontramos, foi a mais difícil da vida de Emmett. Ele não saia do lado dela, não comia direito, não falava conosco. E, quando ela morreu, foi devastador. E nós sabíamos o quanto Emmett estava apegado com Dominique e eu e minha mãe, principalmente, ficamos muito preocupadas com o que aquele novo período em um hospital poderia causar nele.

— Sei que se fosse com a minha filha eu passaria cada minuto dela lá dentro desesperada — afirmei, sabendo que era verdade. Eden nunca ficou seriamente doente, mas eu tremia só de pensar em vê-la naquele lugar.

— Consegue me entender, então — ele disse. — Eu ouvia Rosalie orando todos os dias na beira da cama da Nick quando ela dormia e eu admirei a fé dela. Então, eu fiz uma oração lá, também. Eu orei ao Deus da Rosalie e pedi a Ele, disse que se Ele fizesse a Dominique ir para casa bem e a fizesse ficar boa, eu daria minha vida pra ele também. Bom, Ele me ouviu. Ela tinha passado a semana com dor e os médicos não decidiam o que fazer. E no dia seguinte ela foi liberada já sem dor e com um bom prognostico para a cirurgia. Então, eu cumpri a minha promessa. Até pedi para Edward me ajudar a comprar uma Bíblia ontem, porque existem vários modelos e eu fiquei confuso...

Ele continuou falando sobre a diferença das bíblias que ele viu, mas eu não estava mais ouvindo. Estava tentando me lembrar de como respirar depois de ouvir aquilo. Deus tinha curado a minha sobrinha? Aquilo não podia ser verdade. Mas, ao mesmo tempo, fazia todo o sentido. Era aquilo que chamavam de milagre? Eu tinha presenciado um milagre há apenas uma semana e, agora, ouvia falar sobre outro, ambos próximos a mim. O que que estava acontecendo ao meu redor, afinal? Eu tinha a impressão de que estava sendo perseguida por esse Deus invisível, sem nome e misterioso, no qual todos pareciam confiar, menos eu. Agora, Ele tinha conquistado até o meu irmão.

— Emmett eu... Não sei o que dizer. Estou chocada.

Ele riu, parecendo tão maravilhado quanto eu estava apavorada.

— É chocante mesmo, Bells, mas é a verdade. E eu estou impressionado com Ele, também. Eu ainda não tenho como te dizer muito, mas sei que tomei a decisão certa. Ele fez Dominique ficar bem, fez Rosalie estar feliz e é tudo o que eu preciso para confiar nele.

Eu respirei fundo, tentando fazer as minhas emoções ficarem sobre controle. Me lembrei de que estávamos em um local aberto, em frente a uma loja e com crianças sob a nossa responsabilidade. A história de Emmett só tinha acrescentado mais à minha pequena lista de confusões na minha mente. Eu não sabia mais o que pensar, dizer ou como agir. E nem no que acreditar. Pareceu tão fácil pra Emmett cumprir a promessa, entregar sua vida daquele jeito. Simplesmente acreditar que Ele existia e que tinha feito aquilo. Mas, para mim, era angustiante saber de tudo aquilo e não ter mais certeza, porque duvidar do que eu acreditava era duvidar de quem eu era. E aquilo me apavorava.

Será que era por aquilo que Emmett parecia tão feliz, tão tranquilo? Não só ele, como Rosalie também. Tinham mudado da noite para o dia. Fora Deus quem fez aquilo? Ele curara Dominique porque queria Emmett com Ele também? Mas é claro que Ele queria, que pergunta idiota. Emmett era bom, tinha o coração mais puro que um adulto poderia ter, ele era como uma criança. Já eu? Não, Deus não iria me querer.

— Você está bem, Bella?

Engoli em seco, mais uma vez tentando me forçar a esquecer todo aquele assunto. Esse habito estava se tornando frequente demais.

— Estou — me forcei a dizer. Pelo cara de Emmett, ele não acreditou. — Vamos, as meninas estão esperando.

Deixei Emmett para trás e entrei na loja, desviando de grandes equipamentos e indo até onde as meninas estavam. Edeline já estava com duas boias diferentes na mão e outra na cintura, enquanto Dominique apenas observava, quietinha.

— Escolheram o que querem? — perguntei. Senti Emmett chegando ao meu lado, mas não olhei para ele.

— Nick não quer escolher — Eden jogou as duas boias já selecionadas na minha mão, enquanto a terceira continuava na sua cintura. — Posso ter mais moldes de areia?

