Lord's Princess escrita por Brigadeiro


Capítulo 17
16 - Ele É Socorro Bem Presente


Notas iniciais do capítulo

Presente de ano novo!
E de desculpas...
Ok, não tenho como resumir tudo o que aconteceu para me deixar afastada por tanto tempo, mas tenho uma boa noticia: virei o ano totalmente focada em terminar essa historia, então esperem postagens bem mais frequentes a partir de agora. Isso é, se eu ainda tiver algum leitor...
Me perdoem mesmo, meus amorzinhos, não desistam da historia!

O nome do capítulo vem da música Óh Minha Alma, da Luma Elpídio. Recomendo muito as musicas dela, são muito boas.

Boa leitura.



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EDWARD PDV

— Edward! — identifiquei a voz de Bella me chamando assim que virei o corredor do camarim após deixar Emmett e Rosalie a sós. Metade de mim ainda estava lá dentro, pensando se foi uma boa ideia deixar a minha irmã sozinha após uma crise, mas eu tinha uma grande esperança de aqueles dois se entenderem logo. — Rosalie está bem? Vim o mais rápido de pude!

Ela correu até mim, com Alice atrás dela. Me surpreendi por elas estarem ali, pensei que ainda estariam com Charise, tentando resolver a saia justa que criamos. As pareciam verdadeiramente preocupadas.

— Ela está bem. Foi só uma crise de ansiedade, Rose não gosta de câmeras — respondi ao chegar até elas. — O que estão fazendo aqui? E Charise e a entrevista? O que aconteceu?

— Foi um pouco complicado explicar aquilo, mas contornamos a situação. Charise não ficou satisfeita de tudo ter terminado mais cedo, com certeza ela ainda tinha muitas perguntas embaraçosas e pessoais para vocês — Alice foi quem respondeu. — Sorte nossa. Charise chateada significa que a carreira e a vida pessoal de alguém não foi arruinada.

— Então, não estragamos tudo?

— Claro que não. Obviamente vai ter alguma repercussão na internet a saída dramática de vocês, mas é mais provável que vocês tenham salvado a imagem da Bella do que qualquer outra coisa. Ela explicou o que precisava e acabou, sem acusações, mentira ou manipulação. Final feliz!

Alice e Bella só estavam aliviadas daquele jeito porque não faziam ideia do perigo que as informações divulgadas naquele dia representavam. Mas eu estava satisfeito por pelo menos algo de bom ter saído daquela situação.

— Vamos para o camarim, quero ver Rose — Bella disse.

Imediatamente me coloquei na frente delas, impedindo de seguirem pelo corredor que levaria até onde Rosalie e Emmett conversavam. Aquela conversa seria muito importante e eu sabia disso.

— Não podem entrar lá.

— Por que não?

— Rose e Emmett pediram privacidade. Eles estão conversando.

As duas se entreolharam. Demorei para aprender que a combinação Bella + Alice sempre resultava em confusão.

— Conversando sobre o que? — Alice perguntou. Um sorriso malicioso surgiu em seus lábios.

— Por que precisam de privacidade? — Bella imitou o tom de voz da irmã.

— Não sei, pediram privacidade e eu concedi. Só isso...

O olhar que as duas trocaram naquele momento foi tão conspiratório que eu fiquei com medo. Um segundo depois, Alice estava quicando.

— Vamos ouvir atrás da porta!

Ela mergulhou por debaixo do meu braço, mirando o corredor onde ficava o camarim.

— Mas nem pensar!

Eu fui mais rápido. Segurei-a pela cintura antes que ela sequer conseguisse passar por mim, e enquanto ela se debatia a Bella gargalhava. Quando percebeu que não conseguiria se soltar de mim, Alice bufou e bateu o pequeno pé no chão.

— Você é tão chato!

— Você é tão intrometida — imitei seu tom de voz. Ela fez biquinho. Olhei para Bella. —O que acha de irmos comer? Acho que vi uma lanchonete bem ali na esquina quando passamos que parece boa.

Quando o mês virou, eu recebi o meu primeiro salário da produtora. Não era nada comparado com o que a família Cullen possuía, mas era uma boa quantia para mim. Rosalie cobriu as contas da casa com seu primeiro salário da Charm que era bem maior e eu fiquei responsável pelas compras e por providenciar internet para lá, coisa que nunca tivemos. Mas ainda assim me sobrou uma quantia razoável... E eu não estava disposto a aceitar mais nada vindo de Bella ou dos Cullen de graça.

