Sete Chaves escrita por Hakume Uchiha


Capítulo 4
Resgate




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Essa noite eu estava decidida a não dormir. Meu coração não parava de bater forte, e a cada batida eu esperava minha família entrar por aquela porta e me tirar desse pesadelo.

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Cap. 4

- Bom dia, flor do dia! – Acordei assustada com essa frase. Eu tinha dormido?

Cortez, sentado ao pé da cama, olhava pra mim com uma expressão serena. Passei a mão nos olhos e me pus na posição de defesa rapidamente. Cortez sorriu. E que sorriso! Toda vez que eu o olhava, não via motivos pra um garoto como ele se tornar um marginal. Ainda por cima sequestrador de adolescentes.


- Eu quero que você experimente algumas roupas que eu trouxe. Afinal de contas, você não pode passar a vida inteira com o uniforme de colégio. – disse ele, olhando pro meu uniforme, que já não estava branquinho como de costume.


Mas... o que ele quis dizer com passar a vida inteira?


Cortez me deu uma sacola e pediu para que eu vestisse cada um e mostrasse a ele. Eu não podia fazer nada além de obedecê-lo. Fui vestindo as roupas no banheiro e mostrando a ele. Eram blusas comuns e alguns shorts. Nas que ficavam grandes, ele ria de mim, mas as que ficavam boas... ele me olhava de um jeito estranho, de cima a baixo, e quando percebia seu modo indiscreto abaixava a cabeça e levantava o polegar.


Joel trouxe meu café da manhã e nos deixou sozinhos novamente.


- Cortez... esse é seu nome? – perguntei.


- Pra quê quer saber? – me respondeu com violência.


- Você disse que queria se vingar. Vingar de quem? Por quê? Minha família nunca fez nada de mal!


- Isso é o que você pensa. Ou o que te fazem pensar.


- Como assim?


- Sua família é responsável pela morte do meu pai! – ele falou, como quem desabafa.


- O quê? Minha família? Isso é impossível!


- Eu só não sei se foi o seu pai ou se foi o seu avô. Por isso eu te trouxe aqui. Esse sequestro com certeza vai me levar ao verdadeiro culpado.


- Olha, Cortez, deve haver algum engano! Agente não é assim!


- Agente quem? Você, Alexia?


Fiquei sem saber o que dizer. Cortez me deu as costas, e abriu a porta.


- Quero você pronta hoje, às 16h. Nós vamos ligar pro seu pai.


Meu rosto se iluminou ao ouvi-lo dizer isso. Iam pedir o resgate!


- E... a propósito ... Cortez é sobrenome. Meu nome é Raul. – ele saiu e bateu a porta.


Raul... Raul Cortez...


Em algum lugar eu já ouvi falar nele. Mas onde? E quem?


Às 16h, todos eles se reuniram. Entramos no carro, mas eu não pude ver para onde me levaram, por causa da venda no meu rosto. Só pude sentir que era longe, pelo tempo que demoramos a chegar ao local onde iríamos telefonar.


- Alexia, você vai falar pro seu pai que está bem, e só isso, ouviu? – disse Raul.


- Hum hum. – acenei com a cabeça.


O telefone tocava e me parecia que ninguém o iria atender. Uns olhavam pra cara dos outros, e achavam estranho aquilo, afinal de contas, estavam ligando pro escritório, e lá sempre tem gente.


- Alô? – uma voz masculina levemente alterada atendia. Era meu pai.


- Pai! – respondi, e não pude conter as lágrimas.


- Lexi, Lexi!! Onde você tá?


- Pai, eu tô bem! Eu tô bem! – tive de seguir o que me impuseram, mas minha vontade era de gritar socorro. Minha voz falhada não ajudaria meu pai acreditar no que eu tinha dito.


- Senhor Smith... Arthur Smith – Raul tomou o telefone da minha mão – sua conversa agora é comigo. Serei rápido. Eu quero 5 milhões de reais, ou a garota morre. Vou te dar três dias.


- Espera, por fav... – não deu tempo de meu pai responder, ele desligou o telefone.


5 milhões? Em três dias? Minha família é rica, mas... 5 milhões é absurdo!!


Quando voltamos pra “cadeia”, não pude conter minha raiva.


- Se meu pai não conseguir esse dinheiro a tempo, você vai me matar?! – perguntei chorando.


- Ele não vai conseguir esse dinheiro a tempo. Ele não quer.


- O quê? Você tá dizendo que meu pai não liga pra mim?


Dei uma crise estérica. Voei pra cima de Raul lhe dando tapas e gritando “meu pai vai me tirar daqui!”. Ele, sem ao menos alterar a voz, segurou meus pulsos com uma só mão, e com a outra pôs o dedo indicador nos meus lábios, em sinal que eu me calasse.


- Assim como seu pai não quer conseguir esse dinheiro, eu não quero e nem vou machucar você.


Meus olhos se arregalaram. O que ele disse? Que não ia me machucar? E ainda completou:


- Eu não quero mais nenhum morto inocente nessa história. Bastou o meu pai.


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