Suspirei. Era um prazer para mim dar tudo o que a minha filha me pedia, mas depois do que eu tinha presenciado naquele dia o comportamento de Eden estava começando a me incomodar, eu estava percebendo padrões no estrago que eu tinha feito nela e, principalmente, quando a comparava com Dominique.

Porém, mesmo sabendo de tudo isso, eu ainda não conseguiria dizer não.

— Pegue o que quiser, querida.

Ela me lançou um sorriso radiante e correu para o corredor ao lado, onde ficavam seus baldes e moldes preferidos para brincar. Era aquilo que me impedia de dizer não, que fazia parecer valer a pena sacrificar o caráter de Edeline pela felicidade dela. A quele sorriso tão sincero que se abria em seu rosto, satisfeita, que indicava que ela jamais passaria ou sentiria o que eu passei e senti quando tinha a idade dela.

— E a sua bóia, Nick? — Emmett perguntou. Ele se agachou na frente dela e ela chegou mais perto dele. Ela olhava para tudo deslumbrada, porém retraída.

— Não precisa, papi.

Olhei para Emmett, estranhando. Que tipo de criança abre mão de sua vontade ao identificar o que é necessário e o que não é? O olhar dela respondia a pergunta.

— Claro que precisa, princesa. Você não quer entrar no mar comigo? — Emmett estimulou.

— Quero.

— Então, precisa de uma bóia. Pode escolher, eu vou te dar.

Ela olhou ansiosa para uma boia redonda no formato de um unicórnio e Emmett, já esperto, pegou-a e deu na mão dela. Ela sorriu da mesma forma que Edeline sorria quando ganhava as coisas. Eu estranhei aquilo, porque Dominique era muito cheia de vida, nunca pensei que ela fosse acanhada para receber as coisas. Mas, de fato, eu já tinha visto e ouvido ela pedir coisas como pedir ao Emmett que fosse seu pai ou pedir que ele lhe ensinasse a nada, mas eu nunca tinha visto ela pedir nada material, ou que custasse dinheiro.

É, ela tinha muito a aprender agora que tinha entrado para a família Cullen.

Emmett também fez ela escolher mais alguns brinquedos de praia antes de irmos ao caixa. Edeline veio em minha direção com mais um montante de brinquedos e acessórios, tantos quanto cabiam nos seus pequenos bracinhos. Fomos para o caixa e pagamos tudo antes de voltarmos à praia, onde as meninas prontamente saíram correndo em direção ao restante da família, sacudindo seus baldinhos enquanto eu e Emmett carregávamos as boias. Emmett olhava para Dominique correndo na areia tão bobo quanto eu provavelmente olhava para Eden.

— Estou feliz por você, irmão — eu disse, antes de alcançarmos o pessoal. — Você merece essa felicidade.

Ele sorriu.

— Obrigado, Bella.

— Olha mamãe, é um unicórnio! — Dominique exclamou quando chegou até Rosalie, radiante com a sua boia agora em suas mãos.

—É linda, meu amor — ela respondeu e depois olhou para Emmett. — Obrigada. Sabe que não precisa ficar comprando coisas para ela.

— Eu quero.

Eu me joguei em uma das camas, perto de onde Esme e Carlisle estavam, querendo relaxar um pouco. As meninas começaram a insistir que Emmett e Edward fossem com elas até a agua e, é claro, eles atenderam na hora. Eram dois bobões totalmente entregues à vontade de duas garotinhas. Bem, eu não podia dizer nada. Eu também era uma bobona entrega às vontades da minha garotinha.

Coloquei meus óculos de sol e estava prestes a fechar o olho quando, apressado pelos gritos de Edeline, Edward tirou a camiseta que usava. Meu coração disparou no peito enquanto eu, disfarçadamente por causa dos óculos, percorria cada detalhe precioso. Eu já tinha o visto sem camisa, no dia em que almoçamos na casa dos meus pais, mas ele não parecera tão atraente assim na ocasião. O que tinha mudado desde então?

— Fecha a boca ou vai escorrer a baba — Rosalie sentou ao meu lado na cama, rindo.

Eu não tinha percebido que estava com a boca aberta. Fechei-a rapidamente, desviando o olhar de Edward. Era ridícula a maneira como meu corpo tinha reagido, eu já tinha visto diversos homens sem camisa na vida, o que Edward tinha de diferente?

— Olha só, ela está toda vermelha — Alice, saída de sabe-se Deus onde, aproveitou para se empoleirar na cama conosco também. — Mas é compreensível, ele é bonito.