Então, a lanchonete me pareceu uma boa ideia.

— Minha bolsa está no camarim! — ela alegou.

— Eu pago — sorri largamente.

— Você e a sua mania de me arrastar para lugares públicos assim — Bella rolou os olhos.

— Você e a sua mania de dificultar as coisas — bufei. — Onde você costuma comer?

— Em casa. Ou restaurantes e buffets especializados e receber celebridades. Lugares onde posso comer em paz.

Foi a minha vez de rolar os olhos. Delicadamente tomei Bella e Alice pelos pulsos como se fossem crianças e puxei-as em direção à saída.

— Pois hoje a senhorita vai comer em uma lanchonete. Vamos lá!

As pessoas e funcionários ao redor nos olhavam, mas graças a Deus não vi nenhum celular ou filmadora gravando a cena. Agradecendo pela minha boa memória, arrastei as duas até a entrada principal. Seria humilhante me perder pelo estúdio enquanto tentava parecer autoritário.

Elas cederam, então saímos e fomos em direção à lanchonete enquanto Dimitri, que esteve o tempo todo na porta do estúdio nos esperando, nos seguiu. Ou seria Felix? Eu realmente não sabia quem era quem e me envergonhei por aquilo. Tudo o que eu sabia era que um deles tinham seguido Edeline com Esme e Dominique ao orfanato e o outro ficara com Bella.

Alcançamos a lanchonete e mais uma vez o segurança ficou prostrado na porta. Eu realmente precisava aprender o nome deles! Deveria ser um trabalho bem tedioso ficar horas seguindo alguém que nem sabia quem você era. Prometi a mim mesmo tentar falar com eles algum dia.

O lugar não estava cheio. O balcão estava totalmente preenchido, mas apenas uma parcela das mesas estava ocupada. Por incrível que pareça, ninguém correu para cima da Bella. Nos sentamos em uma mesinha pouco visível perto da janela. Era um ambiente agradável. Paredes em tom de bege fosco, balcão exibindo salgados no centro, mesinhas de madeira com toalhas xadrez espalhadas pelo lugar e música clássica italiana de fundo.

— Ninguém me notou ainda — Bella comentou, chocada.

— É uma lanchonete ao lado de uma dos estúdios mais conhecidos. Eles devem receber celebridades com certa frequência — Alice disse.

— Então parece que eu acertei — sorri, feliz de poder me gabar de algo.

Bella me mostrou a língua e levantou da mesa. Olhei-a.

— Onde vai?

— Preciso ir ao banheiro, se é que esse lugar tem um... Escolhe aí o que vou comer, você acertou da última vez.

Ela piscou e saiu andando, me deixando deslumbrado. O poder que cada ação e reação que ela exercia sobre mim era desconcertante. Peguei o cardápio e o abri, mas meus olhos ainda estavam onde Bella desaparecera.

— Você gosta dela.

Eu tinha me esquecido que Alice ainda estava ali. Ela estava observando o cardápio, falando sem nem me olhar. Voltei-me para a baixinha.

— Desculpe?

Ela sorriu.

— Você e Bella. Vocês pensam que somos cegos. Dá pra sentir o clima à quilômetros de distância.

— Não viaja, Alice.

— Você fica todo bobo cada vez que ela parece na sua frente. Sempre que ela te toca, você corresponde o gesto. Quando ela te elogia, você cora. Se ela cruza ao braços, você muda o peso da perna. É ridiculamente obvio o modo como vocês reagem um ao outro.

Franzi o cenho. Como Alice tinha percebido tudo isso?!

— Eu não sei do que você está falando. Eu e Bella somos bons amigos — declarei.

Ela abaixou o cardápio e me olhou. A baixinha sabia fazer uma cena.

— Eu não entendo qual é o problema de vocês! Você gosta dela, ela gosta de você, apenas fiquem juntos!

— Alice, você realmente não...

— E eu sei sobre o beijo.

Meu queixo caiu.

— O quê?!

— Sou a melhor amiga dela, pensou o quê? Sei que vocês se beijaram, sei que você fez besteira e também sei que isso ainda não acabou. Mexa-se, Edward, antes que outro homem o faça.

— Que outro homem? — perguntei imediatamente, fazendo Alice rir. Envergonhado, peguei o cardápio em cima da mesa e comecei a analisar as opções.

