O Corvo Do Meio-dia escrita por Foxbold


Capítulo 2
Cap. 1 - Os corvos


Notas iniciais do capítulo

Só uma coisa a dizer: eu como almas no café da manhã.



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“É bom você acreditar em Deus, porque só ele pode salvar você agora.”

Quando abri os olhos, ainda estávamos no corredor escuro. Acho que não dormi muito tempo. O ar era mais abafado, e o chão se inclinava um pouco para baixo, como se estivéssemos indo para as entranhas da terra. As paredes eram feitas de algum material estranho. Pedra? Granito? Não sei dizer. Na verdade, eu não prestei atenção. Alguns dos homens mascarados carregavam lanternas na mão. Ia começar a chorar de novo, mas um menino ao meu lado fez isso antes de mim. Pude ver seu rosto amedrontado, seus cabelos pretos oleosos caindo sobre os olhos antes de um homem magro e alto encostar o cano de uma arma na sua testa e ele cair morto no chão.

Lágrimas escorreram pelos cantos dos meus olhos, mas minha mente processou mais rápido. Eu não podia chorar. Não podia sequer respirar alto demais. A menina ao meu lado lançou um olhar como quem diz: ”entendeu agora, bobão?”

- Eles estão ficando agitados. – o que atirou no menino comentou.

- Cale a boca, zero dois. – Uma voz grossa saiu da multidão à minha frente.

Tive medo. Imaginei todos aqueles monstros dos meus pesadelos, todos dentro daquele corredor escuro, nos levando para algum tipo de inferno. Mamãe sempre me avisava para não falar com estranhos, porque existiam esses tais de seques.... sequestra... sedores... enfim.

Andamos em silêncio por mais algum tempo – não sei quanto – e por fim, acabamos chegando... em outro galpão igualzinho àquele. Será que havíamos voltado para o mesmo lugar? De repente, escutei um barulho extremamente alto de panelas batendo, que fez meus ouvidos doerem. Não conseguia saber de onde vinha, porque ecoava por todo o lugar, mas então uma voz grossa começou a gritar. Um homem na minha frente subiu por uma pilha de sacos de farinha e bateu as panelas novamente. Os outros homens de preto repetiram o barulho. Achei que ficaria surdo. Todas as crianças que choravam, falavam ou faziam qualquer tipo de ruído, silenciaram.

- Atenção! Vocês acabam de viajar de um distrito para o outro pelas vias subterrâneas. Isso quer dizer que estão longe demais para pedir ajuda. Longe demais para encontrar seus pais. Longe demais para Deus atender suas orações. Então, se quiserem continuar vivos e não desse jeito – eles empurraram o corpo do menino que eu vi morrer para cima dos sacos de farinha. Sua testa sangrava, seus olhos estavam vidrados, ainda vermelhos e inchados. Não aguentei olhar, então encarei o chão – é bom ficarem quietos e obedecerem cada palavra. ESTÃO ME OUVINDO? OLHEM NOS MEUS OLHOS QUANDO EU FALO COM VOCÊS, PESTES. – Olhei para cima imediatamente. – Sintam-se bem vindos ao quartel dos corvos. Seus nomes não nos importam; na verdade, são até empecilhos. Quando saírem dessa sala, irão para a câmara de batismo, onde ganharão um novo nome, uma máscara, uma roupa e uma arma. Vocês não devem falar, tossir, chorar, gritar, conversar, rir, gargalhar, brincar, sorrir, nem esboçar nenhum tipo de emoção. ENTENDERAM?

Olhei ao redor. Estavam todos de cabeça baixa. Haviam crianças de todas as idades ali. Desde dois anos, até treze.

- Meu nome é Zero. E eu sou seu novo líder.


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Notas finais do capítulo

De novo, peço que avaliem a história. O futuro dela depende dos comentários de vocês.
Valeu de novo gumelada!



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