Um corpo se choco com um ruído seco.Tudo havia acontecido numa minúscula fração de tempo.Talvez,no Maximo o tempo que você conseguiria prender a respiração.

O sorriso irônico se transformou em uma careta de dor.

Sentindo o sangue na garganta o garoto tossiu. Fazendo um filete de sangue escorrer pelos seus lábios. Ele levantou os olhos, encarando a irmã com incredulidade e magoa.Nãos sei como,mas de algum modo restaram-lhe algumas forças para continuar de pé.

Por um momento ambos permaneceram em silencio, olhos nos olhos. A boca da garota tremia. Uma lagrima solitária cruzou o rosto de Felipe. Seu semblante se tornou serio e ele não esboçava, mas nenhuma emoção. Não havia surpresa, não havia ódio, nem mesmo havia dor. Talvez uma pontada de piedade.

A boca dela se abriu pra dizer alguma coisa, mas nenhum som saiu dela. E na verdade, não havia mais motivos para dizer nada. Felipe continuava impassível. Já estava morto mesmo. Sempre estivera.

Um raio se chocou contra a rocha, a poucos metros dele fazendo pequenas lascas de pedra se depreenderem e serem jogadas em todas as direções. A expressão do garoto não se alterou. Talvez ele dissesse que não acreditava nas acusações sem fundamento dos amigos. Mas ele sabia. Ele sempre soube.

O garoto cambaleou pela direito. O liquido vermelho e espesso parecia encher seus pulmões, pontos negros dançavam na frente dos seus olhos. Um clarão iluminou o céu e em seguida veio o trovão sacudindo toda a arena. Toni sorria sadicamente exibindo uma coleção de dentes brancos e retos.

Felipe caiu de joelhos, já sem forças. O sorriso do outro só aumentou. Ele levantou mais uma vez a faca ensangüentada. E virou o rosto para a garota (que assistia tudo com uma expressão de horror) com semblante vitorioso. Shanow procurou algo na mochila com as mãos ágeis. A faca começou a ser baixada.

O som quase imperceptível de um gatilho sendo puxado, não uma mas, duas vezes pode ser escutado pelos ouvidos bem treinados .A faca voou alto rodopiando,uma,duas,três vezes e se fixando em um pedra lisa aos pés de Jake. O restante dos tributos havia chegado para assistir ao espetáculo.

Toni imediatamente recolheu a mão direita ensangüentada ( da qual dois ou três dedos haviam desaparecido) e apertou-a assim como a esquerda contra o ventre,que jorrava uma quantidade considerável de sangue por onde a bala havia atravessado-o.

O coice que o disparo havia produzido atingiu a garota no ombro. Ela cambaleou para trás gemendo de dor. Ela havia escondido a arma nos últimos dias, com a esperança de não precisar usá-la.

Toni cambaleou para a esquerda e depois para a direita. O sangue escorrendo insistentemente do ferimento formava poça no chão. Ele apertou o abdome com força, o garoto tremia. Seu corpo se chocou com a rocha com um ruído seco (e agora você pode soltar a respiração) com os olhos abertos e arregalados, como se não acreditasse que estava morto.

Dália gritou alguma coisa mas ,Shanow não conseguia ouvir nada. Um canhão foi disparado em algum lugar (acabo de perceber que ,por algum motivo,não me lembro de ter ouvido muitos disparos durante essa edição) mas,ela também não o ouviu.

Shanow começou a caminhar de costas, avançando vacilante, cada vez mais próxima.Ela baixou os olhos.As chamas lambiam a base da montanha.Em algum momento havia parado de chover. Alguns bestantes saltitavam alegremente.Seu pé alcançou a borda e uma pedra rolou montanha a baixo. Ela olhou para o rosto do irmão pela ultima vez.

Até então (e quem sabe até hoje) eu nunca havia vislumbrado uma expressão tão melancólica quanto a dela naquele momento. Quando seus olhos se encontraram, ambos estavam marejados de lagrimas.

Por um momento garoto parecia que iria tombar para frente mas , Jake e Robert o seguraram pelos cotovelos.Sob ele se estendia uma poça grande e vermelha.

–Me perdoa... Por favor... -disse Shanow,com lagrimas brilhantes escorrendo pelos eu rosto (embora evaporassem antes mesmo de chegar ás bochechas).

Outro trovão (dessa vez realmente alto) sacudiu a arena e ninguém poderia ter ouvido.Nem mesmo Robert e Jake que ainda o seguravam pelos cotovelos dizendo palavras sem nexo.Mas,ela ouviu.Era menos do que um sussurro mas,ela ouviu com clareza.

–Eu perdôo.-disse o irmão com suas ultimas forças.

A torrente de lagrimas seguinte já não era melancólica e sim feita de uma grande felicidade. A garota sorriu fechando os olhos. Soltou o corpo.

Paloma gritou.Dália tentou correr até ela mas,tropeço no corpo sem vida que a alguns minutos fora Toni.Shanow caiu para trás com um grande sorriso nos lábios e os braços abertos.Em poucos segundos havia sido engolida pelas chamas.

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O presidente assistia a tudo frustrado. Felipe viria morrer viria a algumas horas.

Ele sempre soube que não era uma boa idéia aquela garota participar do plano,ela não conseguiria matar o garoto quando chegasse a hora.Mas,não havia motivos para se preocupar,haviam apenas mais quatro crianças.E o “grand finale” se aproximava.

As chamas já haviam consumido boa parte da arena. O pensamento fez com que o homem sorri se. Pois é, existem pessoas que só querem ver o mundo queimar.Ele desligou a televisão.

Snow mergulhou um grande biscoito com gotas de chocolate em um copo de leite morno. Mas,antes que tocasse seus labioso biscoito se partiu em dois,caindo dentro do copo e fazendo com que o leite espirrasse por toda a mesa trabalhada em mogno.

Sua expressão se tornou mal humorada novamente.Nada aprecia estar dando certo naquela terça feira.