— Nenhum que exista agora, mas o futuro a Deus pertence. Apenas mexa-se antes que seja tarde.

Não respondi à Alice, tentando me focar no cardápio. Eu estava feliz à cinco minutos atrás por poder pagar algo para Bella pela primeira vez, mas Alice tirou toda a graça do momento. Eu não queria e nem iria pensar naquilo agora. Bella e sua influência sobre mim era um assunto confuso demais, complicado demais. Melhor deixar como está.

Desisti do cardápio e olhei para fora, pela janela. Foi quando percebi um homem passando pela lateral em direção à porta da lanchonete. Foi tudo muito rápido. Observei o homem passando pela janela com capuz sobre a cabeça e o olhar baixo e notei o modo estranho como suas mãos se escondiam dentro do bolso frontal da blusa.

— Alice, vai pra baixo da mesa! —          alertei, apenas cinco segundos antes de ele passar pela porta.

— O que?

— Apenas se abaixe!

Empurrei-a para debaixo da mesa no exato momento em que o estranho passava pela porta e tirava a arma do bolso anunciando um assalto. Todos gritaram, inclusive Alice debaixo da mesa. Fiquei de pé imediatamente, para tentar esconder Alice com meu corpo.

— Todo mundo quieto! — o assaltante gritou, apontando a arma para todos os lados. —Quero tudo de valor que cada um aqui tiver e você, abre o caixa!

A pobre funcionária correu, chorando, em direção ao caixa, enquanto o assaltante passava por cada cliente recolhendo tudo o que podia. Quando ele chegou até mim, com a arma apontada para a minha têmpora, eu podia ouvir cada batida do meu coração ressoar nos meus ouvidos enquanto eu pedia silenciosamente a proteção de Deus. Entreguei meu pobre celular antigo e o pouco de dinheiro que eu tinha no bolso, tentando me manter calmo. Felizmente ele não percebeu Alice.

Por favor, Bella, fique no banheiro. Por favor, permaneça no banheiro!

— Mas que gritaria é... OH!

É claro que ela não podia ter ficado no banheiro.

Com sua chegada repentina, o homem apontou a arma para Bella. Ela gritou e paralisou no lugar. Senti um aperto na barra da minha calça e, ao olhar para baixo, vi Alice observando a cena aterrorizada. O homem, quando percebeu quem é que estava na sua frente, sorriu.

— Olha só se hoje não é o meu dia e sorte — ele se gabou. Seus dentes eram irregulares, assustadores. Meu coração agora batia tão rápido que eu não podia sentir mais nada além do medo. — Isa Marie, em pessoa O quão rica você deve ser, rainha?

Imperceptivelmente, dei um passo em direção à ele.

— Eu... Eu não tenho dinheiro aqui — ela sussurrou. Estava aterrorizada.

Mais um passo.

Alice me segurou pela perna. Lancei-lhe um olhar e ela me soltou, ainda que relutante. Foquei minha atenção em Bella.

— Ah, mas eu não preciso do dinheiro agora. Posso esperar um resgate. Quanto será que o mundo pagaria para te ter de volta?

Meu coração gelou. E, ao olhar para o rosto dela, pude ver que ela também. Não, ele não podia levá-la! Meu Deus, o que fazer numa situação dessas? Dei mais um passo, me aproximando cada vez mais dos dois, que agora estavam no centro do espaço livre. Onde é que estava aquele segurança?!

Jesus, socorro!

— Não, por favor... — Bella chorou.

Ele avançou com a mão em direção ao pulso dela, e foi quando eu me coloquei entre os dois. A arma, antes apontada para Bella, agora estava no meu peito.

— Sai da frente, cara! Ficou maluco?! — ele gritou, sacudindo a arma.

— Edward, não!

Não consegui identificar se o grito veio de Bella ou de Alice, apenas senti quando Bella avançou em minha direção e a detive, barrando-a com meu braço. O medo de aquela arma disparar por acidente não se comparava ao medo de que algo acontecesse com Bella. Que agora estava agarrada às minhas costas chorando. Meu braço à mantinha atrás de mim, escondida do assaltante.

