London Love escrita por Gi Carlesso


Capítulo 51
Tapete vermelho da discórdia


Notas iniciais do capítulo

Heeey, margaridas :D
O final de LL está chegando cada vez mais... ansiosos? Prometo que vai ser fofo (porém cheio de cenas bem tensas) e espero que vocês gostem! Esse cap é o que muita gente estava esperando: a segunda fase do novo plano da Scar, onde o veneno do Tyler vai contra ele hehehe adooooro



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Scarlet White

Tom e Henri ficaram se encarando por um tempo que parecia interminável. Meu pai, quem já usava um terno cinza escuro e o cabelo grisalho arrumado com gel, parecia estar inspirando com rapidez apenas para controlar a raiva que ia se acumulando em seu corpo. E meu namorado, bom, Henri estava sentado no sofá da sala no momento em que desci as escadas, tinha as mãos unidas sobre o colo e batia o pé esquerdo repetidamente por conta do nervosismo. Assim como meu pai, ele usava terno, mas um preto e os cabelos escuros estavam meio bagunçados como sempre, porém um pouco mais lisos que o habitual.

Quando cheguei ao primeiro andar tentando não rir com aquela cena, fui impedida que gargalhar com Anabelle vindo em minha direção com os braços abertos como se pedisse por um abraço. Ela usava um vestido vinho longo de mangas também longas e com detalhes em renda, porém nada transparente. O cabelo loiro estava preso em um coque alto um tanto chique.

– Scar, você está linda! – disse ela ao me abraçar. – De quem é esse vestido maravilhoso?

– Oscar de La Renta.

Os olhos de Anabelle se arregalaram de uma tal maneira que achei que fossem saltar das órbitas, tanto que acabei rindo de sua expressão surpresa.

– Ah, um luxo!

Dando as costas para mim para dizer algo a Tom sobre quando iriamos para a estreia de meu primeiro filme, eu segui em direção até o garoto sentado no sofá, o mesmo que parecia querer correr dali de tanto pavor de meu pai. Tom já não o encarava com o mesmo olhar de assassino em série como antes, mas ainda assim ele conseguia assustar qualquer ser humano na terra. A expressão era dura e apenas comigo e Anabelle que a mesma se suavizava.

Henri desviou o olhar de seus pés e fitou a mim de pé ao seu lado. Os olhos azuis brilhantes dele fizeram todo o caminho desde meus pés cobertos pelo vestido até minha cabeça. Eu usava uma maquiagem um tanto leve, apenas os lábios que estavam marcados por um batom vinho quase no mesmo tom do vestido de Anabelle e nos olhos, um delineador fino para destacar um pouco. Henri se levantou e caminhou os poucos centímetros que nos distanciavam apenas para tocar nos meus cabelos lisos até a cintura. Seus dedos deslizaram por alguns fios e pararam até a altura das minhas maças do rosto e fora ali que ele os manteve.

– Linda. – um breve sussurro escapou de seus lábios. – Exatamente como eu disse.

Lembrando-me do “O que você quiser. Vai estar bonita de qualquer jeito.”, sorri com aquela frase.

– Não me iluda, Sr. Price.

– Nem em um milhão de anos. – disse num sussurro em resposta. Rapidamente, ele piscou.

O som de alguém limpando a garganta nos interrompeu de continuar com aquelas declarações um tanto melosas, mas eu nem sequer dei muita importância já que se tratava de Tom e sua expressão amedrontadora em nossa direção. Os olhos castanhos dele - muito parecidos com os meus – estavam se alternando entre mim e Henri e uma expressão de completa desaprovação surgiu em suas feições.

– Não precisamos continuar com isso. – disse ele ignorando ao olhar reprovador de Anabelle. – Quero dizer, estou tentando me acostumar com isso e vocês poderiam cooperar comigo.

– Pai, ele só disse que estou bonita. – revidei ao revirar os olhos. – Não comece uma cena. Não hoje.

