Sete Chaves escrita por Hakume Uchiha


Capítulo 5
Primeiro ataque




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Meus olhos se arregalaram. O que ele disse? Que não ia me machucar? E ainda completou:

– Eu não quero mais nenhum morto inocente nessa história. Bastou o meu pai.

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Cap 5


Depois que Raul foi embora, me deitei na cama e fiquei pensando sobre nossa conversa, ou pelo menos, nossa tentativa de conversa. O que ele queria dizer com “seu pai não quer conseguir esse dinheiro”? Cerrei meus punhos ao pensar novamente que ele queria dizer que meu pai não ligava pra mim. Isso não era verdade. Tudo bem, meu pai não participava tanto assim da minha vida, mas era como Pedro dizia: “Ele é um homem ocupado”.


Acordei assustada com as risadas dos homens lá fora. Lembrei-me de um sonho que tive, na verdade estava mais pra lembrança do que sonho. Nele, meu pai e meu avô discutiam alguma coisa sobre as finanças da empresa.


“- Pai, nem pense em fazer isso. Não é correto!


– Mas... Arthur...


– Não pai. Nossa empresa é honesta.”


Lembro de que quando meu pai saiu do quarto, meu avô deu um sorriso estranho. Tipo os caras “maus” dos filmes.


Agora as coisas ficaram mais claras em minha mente. Meu pai brigava às vezes com meu avô. Meu pai não era tão rico assim, e pra conseguir o dinheiro do meu resgate, ele teria que pedir ao meu avô. E logo meu pai, orgulhoso do jeito que era...


Meus pensamentos foram interrompidos pelo som da maçaneta da porta girando. Era Raul.


– Tá mais calma? – vinha ele com sorriso no rosto e uma bandeja com café da manhã. Provavelmente o meu.


– Acho que estava louca ao voar em cima de você. Afinal de contas, eu estava batendo em um bandido.


Ele riu e se aproximou de mim. Sentou na cama e fez sinal pra que eu começasse a comer. Olhei para a bandeja, estranhei o cacho de uvas ao lado do café e do sanduíche.


– Não se preocupe, não tá envenenada. – ele pegou uma e comeu, confirmando o que acabara de dizer. – E eu já te disse que não vou te machucar. É só pra você não sair do regime.


– Regime? Eu não faço regime! Não preciso! – respondi, furiosa.


– Não precisa, é? Sei não! – falou ele, me olhando de canto.


Peguei uma uva e tentei acertá-lo. Rindo, Raul desviou o corpo só pra entrar na brincadeira, já que a minha péssima mira não permitiu sequer que a uva fosse na direção certa. Ele saiu do quarto, falou alguma coisa com Joel e foi embora.


De repente, eu me peguei rindo. Rindo? Deus do céu, porque eu estava rindo? Eles acabaram com meu carro, machucaram meu motorista, me sequestraram, pediram 5 milhões ao meu pai e eu estava... rindo? Eu devia estar louca mesmo.


Lembrei-me da primeira vez que vi Raul. Ele era apenas “Cortez” naquele dia, e agora era Raul. Tava tudo tão estranho... Às vezes ele me parecia ser um cara tão legal, era até “carinhoso” comigo. Mas outras, ele se tornava igual aos demais, grosso, violento... Eu não conseguia o entender.


O dia passou ligeiro. Por não ter o que fazer, acabei fazendo o que nunca precisei: dar um “jeito” no quarto e lavar minhas roupas. Não tinha um tanque, então eu lavava na pia ou no chuveiro mesmo.


Era 22h quando já estava de pijama (é, até pijama ele tinha comprado pra mim). Comecei a ouvir uns gritos lá fora, parecia serem do Joel, mas não conseguia decifrar o que ele queria dizer. Foi quando outro cara começou a falar.


– O que aconteceu? Aonde você tava Cortez?


– Ele tá sangrando... ele tá sangrando!! – disceni a voz de Joel em meio à confusão.


Quem estaria sangrando? Raul?


Comecei a bater na porta e perguntar o que estava acontecendo. Gritei mais alto ao perceber que estava sendo completamente ignorada por todos. Até que, finalmente um deles abriu a porta.


– Você sabe alguma coisa sobre feridas de bala? Sabe parar o sangramento? – me perguntou um moreno forte, com os olhos arregalados.


– Quem tá ferido? – perguntei.


Da confusão de tantos homens armados, abriram espaço e eu pude ver. Joel e Fabrício vinham carregando Raul pelos braços, desacordado. A blusa azul que ele vestia estava roxa próximo a cintura. O sangue pingava no chão.


Naquele instante, eu não me reconheci. Meio sem saber o que estava fazendo, fiz sinal para que o colocassem em minha cama. Tirei a camisa dele, e se não fosse pela situação, ficaria paralisada com seu físico deslumbrante.


– Eu vou precisar de panos limpos, água oxigenada, e... um kit de primeiros socorros.


Os comparças de Raul me olhavam confusos. Um conseguiu até soltar uma piada: “-Sequestramos uma menina ou uma médica?!”


– Vão logo! – eles levaram um susto como grito que dei, e saíram correndo em busca do que pedi. Apenas Joel ficou, acredito que pra ter a certeza de que não iria me aproveitar do momento para matar o líder.


Tentei lembrar-me das aulas de primeiros socorros na escola. Droga! Nenhuma delas ensinava “como salvar o seu sequestrador”.


Com um pano limpo tentei conter o sangramento, mas algo estava errado. Vi o sangue ainda escorrer pelo tecido da cama e, quando o virei Raul de lado, minha visão escureceu.


Bati as pálpebras rapidamente, eu não podia desmaiar naquele momento. A bala tinha atravessado o corpo dele, do lado direito, na cintura.


– Vai ter que levar ele num hospital! Eu... eu não sei fazer isso! – me rendi à minha inexperiência.


Foi quando senti uma mão suada segurar meu braço. Virei-me para olhar e percebi algumas lágrimas no meu rosto. Porque eu estava chorando? Ele era um bandido!


– Alexi... Alexia. – Raul acordou e sussurava baixinho – eu... eu vou te dizer... o que fazer...


Engoli em seco. Ele não iria a um hospital. E só restaria... eu.


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