Com Bella segura, minha mente voltou a funcionar. Atrás do homem, eu vi que o segurança da Bella tinha percebido a confusão. Ele me olhou e fez sinal de silêncio enquanto tentava entrar sem chamar atenção. Uma segurança repentina me consumiu e respirei fundo, agradecendo ao Senhor pelo reforço. Voltando a olhar para o homem que tinha uma arma apontada para o meu peito, percebi que ele era bem jovem, embora não mais adolescente. Seus cabelos compridos e sujos tapavam seus olhos raivosos e eu tive dó dele.

— Não faça isso, rapaz. Vai estragar a sua vida — tentei conversar com ele, mas o tempo todo alerta ao manter Bella atrás de mim. — Eu sei que é difícil, eu sei que a vida não é justa, mas poucas coisas são. Mas você não precisa escolher esse caminho, existe outra opção. Justiça de verdade é só a de Deus. Olha para cima. Olha pra Ele e tudo vai ficar bem, você não precisa disso.

O homem estava com a boca aberta. Pude perceber os olhares, cada individuo na lanchonete me observava. O segurança estava perto agora.

— Você tá me tirando?! TA DE BRINCADEIRA COMIGO?!

POW!

— EDWARD!

Bella gritou. Três coisas aconteceram ao mesmo tempo: a arma disparou. O segurança se jogou em cima do homem. E eu me joguei por cima da Bella.

Mantive seu corpo embaixo do meu, entre o balcão e o chão, e tentei proteger sua cabeça com meus braços. Ela ainda gritava meu nome. Muita gente gritava. Não tive coragem de levantar a cabeça para olhar o que acontecia.

Depois de alguns segundos de pura agonia, senti quando o Espírito Santo me deixou saber que era seguro levantar. Confiando n’Ele, ergui meu corpo de sobre o de Bella e olhei em volta. Dimitri, ou Felix, tinha conseguido dominar o assaltando, as arma estava jogada do outro lado da lanchonete e ele estava no chão, com as mãos sendo firmemente presas pelo grande segurança.

— Edward! — Bella chamava o meu nome desesperadamente. Ajudei-a a se levantar do chão, avaliando antes se ela estava totalmente bem, e ambos sentamos no linóleo do piso. — Você está bem? Está ferido?!

Ela passou aos mãos pelas partes visíveis do meu corpo procurando sinais de sangramento, mas não havia nenhum. Do outro lado do salão eu vi a bala, fincada na parede, exatamente na direção onde eu estava há alguns segundos atrás.

— Está tudo bem. Estamos bem, Bella — eu disse, tentando me convencer também. Bella soluçou e eu não pude me segurar. Puxei-a para mim, aninhando-a em meu peito e acariciando seus cabelos enquanto ela me abraçava. — Acabou.

Ela assentiu, mas ainda chorava. Nos coloquei de pé e vi Alice saindo de debaixo da mesa e vindo para perto de nós dois. Puxei-a para perto com o braço livre, também. Ela parecia assustada, mas estava bem fisicamente. O segurança terminava de imobilizar o homem.

— Alguém chame a policia, por favor? — ele pediu. Uma das garçonetes se apressou a pegar o telefone.

Levei Bella até uma cadeira e a sentei. Ela tremia e estava branca como papel. Pedi a outra moça para trazer um copo de água e ela atendeu prontamente. Alice desabou na cadeira ao lado da irmã.

— Você está bem, Alice? — perguntei.

— Fisicamente, sim. Onde está Dimitri? — ela me respondeu, meio confusa. Ela arfava. Seus olhos encontraram os meus. — Você salvou nossas vidas, Edward.

Neguei.

— Não. Deus salvou nossas vidas. E Dimitri, é claro — tentei sorrir, mas não acho que tenha saído direito. Mas eu estava satisfeito por finalmente descobrir o nome do segurança.

A mocinha chegou com a água e eu ofereci para Bella. Ela estava quieta, com os olhos fechados e respirando irregularmente. Minhas mãos estavam em seus ombros, tentando acalmá-la, mas eu também tremia um pouco.

— Você me escondeu antes que ele me visse e depois se jogou na frente da Bella! — Alice exclamou.

Bella estava quieta, mas me olhou com profunda gratidão. Permaneci ao lado das duas até que a polícia chegou. Foi tudo bem rápido. Eles chegaram, colheram alguns depoimentos curtos, falaram com Dimitri e levaram o homem preso. Apesar de tudo, eu fiquei com dó dele. Toda alma perdida me causava essa dor. Poderia ter sido diferente.

— Acho melhor voltarmos para o estúdio — Alice sugeriu. Nós concordamos.