Tom ajeitou sua posição como quem tentava se fazer ainda mais autoritário do que o normal. Eu costumava vê-lo daquela forma apenas quando estava na gravadora dando broncas nos garotos ou discutindo com outros empresários. Era a famosa posição “eu que mando, pois sou o chefe” e isso me tirava do sério, afinal, estávamos em casa e não na gravadora “super famosa’ dele!

– Não quero fazer uma cena, Scarlet. – ele estava de fato tentando não fazê-la, o único problema era que suas palavras não combinavam nada com as emoções dele. E muito menos seu rosto completamente vermelho. – Só estou dizendo que vocês dois juntos é muito...

No instante em que a conversa começava a assumir um tom de discussão, um pensamento me surgiu em mente, algo que eu jamais teria pensado antes, muito menos em um de meus planos mirabolantes. Interrompendo o discurso sobre eu e Henri não sermos certos juntos, eu surpreendi a cada pessoa naquela sala com um único movimento rápido, no qual me virava para Henri e o puxava para perto. Nossos lábios se tocaram tão depressa que mal tive tempo de absorver as sensações e avisos de perigo que surgiram em minha mente. E nos afastamos tão rápido quanto nos aproximamos.

Quando eu já voltava para minha posição anterior, eu observei por um mero segundo a expressão em choque de Henri, quem ainda tentava absorver o que havia acabado de acontecer. E claro, meu pai e Anabelle não pareciam tão diferentes. Tom encarava-me tão em choque quanto meu namorado, os olhos arregalados e os lábios entreabertos formando um “o” perfeito. Já sua namorada, bom, ela tinha os dedos sobre os lábios em uma tentativa frustrada de conseguir evitar o riso.

– Isso é para você entender que eu controlo minha vida, pai. – minha voz exalava auto confiança, tanto que nem ao menos minha personagem do filme possuía tanta. – Se continuar desse jeito, eu vou sair dessa casa. Não pense que dependo de Ana, porque ela quer sair daqui, já me disse isso. Então, ou você começa a aceitar essa história toda, ou eu vou embora como a mamãe fez.

Acho que cutuquei a ferida aberta.

Tom não reagiu de imediato como eu esperava, sua expressão continuou um tanto surpresa quanto antes, mas agora seus olhos possuíam um brilho ainda mais repreensivo. Observando-me de cima a baixo usando o vestido de Oscar de La Renta e de braços cruzados encarando-o, Tom parecia irredutível apesar de tudo, como se de nada adiantasse minha tentativa de enfrenta-lo.

– Você não vai ir embora daqui como sua mãe. – disse ele simplesmente. Porém, apesar da expressão pesada e repreensiva, a voz de meu pai acabou por sair num tom... triste. – Quando sua mãe me deixou, ela foi morta, Scarlet! Será que você não entende isso?! Sua mãe foi embora e foi morta dias depois! Eu não vou perder você! – com o corpo tremendo e a voz quase chorona, Tom se aproximou de forma furiosa e, quando apontou o dedo indicador para Henri num tom de ameaça, achei que as coisas fossem ficar feias. – Eu não vou perder você para ele!

Em defesa, Henri deu um passo para trás envolvendo minha cintura discretamente com um dos braços no sentido de nos afastarmos de Tom e seu chilique repentino.

– Eu não estou tentando tira-la de você, Tom. – Henri ainda estava na posição de defesa, mas sua voz era suave. – Nunca quis isso. Scarlet é sua filha e... eu sou apaixonado por ela, é só isso!

– Não! – era oficial, Tom estava de fato tendo um chilique. – Eu conheço você, Price, vai...

– Ok, PAREM com isso! – de repente, Anabelle estava entre mim e Henri sem se importar nada com a expressão em choque de todos nós. Sua expressão estava nervosa e ela tinha as veias da testa levemente saltadas. – Tom, estou cansada dessa briga infantil! O pouco tempo que estou aqui já foi o suficiente para ver o quão longe isso já foi e precisa acabar. Vocês estão há meses discutindo um com o outro como se Henri fosse o verdadeiro Diabo tentando roubar sua filha de você, Tom, sendo que o garoto não fez absolutamente nada de errado.

