Eternally Hunted escrita por Ivie Constermani


Capítulo 13
12 - Tão maus quanto iguais


Notas iniciais do capítulo

Hey beautiful people!
Tenho uma boa notícia para vocês: comprei meu notebook novo e agora vou poder postar normalmente O/ (eeeeeeeeeh, tuts tuts quero ver (8')
Enfim, boa leitura!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/395510/chapter/13

Enquanto as horas avançavam Enid pensou na vida. Pensou em tudo que a levara até ali, de frente para a morte, mas não se arrependia de nada. Por causa de Evan.

Pensou em como o amava, em como temia perdê-lo. Lembrou da sua.primeira noite com ele, em como seus toques leves a levaram ao êxtase. Em como teve certeza, naquela noite, de que não importava o que ele era ou o que eles teriam que enfrentar juntos, porque ela o amava.

E tudo isso agora estava perdido. Por causa da chave.

A chave... Ela tentou pensar no que falar para Saab e Caius. O que diria? Que eles não podiam ficar com a chave? Que Evan nunca permitiria? Será que conseguiria sair viva desse encontro? E se não conseguisse?

Então resolveu fazer uma carta de despedida. Parecia ridículo mas pelo menos poderia dar uma explicação às pessoas quando achassem seu corpo na trilha do medo. Escreveu "Para Evan" no remetente e começou.

"Se você estiver lendo isso, sinto muito meu amor, mas eu estarei morta. Você deve estar chorando,com raiva e querendo vingança, mas saiba que isso não vai adiantar porque tudo isso é minha culpa. Eu decidi não te avisar, eu fui encontar com Saab e Caius, eu que cavei minha própria sepultura. Não fique bravo. Eu te amo e lamento muito.

Diga à  mamãe que eu a amo também e diga a Karl. Ele é o meu garoto. E diga à Lion para cuidar deles.Também o amo.

Diga a Daniel e Vine que eu morri tentando salvar a todos vocês, e diga ao Dany que eu lamento por ter sido fraca e que ele é o melhor amigo do mundo.

Diga a Gabe que eu lamento por não poder ser a madrinha do seu casamento e ao Josh para cuidar dela. Amo os dois.

Diga a Angelin que ela é uma ótima líder de torcida, mas avise para ela tomar cuidado para no ficar metida e arrogante.

Diga à  Maxine que eu desejo do fundo do meu coração que ela encontre o pai dela e consiga controlar seus poderes, ou melhor, se curar.

E por último, eu digo a você que isso tudo foi por uma boa causa. Tentei protegê-lo, tentei salvar todos nós. Mas falhei. E sinto muito. Mas não me arrependo de nada. Eu te amo e agradeço a você por me amar também, e por me mostrar todo esse mundo louco e sem sentido do qual você pertence. Quem diria que depois daquele casamento de fachada tudo isso iria acontecer... E quem diria que eu iria me apaixonar por um delinquente e que ele iria me ensinar a amar? Eu te amo mais que minha própria vida".

Enid suspirou e limpou uma lágrima que escorreu de seus olhos. E, com muita tristeza, encerrou a carta.

"Sinto muito. Com muito amor, Enid."

Eucalipto. Um cheiro bem leve de eucalipto passou como uma brisa pelo quarto de Enid. E depois ficou mais intenso, a ponto de Enid imaginar que havia um pé de eucalipto dentro do quarto.

E então uma figura pálida apareceu bem ao lado dela, na cama. E o cheiro chegou a queimar suas narinas de tão forte.

- Olá, bela humana.

Ela não sabia qual dos dois era. Mas parecia ser Caius pois Saab era bem mais reservado.

- Oi - ela murmurou.

Você precisa ser legal, ela disse para si mesma, faça eles pensar que está tudo bem e que você vai conseguir a chave.

- Pronta para dar um passeio? - perguntou a criatura ao seu lado, animado. Caius, sem dúvida era Caius.