Bella estava quieta demais. Andamos silenciosamente pela rua de volta ao estúdio, com Dimitri já de volta ao seu posto atrás de nós. Uma vez dentro do estúdio, acomodados na singela sala de recepção, foi que Bella decidiu falar alguma coisa.

— Você está demitido — ela disse, olhando para Dimitri.

Ela passou por ele e se jogou no sofá que havia ali, passando a esfregar as têmporas freneticamente. Eu olhei para Alice, que se manteve quieta, enquanto o pobre Dimitri encarava a patroa boquiaberto.

— Mas senhorita, eu...

— Não. Você nos deixou desprotegidos, eu quase fui sequestrada! — ela exclamou. — Essa foi a maior demonstração de incompetência que já presenciei. Você é um segurança! Pareço segura para você?

Dimitri abriu a boca algumas vezes, mas desistiu de qualquer argumento que pudesse ter. Parecendo muito infeliz, ele abaixou a cabeça, com as mãos unidas na frente do corpo, e fez uma pequena reverência.

— Não, senhorita. Me desculpe.

Ele se virou para sair, mas eu toquei seu ombro, impedindo-o de ir. Bella não podia demitir o pobre homem daquela maneira tão humilhante! Ele estava do lado de fora da lanchonete como sempre fica, que culpa ele tinha de o assaltante ter escolhido bem aquela hora para invadir o lugar? E, pelo olhar desesperado que eu via em seu rosto, eu podia apostar que mais pessoas dependiam do salario que ele ganhava ali.

— Bella, a culpa não foi dele.

Ela se virou para mim, irada.

— É claro que foi, Edward! Falta de atenção, falta de atitude, incompetência — ela bufou. — Alice disse que você a jogou embaixo da mesa antes de ele entrar, significa que você viu que um homem estranho estava para entrar ali antes dele. O que estava fazendo que não viu isso?!

Olhei para Dimitri, que parecia mortalmente envergonhado. Bom, Bella tinha um ponto. Ele realmente tinha se distraído no momento errado.

— Enquanto ele ficava sonhando acordado lá fora, eu poderia ter sido sequestrada, você poderia ter levado um tiro quando se colocou na minha frente! — Bella continuou, exasperada. — Edward, porque raios fez aquilo?

Prendi meus lábios em uma linha fina, antes que eu dissesse alguma besteira. Eu não pensei quando agi, apenas fiz. Ver a arma apontada para ela gelou todo o meu corpo, e entrei em pânico ao pensar na possibilidade daquele homem leva-la, ou pior, da arma disparar e atingi-la.

Entretanto, sem querer revelar isso, mudei de assunto sem responder a pergunta.

— Tenho certeza de que Dimitri pode explicar a distração, não é? — olhei para o segurança da Bella, implorando para que ele dessa uma resposta que mudasse o foco da conversa.

Eu só não sabia que o que ele diria me faria não querer ter desejado aquilo.

— Sim, senhor! Acabei esquecendo de contar, me perdoem — ele exclamou, alarmado. Colocou a mão no bolso e tirou de lá um telefone celular, depois olhou para Bella — Recebi uma ligação do Felix pelo aparelho que foi entregue a mim para ter noticias da senhora Esme caso algo acontecesse, senhora, e...

Bella nem esperou ele terminar de falar, em um pulo estava de pé novamente e agarrando o meu braço.

— Aconteceu alguma coisa com a Eden?!

Alice também deu dois passos a frente, preocupada. Coloquei minha mão por cima da de Bella em meu braço, tentando acalma-la, o que não deu muito certo porque eu também fiquei aflito.

— Não, não com a senhorita Edeline — ele respondeu, e em seguida olhou para mim. — Foi a sua sobrinha, senhor.

Eu gelei.

— Dominique — exclamei. — O que aconteceu com a minha sobrinha?!

— A senhora Esme disse que está no hospital com as meninas, senhor, e pediu para eu avisá-los para irem para lá imediatamente.

Me soltei de Bella, chegando mais perto do segurança. Ele parecia preocupado também, Dimitri tinha um ótimo coração, que só ficava mascarado pela postura rígida de sua função.

— Dimitri, por favor, você não sabe de mais nada? — implorei.

— A senhora Esme só disse que ela gritava muito. Me desculpe, eu... — ele parecia querer ajudar, mas sem sucesso.

— Edward, temos que avisar a Rose — Alice disse sabiamente.

