Memórias Póstumas escrita por yin-yang


Capítulo 15
Capítulo Décimo Quinto: Guerra.


Notas iniciais do capítulo

Depois de dois anos prometendo que logo viria atualizar, cá estou. Por favor, não me matem. UASHAUHAUH Eu realmente tinha começado a escrever na época, mas desde então MUITAS COISAS aconteceram na minha volta. Vocês devem estar se perguntando: "nossa, ou a vida dessa autora parece uma novela mexicana ou ela ta super inventando uma desculpa pros bloqueios criativos dela", mas eu juro que é verdade. çç Acho que daqui pra frente as coisas vão melhorar, agora estou de ares novos e, se o Universo permitir, vou finalmente começar a viver de verdade.
Não sou muito de expor meus problemas, mas vou compartilhar com vocês um pouco sobre o que veio acontecendo comigo nesse meio tempo que estive fora. O último hiato havia sido por conta dos problemas de saúde mental em decorrência da faculdade, questões afetivas e etc que me bloquearam inclusive nas minhas capacidades cognitivas. Tem sido um longo caminho para a minha recuperação. Minha estrutura familiar sempre foi muito complicada e, nesses últimos anos, foram se complicando cada vez mais. Não vou entrar em detalhes para não expor muito, mas atingiu um nível muito longe do aceitável e finalmente agora no fim desse ano de 2020, meio a tantas coisas que aconteceram no cenário mundial, as coisas começaram a se acertar e estou em casa nova, curtindo pela primeira vez em muitos anos de vida a sensação de ter paz. Sendo assim, consegui produzir e finalizar esse capítulo com todo carinho.
Se puderem ouvir a trilha sonora da vez, segue a dica:

Suiten Ippeki -Kamakura- do stage MOON SAGA do GACKT.
https://music.youtube.com/watch?v=KWuXd4xIghg

Desejo-lhes uma boa leitura e um bom retorno. ♥

Att,
yin-yang.



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Destruição. Morte. Escuridão. Esse era o que o cenário daquela guerra trazia. Diante da Aliança, a grande Juubi [1] mostrava seu tenebroso potencial de devastação. O clima era de total tensão e muita, muita tristeza. Dezenas de corpos forravam aquele campo de batalha. A Quarta Guerra Ninja se mostrava cruel com todos que dela participavam.

            Ainda que quisessem manter a calma e se concentrar tão somente no confronto, era inegável que a confiança de outrora – aquela que já não era tão grande – havia sido abalada de maneira drástica. Quando fomos desconectados do Quartel General há quilômetros dali, foi como se minha mente tivesse entrado por um momento em colapso. Aquilo parecia ter uma intensidade maior do que realmente tinha e a sensação era de que algo extremamente pior estava prestes a suceder. 

Apesar do luto, Shikamaru manteve-se firme, determinado a seguir com a estratégia deixada pelo seu pai. Era difícil de acreditar que a força inimiga, em um piscar de olhos, havia dizimado aquela fração de shinobis tão sagazes e experientes. Todos estavam perplexos. 

— Não digam mais nada. – Shikamaru então quebrou o mórbido silêncio que pairava entre todos. – Estamos no meio da batalha... Apenas façamos o que o velho disse.

            Mesmo que fosse frustrante e certamente doloroso, todos estavam dispostos a fazer aquilo acontecer. Afinal, aquela era a nossa esperança. Naruto-kun era nossa esperança. 

            - O que... O que isso quer dizer ’ttebayo?

            Meu olhar então foi direcionado para ele. Eu estava triste e igualmente assustada, mas esse parecia inconformado, a refutar o que havia acontecido. Como sempre, sua expressão o entregava. Era sempre muito transparente e seus olhos refletiam muito bem suas emoções. 

            Eu estava prestes a ir até ele a fim de lhe dar forças para continuar, pois vê-lo amargurado era deveras complicado, mas, nesse exato instante, senti um toque em meu ombro. Quando me viro, eu percebo que se tratava de Neji nii-san. Seu olhar queria me passar confiança de que Naruto, embora por vezes fraquejasse, era forte o bastante para confrontar aquela realidade.

De início, não havia entendido por que meu primo havia me impedido de ir até o outro. Entretanto, quando tornei a fita-lo, pude notar o sutil tremor em seus olhos e finalmente o havia compreendido – ele tinha medo que eu me ferisse pelas eventuais palavras não-intencionais do loiro que poderiam ser ditas naquele momento de tensão. Eu, outrossim, assenti de volta e ele desviou sua concentração para o outro:

            - Isso quer dizer que você é a chave dessa estratégia!

