Thor e Jane - Uma Vida escrita por Giovana AC


Capítulo 23
O tempo ajuda


Notas iniciais do capítulo

Olá! Mais um capítulo feito com muito carinho para vocês! Espero que gostem!



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“O hospital sempre foi horrível, chamando hospital, ou sala de cura, sendo em Midgard ou Asgard, tudo do mesmo branco cru, com seres fiscalizando e mexendo em você o tempo todo, sendo humanos ou Deuses, além disso, sempre se está lá por um mal motivo e lotado de incertezas sobre o que pode acontecer” - essas foram as constatações que Jane fez questão de anotar em seu novo caderno de capa marrom, no período de estadia dentro de algo que lembrava uma espécie de caixa de isopor, já que isolava-a do mundo à fora, de maneira que não pudesse ao menos ver se o céu estava nublado ou estrelado, porém o ponto positivo era que as coisas pareciam estar se acertando. A mulher ficou 3 dias no local, sem conseguir se mover direito, afinal havia sido perfurada num local estratégico, mas que aquilo doía, era incontestável.

Os dias foram longos, mesmo Elli passando lá umas 3 horas por dia, sempre trazendo consigo um novo ramo de flor para decorar o espaço, começando pela histórica flor branca de bolinhas rosa que a garota havia transformado em espinho e que conseguira trazer de volta, além de contar novidades do que andava aprontado com, segundo ela, o tio Frandal. O restante do tempo passava com Thor, que se recusava a sair do lado da cama, como se estivesse com uma doença terminal, porém, ele era assim, sempre preocupado e tão doce, apesar de Jane saber que ainda estava chateado com os acontecimentos dos dias anteriores. Também aproveitou para ler o “A Magia das Civilizações Antigas”, que concluiu enquanto o marido dormia debruçado em sua cama durante algumas tardes, visto que não o fazia no horário correto, querendo vê-la dormir serena em meio à noite silenciosa.

No primeiro dia, era só estresse, dor e incerteza, sendo que estava com raiva de Sif, por ter enfincado àquela lança, no entanto não sabia o que aconteceria se não tivesse feito, também pensava nas palavras de Thor naquele momento descontrolado, mesmo sabendo que ele a amava, sem contar com a nova descoberta, um filho, isso era... Sensacional, e ao mesmo tempo atemorizante, contando que não sabia como seu comportamento seria daquele dia em diante, e se os poderes causaram algum tipo de reação no bebê. No segundo dia, essa sensação foi passando e não cansava de olhar naqueles olhos cor de céu e acariciar os fios loiros de Thor, que só queria que ela melhorasse logo para poderem deitar juntos na cama macia, onde pudesse envolvê-la em seus braços. Já no dia seguinte, alguns minutos antes de liberarem-na, iniciaram uma conversa sobre nomes para o filho:

_ Sabe, estive pensando em Karl, se for um menino – disse Jane. _ É o nome de um dos Deuses do livro que seu pai me deu.

_ A, é legal, eu gosto de Karl... Mas se for outra menina, estava pensando num nome que não fosse asgardiano, para nos fazer lembrar de tudo que vivemos de bom lá na Terra – Jane sorriu e ele continuou._ Que foi?

_ Você chamando a Terra de Terra e eu de Midgard... Contraditório. Mas é uma boa ideia, pode ser Darcy.

_ Não acho que Darcy aprovaria isso – riu.

_ É... – lembrou da amiga e da maneira que a deixou juntamente de Erik, sem uma resposta, simplesmente nunca mais voltou, então por um instante ficou decepcionada consigo mesma.

_ Ei, está tudo bem? – colocou a mão em sua nuca.

_ Está, é só que... Não fui justa largando-os daquela maneira, e já faz tanto tempo. Erik me fez quem sou! Me acolheu quando não tinha mais ninguém, e Darcy, eu a vi estudar, se esforçar para me contentar em todos os nossos trabalhos, é muito mais que estagiária, é uma grande amiga, uma irmã, eu os amo muito, e não é justo fazer isso com quem se ama. Imagino que estão como eu antes de você voltar, ponderando que apenas esquecemos e recomeçamos em outro lugar – colocou a mão no pulso do marido.

_ Eu sei, eu sei, mas às vezes somos obrigados a fazer o que não queremos, ou apenas escolhemos o que acreditamos ser o correto! Nós voltaremos a vê-los, vamos só ter que esperar nosso filho nascer e crescer um pouquinho, aí daremos um jeito.

_ É, daremos um jeito – sorriu brevemente.

–--

Asgard, 23 de setembro de 2017

Tudo se acertara de fato, os meses passaram mais rápido do que acharam que os ponteiros do relógio ou as páginas do calendário poderiam contar. A barriga ficava cada vez maior, e como Elli insistia para saber se era uma irmãzinha ou um irmãozinho, desta vez Thor e Jane pediram para saber o sexo do bebê, que seria outra garotinha para a felicidade da primogênita, que queria muito alguém próximo para brincar e conversar, contagiando os pais com tanta alegria. Logo Jane começou a sentir os familiares enjoos e um desejo incontrolável de pêssegos, os quais Thor trouxe em tanta quantidade que cogitou a possibilidade da filha nascer amarela.