Um silêncio constrangedor tomou conta de toda a sala. Tanto que, eu pude ver que nossa governanta e Ana estavam paradas entre a porta da cozinha da casa observando à toda aquela cena com lábios entreabertos e realmente esperando que uma cena de pancadaria começasse a qualquer momento. Bom, pelo Ana esperava isso e eu nem precisava entrar em sua mente para saber disso, os anos de nossa amizade já falavam por si só.

– Anabelle, eu...

– Não, Tom. – interrompeu ela. Sua voz assumira um tom autoritário, tanto que nem ao menos meu pai conseguiu superar. – Já chega. Eu vou defender esses dois até o final, principalmente porque não quero que acabe com o mesmo final de Romeu e Julieta. Apenas aceite que...

– Não acredito que está do lado deles. – resmungou Tom parecendo decepcionado.

– É claro que estou! – Anabelle suspirou. – Eu preciso estar.

– O que? – meu pai franziu o cenho. – Por que? Anabelle, eles...

– EU SOU MADRINHA DE HENRI! ENTENDEU, TOM? Eu conhecia os pais dele há muito tempo e me colocaram como madrinha dele quando nasceu. – explodiu de uma só vez. – É por isso que estou defendendo esses dois. Porque sou madrinha de Henri Price.

Novamente um silêncio absurdo tomou conta de toda a casa, deixando que apenas o som de nossas respirações agitadas fossem ouvidas. Eu estava de pé ao lado de Henri ainda com o braço dele ao meu redor e talvez essa fosse a única coisa que ainda me mantinha de pé, pois meus joelhos pareciam querer ceder por conta do nervosismo. Se fosse em outro momento, eu estaria tendo uma crise de ansiedade com toda aquela situação – o olhar penetrante de Tom completamente sem emoções, Anabelle tentando manter a pose autoritária e a governanta e Ana mantendo-se fora da briga – tudo parecia estar prestes a explodir.

E o silêncio continuou até que minha madrasta resolveu enfim acabar com ele. Movendo-se lentamente como quem tenta avaliar as reações do outro, Anabelle caminhou com passos pequenos na direção de meu pai e como percebeu que ele não fazia nada para impedi-la, envolveu os ombros de Tom em um abraço apertado. Meu pai deixou que os olhos castanhos muito parecidos com os meus se fechassem ao receber aquele abraço e, surpreendendo a mim, envolveu a cintura dela respondendo. Eu conseguia sentir a sensação de paz que aquela troca de carinho exalava mesmo que de longe e, por um mero instante, me esqueci da briga e o porquê de não estarmos na droga da limusine indo para a estreia do filme de Jason, o mesmo em que eu era a protagonista.

– Quando ia me contar isso? – ouvi Tom questionar baixo. – Eu teria... teria mudado de ideia e...

– Não vamos mais falar sobre isso. – interrompeu Anabelle afastando-se apenas alguns centímetros de meu pai antes de depositar um selinho rápido em seus lábios. Se fosse em outro momento, eu teria sentido nojo ou acharia desnecessário, mas agora, apenas conseguia sorrir com aquela situação. – Agora, eu quero que vá até Henri e peça desculpas por tudo. Eles se amam assim como nós, querido, está na hora de aceitar isso de uma vez por todas.

Eu sentia a hesitação de Tom mesmo que de longe. Meu pai soltou-se dos braços de Anabelle e seus olhos fitaram meu namorado ao meu lado, quem permaneceu em silêncio por todo esse tempo esperando que ele enfim mudasse de ideia. Os dois se entreolharam por um instante e, para minha total surpresa, Tom abriu um sorriso pequeno, mas ainda assim um sorriso para Henri.

E quando me dei conta, eles estavam se abraçando.

[...]

A primeira vez que testemunhei um tapete vermelho e todos os seus males para artistas principiantes, achei que fosse vomitar de tanto nervosismo e ansiedade. Hoje, pelo contrário, me sentia como um pássaro que finalmente deixou sua gaiola, o qual estava livre para experimentar o mundo novo e sentir pela primeira vez o céu de verdade.

