O Cuidador Do Fogo escrita por Larinha


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Olá meninas. Obrigada pela leitura do capitulo e por terem comentado.
Como prometi, esta aqui o segundo capitulo.
Não tenho habito de entrar na internet no fim de semana, então consequentemente só irei postar de segunda a sexta.
Mas prometo que haverá mais de um postagem por semana. Se tudo der certo ainda posto outro capitulo hoje!

Boa leitura a todas!



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De todas as traições do mundo que esperei, essa foi a que mais doeu. Tudo bem, tudo bem, com certeza não foi a que mais doeu, mas no meu mundinho e imersa em uma desastrosa depressão eu realmente estava certa de que fora a pior traição. Meu coração doía fisicamente e meus olhos ardiam com a vontade de chorar. Eu já estava um caco, e com o rosto inchado eu jamais ficaria tão bonita quanto Lissa. Na verdade, eu estava começando a pensar que não ficaria nem tão bonita quanto a Alberta. Não que ela fosse feia... Ela só não se importa muito com adereços femininos.

Espantei minhas asneiras mentais, engoli meu orgulho, levantei da cadeira da manicure e fui decidida para o camarim onde seriam feitas a maquiagem das convidadas de honra. Mia já estava linda, com uma maquiagem perfeita que ressaltavam seus lindos olhos azuis. Notei que nossos vestidos estavam pendurados em um canto do recinto e ela aguardava apenas com os trajes que Alberta havia me descrito: tomara que caia e shorts pretos por precaução é lógico. Mia não iria lutar...

Sentei na cadeira para aguardar o maquiador enquanto Mia me falava palavras de força e consolo. Se fosse há um tempo, eu estaria desejando apenas um bom chocolate quente e Donuts nesse momento. Mas a única coisa em que eu pensava mesmo era em chegar ao baile e tomar um grande copo de vodka com energético. Só assim eu seria capaz de esquecer! Fechei os olhos e não optei por nenhuma cor de sombra. Nessa altura do campeonato já não fazia diferença e meu vestido era um preto longo, com uma grande fenda na perna esquerda, logo, qualquer maquiagem era bem vinda.

Enquanto o maquiador trabalhava arduamente nas minhas profundas olheiras, uma mulher baixinha se esforçava para secar meu cabelo. Como doíam os puxões que ela dava! Mas no final, não tive muito do que reclamar já que como naquela famosa música, eles realmente fizeram um milagre em mim. Encarei minha imagem no espelho e vi uma Rose que eu não encontrava há muitos anos! Seu rosto estava belo, apesar do olhar triste. Não havia marcas de expressão e os lábios estavam grossos com um batom vermelho fosco. Os cabelos estavam soltos e caídos em cachos largos e despojados pelas costas. Reprimi uma lágrima que teve a intenção de cair. Não poderia estragar aquela imagem tão linda.

– Rose... Você está chorando. – Mia me abraçou enquanto eu tentava me afastar dela.

– Não me abraça não me abraça! Isso só faz dar vontade de chorar mais. – Eu dizia enquanto sentia meu rosto esquentar com o anuncio de que mais lágrimas estavam por vir. O maquiador revirava os olhos para minha cena patética. Com certeza estava me odiando por estar prestes a estragar sua obra de arte.

– Sente aqui Rose. Vou te ajudar a colocar os sapatos. – Mia parecia se sentir culpada pela minha situação emocional.

– Dá um tempo Mia... Não precisa ficar assim. Eu vou melhorar! Adrian estará comigo e me fará com que eu me sinta melhor. – Sorri para ela, mas pela sua cara não deve ter sido convincente. Peguei o coldre de perna e o coloquei bem próximo da virilha, para evitar que aparecesse na fenda absurda que deixava minha perna nua. Encaixei minha estaca de uma forma com que não me incomodasse e que não atrapalhasse meus movimentos ao andar. Calcei os sapatos e Mia correu para me ajudar a colocar o vestido. Observei a adaptação feita com velcro e apesar de não haver estética interior, por fora parecia que tudo estava nos conformes. Ajudei Mia enquanto olhávamos nossa imagem no espelho. Seu vestido era um longo floral em tons de primavera. Claro e clássico que valorizava seu corpo. Era gritante nossa diferença. Mia sempre muito mais fina e clássica estava digna de ser um verdadeiro membro da realeza. Já eu parecia estar pronta para matar, mas meus olhos me acusavam, eu estava mergulhada em tristeza.