No dia em que receberam a notícia da gravidez, o Deus do trovão e a cientista deduziram que por a última ter se tornado Deusa, tudo seria diferente, que os enjoos não seriam tantos, que a dificuldade para se locomover e descer grandes escadas não fosse tanta, que não seriam tão “caipiras”, visto que agora eram experientes, todavia perceberam que, que tudo seria diferente era óbvio, justamente porque nada é igual e nunca acontece da mesma maneira, nem se estivessem seguindo um manual de instruções, já que cada momento da vida é como preparar um bolo, mesmo usando a mesma receita, por vezes desanda, às vezes seca, e outras o resultado é absolutamente perfeito, e, além disso, nada é exatamente como imagina-se. As náuseas foram fortes, mas diferentes, a dificuldade para andar foi menor do que da primeira vez, porém maior do que havia cogitado, e para completar, pareciam dois caretas conversando com uma barriga todos os dias.

–--

Era noite e a Deusa da Gravidade foi à grande sacada em seus aposentos, já de pijama, sentindo a brisa tranquilizadora que jogava seus cabelos para trás com violência e acalento e os braços arrepiaram mesmo por debaixo das mangas da camisola nude. Passou as mãos pela barriga saliente dizendo:

_ Olá minha bebezinha, você está muito agitada hoje em? Desse jeito vou sofrer para dormir, sua danada.

Thor caminhava para o quarto cansado por ter treinado com alguns guerreiros o dia todo, com a capa vermelha nos braços e o mjolnir em mãos entrou:

_ Oi!

_ Oi – esticou o braço, mentalizou o que newton dizia sobre a gravidade “matéria atrai matéria na razão direta das suas massas e inversa do quadrado da distância”, ergueu uma das almofadas, atirando-a nele e rindo em meio as exclamações do Deus:

_ Uou! Isso é raiva? – riu se protegendo.

_ Claro que não, é brincadeirinha – aproximou-se pegando a capa e reparando num pequeno machucado no canto de sua boca. _ O que foi isso?

_ Nada de mais, um cara dos grandes estava lá para treinar, era realmente bom, mas não tanto quanto o seu maridão! Eu acabei com ele depois – pousou o mjolnir no canto do móvel e se apressou em tirar a parte de cima da armadura.

_ Você se acha né? – revirando os olhos seguindo-o.

_ As vezes – deu um selinho nela, outro beijo em sua barriga – foi entrando na suíte para tomar banho. _ Eu acho que mereço mais um beijinho né? Estou machucado – voltou alguns passos correndo, pegou-a pela cintura amassando seus lábios diversas vezes seguidas, enquanto esta dava tapas no seu peito protestando:

_ Que encenação! Um machucadinho de nada! E ainda está suado! – Thor fechou a porta e gritou de dentro do banheiro:

_ Sinta-se privilegiada! Isso é suor de Deus!

_ A esse eu não quero não, muito obrigada!

Sentou na beirada da cama, e bateram na porta:

_ Pode entrar!

Mila adentrou o recinto:

_ Olá! Com licença, vim arrumar o leito.

_ Ok, como você está? – sempre trocava algumas palavras com a moça, que era muito gentil e com a qual simpatizava, mesmo existindo algumas formalidades necessárias, afinal gostava de conversar e não se achava superior em nada como Deusa, ou pessoa, como costumava dizer a tempos atrás.

_ Estou bem, obrigada e a senhora?

_ Estou bem e, por favor, Jane – levantou da cama. _ Outro dia vi você fazer algo extraordinário com a água, é muito legal!

_ A sensação é muito boa também, eu adoro colocar as mãos na água, é como se eu fosse capaz de pegá-la – terminou de esticar os lençóis.

_ Você sabe, eu mesma podia arrumar o leito...

_ Que coisa mais estranha de se dizer rainha – sorriu a ruiva, seguida por Jane. Colocou uma jarra d’água sobre a mesinha ao lado da cama. _ Bem, eu terminei por aqui, com sua licença.

_ Concedida, até mais!

_ Até! – respondeu fechando a porta.

Thor ia saindo do banho e se jogou na cama na transversal.

_ Você está muito cansado?

_ Bem, depende do que você quiser fazer...

_ A, idiota, não é o que está pensando!

_ Eu não estou pensando nada, você que está dizendo! – riu._ O que é?

_ É que eu lembrei que não desenhei as constelações daqui ainda, então pensei que se não estivesse exausto, podia me ajudar com um esboço da Ursa Maior.