Os flashes das câmeras me deixavam zonza como antes, porém, agora eu não olhava para eles e precisava me apoiar em Noah como da última vez. Meus olhos passeavam por aquele rosto quase esculpido exatamente para mim, no qual meus dedos sempre passeavam com tanta facilidade estudando seus traços e os desenhando sem que isso parecesse poético demais. Um par de olhos azuis me fitava de volta e tive um vislumbre do sorriso largo e alegre de Henri indicando que ele finalmente percebera que eu o encarava.

No primeiro instante em que colocamos os pés no tapete vermelho de mãos dadas, as pessoas agiam como se tivéssemos uma bomba armada em nossos braços. Os repórteres arfavam e nos lançavam uma avalanche de perguntas, desde “Desde quando estão juntos” para “Mas não eram apenas amigos?”. Entretanto, eu não ligava nem um pouco para isso, afinal, apenas a aceitação dos fãs que ainda se mantinha como obstáculo. Não havia mais Tom para tentar nos separar, não havia (bom, por enquanto) Tyler e não ligávamos muito para as perguntas relacionadas às acusações sobre a The Blue. Afinal, nossas mãos unidas enquanto posávamos para fotos ao lado do elenco já era uma afronta bem direta para um dos atores que também estava no mesmo local e provavelmente não entendia nada do que estava acontecendo.

E agora, o veneno voltava para sua cobra.

E logo ela morreria.

Tyler estava um pouco distante em meio à fãs enlouquecidos com sua presença. Puxavam-no, se exprimiam entre outros apenas por uma foto e o ator com pinta de bad boy quase parecia alheio a eles, como se sua atenção fosse dona apenas de mim e Henri. Enquanto uma garota tentava com todas as suas forças tirar uma selfie com ele, eu vi que Tyler tinha o cenho franzido e alternava o olhar entre o braço de Henri ao redor de meus ombros e o fato de todos ali estarem vendo isso.

Quando os fotógrafos pararam e a atenção se voltou para um outro ator do elenco do filme, levantei discretamente o dedo médio pela lateral do corpo e um meio sorriso maldoso surgiu de meus lábios.

A festa acabou, queridinho.

Foram minutos intermináveis de fotógrafos se divertindo com nossa mais recente novidade, inclusive os fãs, os quais gritavam perguntas tão confusas e curiosas quanto as das pessoas da mídia. O pequeno mundinho de minha recente fama parecia estar pegando fogo e o mundo de Henri, o qual sempre esteve em chamas, parecia querer explodir a qualquer segundo. A novidade fora realmente como se estivéssemos como uma bomba e isso só aumentou a expectativa de todos.

Há quanto tempo estão juntos?”

“O que seus companheiros de banda acham sobre isso, Henri?”

“Se conheceram por causa do pai dela?”

“E os rumores do seu relacionamento com Tyler Blackwell?”

Eram avalanches de perguntas, porém todas que não davam motivação nenhuma para que eu respondesse. Não havia porquê dar tanta satisfação para aquelas pessoas, principalmente porque usariam parte das minhas respostas fora de contexto e poderiam acabar criando histórias diferentes e mentirosas. Sempre fora assim com todos os artistas e eu não queria ser apenas mais uma vítima da mídia e sabia muito bem que Henri também não.

– Olhem só, e não é que o casal feliz resolveu se assumir? – Tyler aparecera de repente ao nosso lado. Havia um maldito sorriso de orelha à orelha em seu rosto e, mesmo com os braços cruzados, ele parecia sem sinal nenhum de raiva ou confusão. Parecia alegre demais para o caso, como se o fato de assumirmos fosse algo positivo para ele. – Posso saber o motivo da novidade?

– Hum, talvez seja a surra que levou em uma certa piscina. – Henri estava com o peito estufado e a expressão quase como uma carranca quando respondera isso para Tyler. Qualquer um que estava à nossa volta sentiria de longe a briga de testosterona que se iniciava bem ali em meio à uma mídia controladora e que não via a hora de isso de fato acontecer.