Porém, se eu tivesse animo e determinação nesse momento, eu realmente dedicaria minhas forças para matar duas pessoas em especial, fora os Strigois que corriam fora das proteções da Corte. Não que eu realmente o fosse fazer. Lissa não apreciaria e ficaria extremamente magoada comigo. Então eu me esforçaria para manter a pose... Não estava mesmo boa para protagonizar espetáculos hoje.

Seguimos para a porta do salão e entremos no “carrinho de golfe” que já nos aguardava para levar-nos até o ponto de partida do desfile da coroação. Pessoas bem vestidas circulavam pela corte, ansiosas para o inicio de uma nova era Moroi. Haviam algumas vestidas de forma exagerada, que pareciam verdadeiros carros alegóricos. Usavam muito brilho, muito vestido e me fizeram realmente descontrair e distrair um pouco do que estava por vir.

Chegamos ao ponto de partida exatamente às doze horas, no horário de inicio da cerimônia. Demos a sorte de ver Lissa se aproximar em uma bela carruagem feita de ouro. Apesar de Lissa ser jovem e moderna, os costumes da realeza prezavam pela fina e requintada tradição. Ela estava belíssima em um suntuoso e clássico vestido verde, cor tradicional da família Dragomir. Seu longo cabelo louro estava preso em um coque impecável, o que realçava um maravilhoso colar de esmeraldas que repousava em seu colo. Os brincos eram como pontos de luz, onde o outro reluzia forte, marcando a entrada de um primeiro reinado Dragomir.

Só quando a carruagem parou, consegui notar a presença de Christian e Jill que estavam ao seu lado e aguardando que Mia e eu nos posicionássemos para o inicio das formalidades. Christian vestia um smoking perfeito e muito discreto. Sua pose mostrava firmeza, apoio e devoção a sua fiél companheira e nova rainha do nosso mundo. Ficava claro que novos tempos estavam para começar aos membros da família Ozera. Jill trajava um vestido nude tomara que caia e decotado nas costas. Ele possuía pequenos detalhes nos seios que eu tenho certeza que era feito de joias místicas.

Lissa desceu da carruagem e posicionou-se no meio, de forma que Christian e eu ficamos ao seu lado direito e Mia e Jill do seu lado esquerdo. Olhei pra frente e pela primeira vez me vi surpreendida com a quantidade de pessoas aglomeradas para assistir ao cortejo real. Quando começou o desfile, por onde passássemos todos abaixavam a cabeça, fazendo uma referência em sinal de respeito. Não houve problemas e nada saiu do controle, já que todos os guardiões estavam atentos a qualquer movimento suspeito. Felizmente, tudo aconteceu dentro dos padrões e claro, com muito luxo. No momento da coroação, nós subimos em um palco que de improvisado não tinha nada! Como Lissa quis aclamar seu povo e fazer a cerimônia ao ar livre, a administração providenciou a montagem de um palco provisório onde aconteceria a coroação para que todos pudessem acompanhar. Havia telões espalhados por toda a Corte, e a transmissão era feita ao vivo para todas as academias e centros de treinamento existentes no mundo. Pacotes para transmissão também foram vendidos, de forma a provar que esse era um grande evento para todos os Dampiros e Morois.

Ao fim da coroação todos os convidados da rainha foram encaminhados ao salão onde um verdadeiro banquete seria oferecido. Eu ansiava por esse momento e confesso que pouco me atentei ao momento em que a coroa foi colocada na cabeça de Lissa. Ainda era difícil vê-la como rainha, então dê um desconto... Minha ficha um dia ainda vai cair.