            Era como se ele tivesse tomado minhas dores e quisesse motivá-lo. 

Quando Neji pulou em direção ao louro, senti um aperto estranho no meu peito. Minha audição parecia ficar longe e eu me dispersava do mundo à minha volta. Pude ouvir meu coração pulsante e sentir aquela incômoda sensação de que algo fosse se partir. 

            - Queres a minha força? 

Ouvi uma voz feminina sussurrar em meus ouvidos e um arrepio percorreu meu corpo. Meus ombros eram tocados por mãos gélidas, imateriais, como se etéreas fossem. Entretanto, com o grande estrondo da guerra, não demorou muito para que minha consciência retornasse à realidade.

A fim de defender o herói, eu me pus em combate juntamente com os demais. Eu continuava inquieta, mas não tinha tempo para dar atenção a outras coisas naquele momento.

— Neji, use o Hakkeshou Kaiten para defesa absoluta pela frente! – Ordenou meu pai, não demorando para igualmente se posicionar para atuar na guarda frontal. 

— Entendido!

Seus movimentos eram perfeitamente precisos e eficientes, sendo impossível passar despercebido, malgrado em um cenário como aquele. A cada vez que ouvia sua voz, o meu corpo tremia. “Tem algo de errado”, eu sentia ao longo de todo o combate. 

— Uau... O Neji é realmente um gênio. – Comentou Naruto mais para si mesmo do que para com alguém. Entretanto, suas palavras haviam sido notadas, ao menos por mim.

Os ataques, porém, passavam a ficar cada vez mais intensos, o que tornava o trabalho mais árduo para nosso clã. Nossa técnica é tida como o ápice da defesa, mas a alta rotação não mostrava sua eficácia.

Fraca. És fraca.

Novamente, aquela presença. Ainda durante o calor da batalha, das esquivas, de todo o plano em execução, eu não conseguia me livrar dela. 

— O que é você? – Perguntei a essa durante a luta, não podendo me distrair por um segundo sequer.

— Eu sou a identidade da tua existência, tal qual tu és a minha... — Retornou-me ela, não obstante de sua voz ecoar tão somente em minha mente. Eu sou a espada, da qual tu és a bainha. Somos duas consciências, porém a mesma alma... Eu sou a ti, bem como tu és a mim. 

A dimensão espaço-temporal oscilava e eu me vi num cenário escuro, do qual não era alheio a mim. Não era difícil chegar à conclusão de que, na verdade, eu estava ficando esquizofrênica. 

— Liberta-me e dar-te-ei o poder que adormecido sempre esteve comigo em ti. 

Seu timbre era ecoado, quase fantasmagórico. Eu podia sentir a grande emanação de chakra do meu centro com a suscitação dela. Não, era muito mais do que eu tinha conhecimento. 

— Até quando tu negar-me-ás? Sabes mais do que ninguém que o fado sempre cobra seu preço ao negligencia-lo. – Alertou-me, apesar do tom crítico. Suas mãos gélidas e espectrais tocavam as minhas e seus sussurros eram proferidos rente ao meu ouvido. — Não te lembras de nada?

Virei-me, abrupta, quando me tocou à face. Sua imagem desaparecia e tentei enxergá-la, sem sucesso. 

— Nega a ti mesma o quanto quiseres, Hyuuga Hinata. Cedo ou tarde, recorrerás a mim e eu estarei aqui. 

Tudo era difuso e desconexo, tal qual assustadoramente verossímil. Um arrepio passou por toda extensão da minha espinha e a vaga sensação de identificação Queria revidar diante o predizer da entidade, conquanto, os limites daquela atmosfera imaginária se desfaziam ao plano tangível. Sem mais tempo a perder, para solidificar a proteção e seguimento da tarefa, deixei de lado a atenção dada ao meu alterego. Lado a lado de Neji nii-san, voltei-me em posição de combate, confiante.

— Para essa estratégia, Naruto, precisamos da sua força. – Declarou meu primo, sem desviar-se de seu foco. Sua devoção à missão era inabalável, assim como sempre mantinha sua imponente postura digna de um shinobi. 

A frase do jounin, conquanto a priori duras, faziam uma grande convicção aflorar em meu âmago, como se das cinzas eu ressurgisse e pudesse enfrentar o que estava por vir.

Para ser bem sincera, mesmo que Naruto-kun tivesse sido a minha inspiração até aqui, Neji nii-san sempre foi aquele quem me conduziu em meus passos e me fazia relembrar os grandes pilares dos meus valores – tal como ainda o estava sendo. 

