Pov Edward

– Como assim não está no quarto?- Emmet pegou a prancheta na mão do assistente.- Isabella Marie Swan, quarto 21.

Senti todo o chão desaparecer de meus pés. Não conseguia mais ouvir, apenas um zumbido incômodo e estranho. O ar já não entrava e minha garganta e boca estavam secas, minhas mãos trêmulas puxaram a prancheta das mãos de Emmet. Uma nova onda de pânico ameaçava me atingir.

– Só pode ter sido ele...- falei olhando na direção de Sam que já era levado pelos médicos para algum outro lugar. Aproveitei que Emmet falava algo com o outro policial e me desvencilhei da parede humana já caminhando em passos largos em direção a ele. Não me dei conta que era impedido por Antonny.

– Para com isso Edward. Temos que primeiro achá-la. - não me importei com o que ele dizia, estava cego de vontade de matar Sam Uley. Finalmente ele pareceu notar e virou sua cabeça sobre o ombro.

– O que está havendo Masen? Porque ele ainda não está algemado? Quero ele preso agora! Você presenciou o ataque desse louco. Ele é um perigo para pessoas de bem.

“Essa era demais! Pessoas de bem!”

– Eu vou acabar com você seu filho da puta! - Emmet segurou meu braço num aperto ferrenho e se virou para Sam.

– Vá para o inferno, Sam! Aqui você não manda em nada. Vai cuidar desses ferimentos antes que o louco aqui acabe de vez com esse seu rostinho delicado. Tenho assuntos mais importantes para resolver.-

Me puxou junto com os outros na direção contrária.

– Você vai deixar ele ir embora?- não acreditava nisso. -Precisa prendê-lo de uma vez.

– Não podemos fazer nada. Já me informei e até onde sei ele veio apenas visitar um amigo, que é medico daqui.- passou a mão no cabelo – Você continuando a agir assim não vai me ajudar, temos que primeiro achar Isabella e não posso me preocupar com você fazendo burradas e acabando preso. Só está atrapalhando!- respondeu num toma mais sério e com mais autoridade.

Tentei afastar as mãos que me seguravam. Queria que Emmet percebesse que não queria atrapalhar mas de alguma forma proteger Isabella depois de tantas vezes ter prometido, tentar cumprir a promessa que fiz a ela e falhado em todas as vezes. Queria estar do lado dela, apenas isso. Respirei fundo, dando meia volta por vontade própria e indo um pouco mais afastado com os outros.

– Quero o medico aqui também e quero todas as gravações feitas pelas câmeras intermas e externas desde ontem a noite.- Emmet usava todo o tom profissional.

– Nós vamos com você.

– Que seja. - Espere ai onde está Alice? - perguntou Emmet.

– Já liguei para ela mas não está atendendo.- Antonny ergueu o aparelho. - Deve estar em alguma lojinha do hospital - Emmet ficou pensativo por um instante.

– O que foi?- a pergunta veio seguida da certeza - Você acha que pegaram Alice?

–Não sei, mas é provável que se acharmos uma, achamos a outra.

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Os dias que se passaram me grudei em Emmet como uma sombra. Ele pediu transferência para Seatle e graças a sua influencia conseguiu logo ser atendido. Tentou agir somente com alguns dos seus homens mas assim que abri abriu o caso, teve que colocar toda a sua equipe nas buscas.

Não podíamos confiar em todos os envolvidos, como já esperávamos, e por isso as investigações seguiam um pouco lentas. Sempre que havia uma pista quente, Emmet preferia ir pessoalmente, mas as vezes por estar preso em outro lugar, a demora acabava-o fazendo perdê-la.

As gravações do hospital mostraram Bella e Alice sendo retiradas por enfermeiros, em macas e sendo levadas de ambulância. Logo depois os veículos foram encontrados abandonados em ruas nas proximidades do hospital.

Não foi possível reconhecer nenhum dos homens que as levaram, apenas que eram assassinos profissionais. Foram roubados os uniformes e crachás de identificações. Os corpos dos verdadeiros enfermeiros foram encontrados trancados em um armário de remédios no hospital. Tiros no peito e na cabeça.

Com a gravação do depoimento de Bella, Emmet conseguiu entrar com o processo de acusações a Sam e a seu desaparecimento e de Alice.

Ele foi chamado para esclarecimentos na delegacia, mas todas as acusações foram por água a baixo. Seu sigilo bancário e telefônico, todos muito limpos, condizentes com o salário honesto de um bom policial. Todos seus álibis casavam com as provas. Não tinha como prender um homem por ser tão íntegro.

Como concorria ao cargo de chefe de policia da California, a mídia logo caiu em cima. Sua vida foi repassada várias vezes pelos jornais e TV. Um homem viúvo, que teve sua esposa gravida, morta num assalto brutal, junto com sua família.