— Sim, e temos que descobrir onde fica o hospital — falei, já pegando as bolsas que estavam na mesinha de centro e começando a andar em direção ao camarim.

Quando abri a porta e revelei uma Rosalie e um Emmett aconchegados um no outro no sofá, Bella e Alice pararam na porta, de boca aberta.

— Mas o que é que aconteceu aqui? — Alice exclamou, um sorriso malicioso surgindo em sua boca.

Os dois estavam no sofá, Rosalie encostada no peito de Emmett e ele fazendo carinho no cabelo dela. Pareciam tão serenos, tão felizes. Há quanto tempo eu não via um sorriso desse tipo no rosto da minha irmã? Como eu quis abraçar Emmett por fazê-la sorrir daquela maneira.

Mas acho que a exclamação de Alice se devia ao fato do camarim estar todo bagunçado, com coisas quebradas por todo o chão. Haviam pedaços de vidro e cerâmica por toda a parte, objetos espalhados pelo chão, o tapete desarrumado. Olhei para Rosalie e ela me encarou, apertando os lábios enquanto tentava disfarçar um sorriso.

— Emmett apenas teve um pequeno descontrole emocional — ela contou, envergonhada.

Assenti, imaginando o que deveria ter acontecido. O que houve com a minha irmã era realmente revoltante. Até hoje não acredito que eu não percebi nada, que deixei acontecer o que aconteceu, fui irresponsável e descuidado com ela. Me culpo até hoje, embora a própria Rosalie não me culpe. Fiquei feliz ao ver que, pelo menos os dois tinham conseguido se acertar apesar de tudo.

— Descontrole emocional? Por que motivo? — Alice, sempre curiosa, perguntou.

Emmett abriu a boca para responder, mas eu o interrompi.

— Não dá pra discutir isso agora — com a preocupação falando mais alto, peguei a bolsa de Rosalie que estava no chão perto da parede e coloquei no ombro junto com a de Bella e de Alice. — Precisamos ir para o hospital agora.

— Hospital? — Rosalie perguntou, já aflita.

— Nick.

Não precisou de mais de uma palavra para Rosalie entender.

— O que aconteceu com a minha filha?

— Não sabemos exatamente, Esme só pediu para encontrarmos elas e as meninas no hospital — Bella foi quem respondeu, ainda um pouco desnorteada pela correria. O nervosismo do assalto já sendo esquecido pela preocupação com as crianças.

— Provavelmente foi uma crise de dor, Rose — completei.

Saímos todos quase correndo do camarim em direção à saída, passando por Dimitri, que ainda estava lá, plantado, sem saber o que fazer.

— Bella — chamei. — Se não quiser sair às pressas pela cidade sem escolta nem proteção, sugiro que repense sua decisão de demitir Dimitri agora.

Bella me lançou um longo olhar, mas assentiu.

— Tudo bem — ela rolou os olhos. — Você não está demitido.

Dimitri sorriu, enquanto nos seguia apressadamente até o carro. Ele mesmo abriu a porta e todos entramos as pressas. Antes de pegar as chaves e ocupar o lugar do motorista, ele se virou para mim.

— Obrigado. De verdade.

Eu sorri de volta.

— Não há de quê.

Dimitri assentiu e tomou o volante. Eu fui com ele no banco do carona, enquanto Alice e Bella ficavam atrás. Emmett e Rosalie tinham vindo no carro dele, então foram os dois para o mesmo. Só quando Dimitri perguntou para onde iriamos, foi que percebi que em momento algum alguém tinha dito qual era o Hospital.

— Eu não sei... Felix não disse qual hospital era?

— Não, senhor. A senhora Esme só mandou dizer ‘hospital’.

— Para o UCLA — Bella informou. — Mamãe nunca levaria as meninas para outro lugar. O pediatra da Eden atende lá. Dominique já tinha até uma consulta marcada com ele.

Arregalei os olhos diante da informação. O Hospital Reagan UCLA era o melhor do estado, um dos três melhores de todo o país. Uma consulta lá era caríssima, e a mensalidade de qualquer plano de saúde que atendesse aquele lugar também passava do imaginado. Quando Bella assumiu a responsabilidade pelo tratamento medico da Nick, eu jamais imaginei que esse tratamento seria no UCLA. Meu peito se encheu de gratidão, por Deus e por Bella. Ela não estava só cumprindo sua parte no acordo, como também não estava medindo esforços ou dinheiro para minha sobrinha ter o melhor, no mesmo nível que a própria filha dela tinha.