- Passeio?

- Sim. Vamos até a Trilha da Morte, já se esqueceu?

Enid engoliu em seco e fez cara de paisagem. Aja como se tudo isso fosse normal, pensou.

- Certo. Claro. - Ela tentou soar convincente, mas eles não demonstraram nada.

- Vamos - disse Saab, pulando pela janela.

Enid não ia fazer aquilo. Pular da janela. Não, era maluquice. Se não morresse ia pelo menos quebrar alguns ossos.

Então ela simplesmente abriu a porta do quarto e dirigiu-se até a porta da entrada da casa, como uma pessoa normal faria. E Caius a seguiu, olhando cada canto da casa, curioso e um tanto... admirado.

- Bela casa - ele comentou e sorriu.

Enid se perdeu na imensidão branca dos seus dentes por um momento, mas depois respondeu.

- Obrigada.

Caius era absurdamente humano. Não na aparência, mas no modo como agia e pensava. As coisas que ele dizia não faziam saindo da boca dele. Ele era um feiticeiro, devia agir como um. Mas ele era diferente. Enid não sabia se devia temer ou não essas atitudes dele. Só que naquele momento ela só conseguia sentir medo.

Encontraram com Saab no jardim, e silenciosamente, seguiram o caminho.

Os passos deles eram silenciosos, e apenas a respiração acelerada e o som das galochas de Enid pisando na rua molhada eram ouvidos. Ora ou outra uma brisa leve agitava as árvores e o cabelo de Enid, mas os fios brancos dos cabelos deles agitavam-se leve e graciosamente, e voltavam para o lugar imediatamente.

Saab mantinha uma expressão vazia, pensativa. Na mente dele podiam se passar mil coisas, ou simplesmente nada. Caius estava um tanto agitado, parecia querer falar alguma coisa. Às vezes ele e Saab trocavam olhares e pareciam conversar mentalmente. E Enid manteve-se andando pesadamente, olhando para o chão como se fosse uma alguma coisa realmente interessante e tentando esconder o medo. Mas sua expressão de pânico era evidente.

Quando chegaram à  Trilha da Morte, um carro passou por eles. Aquela era a última chance que Enid tinha de pedir ajuda. Enquanto as luzes do farol chegavam cada vez mais perto ela estava refletindo sobre essa possibilidade. Eles estavam ali, tão perto, podiam fazer alguma coisa. E eles não iam deixar passar essa atitude de Enid. Então o carro passou ao lado deles a 60km por hora e Enid simplesmente o deixou ir. O encarou até sumir na estrada, e então sentiu o toque da mão fria de Caius segurando um dos seus ombros.

- Vamos.

Subiram a Trilha. Saab foi na frente, tranquilamente e manteve a mesma expressão vazia. Enid estava no meio e teve grande dificuldade de passar pelas pedras cheias de limo. E Caius logo atrás, que ajudava Enid a se levantar toda vez que ela caía.

Saab parou entre duas árvores e ficou esperando Enid e Caius se aproximarem dele. Sua respiração estava instável e controlada, como se ele não tivesse andado quase trás quilômetros e subido uma Trilha cheia de armadilhas. Caius ficou ao lado dele e no meio da escuridão eles pareciam brilhar.

- Queremos a chave. - Saab foi diretamente ao ponto, deixando Enid ainda mais sem ar.

- Sim, queremos o que é nosso.

- A chave é de vocês? - Enid perguntou, querendo ganhar tempo.

- Sim, a chave é nossa.

- Então por que ela não está com vocês?

- Porque ela estava desaparecida. Mas agora sabem com quem ela está e queremos de volta. - Caius disse docemente.

- Sim, devolva. - Saab acrescentou. Ele queria que aquilo acabasse logo, tanto quanto Enid.

- Não estou com a chave.

- Sabemos disso.

- Então por que me trouxeram aqui?