Infelizmente a surra que dei nele, teve o efeito contrário. Ele passou a ser visto como um santo canônico. Na verdade não havia provas que pudessem de alguma forma incriminá-lo, apenas suposições.

Emmet tinha que agir com cautela redobrada já que qualquer deslize seria motivo para agora Sam, pedir seu afastamento. Ele não havia aberto queixa contra mim naquele fatídico dia, com certeza não querendo os holofotes sobre si.

Acreditávamos que haviam pego Bela por ela ser a única a saber da localização do cd e que levara Alice por estar perto mas que não a soltaram ou mataram porque assim que soube se tratar da irmã de Emmet, a usaria cedo ou tarde para chantageá-lo no caso.

Pov Narrador

O tormento começou no dia do hospital. Passaram boa parte do dia tentando de alguma forma localizá-las, vendo gravações e até depoimentos de funcionários. Tentaram manter tudo sob sigilo mas ficou difícil com os corpos dos enfermeiros encontrados, resolveram logo ir falar com a mãe antes que a televisão expusesse algo e ela soubesse de qualquer jeito.

A noite resolveram ir para a fazenda e chamaram os demais irmãos para se encontrarem lá. Com exceção de Alec que treinava do outro lado do mundo e seria impossível que chegasse tão rápido. Como irmão mais velho, Emmet deu a noticia.

Desde então Esme vivia a base de remédios. Alice era sua única filha, a menina da casa e com seu desaparecimento, toda a alegria também sumira da fazenda. Jasper também se ausentou do trabalho e tentava descobrir algo, alguma pista.

Todos eles viviam armando estratégias para pôr as mãos em Sam.

Rodavam em buscas desesperadas por notícias; chegando até a viajar atrás de Sam, mas Emmet, procurava protegê-los dizendo para deixar isso em suas mãos, dar tempo que ele logo o faria pagar por isso.

Contava para a mãe os planos deles e outras vezes ela mesmo descobria, ou por instinto materno ou intuição, impedia-os de ir atrás dele. Chorando e dizendo que não viveria nem mais um dia se algo acontecesse a mais algum de seus filhos.

Apenas Jasper e Edward continuavam a rondar a cidade, sozinhos, mas a cada dia as esperanças diminuíam.

Rosalie e Nessie também continuaram na fazenda pois seria um lugar onde, segundo Emmet, ele e seus irmãos poderiam usar toda a segurança particular além da tecnologia necessárias para mantê-las em segurança.

A casa de Bella na manhã seguinte ao sequestro, havia sido invadida. Vizinhos suspeitaram do barulho e chamaram a polícia. Quando chegaram ao local tudo estava revirado. Estavam atrás do cd.

Jacob e os rapazes vieram visitar Edward várias vezes aconselhando-o a voltar. O casamento de Jacob estava próximo e ele estava sobrecarregado com o batalhão e os preparativos. Claro que ele usou essa desculpa, Edward sabia que na verdade, o amigo estava mesmo preocupado com ele.

Se conheciam há muito tempo e Edward já apresentava sinais de entrar em mais uma depressão. Enquanto ajudava Emmet nas investigações, conseguia de algum modo se manter firme, como se a cada pista fosse um passo mais próximo delas.

Namorara sério apenas uma vez, a única vez que entregara seu coração daquele modo, tão intensamente. Em menos de um ano marcaram a data do casamento. Ele já tinha três anos de quartel e era hora de formar sua família. Compraram ou melhor, ele comprou, um luxuoso apartamento no bairro mais nobre. Ela escolheu todos os moveis e decoração do local. Pensavam em ter filhos e por isso comprou um super carro, bem grande para que coubessem todos os futuros quatro filhos que pretendiam. Tudo que ele havia comprado resolveu passar logo para o nome dela, afinal sua profissão era de risco e temia deixar a esposa passando dificuldades. Além de uma gorda conta bancaria.

Faltando três dias para o casamento a noiva pediu dois dias para um spa. Segundo ela, ficava nas divisas da cidade, seria como uma despedida de solteiro. Estaria de volta na noite anterior ao casamento e manteriam contato pelo telefone.

Até hoje Edward nunca mais teve notícias dela. Tudo o que comprou já havia sido vendido um mês antes por ela. Pelo correio recebeu, no dia do casamento, apenas um telegrama sem remetente. Em seu interior apenas algumas frases.

“Sinto muito mais não estava preparada.

Precisei do dinheiro, mas sei que não fará falta para uma família como a sua, abastada de posses.

Jamais o esquecerei, sempre sua

Gianna.”

