Eternally Hunted escrita por Ivie Constermani


Capítulo 3
2 - O novato


Notas iniciais do capítulo

Hellooo beautiful people!
Bem, eu ia postar esse cap no sábado, mas deu pau no meu celular, e a internet não quis entrar =/
Mas ele já se recuperou (foi só um susto, meu bichinho tá bem) e tô postando!
Boaa leituraa!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/395510/chapter/3

No dia seguinte Enid foi para a escola de carona com o novo carro de Dany. Ele ganhou um Chevy antigo mas bem aconchegante. Ele estacionou numa vaga vazia e eles saíram do carro.
Angelin correu até eles na mesma hora.
- Oi pessoal! - ela exclamou. - Olhe só, o garoto novo tá sozinho ali - ela apontou para um canto do estacionamento onde Cezar estava sozinho sentado na sua moto. - Vocês acham que eu devo ir falar com ele?
Dany deu de ombros. Enid o fitou com curiosidade. Ele era bem diferente dos americanos, e na aula de economia, quando ele falou tinha um sotaque muito carregado.
- Eu vou falar com ele - disse ela.
Angelin arregalou os olhos e quando abriu a boca para dizer algo, Enid já estava bem longe, indo até ele.
- Oi.
O novato levantou a cabeça e a observou, confuso. Depois de alguns segundos ele sorriu. O sorriso dele era lindo. Duas covinhas apareciam em suas bochechas e os olhos ficavam entreabertos.
- Oi - disse ele. - Como vai?
- Bem. Você... é da minha turma de economia.
- Sou. Sou Cezar - ele estendeu a mão para Enid.
Ela sorriu e apertou a mão dele também.
- Sou Enid.
- Lindo nome... - ele olhou-a de cima a baixo e levantou uma sobrancelha. - Eu não sabia que as americanas eram tão bonitas.
Enid corou e abaixou a cabeça.
- Bem, você é de onde? - ela perguntou para mudar de assunto.
- Original da Bulgária. Mas estava morando em Londres ano passado. Tenho alguns parentes aqui e vim.
Enid não escondeu a surpresa.
- Búlgaro? Uau...
- Diferente, não? Mas estou acostumado a cultura americana - ele se aproximou de Enid como se fosse contar um segredo. - Na verdade eu amo os Estados Unidos. Sou bem americanizado! - ele riu da própria piada e encheu o peito de orgulho.
Enid riu com ele. O sinal tocou, chamando a atenção dela, e ela virou-se para ele com um sorriso.
- Nos vemos na aula de economia - disse ela e se afastou.
- Até mais - disse ele imitando o sotaque americano e deu mais um sorriso lindo de covinhas.

- Não entendo porquê as pessoas sempre usam X e Y nas equações algébricas. - Dany comentou com a voz baixa igual a um sussurro. - Quer dizer, há tantas outras letras no alfabeto... Por que X ou Y?
Enid riu baixo para não chamar a atenção do professor, que lia um livro de matemática. Depois deu de ombros.
- Vai ver eram as letras preferidas do cara que inventou a equação - disse ela entre risos.
Dany analisou a ideia de Enid e depois balançou a cabeça, em negação.
- Não. Isso não faz sentido... Quer dizer, quem tem uma letra favorita no alfabeto? - ele perguntou.
Enid deu um tapinha no ombro dele e riu de novo.
- Hum, sei lá... Gosto da letra Z - ela disse, hesitante.
- Z? Por quê?
- Ah, é a última letra e a mais esquecida. Não há muitas pessoas que tem a inicial Z...
Dany a encarou como se ela fosse uma maluca fugitiva do hospício.
- Você tem pena da letra Z??? - ele perguntou e a olhou bem nos olhos. - Deus meu! Você anda passando tempo demais com Gabe Pills!
Enid riu ainda mais.
- Esse assunto não importa. Desde que você saiba que X é igual a 3, tá tranquilo.
Dany sorriu e voltou a fazer o exercício. O resultado era o mesmo (X= 3).
- Então... E o Evan? Ainda tá com... hum... aquilo? - Dany perguntou sem levantar os olhos do caderno.
- Está. Acho isso tão errado. Dany, você já imaginou o perigo que estamos correndo?
Dany deu de ombros e olhou para Enid por cima do ombro.
- Não me importo. Perigo é legal.
Enid levantou uma sobrancelha.
- Agora o maluco é você! - ela exclamou. - Pelo amor de Deus, Dany, para de agir como um doido! Você anda malhando, aprendendo a lutar, aprendendo a atirar... Parece que você está se preparando para a guerra.
Dany deu um sorriso diabólico para ela.
- Previnir é melhor que remediar - disse ele e depois ficou sério. - Esse negócio de chave está me dando uma sensação ruim...
Enid balançou a cabeça, assentindo. O sol bateu na janela da sala, iluminando o cabelo dela. Ela lembrou de Evan, que dizia que o cabelo dela sob o sol parecia chamas.
- Eu sei... Tentei convencê-lo a devolver a chave, mas aquele teimoso cismou que guardar aquela porcaria era sua missão de vida, ou algo do tipo. Ele não tem medo, e isso me dá medo.
Dany olhou o sol pela janela. As lentes dos seus óculos brilharam.
- Não precisa temer. Está tudo na paz, nenhum perigo. Tudo tá muito calmo - ele disse e inspirou fundo o ar puro da sala de aula que cheirava a caderno novo e borracha usada.
Enid olhou para o sol também. Ela sabia que algo estava errado, ela podia sentir. Um pressentimento ruim pairava sua cabeça toda vez que ela pensava na chave.
- É... Calmo até demais - ela murmurou e virou-se para Dany. - Você não acha estranho essa paz? Não acha que o segredo já deveria ter virado fofoca no mundo sobrenatural?
Dany balançou a cabeça e ajeitou o óculos o empurrando para trás com um dedo.
- Na verdade eu que você que é a doida. Você tá ficando meio... psicótica. A todo momento você acha que tem alguém querendo acabar com a nossa paz. Que é, você não gosta dessa calmaria?
Enid o fitou, confusa. Ela até achava que estava psicótica, mas não era para menos. O namorado dela era guardião de uma das chaves do inferno, qual é! Era natural que ela desconfiasse do seu próprio reflexo no espelho.
- Não, Dany - disse ela, por fim, olhando para os olhos dele atrás das lentes do óculos. - Eu desconfio da calmaria.