Do que a nossa filha tinha. Eu já a tinha no coração como minha filha, não porque um contrato dizia, mas porque aprendi a amar ela assim. Enquanto corríamos para o hospital, dentro daquele carro, eu me preocupei não só com Dominique, mas também com Edeline. Ela deveria estar assustada lá, com tanta correria e desespero ao seu redor. Eu só queria chegar logo e me certificar de que as duas estavam bem.

Meus pensamentos foram interrompidos quando Dimitri estacionou na porta do hospital e pulamos do veiculo correndo até a recepção. O carro de Emmett parou atrás eles correram atrás de nós também. Entramos no prédio elegante que se erguia a nossa frente, ignoramos toda a fila e Bella nos conduziu até a recepcionista no centro do amplo saguão.

— Bom dia, em que posso ajudar? — disse a menina atrás do balcão. Ela era pequena, magra e loira, não parecia ter mais do que vinte anos e usava óculos que ficavam caindo de seu rosto toda hora. Em seu peito havia uma plaquinha onde se lia “Jane”.

— Precisamos ver Dominique Masen — Bella tomou a frente e respondeu. — É uma menina de seis anos, loira, deu entrada hoje, há pouco tempo.

— A senhora é a mãe?

Jane olhou para ela por cima dos óculos, e eu admirei a coragem dela e simplesmente não reagir com um sim a tudo o que Bella dizia. Provavelmente já estava acostumada a atender celebridades neste hospital.

— Eu sou! — Rosalie exclamou, já com seu RG na mão.

Jane pegou o documento da Rosalie e anotou algo no computador há sua frente. Entregou de volta a ela junto com um pequeno adesivo de identificação.

— Vocês todos são da família?

— Sim — respondi.

— Vou precisar dos documentos se quiserem subir também.

Entregamos nossos documentos a ela, que levou dois minutos digitando antes de nos olhos novamente. Rosalie estava inquieta ao lado de Emmett, batendo o pé no chão em nervosismo.

— O senhor está liberado. É o tio, certo? — Jane me entregou o documento de volta junto com o adesivo enquanto eu confirmava. — Senhorita Isabella, senhorita Alice e Senhor Emmett... Qual o parentesco de vocês com a menina? Não há ligação nos documentos.

Suspirei, implorando ajuda a Deus. Claro que não havia. Não tinha ligação!

— Não é permitida nenhuma visita se a pessoa não for parente direto? — Alice perguntou.

— Sim, mas só em casos de internação. A menina não está internada, apenas passando por exames. Nesse caso, só posso autorizar a entrada da família para acompanhamento, e dentro da sala de exame só é permitida uma pessoa por vez.

Tentando não perder as rédeas da situação, toquei o braço de Bella na intenção de dizer a eles para esperar aqui embaixo, que eu iria subir e trazer Eden para ela. Mas Emmett foi mais rápido do que eu.

— Eu sou o pai dela — ele disse.

Nós quatro ficamos quietos, mas todos surpresos com a afirmação de Emmett. O que ele estava pretendendo com aquilo? Ele não tinha como provar nada.

A recepcionista olhou para o computador brevemente antes de erguer a sobrancelha para Emmett.

— Aqui no registro da menina diz que o pai é desconhecido.

— Bom, ele foi achado — o grandão afirmou. — Não é, Rose?

— Sim — minha irmã sussurrou, com lagrimas nos olhos.

— A senhora, como mãe, confirma isso? — Jane perguntou, ainda desconfiada.

— Confirmo — Rosalie respondeu, um pouco mais alto dessa vez, mas ainda com a voz embargada. — E as duas são irmãs dele, tias da Dominique.

Jane deu de ombros e imprimiu nossas etiquetas, junto com um papel e uma caneta que ela colocou na frente de Rosalie.

— Vou precisar que vocês dois assinem isso, senhora.

— O que é isso? — Rosalie pegou o papel em mãos, confusa. Ela o estendeu para que Emmett pudesse ver e ele arregalou os olhos quando leu.

— Rose, aqui diz que você confirma perante a justiça de que eu sou o pai da Dominique.

— O quê? — Rosalie e Bella questionaram ao mesmo. Meu Deus, que confusão!

— Ela precisa mesmo assinar isso? — perguntei. — Para que tanta burocracia?