— Até que você consiga se recuperar e fazer parte, – Começou a dizer, quando então foi sucedido na fala logo depois... por mim. Eu não podia ficar parada:

Nós vamos te proteger!

Em outros tempos, provavelmente eu poderia ter monopolizado a ação, mas o fato era que todos estavam unidos naquela causa. Seria egoísmo da minha parte tão somente levar em consideração minha afeição pelo Uzumaki. 

Por um instante, eu senti ter sido notada por esse. Entretanto, de alguma forma estranha, aquilo não teve a importância que costumava ter. Minha mente estava confusa, meu coração estava descompassado. Eu sentia medo. Apesar da minha bravejada, eu temia perder aqueles que mais amo – e isso não se limitava somente ao louro. Pela primeira vez, algo maior que minha paixão duradoura parecia emergir. Algo totalmente devastador, do qual eu tinha a total certeza de que não quero vivenciar e que ela definitivamente conhecia muito bem.

— Hinata-sama.

Perdida em toda a dúvida, eu só volto ao presente quando ouço a firme voz do meu primo me chamar. Eu então o observo em seu habitual jeito rígido e sério. Embora não retribuísse o olhar e estivesse atento à vanguarda, eu o conhecia o suficiente para saber que ele queria dizer algo. 

— Não perca o foco. Você é forte e eu acredito em você. – Advertiu-me. Antes de continuar, porém, ele se calou, como se procurasse as palavras certas. – Independentemente do que aconteça, eu tenho muito orgulho de você. Por isso, não tema. Uma kunoichi como você não combina com lágrimas. Estarei ao seu lado e não permitirei que sombra alguma ofusque sua luz. 

Ao fim da fala, assim, me encarou no fundo dos meus olhos tão idênticos aos seus e disse: 

— Vamos conseguir. 

  Apesar de dóceis, aquelas palavras me fizeram tremer. Elas eram sinceras, mas densas. Tive a sensação de soar como uma eventual e eufêmica despedida. Engoli o nervosismo e, em vez de lágrimas, assenti, convicta.

Embora tivéssemos nos tornados próximos, eu devo confessar que aquela era a primeira vez que eu me dava conta do quão apurada era a sua sensibilidade.

— Neji nii-san. – Chamei-o de volta, agora sendo minha vez de alentá-lo. – Arigatou. 

Amável, ele apenas sorriu em retribuição. Aquele sorriso era sua aprovação e meu porto seguro. É estranho admitir, mas nunca havia percebido a importância que isso tinha para mim. Aquele zelo por mim não era esporádico. Ele cuidou de mim como ninguém o fez e me encorajou a lutar, a crescer, mesmo pelas sombras.

Nosso foco, a posteriori, voltava-se para o conflito. Por mais que eu não quisesse ouvir a insistente voz em minha mente, meu interior se agitava em querer alcançá-la – quase com naturalidade. Entretanto, eu não podia dar ouvido a ela, pois eu precisava me concentrar. O mundo ninja depende de cada esforço e eu não posso ficar para trás. Depois dessa guerra -- depois que todo essa devastação acabar --, eu quero e preciso organizar meu coração. O que eu acabo de perceber mexeu comigo e merece ser pensado com calma, Eu não poderei deixar isso passar em branco. 

O conflito se tornava mais intenso e as investidas inimigas se transformavam em show de horror em larga escala. Hastes de madeira choviam como uma tempestade de agulhas.

Era agora, então, que a participação do nosso clã no embate se tornava primordial. Nós, Hyuugas, somos conhecidos pela nossa Técnica de Defesa Absoluta. A mesma que Neji nii-san usou para defender Naruto. A mesma que o fez ser reconhecido como gênio dentro do Conselho dos Anciões do clã. A técnica que tão somente os Hyuugas da ramificação principal tinham a permissão de aprender -- mas ele, Hyuuga Neji, havia aprendido sozinho e me ensinado a ser a herdeira que para o meu pai nunca fui. O que antes mostrava minha vergonha, agora se torna um motivo de orgulho para mim. 

Eu e meu primo nos olhamos e já sabíamos o que tínhamos que fazer. Com confiança, eu encarei a linha de frente desse combate. Eu confiava nele e ele confiava em mim. Nós iríamos vencer aquele momento. Todos juntos. 

 

Eu desejava isso de todo o meu cerne, mesmo que o cenário parecesse querer me provar o contrário.

 

 


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Notas finais do capítulo

[1] - A besta de dez caudas.



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