- Então ele é búlgaro? - Gabe perguntou, incrédula. - Nossa, nem sei como os búlgaros são!
Ela e Enid saiam da última aula do dia, a de biologia, onde elas tinham aula juntas. Enid deu de ombros.
- Eu achei incrível. Tão diferente...
Gabe deu um sorriso muito aberto.
- Ah, eu não me importo. Eu já sou comprometida - ela deu uma piscadela para Enid. - Ai, mal posso acreditar... Pretendo me casar antes da ida à universidade. Assim todos os amigos da escola poderão ir. - Gabe segurou as mãos de Enid. - Ah, você vai ser minha madrinha.
Enid levantou as sobrancelhas, lisonjeada.
- Nossa, Gabe, nem sei o que dizer...
Gabe largou as mãos de Enid para bater palmas.
- Tenho que ir para casa para ver as revistas de noivas que minha mãe está comprando para mim. Ela está mais animada que eu!
Enid deu dois beijos nas bochechas de Gabe.
- Vou para a aula extracurricular - ela disse.
Gabe fez uma careta e balançou as mãos, com tédio.
- Não consigo entender por que você quer passar mais tempo na escola - ela disse. - Tchauzinho!
Gabe saiu quase correndo pelo corredor. Enid inspirou fundo e caminhou até o corredor das aulas extracurriculares. Era um corredor pequeno onde estava escrito os nomes das aulas e dos professores nas portas. Artes, música, teatro... Ela achou a sala de produção de texto onde a srta. Tanner - uma mulher que aparentava ter uns 30 anos, morena de lábios carnudos e usava roupas que pareciam ter saído com século passado - dava a aula. Hesitou antes de abrir a porta. A srta. Tanner levantou os olhos de um livro que lia e sorriu para ela.
- Enid Arrow, certo? - ela perguntou. A voz era um pouco desafinada.
- Eu mesma.
- Ótimo. Sente-se, alguns alunos ainda irão chegar.
Havia apenas duas pessoas na sala, além da professora. Duas meninas que se sentavam na fileira da frente e tinham olhares pensativos e sonhadores. Enid acenou com a cabeça para elas, que retribuiram com um sorriso fraco.
Enid caminhou para o meio da sala, onde pôs sua mochila em uma carteira e esperou olhando em volta.
Mais alunos do que ela esperava chegaram na sala. Quando eram 16h em ponto todos os alunos já estavam lá dentro. A srta. Tanner se levantou olhou em volta para todos os rostos da sua turma. Quando abriu a boca para falar algo, um menino entrou na sala num rompante, sobressaltando a todos.
- Desculpe, srta. Tanner - disse um sotaque bem peculiar. - Sou novo aqui e me perdi pelos corredores.
A srta. Tanner sorriu para ele e gesticulou para uma cadeira na primeira fileira.
- Oh, não se desculpe. Sente-se por favor.
Enid olhou para ele e seus olhares se encontraram. Cezar caminhou até o meio da sala e sentou-se na carteira vaga ao lado dela. Ele acenou com a cabeça, cumprimentando-a, e depois olhou para a srta. Tanner.
- Oi, veterana - ele disse baixinho.
- Oi, novato. - Enid respondeu com um sorriso. - Gosta de escrever?
Ele olhou para o chão e piscou algumas vezes, envergonhado.
- Na verdade eu componho músicas. Achei que essa aula ia me ajudar a expandir minha criatividade.
Enid levantou as sobrancelhas, surpresa.
- Búlgaro, músico... Você é uma caixinha de surpresas - ela disse e ele riu.
- Que nada! Minha vida é um livro aberto.
- Olá, alunos! - disse a voz estridente da srta. Tanner. - Bem-vindos à aula de produção textual! Aqui nós iremos aprender algumas poucas coisas sobre a arte da escrita, a literatura e tudo que a envolve. Bem, que tal nós nos conhecermos melhor hoje? - ela deu uma piscadela. - Vou pegar leve, é só o primeiro dia.
Cezar fez uma cara de confuso e cutucou Enid.
- O que significa "pegar leve"? - ele perguntou.
Enid riu de leve da confusão dele e depois se aproximou para sussurrar na orelha dele.
- É tipo aliviar, não ser muito dura conosco.
Cezar sorriu, agradecendo e depois fez uma careta.
- É que é meio difícil compreender alguns palavreados americanos - ele explicou.
Enid riu.
- Ok, eu entendo.