Amassou o pequeno pedaço de papel nas mãos. Não sentia ódio ou raiva dela mas de si mesmo que se deixou enganar por uma golpista barata como ela. Sua família fora contra desde o inicio mas aos poucos, a doce Gianna, convencera a todos que o amava e muito.

Isabella era sem duvida diferente. No inicio tentou não se prender a ela mas tinha um jeito tão meigo que era sua maior tentação. Não conseguiu resistir por muito tempo ao encanto dela e de sua filhinha.

Sempre que se encontravam, eram como se faíscas elétricas voassem para todos os lados e sabia que ela sentia o mesmo por ele. Era como se a força de atração de ambos estivessem sempre a postos para que nunca ficassem distantes um dos outros. Ele a amava e dessa vez de uma forma única e sadia.

Pov Edward

Quase dois meses já tinham se passado e a primeira audiência contra Sam Uley estava marcada, mesmo sendo adiada várias vezes. Emmet acreditava que não fora coincidência, mas naquele caso, tudo não passavam de suposições.

Já havia pedido para encaminharem um substituto pra mim no quartel mas Jacob não aceitara, pois sabia que assim eu perderia minha vaga lá.

Ele continuava revesando nos dois turnos entre o quartel e Leah.

Eu não conseguia mais fazer nada. Não me alimentava, não dormia dividia meu tempo entre a delegacia com Emmet e a fazenda com minha mãe e Nessie. Contamos para ela que sua mãe havia feito uma viagem a trabalho e que logo voltaria.

–Tenha fé. Emmet logo as encontrará.- Rose e eu estávamos sentados na cozinha. Já devia ser quase uma da manhã. Nessie só dormira agora pouco. Ela era uma criança doce e agora vivia fazendo birra.Sabia que esse era um comportamento em resposta a falta da mãe e por isso usavam toda a paciência com a menina.

– Tenho certeza que ele irá... só não sei se ainda estarão com vidas.- por mais que quisesse manter minhas esperanças, a cada dia elas sumiam pouco a pouco.

– Na noite de natal quando chamei Bella para me ajudar, queria perguntar a ela algo. - se sentou ao meu lado. - Eu estou gravida...- ela sorriu e olhei para ela surpreso - sentia os sintomas e queria ter certeza que indicaria uma gravidez. Ainda não contei para ninguém você é o primeiro. - a abracei.

-Saiba que eu fico muito feliz!

-Com tudo isso acontecendo...– fez um gesto vago com as mãos e uma lágrima escorreu por seu rosto.

– Não fique assim. Todos ficarão muito felizes. Deve contar a eles.

– Obrigada, mas não sei se esse é momento certo.

– É claro que é ...Afinal é meu sobrinho que está ai.- toquei sua barriga – É mais um Masen no mundo. E talvez seja essa notícia de que todos precisem agora , uma nova esperança.

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Como havia pensado o anuncio da gravidez, deu um animo a mais em todos. Até Nessie que já estava um pouco amuada com saudade de Bella agora se derretia pra barriga de Rose, mesmo que ainda não aparecesse.

Emmet com a proximidade da audiência resolveu me afastar de vez do caso. Assim acompanhava apenas com notícias vagas, dizia que tinha medo que meu lado animal sustasse e de novo pusesse tudo a perder. Sabia que ele e os outros tinham decidido, por minhas costas, me afastar e tudo isso devido ao meu estado deplorável. Estava magro e já não fazia ideia da última vez que me barbeara, meu cabelo também estava comprido e minhas roupas só não estavam sujas porque toda vez que ia pra fazenda Rosalie mandava lavá-las enquanto eu as tirava para tomar banho.

– Edward. - Nessie estava sentada na varanda olhando a chuva insistente que caia a há dois dias. Eu já me preparava para voltar a cidade.

– Fala bonequinha. – me abaixei em sua frente com os olhos fixos nos dela. Ela e eu tínhamos desenvolvido um laço ainda mais forte com todo esse sofrimento. Atrevo -me até a dizer, como um pai e filha.

– Quando você falar minha mãe diz pra ela não demorar mais... que eu já estou com muita saudadinha dela?

Naquele momento vi o quanto aquilo a atingia. Mesmo não sabendo a verdade era como ela ali soubesse. Nessie, pelo que Bella contara, já não tinha mais ninguém apenas a tia, que era vista pela menina como mãe.

E como ela tão pequena não se abatera do mesmo modo que eu, tão grande, um homem adulto. Mas eu não conseguia agir assim, por mais que tentasse seguir com minha vida. Mesmo quando Gianna me deixara ainda assim havia um fio de vida em meu corpo. Dessa vez não, não tinha mais vida, era como um morto-vivo ambulante pelas ruas. Uma lágrima escapou de meus olhos e de repente me levantei ficando de costas para que Nessie não visse as outras que caíram em seguida.

