Eu estava tranquila a assistir TV em casa quando vejo um ser abrir a porta da frente desesperadamente e vir em minha direção. Era claro, Bandom, o cara mais empolgado que eu já conheci em toda a minha miserável vida. Eu amava tanto aquela empolgação, ele sempre arrumava um jeito de me deixar pra cima, ou pelo menos ele tentava.

–Olá minha linda! Que linda manhã de domingo está, não acha? - ele pulou no sofá ao meu lado.

Olhei para ele com cara de tédio e tentei dar meu sorriso mais simpático, pelo menos o quanto era permitido naquele momento.

–Qual é o seu problema? - ele disse pausadamente como se estivesse chateado por eu não ser tão empolgada quanto ele.

–Não sei qual é o meu problema. Talvez o fato de eu ter um ex namorado obsessivo, um possível maníaco que pode vir atrás de mim por ter terminado com ele.Ah! E ele também me traiu caso tenha esquecido Brand.

–Obrigado por lembrar de forma tão clara. Mas! Eu tenho a solução para os seus problemas. - ele fez voz de suspense ao ver que não expressei reação ele piscou - Essa é a hora que você diz : "Ai minha nossa!O que é ,Brandom?"

–O que é ,Brandom? - falei forjando uma empolgação, foi bem irônico.

–Eu comprei duas passagens, de ônibus claro não sou rico, para irmos para a sua cidade querida! - ele abriu os braços de um jeito engraçado que me fez rir, permaneceu assim uns segundos com os olhos fechados até que levantou apenas a pálpebra direita - Agora pode se jogar em mim para um abraço e dizer "Ai meu Deus! Você é o melhor primo do mundo o mais lindo sexy e bombado e gostoso primo do mundo todo eu te amo!" - eu ri - Page, tem que seguir o roteiro que fiz na minha cabeça.

Brandom sempre arrancava ótimas risadas de mim, eu então o abracei enquanto ainda estava em crise de risos e agradeci. Junto com as risadas e sorrisos vieram os soluços de um choro tão profundo e sincero quanto minha felicidade naquele momento.

–Ei. - ele colocou as mãos no meu rosto limpando minhas lágrimas com o polegar - Por que está chorando?

–Porque apesar de tudo, você continua aqui.

–Está chorando porque quer que eu saia, entendi. - ele abaixou a cabeça ironicamente e eu dei um tapinha nele.

–Não! - eu ri - É que eu sei que você vai continuar aqui, mesmo que eu tenha te deixado meio de lado esses dias. Obrigada. - eu o abracei e assim ficamos por um longo tempo - Eu te amo Bran.

–Também te amo meu anjo. - ele acariciava meus cabelos - Ei, acho bom arrumar suas malas, o ônibus sai hoje a noite.

–Hoje? - eu tentei reprimir o choro - Você esqueceu de me dizer isso. - me levantei do sofá para ir até meu quarto.

–E vai soar esse nariz! - ele gritou enquanto eu subia as escadas - É nojento quando você fica fungando depois de chorar, não vou viajar com você assim.

–Vai se danar. - gritei de volta já na porta do meu quarto.

Abri a porta e entrei. Me dirigi ao guarda-roupas e peguei a mala vermelha que se encontrava no maleiro, eu não sabia quanto tempo ficaríamos lá então decidi me preparar bastante, antes sobrar roupas do que faltar.

Coloquei a mala aberta em cima da cama e comecei a selecionar as roupas, quando terminei de dobrá-las em cima do colchão, percebi que quase não tinha roupas, eu me lembrei que antes da minha mãe ir viajar, nós doamos algumas (muitas) das minhas peças. Ela prometeu que iríamos comprar mais quando ela voltasse. Parece que eu teria que fazer isso sozinha.

No meio dos meus cintos que estavam pendurados no cabideiro, encontrei uma foto minha e dos meus pais, era a única foto que eu pegara da casa. Era a minha preferida. Nela, eu tinha uns nove anos, vestia um maiô azul de babados rosa e usava um óculos de sol rosa, daqueles que vem de brinde quando se compra uma sandália.Ao meu lado estava minha mãe, sorridente, seus olhos brilhavam e ela olhava para mim. Meu pai estava ajoelhado ao meu outro lado ele sorria também. Ele era um homem bonito e bastante atraente.

Ao fundo, via-se o mar. Essa é a minha lembrança preferida em toda a minha vida. Sempre ia á aquela praia com eles. Sorri e guardei a foto na mala junto com as roupas que também já estavam lá dentro. Respirei fundo e a fechei.

Precisava acaba de arrumar minhas coisas para partir.