- Porque você é a única que pode pegá-la. - Saab disse como se aquilo fosse a coisa mais óbvia.

- Não posso não.

- Sim, você pode.

- Não posso.

- Pode sim.

- Não, eu não posso.

- Mas vai. - Saab pôs fim na discussão. - E vai fazer logo.

Enid se encolheu e Caius deu um passo na sua direção.

- Pode levar o tempo que precisar.

- Mas eu não posso pegá-la.

- Escute, bela humana, você precisa pegar a chave.

- Meu nome é Enid, e eu não posso.

Caius sorriu levemente e mexeu as mãos lentamente como se escrevesse no ar.

- Enid, precisamos mesmo da chave. E temos apenas até o fim do ano para consegui-la. Nossa intenção não era a de machucar ninguém, mas estamos tão desesperados que o faremos se for necessário. Então você não tem opção. Ou você pega a chave, ou você pega a chave. Simples assim.

A calma dele a fazia sentir mais pânico ainda. Estava sem saída. Não havia escolha. Então ela apenas balançou a cabeça, assentindo.

- Eu pego a chave - disse. - Mas vocês não podem ferir mais ninguém.

- Não faremos nada. Prometemos a você. Mas você precisa pegar a chave. Mas só... Me dêem um tempo. Não vai ser fácil fazer isso.

- Certo. Daremos o tempo. - Saab disse e voltou a andar.

- Obrigada.

Fizeram o caminho de volta. Enid tentava arrumar algum jeito de conseguir enganá-los. Claro que ela não ia dar a chave. Mas tinha que fazer alguma coisa, e tinha que fazer logo.

A volta durou menos tempo que a ida, e fora mais barulhenta também. Eles a deixaram na frente de sua casa ao amanhecer e se retiraram logo depois. Mas Saab parecia saber que Enid estava arrumando um plano, então virou-se para ela antes de ir embora e disse:

- Fez uma ótima escolha, bela humana. Mas saiba que se tentar nos enganar poderá sofrer graves danos.

E então Enid decidiu que tinha que pensar em um plano eficaz. E de preferência um que não deixasse ninguém ferido.

Cezar ficou surpreso ao ver Enid entrar na sala da aula de economia. Havia cinco dias que não a via e chegou a sentir falta dela.

Ela parecia abatida. Estava pálida demais, um tanto descabelada e vestia branco. Se dirigiu para seu lugar de costume, mas Cezar acenou para que ela sentasse ao seu lado. E ela sentou.

- Oi. - Enid disse, a voz fraca.

- Como você está? - Cezar perguntou, tentando soar natural.

- Melhor.

"Melhor" não definia como ela estava.

- E como estão as coisas?

- Bem.

As coisas não estavam "bem".

- Você está realmente bem? - Cezar perguntou.

- Estou, claro.

Resposta errada mais uma vez. Havia alguma coisa muito errada acontecendo.

- Certo, pode me contar o que houve. Você não está bem.

- Sim, estou. É só que...

- Sim?

- Ah, eu estou como uma pessoa deveria estar quando sua casa é incendiada.

Cezar levantou as sobrancelhas, surpreso com a resposta. Enid apoiou os cotovelos na mesa e a cabeça nas mãos.

- Ai, me desculpa, é que eu ainda estou me recuperando. Foi um choque muito grande para mim.

- E para mim também. Fiquei preocupado.

- Nada de muito grave aconteceu. Quer dizer, Lion quase morreu mas agora está bem melhor e vai receber alta daqui alguns dias. Mas é estranho, sabe? Nada vai ser igual.

- Entendo...

Enid não disse mais nada e ele a deixou prestar atenção na aula, apesar de ela estar pensativa demais e parecer não estar prestando atenção.

Ficaram calados durante toda a aula, e quando o sinal tocou Cezar correu até o seu armário. Enid o alcançou a tempo de vê-lo tirar uma capa de CD da mochila.

