Sete Chaves escrita por Hakume Uchiha


Capítulo 20
Sem saída




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Segurei seu rosto com força – ele se assustou com o movimento – mas agora era tarde demais para repensar. Num movimento, colei meu corpo ao dele; nós ofegávamos no mesmo ritmo. E quando ele me olhou como o antigo Raul – aqueles olhos calorosos e amáveis – não pude resistir.

Eu o beijei.

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Cap. 20

– Moça, acabou o tempo da visita... - eu ouvia ao fundo, mas estava tão baixinho aos meus ouvidos que decidi recusar. - Moça, precisa ir embora, o tempo acabou... Moça! - e só consegui voltar a si quando o policial me tirou à força dos braços de Raul; do nosso beijo intenso e a agarração em pleno presídio.

– Não, por favor, só mais um minuto... - implorei ao policial, estendendo os braços na direção de Raul, que ainda ofegava encostado na parede.

– Seu tempo já acabou. Nem mais um segundo! - ele me puxou pra fora da saleta, enquanto eu observava o último olhar de Raul para mim, ainda confuso, cansado, pedinte.

Eu sabia. Eu sabia! Sabia que apesar dos últimos terríveis acontecimentos nada havia mudado entre nós. Sabia que eu podia resgatar aquele Raul que eu amava de volta pra mim. Sabia que toda aquela frieza era um escudo – tudo apenas para tentar esconder o que ele nunca iria conseguir: que ele também me amava.

Enquanto voltava pra casa com Pedro, ouvindo-o repetir diversas vezes como aquilo tudo havia sido uma loucura, começo a formular os meus primeiros próximos passos para tentar tirar Raul da cadeia ou no mínimo diminuir sua pena. Eu já estava pensando nas minhas próximas visitas, que, se achasse uma forma, seriam todos os dias. Meu Deus, que felicidade por saber que ele havia voltado a si.

Entro em casa e vou correndo subir as escadas para o meu quarto quando escuto meu pai gritar da sala:

– Alexia! Desça já aqui. Agora! - sua voz era pura fúria.

Droga. Perdi a noção do tempo quando estava na penitenciária. Não fazia ideia que já era 6h.

– Sim... o que foi, pai? - desço os degraus lentamente, improvisando uma expressão facial que não entregue a verdade ao meu pai furioso.

– Você só pode estar completamente louca. Está fora de si! - ele gritava, o rosto vermelho, me fazendo dar um passo para trás e me segurar no corrimão da escada.

– Mas o que foi que ouve, Arthur? Porque está gritando com ela? - minha mãe veio do jardim com o rosto assustado, esperando uma explicação.

– Alexia, Helena... Alexia! Ela foi visitar aquele bandido na cadeia! - ele cuspiu as palavras, alternando o olhar entre mim e minha mãe.

– Senhor, escute, eu tive um pouco de culpa nisso... - Pedro, encostado na porta, tentava de alguma forma me defender, mas meu pai mal o deixou terminar.

– Cale a boca, Pedro! Eu só não o coloco na rua agora porque sei que você só quer agradar a todos. - ele sinaliza e Pedro sai da sala, lançando um olhar de compaixão para mim. - E quanto a você, Alexia, eu já sei o que vou fazer sobre essa sua obsessão por esse rapaz. Vou ser bom pra você, vou lhe deixar escolher, certo? - ele chega mais perto de mim e eu me sento no 3º degrau da escada, tentando manter distância.

– Pai, eu...

– Falta menos de um mês para acabar suas aulas, então vou mandar você para os Estados Unidos pra fazer faculdade lá, que tal? - ele sorri de um jeito estranho, sabendo que não é verdadeiro.

– E qual a outra opção? - pergunto, e algo me diz que nenhuma das duas será boa pra mim.

– Eu vou te internar. Numa clínica psiquiátrica. Vou curar você dessa loucura.

Eu não acredito no que acabei de ouvir. Se não estivesse sentada, teria caído. Como... como ele podia dizer isso? Como ele podia sequer pensar nessa possibilidade? Eu me sentia destruída. Minhas mãos tremiam e dos meus olhos começavam a cair as primeiras lágrimas.

– Você não vai fazer isso com a minha filha! Eu não vou permitir, Arthur! - minha mãe pulou na minha frente, encarando-o, com os braços abertos. - Você não pode destinar Lexi uma vida sem escolhas! Mesmo com tudo o que está acontecendo, você não tem o direito!

– Então procure um jeito melhor de tirar essa maluquice da cabeça dela! - ele disse de um jeito áspero, como nunca tinha o visto falar com a mamãe, e depois subiu as escadas correndo pro seu quarto.

– Ei, querida, você está bem? - ela se senta ao meu lado e passa as mãos no meu rosto, limpando as lágrimas que ainda caem insistentemente.

Eu balanço a cabeça, dizendo que não.

– Oh, meu bem, não se preocupe. Está tudo bem, certo? - ela me abraça tentando me acalmar, mas sem nenhum sucesso.

– Não quero ir embora, mãe. Não posso ir embora!

– Você não vai, Lexi. Nós vamos dar um jeito, eu prometo. Eu vou falar com seu pai.

Eu suspiro alto e ela me abraça mais forte. Só me solta quando percebemos Anthony assustado, olhando da cozinha, tentando se esconder. Mas ela faz um sinal para que ele venha e se junte a nós. Ele corre e me abraça forte pelo pescoço. Agradeço a Deus por tê-los ao meu lado e peço que me ajude mais um pouco. Não importa o que aconteça, eu nunca vou desistir de mim e Raul. Nunca.

– Você o ama, Lexi? - minha mãe vira o rosto pra me olhar de frente, eu hesito. Mas a persistência no seu olhar me faz seguir adiante.

– Amo. - digo num sussurro, tão baixo que nem sei se ela escutou. Mas pelo seu suspiro minha dúvida vai embora.

– Ok. Apesar de eu ainda achar tudo isso muito... estranho, eu vou confiar em você. Certo... nós vamos resolver isso. Prometo.


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