— Não é oficial, senhor. Isso não vai para nenhum cartório ou algo do tipo. — Jane explicou. — Ele apenas diz que a mãe da criança confirma a informação de este senhor é o pai da criança e o deixa responsável por ela, junto com a mãe, enquanto ela estiver neste hospital.

Emmett e Rosalie se olharam por um instante e, depois de Emmett fazer um sinal afirmativo com a cabeça, ambos assinaram o documento e fomos liberados para ir até onde Dominique estava.

Ao chegar na pediatria não precisamos procurar muito, logo vimos Esme sentada em uma poltrona no corredor, com Eden no colo.

— Eden! — eu e Bella exclamamos ao mesmo tempo.

A pequena virou o rosto em nossa direção e quando nos viu, pulou do colo da avó e correu até nós. Nos abaixamos e recebemos o abraço dela ao mesmo tempo. Havia lagrimas em seus pequenos olhinhos verdes e aquilo me partiu o coração. Eden tinha se apegado demais na prima naquelas poucas semanas. Era difícil para ela ter amigos sem ir a escola e acompanhando a carreira louca da mãe para cima e para baixo. Dominique foi o mais próximo que ela já teve de uma amiga, e vê-la gritando de dor deve mesmo ter sido desesperador para Eden. Eu e Rosalie, que somos adultos, já entramos em pânico quando ela tem uma crise aguda, quem dirá uma criança que nunca passou por tal situação.

Me levantei com ela no colo, beijando seus olhos tão idênticos aos meus para secar as lagrimas acumuladas aí. Bella se manteve ao nosso lado, perecendo um pouco enciumada por não ter a filha nos braços.

— A Nick tá dodói, papai — ela fungou.

— Nós sabemos, princesa. Viemos ver como ela está.

Quando chegamos a Esme ela já estava contando, aos prantos, a historia do que tinha acontecido para Emmett, Rosalie e Alice.

— ...então, um pouco antes de sairmos de lá, ela começou a gritar muito. Entrei em pânico! Usei aquele aparelho que pica como você tinham dito, mas não resolveu e ela ainda chorava muito então corri para  hospital. Graças a Deus você tinha mandado os documentos dela na mochila! — Esme agarrou as mãos de Rosalie, parecendo muito abalada. — Me desculpe, Rosalie, me desculpe!

— Oh, Esme — Rosalie chorava também, e apertou as mãos de Esme de volta. — Não foi culpa sua. Esse tipo de crise nela tem sido cada vez mais frequente.

— O doutro disse alguma coisa, mãe? — Emmett perguntou.

— Ainda não — Esme fungou. — Quando chegamos ele aplicou uma dose de morfina quando viu a intensidade da dor no rostinho dela. Quando ela se acalmou, ele disse que tinha que fazer alguns exames e a enfermeira a levou. Eu queria ir com ela, mas eles não deixavam a Eden entrar então eu tive que ficar.

Esme se encostou na parecendo, parecendo desnorteada. Eu me coloquei no lugar dela, sozinha com duas crianças pequenas, uma com muita dor e a outra assustada, querendo mais do que tudo ir junto com Nick, mas sem poder deixar Eden sozinha.

Me sentei ao lado de Esme e coloquei a mão em seu ombro.

— Está tudo bem, Esme. Você fez tudo o que tinha para fazer, muito obrigada — agradeci, feliz por ver o quanto ela se preocupava com a minha sobrinha também. — Você sabe onde ela está agora?

— O doutor a levou em uma maca para aquela sala — ela apontou para a porta a sua frente. — Não me deixam entrar com Eden, mas tentei acompanhar o mais de perto que pude.

— Obrigada, Esme, de verdade — Rosalie respondeu. Ela e Emmett se olharam. — Você entra comigo?

— Sempre, meu amor.


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Notas finais do capítulo

Primeiro passo para Edward descobrir que ama a Bella: ativado.
Muitas emoções para um dia só, não? Assalto, demissão, hospital... O que acontece na vida de alguém quando tudo vai desabando e só Deus oferece um lugar seguro para se estar? É que a Bella vai descobrir, logo logo.

Antes do final do mês eu prometo um capitulo fresquinhos para vocês.
Se ainda tiver alguém aqui para ler isso, ofereço meu muito, muito obrigada pela espera. Vou recompensar vocês!

FELIZ 2017!

http://jornada-de-amor.blogspot.com/



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