Barnabas já estava cansado. Cansado de ver Julia sair todas as noites para encontrar George, cansado de vê-la todos os dias e não falar com ela, cansado dos cabelos sem cor de sua namorada. Embora adormecesse todas as noites ao lado de Jossete, em seus sonhos ele encontrava a médica de cabelos ruivos. 
Uma tarde, Jossete foi para o centro de Collinsport com Willie a pedido de Elizabeth. Barnabas, então, se viu livre para ter uma conversa definitiva com Julia. Ele foi até seu quarto e bateu na porta.
- Pode entrar - ele ouviu
Quando a porta se abriu, Julia deu um pulo.
- O que você quer aqui? - ela perguntou
- Conversar, só conversar. Por favor.
Julia não se convenceu.
- Vamos, saia do meu quarto - disse ela, avançando contra o vampiro, que recuou até sair do quarto. 
Julia saiu do quarto também e fechou a porta a suas costas.
- E qual seria o assunto?
Barnabas suspirou.
- Precisamos esclarecer o que há entre...Entre nós.
A médica procurou contornar a situação, tentando achar uma frase para destratá-lo, mas não achou frase alguma.
- Olha, Barnabas - ela disse, chegando mais perto dele - Você tem Jossete e eu...Eu, bem, eu estou saindo com George e...
- Mas é exatamente sobre isso que eu quero lhe falar.
Julia engoliu um seco.
- Pois bem - ela ergueu as sobrancelhas - Diga.
- Bem - ele suspirou e caminhou para perto dela - Há algum tempo que eu me sinto atraído por você, mesmo sem saber o real motivo. Em nossos encontros eu sempre deixava bem claro o que eu sentia. Ou, pelo menos, tentava. 
Os olhos de Julia brilharam e ela tentou esconder o sorriso.
- Julia, eu não quero que você deixe de sair com George assim como eu não quero terminar o meu relacionamento com Jossete, mas...Mas eu pensei que, já que nós começamos com isso nós devíamos...
- Continuar? - ela sussurrou
Barnabas agora estava a poucos centímetros do corpo dela.
- Exatamente - ele respondeu com outro sussurro
O vampiro acariciou o rosto dela, pôs uma mecha dos cabelos ruivos para trás de sua orelha e segurou sua nuca.
- Então estamos combinados? - ele sussurrou contra os lábios de Julia
A ruiva abriu os olhos repentinamente. Ela nem se lembrava que os olhos haviam fechado. Ela se soltou de Barnabas e se afastou.
- Eu realmente não sei, Barnabas. Quer dizer, Jossete também vive nesta casa e - por um momento, a mente de Julia se iluminou. Ter um caso com Barnabas bem debaixo do nariz de Jossete seria muito bom.
Ela se virou novamente para Barnabas e disse:
- Teremos que ter todo o cuidado possível. Quero dizer, não sei como nunca nos pegaram nesse corredor.
O vampiro ponderou. Era verdade, era muita sorte ninguém passar por ali enquanto eles conversavam ou se beijavam. Ele se aproximou dela novamente.
- Eu prometo que farei o possível para que isso permaneça em segredo absoluto, afinal, eu não quero prejudicar seu relacionamento com George e muito menos o meu.
Julia sorriu. Ele havia caído na conversa de que George e ela estavam juntos. 
Barnabas ficou encantado pelo sorriso de Julia. Ele a enlaçou pela cintura e aproximou seu rosto do dela. 
- Pare de fugir, Julia - ele sussurrou
Ela fechou os olhos e beijou o vampiro, que correspondeu no mesmo instante. Barnabas a empurrou contra a parede e continuou a beijar-lhe com luxúria. Julia não conseguir medir o tamanho de sua felicidade. Ela não conseguia importar com mais nada, apenas consigo mesma e com Barnabas. O vampiro, então, escutou passos. Ele descolou os lábios dos dela e sussurrou:
- Tem alguém vindo.
Ela se livrou dos braços dele e correu para dentro do quarto, se trancando lá. Barnabas ficou sem ação, e andou na direção oposta aos passos. Julia espiou pela fresta da porta o vampiro se afastar e suspirou. Ela se jogou na cama, sorrindo bobamente.
"Eu me sinto atraído por você" as palavras dele ainda ecoavam na mente da médica, que não conseguia acreditar no que acabara de ouvir e fazer. 
Atraído? Atraído como? Ela não conseguia pensar direito em nada. Tudo sempre voltava para os lábios de Barnabas. Ela amaldiçoou eternamente a pessoa que vinha andando pelo corredor.

...

À noite, Julia iria sair com George. Ele buzinou à porta e Julia saiu correndo. Ela ainda sorria feito uma criança e George, com certeza, notou.
- Por que essa felicidade toda? - ele perguntou quando os dois entraram no carro
Julia mordeu o lábio e disse:
- Lembra quando eu disse que queria que Barnabas tivesse ciúmes de me ver com você?
- Ah, eu me lembro.
- Então, acho que isso funcionou, porque hoje ele me disse que estava "atraído" - ela brincou com a palavra, fazendo George rir - Por mim e disse que gostaria de se encontrar escondido comigo.
George riu.
- E você disse sim.
- Mas é claro que eu disse.
George segurou e beijou a mão da ruiva.
- Só espero que ele não te faça chorar, ou eu estouro os miolos dele.
Julia bufou.
- Por favor, não banque o irmão mais velho.
- Não estou.
Julia revirou os olhos e olhou para ele, que retribuiu o olhar.
- Já estava na hora, não concorda? - ele disse
- Preste a atenção na estrada, George.
Ele riu com o mau humor repentino dela, e continuou dirigindo.

...

Barnabas andou pela casa recém-construída, dando voltas e voltas, mas não encontrou Julia. Ele logo deduziu que ela estivesse com George e isso o enfureceu. Ele ouviu um carro estacionar na frente de Collinwood e foi para a sala. Julia se despediu de George e entrou na casa. Ela deu de cara com Barnabas e levou a mão ao peito.
- Barnabas, você me deu um susto - ela exclamou, se acalmando
- Julia - ele disse, sussurrando - Eu queria me encontrar com você. Mais tarde, no jardim, igual àquele dia.
Ela olhou em volta, verificando se não havia ninguém por perto. A ruiva se aproximou dele e lhe deu um selinho, para depois sussurrar em seus lábios:
- Duas da manhã. Não se atrase.
E saiu da sala.