— Eu não sei como ele consegue manter aquela forma. Nunca frequentou uma academia na vida — Rosalie garantiu.

Olhei para Rosalie por cima dos óculos.

— Você provavelmente também não, mas tem o corpo de uma deusa grega.

Rose corou.

— Sim, isso é o que eu chamo de benção de Deus — Alice riu.

— Emmett está bem servido — comentei.

Rosalie pareceu incomodada com o comentário. Ela olhou para onde Emmett e Edward brincavam com as meninas, vendo Emm levantar Dominique do ar e cair com ela na agua. Ao lado deles, Edward mantinha Edeline em seus ombros e ela gritava de empolgação. As boias estavam esquecidas à deriva perto deles.

— Emmett não está com Rosalie por causa do corpo dela — Esme disse, fazendo com que olhássemos para ela na cama ao lado, onde ela descansava sob o peito do meu pai que parecia estar dormindo. — E sim porque ela é uma moça encantadora e ele a ama — ela disse, fazendo Rosalie corar. — Não se envergonhe, querida. Esse deveria o motivo de todas as uniões. Tenha orgulho porque você e Emmett encontraram o quer todo mundo sonha encontrar, mas nem todos tem paciência de esperar.

— Eu não estava procurando — ela confessou, sorrindo feito boba. — Eu não estava sequer esperando. Emmett simplesmente apareceu de surpresa na minha vida, e eu não poderia estar me sentindo mais grata.

— Vocês são tão fofos — Alice suspirou, com ar sonhador.

— E esses seus suspiros, tem dono mocinha? — ouvimos a voz de Carlisle, que permanecia com os olhos fechados. Eu ri, de bobo meu pai não tinha nada.

— Eu acho que os suspiros dela se chamam Jasper — comentei maliciosamente.

— Bella!

— O quê? Estou mentindo? — perguntei. A careta dela denunciava. — Eu não sei o que você viu nele, Alice. O cara parece ser tão chato, engomadinho, nem é muito bonito.

Alice suspirou novamente. Caramba ela gostava mesmo dele! Minha irmã nunca foi de se apegar a homem nenhum, nem em sua adolescência. Era a primeira vez que eu via ela com essa cara boba de apaixonada.

— Ele é cavalheiro, é muito inteligente, nós gostamos das mesmas coisas...

— Ele é uma boa pessoa — Rosalie concordou. — Jasper tem sido amigo da minha família há muito tempo, seria incrível ver vocês juntos. Jasper tem estado sozinho há muito tempo.

— É uma coisa boa que vocês o conheçam — Carlisle comentou.

— É bom, mas eu vou falar com ele no domingo de qualquer maneira.

— Mãe, por favor, não! — Alice protestou. — Nós só estamos nos conhecendo, você vai assustá-lo.

— Ora, Alice, se uma mãe preocupada e algumas perguntas o assustam, então saberemos que ele é frouxo demais para estar com você.

— Por favor, eu gosto dele de verdade — ela implorou.

Esme carinhosamente sorriu para Alice.

— Eu sei, meu bem. E é por isso que eu tenho que checa-lo. Não se preocupe, só farei o que for melhor para você.

Alice suspirou novamente, mas desta vez de frustração. Eu não sei porque ela ainda tentava, todos sabíamos o quanto era impossível parar a dona Esme Cullen.

— Não se preocupe, Pequenina. Eu vou junto e não vou deixar ela passar dos limites — Carlisle murmurou.

Esme deu um tapa no braço dele, mas estava sorrindo. Olhando para meus pais juntos eu sabia que eles também tinham a mesma coisa que mamãe disse que Rosalie tinha encontrado em Emmett.

Alice se esticou na cama até alcançar nossos pais da cama ao lado, e deu um beijo na bochecha de Carlisle.

— Você é o melhor, pai.

Ainda sorrindo, voltei a me recostar e relaxei na cama. Minha intenção era tirar um cochilo e relaxar, aproveitar a oportunidade, pois quando eu vinha a praia com Edeline quase nunca conseguia tal feito. Ela sempre exigia toda a minha atenção. Mas, daquela vez, ela estava segura com Edward e eu me surpreendi ao constatar que já confiava nele plenamente quando o assunto era a segurança da minha filha.