– Eu prometo Nessie, assim que falar com ela, darei seu recado. - não sei se ela percebeu na minha voz todo o desespero contido mas ela simplesmente não disse nada. Eu não poderia fazer isso com aquela menina. Ela não tinha mais ninguém e eu seria como um pai para ela.

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Aos poucos voltei aos afazeres do meu dia a dia.

Não trouxe Nessie pra minha casa porque não sabíamos até que ponto Sam era capaz de tentar algo. E eu esperava muito vê-lo novamente, só que dessa vez ele iria direto para o cemitério.

Meus irmãos e eu nos revezávamos a sempre estar juntos de Rose, minha mãe e Nessie na fazenda para fazer companhia. Contei para Carlisle sobre o desaparecimento de Bella e que a polícia estava investigando. Nada muito revelador já que não podíamos falar muito sobre isso e quanto menos gente soubesse melhor. Ele passou a ir algumas vezes na semana na fazenda para visitar Nessie e foi muita coincidência quando descobriu que ele e minha mãe eram conhecidos na época do colégio.

Voltei para o batalhão, e todos me estranharam. Jacob chegou até a dizer que se fosse preciso eu poderia ficar mais algum tempo em casa, que pra ele não teriam problemas.

Vi o quanto estava sendo injusto com eles. Todos precisavam de mim e eu também precisava deles. Talvez dessa forma, conseguisse reagir a todo esse pesadelo.

Talvez desabafar, falar com alguém mas como falar se só em pensar já era doloroso. Teria que lidar com tudo aquilo sozinho, ser forte e não ficar enchendo a cabeça dos outros com meus problemas. Mesmo assim meu pelotão acabou levando alguns coices meus. Qualquer bobagem já era motivo para punições não tinha mais paciência para nada.

Minha cabeça agora vivia cheia de Bella e Alice... Alice e Bella...

“Onde e como elas estariam?”

Certa manhã, quando já me preparava para encerrar mais um turno, recebi uma ligação de Emmet. Do outro lado da cidade um incêndio destruíra um galpão de doces. A equipe de bombeiros responsável por aquela parte da cidade já estava no local. O que era estranho, já que a situação estava controlada não tinha porque Emmet me chamar ali.

O bairro era industrial e haviam vários galpões abandonados ao redor. Sorte porque caso as chamas se espalhassem, os produtos com certeza seriam perdidos.

Quando cheguei, Jasper, Antonny e James já estavam lá. Aquilo era um mau sinal. Meu corpo inteiro estremeceu.

– O que aconteceu?- perguntei enquanto me aproximava. Eles estavam de costas olhando alguns bombeiros que apagavam as últimas chamas. Não precisava nem perguntar pois eu já imaginava do que se tratava.

– Ainda estamos esperando por Emmet. - Antonny estava com a voz trêmula. Cheia de dor. Apontou para uma ambulância afastada. Emmet conversava com o motorista. O celular de Jasper. Parecia falar com sua mãe.

O céu aquela hora da manhã estava com um azul claro, sem nuvens e a fumaça escura do deposito subia deixando um rastro escuro. As poucas chamas teimosas acabavam de corroer a estrutura frágil de madeira.

Emmet então se virou em nossa direção. Seu semblante era frio, diferente, mas havia algo que ele pareceu ainda decidir. Apertou a mão do homem e caminhou até a gente.

O caminho parecia ser feito em câmera lenta, por isso em a cada passo dado, vi toda a incerteza e insegurança pouco a pouco se dissipando de sua face; tudo dando lugar a segurança e a razão.

– Não acredito...- Jasper começou mas o desespero em sua voz não permitiu que ele continuasse.

– O local é um depósito clandestino de armas e drogas, a fachada era de um deposito de café abandonado. O cheiro despistava a droga que era fabricada.

– Por favor Emmet, sem rodeios...- pedi com uma frieza que nem mesmo sabia que tinha nesse momento.

– Oito corpos encontrados carbonizados. Dois eram de mulheres.- me prendi a um fio de esperança.

–Se estavam carbonizados, como sabe...-ele estendeu então um objeto. Era o anel de ouro branco que Jasper deu para Alice quando a pediu em namoro.

Jasper pegou o anel examinando a inscrição em seu interior. Estava gravado: “Meu único e verdadeiro amor, Alice Masen.”

Meu corpo todo gelou. Não sentia mais nada, não ouvia, não enxergava... nem dor, angustia, desespero... nada. Parecia apenas um homem de gelo, uma estátua sem vida.

–Minha equipe já está trabalhando com arcada dentaria dos corpos, mas tudo indica que sejam de Alice e Isabella.

...que sejam Alice e Isabella... mortas.