_ Eu posso, acredito que você saiba desenhá-la melhor do que eu, mas vamos lá! Posso de contar umas coisas – levantou, pegou o caderninho de capa marrom, uma espécie de bico de pena, um potinho de tinta escura e foram até a sacada.

_ Bom, vamos lá. Sei que são oito e estou vendo que ela começa naquela estrela ali, certo? – apontou para o céu.

_ Aham.

Foram acompanhando e a moça foi desenhando, enquanto Thor que ia dizendo:

_ Você sabe os nomes?

_ Não, não existe em nenhum site, em nenhum lugar – colocou o cabelo para trás da orelha olhando-o.

_ Bom, se chamam respectivamente, Dubhe (Alfa), que significa Urso, Merak (Beta), que é Espinha Dorsal, Phecda (Gama), Coxa do Urso, Megrez (Delta), Raiz da Cauda, Alioth (Epsilon), Espesso Rabo de Ovelha, Mizar (Zeta), Cavalo, Alkor (Zeta), Cavaleiro, Benetnasch (Eta), As Filhas da Ursa.

_ Oh, isso é, fantástico! Conta mais – empolgada e tentando controlar as dores que começara a sentir na barriga.

_ Dizem também que foram criados Guerreiros Deuses de Asgard, que eram protegidos por cada uma dessas estrelas e os nomes de cada estrela fora utilizada também como designação à Vestimenta Sagrada, chamada de Robe Divina, de cada um deles.

_ Sério? Nunca iria pensar nisso.

Continuaram conversando até cerca de meia noite, quando terminaram o esboço e anotaram todos os nomes. Depois de alguns minutos de sono, a mulher começou a obter contrações fortes, sentou na cama e foi pegar água da jarra, quando sentiu uma dor fortíssima e estourar a bolsa de líquido amniótico. A jarra ergueu-se com seu poder e quebrou no chão, acordando Thor abruptamente.

_ Jane?

_ Acho que vai nascer!

Thor vestiu um manto e calçou as botas, carregou-a e ela transpassou os braços em seu pescoço. Saiu o mais rápido que pôde, bateu na porta do quarto de Sif fortemente, então a mesma foi abrir depressa:

_ Sif, a bebê vai nascer, estou levando Jane para a sala de cura, avise Odin e chame alguém para fazer o parto, por favor!

_ Tudo bem.

Continuou andando rápido.

_ Ai, está doendo e você rápido desse jeito vai me matar – reclamou a mulher, com dores.

_ Calma, já vai passar, mas eu não posso ir muito devagar amor – beijou sua testa.

_ Tá então vai logo.

_ Estou indo.

_ Não me sacode!

_ Não estou!

_ Está sim!

_ Me desculpa. E você está me enforcando com as seus braços no meu pescoço.

_ A bonitão, espera aí que eu vou mudar de posição – disse sarcástica.

_ Você está sendo sarcástica?

_ É obvio!

_ Você vai brigar comigo agora? Mesmo?

_ Não sei!

_ Hum, porque eu estou te levando com cuidado e você só está reclamando.

_ Você é muito grosso!

_ Eu sou grosso? – já estavam bem perto.

_ É.

_ Não sou não! Você que é muito implicante.

_ Eu vou ter um bebê!

Depois de alguns segundos em silêncio:

_ Decidi que vai chamar Alissa – falou a Deusa da Gravidade.

_ Alissa?

_ É.

_ Ok, chegamos – colocou-a na cama, logo em seguida chegaram os curandeiros e magos.

Thor decidiu que ia ver o parto, em seguida deram a Jane uma espécie de sedativo, com o qual não sentia nada, em compensação parecia encontrar-se numa realidade paralela, como se fosse induzida a pensar em outras coisas e desfocar da atual situação, de forma a parecer que estava num gramado lindo e verde com uma luz solar extremamente forte, e ao mesmo tempo observava Thor, até começar a voltar a realidade e sentir seus olhos ficando com a íris vermelha, e naquele momento retiraram a bebê dizendo uns para os outros:

_ Olhe o cabelo, é vermelho!

_ Deixe- me ver – falou Jane desnorteada.

Começaram a fazer gestos em cima do corte feito e a moça foi sentindo-o fechar sozinho, no mesmo momento que limpavam um pouco a garotinha. Em seguida entregaram-na em seus braços enrolada numa mantinha e Thor se aproximou.

_ Ela é linda – disse o pai.

_ É – sorriu a mãe.

_ Olha, os olhinhos estão um pouco abertos, parecem ser vermelhos também.

_ Os poderes causaram apenas efeitos físicos né? – perguntou ela olhando para os magos.

_ Nós não sabemos ainda, mas ao que tudo indica sim, e é uma criança saudável e forte!

_ Isso é ótimo! – comemorou Thor e com um sorriso largo no rosto continuou_ Então, vai ser Alissa? – deu um beijo nos lábios de Jane e depois na testinha da filha.

_ É, Alissa.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler! Não esqueçam de comentar!