Mas, no fim, não consegui realmente relaxar. Enquanto Alice e Rosalie engatava em uma conversa sobre Jasper, eu não conseguia tirar os meus olhos de Edward e Edeline brincando na água. Eles mergulharam, fizeram guerra de água, jogaram vôlei contra Emmett e Dominique. De todos os sorrisos radiantes que Eden abria quando ganhava o que queria, nenhum deles se comparava com suas gargalhadas e com a felicidade contagiante que ela emanava quando estava perto de Edward.

De todas as idiotices e erros que já cometi na minha vida, diante daquela visão eu soube que ter contratado um homem para ser pai da minha filha não tinha sido um deles. Ela iria nos odiar no futuro se descobrisse, é claro, mas a infância dela e terá sido suprida e eventualmente ela me perdoaria. Eu sabia que tinha dado muita sorte em ter encontrado Edward, tão dedicado e tão entregue a ela. Ele se doou tanto ao papel de pai quanto Emmett com Dominique, e eu sabia que a aquela altura do campeonato Eden significava tanto para Edward quanto Nick parar o meu irmão.

Sem conseguir me conter, peguei meu celular e tirei uma foto dos dois e já salvando como minha tela de bloqueio. Eu não podia nem conseguiria ter o amor desse Deus misterioso na minha vida, mas talvez não fosse tarde demais para Edeline O ter. Ele com certeza a amava muito para ter dado Edward a ela.

— Deus é muito bom — Rosalie disse ao meu lado, como se estivesse respondendo aos meus pensamento. Eu tirei os óculos e percebi que ela admirava a mesma cena que eu. — Jamais pensei que Dominique teria a chance de viver uma relação de pai e filha descente, e vejam só.

Assenti, concordando com ela. Era surreal ver Eden tendo a única coisa que eu não pude garantir a ela sozinha.

— Sei como se sente — comentei. — Emmett já ama a Dominique como filha, você sabe não?

— Sei — Rose sorriu. — Assim como Edward ama Edeline. Deus foi bom com nós duas, cunhada.

Pela primeira vez, eu sorri diante da menção de Deus tendo feito algo por mim. Ter a vida controlada por um Deus invisível que eu não conhecia me apavorava e todos os meus questionamentos ainda estavam enclausurados no fundo da minha mente, mas se Deus podia mesmo garantir a felicidade da minha filha, ele não podia ser tão ruim assim.

— Sim, Ele foi — concordei.

O sol já estava se pondo quando finalmente conseguimos convencer as meninas a entrar. Estávamos todos cheios de areia por tudo e as duas mocinhas estavam com a pele enrugada por terem passado o dia na água. Carlisle e Esme voltaram para a casa, mas Alice, Emmett e Rosalie preferiram passar a noite ali mesmo. Depois de uma semana inteira no hospital, estavam com saudades de ficar todos juntos novamente.

Eu mesma me certifiquei de dar banho em Edeline, eu precisava cuidar dela um pouco depois de tê-la perdido o dia inteiro para Edward. Talvez eu estivesse começando a ficar enciumada. Ela estava nas nuvens com o dia que tinha tido, mas também estava exausta. Quando a coloquei na cama, ela deu um longo bocejo.

— Hum... Vejo que alguém aqui está prestes a desmaiar.

Ela riu do meu comentário, mas não discordou. Aconchegou-se no travesseiro e me olhou.

— Você devia ter nadado com a gente, mamãe.

Eu sorri e passei a mão pelos cabelos dourados dela, feliz por saber que ela sentia a minha falta em suas brincadeiras.

— Na próxima vez, a mamão promete que nada.

Os olhinhos dela já estavam se fechando.

— Quando você e o papai se casarem, vamos nadar todos os dias.

Fiz uma careta. Eu sabia que não tinha me safado tão fácil daquela maneira.

— Eden... — eu não sabia o que dizer.

— Eu te amo, mamãe.

Me inclinei e beijei a testa dela, aquele não era o melhor momento para argumentar.

— Eu também te amo, bebê. Tenha bons sonhos.

Um minuto depois, ela já estava dormindo. Eu me virei para sair do quarto e me deparei com Edward, parado na porta entreaberta e com um sorriso torto lindo no rosto.

Empurrei-o para fora e fechei a porta com cuidado, para não acordá-la.

— Desde quando está aqui?

— Há alguns minutos — ele confessou. — Ela não vai esquecer essa história, vai?

Eu neguei com a cabeça.

— Eu a criei ensinando-a que nada do que ela desejasse deixaria de ser atendido. Não podemos culpa-la, eu quem fiz o estrago.

— Admitir é um bom passo para começar.