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Eu estava na festa segurando uma bela taça de champagne. Tudo bem que não era minha bebida favorita, mas dava para o gasto. Observava Lissa de longe cumprimentado diversos membros das famílias reais, sorrindo e sendo educada como sempre. Eca! Já estava farta de tanta gente babando o ovo. Tudo bem, eu sei o tanto que Lissa é carismática e tudo mais... Mas todos sabem que grande parte daquele pessoal que estava sendo amigável com ela não estava satisfeito com sua posição no trono. Lissa mais do que ninguém sabia disso, e a vendo sobre tanta pressão e estresse fez com que eu parasse para analisar um pouco de suas emoções. Absorvi um pouco daquela escuridão que lhe ameaçava, já que nada poderia dar errado hoje. Lissa se sairia muito bem e eu estava fazendo minha parte para que tudo desse certo. Ao longe vi um bom conhecido sentado em um dos lounges montados para a ocasião. Suas roupas, como sempre, muito vistosas e luxuosas, que me faziam me sentir uma pobre imunda ao seu lado. Se não fosse por algumas semelhanças, apostaria que ninguém acreditaria que eu era sua filha. Ele acenou leve para mim, um convite mudo para que eu lhe fizesse companhia. Não fiz cerimônia para aceitar e segui em sua direção. Quanto mais eu me aproximava mais eu sentia o forte cheiro de fumo característico do famoso narguile. Abe estava fumando uma essência doce e enjoativa, mas pouco me importava o sabor, o barato de fumar aquilo era a sensação tranquila e de paz.

– Olá velhote, espero que não se importe que sua querida filha lhe acompanhe nessa sessão. – Falei enquanto dava um beijo em seu rosto e sentava-me ao seu lado. Notei curiosamente que Abe estava sem calçados e me lembrei de que para ele o uso do narguile está ligado à transcendência da alma para um contato com Deus. E para isso existe todo um ritual em que é fundamental tirar os sapatos!

– Você está bebendo Rose! Não acredito que acha que esse é o momento apropriado para orar... – Ele falou irônico, como se estivesse realmente em um momento intimo com Deus.

– Corta essa, pai. Você sabe que eu não ligo a mínima para essa tradição esquisita toda de fumar para orar e tudo mais. Eu só quero ficar tranquila e nada melhor que um tradicional narguile turco para que me pressão abaixe e acalme meus ânimos. Vou precisar de paciência essa noite. – Ele não falou mais nada, apenas assentiu e passou a mangueira para que eu pudesse degustar do sabor. Eu sei, eu sei... Soa completamente irônico eu ter passado os últimos anos atormentando Adrian e seu vicio por cigarros de cravo, já que agora estou mordendo minha língua. Mas dê uma chance, narguile não é a mesma coisa e eu não uso com a mesma frequência que Adrian fuma. E além do mais, cigarros não tem esse lance de Deus o que me faz pensar que narguile é bem melhor. Levantei o braço e chamei o garçom que passava para trocar minha taça vazia por outra que estivesse cheia. Abe me encarou e eu tossi engasgada antes de passar a mangueira novamente para ele.

– Não acha que está forte demais? – Perguntei referindo-me ao fumo.

– Não acha que está bebendo demais? – Ele rebateu com olhos sábios.

– Não acho que isso seja da sua conta! – Fiz uma carranca. Não era porque o velhote era meu pai que ele agora influenciaria em minhas decisões. Afinal... já sou maior de idade, formada e tenho um ótimo emprego. Ele me olhou profundamente e suspirou.

– Você sabe que as coisas não se resolvem desse jeito. – Fiz uma cara de desinteressada e desentendida, mas eu sabia que Abe se referia ao meu comportamento por conta da rejeição de Dimitri. Ele havia acompanhado nosso relacionamento de perto durante o momento em que estive fugindo, o julgamento e blá blá blá. Mais do que ninguém, Abe sabia o que eu sentia e me viu em uma pior. Mas eu não estava disponível para esse papo chato. – Não é assim que Dimitri vai reconhecer e considerar a mulher maravilhosa que você é Rose.

– Poupe-me dos seus conselhos Abe. – Falei rude e me arrependi no mesmo momento. – Não estou querendo ser grossa com você... Mas não quero estragar minha festa pensando nessa situação. Eu já sei que ele e Tasha estão juntos e não estou pronta para vê-lo com outra. Só estou tentando anestesiar um pouco dessa dor. Deixe-me com meus sentimentos. – Senti meus olhos arderem o que não era uma boa noticia.

– Filha... Não gostaria que as coisas fossem assim para você. – Ele me abraçou enquanto eu lutava com as lágrimas que ameaçavam cair. – Você precisa ser forte e voltar a ser a temida e guerreira Rose Hathaway que você sempre foi. Olhe dentro de si e procure encontrar um motivo para estar em paz e para seguir em frente. E é claro abra mão desse drama mexicano que você escolheu viver.