- Feliz aniversário atrasado - ele anunciou e entregou o CD a ela.

Enid ficou sem palavras. Avaliou o presente meticulosamente e depois sorriu. Era bom vê-la assim.

- Obrigada.

- Viu só, eu disse que eu ia te dar um CD com minhas músicas. Tá aí. Só ouça com carinho e não me julgue. Sou apenas um iniciante.

Dessa vez ela riu.

- Vou ouvir e depois eu te digo o que achei.

- Claro.

Ela saiu ainda sorrindo e Cezar se sentiu satisfeito. Quando virou-se para fechar o armário avistou Maxine no fim do corredor conversando com umas meninas de short curto.

Durante esse pouco tempo ela conseguira entrar no Hall dos mais populares da escola. As meninas a amavam. Queriam ser como ela. E os meninos queriam ela. E, nesse pouco tempo, ele não conseguia tirá-la da cabeça.

Aquele jeito de ser, o modo como ela não se importava com o que as pessoas vão achar, sua beleza estonteante... Ele gostava dela muito mais do que deveria.

Decidiu se aproximar. Cumprimentá-la, dizer um oi, perguntar as novidades.

- Oi, Maxie! - disse quando estava perto o suficiente para ela ouvir. - E aí?

- E aí, senhor músico! Ouvi as suas músicas e adorei. Suas palavras tocariam meu coração se eu tivesse um - brincou.

- Ah, claro. Que bom!

- Mas, olha, tenho que te falar, aquela que fala sobre um beijo num dia de chuva é a melhor. Como é mesmo? "A chuva nos banhava enquanto seu beijo me inundava de prazer".

- "E eu podia ver nos seus olhos que quando a chuva passasse você continuaria sendo minha".

Maxine riu. Com um gesto com a mão fez com que as meninas saíssem.

- Isso é ótimo. Um poema!

- Que bom que você gostou. E, olha, pela previsão do tempo vai chover hoje à noite. Se você quiser vir comigo eu posso mostrar para você como é a sensação de ser beijada sob a chuva.

Maxine riu ainda mais e deu um tapinha no ombro dele.

- Essa foi boa, senhor músico. Eu preciso ir.

Maxine simplesmente se afastou e foi embora. Idiota, Cezar se discriminou. Ela achou que era uma brincadeira. Não era. Ele adoraria beijá-la sob a chuva. Mas, pelo jeito que ela riu e como se afastou logo depois ele percebeu, com tristeza, que ela não sentia o mesmo.

Maxine sentiu o cheiro de eucalipto de longe. Enid estava em apuros.

Deixou Cezar com cara de desolado e foi correndo ao banheiro feminino. Por alguma razão os irmãos encrenca gostavam daquele lugar.

Quando chegou, percebeu que apenas Caius estava lá. Ele falava com Enid. Sobre a chave, claro.

- Olá! - Maxine pegou os dois de guarda baixa, e Enid chegou a gritar. - Estou interrompendo alguma coisa?

Maxine não ficou olhando para a cara de coelho assustado de Enid e concentrou-se em Caius.

- Olá, bruxa híbrida. Como vai?

- O que você quer com ela, hein? Da pra parar de encher o saco da menina, não vê que ela está mais assustada que um coelho?

Caius sorriu para ela.

- Estávamos tratando de negócios. Mas agora não tenho mais o que fazer aqui.

- Espera. Sobre o que vocês estavam falando?

Caius deu um passo para trás, ainda com aquele sorriso estranho no rosto.

- Adeus. - E então sumiu, deixando uma nuvem preta no ar e um cheiro muito forte de eucalipto.

Enid foi até a pia e lavou o rosto. Desfez e refez o rabo-de-cavalo e se retirou do banheiro em silêncio, ainda com cara de coelhinho assustado.

Algo muito, muito errado estava acontecendo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentários por favor e recomendações são extremamente bem-vindas!!!
Be-i-jos! Love ya'