Suspirei, cansada por tudo no qual minha mente tinha sido obrigada a processar naquele dia. Meu emocional ainda estava um caos e a minha cabeça latejada mais do que em uma enxaqueca. Eu precisava dormir, uma discussão sobre os erros da minha postura como mãe estavam fora de questão naquele momento.

— Boa noite, Edward — desejei, e me virei para ir até o meu quarto.

— Espere.

Edward me segurou pela mão, me impedindo de sair. Eu me virei para ele, respondendo ao seu toque. Corei, envergonhada pela maneira como simplesmente sentir a mão dele segurando a minha me deixava. Meu coração palpitou quando ele, ainda segurando a minha mão, levantou um pacote e me fez segurá-lo. Com a minha atenção no pacote embrulhado para presente – e não no rosto de Edward – tive concentração o suficiente para questioná-lo.

— O que é isso?

— Abra.

Tentei abrir o papel de presente delicadamente, sem rasga-lo. Não obtive muito êxito naquilo. Uma vez aberto, o papel revelou um livro grosso de capa dura, azul royal cheio de complicados padrões em dourado. Ao ler o titulo, arfei. Não, ele não tinha feito aquilo. Era uma Bíblia.

— Eu fui ajudar Emmett a encontrar uma, e pensei que já estava na hora de você ter a sua. Espero que goste.

— Edward, eu... Não...

— Aqui — Edward mais uma vez colocou suas mãos sobre as minhas, fazendo minhas pernas tremerem. Se ela pela bíblia em minhas mãos ou pelo toque dele, eu não saberia dizer. Ele abriu a capa, revelando uma inscrição à caneta na contracapa.

Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho – Salmos 119:105

Bella,

A primeira Bíblia que se ganha é sempre um momento especial. Você foi uma benção na minha vida, por isso quero abençoa-la de volta. Mantenha o coração aberto ao lê-la, que a vida que há neste livro possa falar com você e iluminar o seu caminho como ilumina o meu.

De alguém que se importa,

Edward”.

Minhas mãos tremiam tanto ao segurá-la depois de ler a dedicatória que eu quase deixei cair no chão. O que Edward queria me dando aquilo? Eu já estava confusa demais com tudo para ainda lidar com aquela pressão. Parecia mesmo que Deus estava me cercando por todos os lados, me deixando sem opções a não ser conhece-lo.

— Edward, eu não posso...

— Por favor, não recuse — ele pediu. — Eu sei que está confusa no momento, mas isso não é nenhum tipo de intimação. A Bíblia é um presente. Leia se e quando quiser. Eu só quero que você tenha uma.

O carinho em suas palavras era o mesmo que parecia haver na dedicatória. Eu segurei a bíblia e apertei-a contra o peito. Eu ia aceitar como um presente de Edward. Seria bom ter algo dele comigo.

— Obrigada por se importar.

Eu me inclinei até ele, ficando na ponta dos pés e dei um beijo em sua bochecha. Eu só tive tempo de rir de seu rosto vermelho antes de correr para o meu quarto com a Bíblia nos braços.


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Notas finais do capítulo

Ufa, que capitulo extenso e difícil de escrever!
As coisas envolva da Bella estão virando uma bola de neve e ela está perdidinha, mas agora ela vai começar a trilhar o caminho certo. Momento "awnt" para a Rose e Emmett, eles juntos me enchem de fofura.

O proximo capitulo ainda não esta pronto, mas está planejado, de forma que não deve demorar tanto. Até dia 27 ele está aí, fechou? Fechou.

Links de imagens para ilustrar as descrições:

Cama de praia: https://thumbs.dreamstime.com/z/cama-da-praia-12144962.jpg

Sofá de praia: http://4.bp.blogspot.com/-RRNTa4UWc9I/TgEBvJjYJQI/AAAAAAAACOY/ynQ_8dGpUi0/s1600/ferias.jpg

Espreguiçadeira coberta: http://st.depositphotos.com/1001203/3956/i/950/depositphotos_39569613-stock-photo-beach-of-the-luxury-hotel.jpg

Maiô da Rosalie: http://www.futilish.com/wp-content/uploads/2016/12/maio1.jpg (imagem da direita)

Maiô da Bella: https://http2.mlstatic.com/mai-feminino-elegante-modelador-com-bojo-pronta-entrega-D_NQ_NP_119111-MLB20480245656_112015-F.jpg



Amo vocês,
Até mais,
B♔

http://jornada-de-amor.blogspot.com/



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