Absorvi suas palavras que atingiram meu coração. Acenei a cabeça levemente em concordância e preparei para me levantar. Definitivamente eu não queria falar nesse assunto. Ele estendeu a mão para me ajudar e sorriu para uma figura que eu sentia atrás de mim. Virei e dei de cara com Janine, linda em um longo vestido azul marinho que destacava em sua pele branca e fazia um belo contraste com seu perfeito cabelo ruivo. Sorri para ela e indiquei o lugar que eu ocupava antes para que ela se sentasse. Afastei-me deixando meus pais a sós e fui dar uma volta pelo salão. Vi de relance Adrian saindo do banheiro masculino e fui a sua direção. Ainda não havíamos conversado sobre a pequena discussão que tivemos pela manhã, e na verdade eu não estava minimamente interessada em falar sobre isso. Ele pareceu me notar e veio andando até mim, de modo que nos encontramos no meio do caminho. Ele nada disse, apenas ofereceu sua mão em forma de convite, e eu prontamente estendi a minha aceitando a dança. Começamos a rodopiar pelo salão, ao som de uma balada romântica que eu já havia escutado em algum lugar.

– Soube que adaptaram esse vestido dampirinha. Ficaria contente se você me mostrasse o quão prático de tirar ele seria no caso de um confronto. - Ele aproximou sua boca em meu ouvido enquanto falava, me fazendo arrepiar. Soquei levemente seu ombro e encarei seus olhos com uma fúria fingida. Eu adorava os momentos de flerte com Adrian.

– Já eu, ficaria contente em te amarrar e te torturar lentamente até que você suplicasse ajuda aos deuses de todas as crenças. – Falei enquanto soltava uma risada nasal para a expressão esquisita de Adrian, que rapidamente se tornou quase obcena.

– Eu sabia que você curtia esse lance de violência na hora do amor Rose. Farei o possível para satisfazê-la minha querida, mas prometa não judiar muito de mim. – Corei violentamente. Juro que sentia meu rosto esquentar e o sangue subindo para as minhas bochechas. Adrian notou e soltou uma gargalhada gostosa enquanto colocava o cabelo atrás da minha orelha e beijava levemente meus lábios, mas eu não protestei. Continuamos dançando até a bebida de nossos copos esvaziarem, fazendo com que fossemos obrigados a seguir ao bar, já que não estava vendo tanta graça no efeito que o champagne está fazendo em mim.

Enquanto esperávamos pacientemente nossos drinks, Adrian me abraçava e a apertava levemente minha cintura, de forma a mostrar os demais convidados que eu estava bem acompanhada. Pegamos nossos copos e demos um gole para provar. A bebida estava forte, mas eu já estava habituada ao gosto da vodka, então aceitei e saímos de volta ao centro do salão. Preparávamos-nos para sentar em na mesa principal, onde Lissa descansava com Christian que tomava um copo de whisky quando uma larga mão pousou nos ombros de Adrian, fazendo-nos virar em sua direção. Meu corpo entrou em estado de choque e meu coração quase saiu pela boca. O cheiro do seu pós-barba me atingiu e por um segundo eu perdi todos os sentidos. Eu sabia que hora ou outra isso iria acontecer, mas estava definitivamente amando a ideia de não vê-lo esse noite. Sim, Rosemarie Hathaway estava fugindo, sendo covarde e não estava com nem um pingo de vergonha disso. Dimitri cumprimentava Adrian e falava alguma coisa que eu não estava prestando a atenção. Ele estava divinamente lindo, em um traje de gala que o deixava ainda mais parecido com um deus. Seus olhos brilhavam em expectativa esperando a resposta de alguma pergunta que ele havia feito.

– Rose? Tudo bem você ir? – Adrian me perguntou livrando-me dos devaneios momentâneos.

–Ir aonde? – Eu desviava o olhar me esforçando para ignorar a figura perfeita parada a minha frente.

– Dançar. Belikov está lhe convidando para um dança. Você quer ir? – Adrian não estava com ciúmes, mas percebia sua hesitação de simplesmente me largar nas mãos de Dimitri. Sim, eu queria ir e me acomodar naqueles lindos braços fortes de que eu tenho tanta saudade. Mas sabia que isso feriria meu coração. Porém, em um ato de coragem totalmente movido a álcool estendi minha mão e acenei com a cabeça levemente para Adrian, avisando que tudo ficaria bem. Mas no fundo eu já previra... A tragédia estava armada!


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Notas finais do capítulo

O que acharam meninas?
Não me matem pelos momentos Rodrian... eu adoro os dois juntinhos! *.*



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