A srta. Tanner rabiscou no quadro o seu nome, depois a idade, onde nasceu e no fim escrever a pergunta "por que gosto de ler e escrever?". Enid copiou isso no caderno extra que ela comprou apenas para aquela aula. Quando todos acabaram de copiar a srta. Tanner chamou a atenção dos alunos com um pigarro.
- Bem, eu vou dizer meu nome, idade, etc., e vocês vão fazer isso depois, seguidos de mim - ela disse e sorriu. - Chamo-me Aimee Tanner, tenho 29 anos, nasci em Ohio e gosto de ler e escrever porque isso não é apenas um passatempo, mas também um prazer e um dom - ela falou alto e depois apontou para um menino. - Agora você. Diz aí, quem é você?
O menino disse, seguido de outro, depois mais uns três alunos e Enid - que disse que ler é a melhor coisa do mundo e que escrever é algo que faz parte da vida dela -, e por fim Cezar foi o último a falar.
Cezar levantou e os olhares femininos da sala fixaram nele.
- Sou Cezar Simeonov, tenho 18 anos há uma semana, nasci e vivi por 4 anos em Plovdiv, Bulgária, mas fui para Londres e vivi por lá por 14 anos - ele hesitou um pouco e leu o caderno. - Ler é um prazer indescritível que não se compara a qualquer outro. E eu tenho o dom da escrita, e acho que isso é mais uma bênção. Escrever minhas músicas é algo que eu adoro fazer...
A srta. Tanner suspirou, demonstrando admiração.
- Então você escreve músicas? - ela perguntou.
- Sim, eu sou músico.
Os olhos das meninas da sala brilharam. Normalmente os músicos são românticos, o que o fazia mais encantador. Cezar era de um tipo que encantaria Enid se ela não tivesse eu perfeito Evan.
- Oh, isso é incrível! - Srta. Tanner (Aimee) exclamou. - Quero ver as suas músicas!
O sinal tocou naquele momento, avisando o fim da aula extracurricular de apenas meia-hora. Enid juntou suas coisas e acompanhou Cezar até o estacionamento.
- Suas músicas devem ser demais - ela comentou enquanto caminhava ao lado dele.
Cezar sorriu, tímido e depois a olhou nos olhos.
- Se quiser eu mostro a você. Posso fazer um CD MP3 para você com minhas músicas gravadas - ele hesitou. - Se você quiser, claro.
Enid sorriu.
- Eu quero sim. Eu adoraria!
O carro de Evan apareceu no estacionamento buzinando. Enid virou-se para Cezar para se despedir.
- É a minha deixa. Nos vemos depois, novato! - disse ela e se afastou.
Cezar riu de leve e acenou para ela.
- Tchau, veterana!
Enid quase correu até o carro de Evan. Ele a recebeu com um beijo longo e molhado - como sempre. Enid brincou com o cabelo dele e percebeu que ele estava tenso.
- O que houve? - ela perguntou.
- Quem era aquele? - Evan perguntou e apontou para a moto Kawasaki de Cezar.
Enid sorriu.
- Um novato. Chama-se Cezar. Ele é legal.
- Hum.
Evan ficou rígido e Enid precisou rir.
- Ciúmes, Evan? Sério? - ela disse entre gargalhadas. - Eu te amo, bobinho.
Evan a agarrou e deu mais um beijo.
- Acho bom. Porque eu também amo você.
- Oh, amor, por favor... Ele só é um cara legal que é da minha turma de economia e produção textual. - Enid disse se aconchegando no peito de Evan.
- Hum... - ele murmurou e coçou o queixo, intrigado. - Algo me diz que há algo de errado com esse garoto.
Enid levantou a cabeça para olhá-lo. Evan encarava Cezar, que estava em cima da moto dele. Ele acelerou e correu para fora do estacionamento.
Para ela Cezar era apenas o novato músico que parecia ser muito simpático. Não havia nada de estranho nele. Apesar haver um ar misterioso nos olhos verdes dele...
- Não, Evan. Ele é só um garoto - disse Enid.
Ela o beijou de leve, aproveitando aqueles lábios que tanto conhecia.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Hey, e aí? Comentários, por favor!
Aaah, recadinho para a leitora Malu: linda, você é um anjo! Sério, chorei com a sua recomendação! Obrigada pelo apoio. São esses recadinhos (apesar da sua recomendação ser bem grande e linda) que recebo qual me inspiram a continuar. Obrigada, anjos da minha vida, por fazer o que escrevo ganhar sentido *o*
Beijooos