Mas, ao contrário do que achei, Tyler não cedeu apesar da afronta de Henri.

– Se eu tivesse mesmo levado uma surra, estaria no mínimo machucado. – defendeu-se ele aumentando o sorriso de forma a disfarçar a quase briga. Se as pessoas não ouvissem o que estavam falando, pareceríamos amigos felizes conversando alegremente. Ah, droga, por que não poderia ser mesmo isso? – Mas como pode ver, Price – ele apontou para o próprio rosto. – estou livre de imperfeições.

– Sua existência já é uma imperfeição. – revidei ficando entre os dois apenas para que uma briga não começasse logo. Mas que merda, esses dois querem se matar todos os dias agora? – Agora vamos logo, Henri, temos que encontrar meu pai e Anabelle lá dentro.

No início, Henri não queria ceder ao meu toque insistente em seu pulso direito quando tentei empurra-lo para longe dali. Ele e Tyler se encaravam de maneira ameaçadora e o sorriso psicopata de Blackwell parecia apenas aumentar conforme eu finalmente conseguia afasta-lo.

– Bela tentativa de me atingir, White! – exclamou ele apesar de já estarmos um pouco longe. – Uma pena que não tenha conseguido me arrancar nem ao menos uma lágrima. Nos veremos em breve, rainha.

Se fosse em outro momento, eu sabia que meu namorado iria avançar sobre Tyler e arrancar todos os dentes que ele tinha na boca. Sabia disso pois sentia as mãos de Henri se fechando em punho e ele se controlando para parecer mais feliz apesar do que Blackwell dissera.

Ignorando totalmente a presença de Tyler depois disso, deixei que meus dedos se entrelaçassem aos de Henri e, juntos, seguimos para dentro do teatro onde seria exibido pela primeira vez o filme de Jason. Sentaríamos em um lugar perto de meus amigos de elenco, inclusive Jordan, quem mal conteve a felicidade ao perceber que havíamos assumido para o mundo inteiro que estávamos juntos. E, bom, continuaria assim já que as estreias seguiriam por mais cinco países diferentes e em todos eu estaria com Henri bem ao meu lado e não com Tyler, como todos os fãs do filme queriam que estivéssemos.

– Acho que foi tudo bem. Bom, apesar do Sr. Simpatia lá fora estar quase pedindo por outra surra e um afogamento de verdade. – Henri se acomodou à cadeira ao meu lado ainda sem soltar nossas mãos unidas. O único momento em que o fez, foi quando tentou arrumar sua gravata sem conseguir evitar uma careta hilária. – Ei, quando posso arrancar essa coisa? Parece que está me enforcando!

Sem responder, eu me aproximei apenas o bastante para puxar a gravata já solta para fora de sua camisa, dobra-la e coloca-la dentro de minha bolsa pequena. Agora, Henri tinha a camisa branca por baixo do terno com alguns botões abertos deixando que uma parte de seu peito ficasse à mostra.

Droga, ele estava lindo.

Com um meio sorriso divertido ao perceber que eu encarava a parte nua de seu peito sem disfarçar nem um pouco, ele desceu o rosto por meu pescoço aproveitando o quão escura a sala estava e mordeu o lóbulo exposto de minha orelha.

– Tarada. – sussurrou antes de soltar um risinho de puro divertimento.

– Disse o que sai mordendo o lóbulo da orelha da namorada em plena estreia do primeiro trabalho dela. – resmunguei fingindo estar indignada, porém com um sorriso maior que a cara. – Eu deveria ter deixado a gravata te enforcar.

Sem responder de imediato, Henri me deu um cutucão no momento em que alguns atores tentavam se ajeitar na mesma fileira de cadeiras em que estávamos. Mas o mais interessante das pessoas que se aproximavam era o ator de cabelos castanhos escuros e um maço de cigarros no bolso que se sentava quatro cadeiras de distância de nós. Os olhos de Tyler passaram por cada um da fileira até que pararam sobre mim e, surpreendendo-me um pouco demais para a situação, um meio sorriso convencido brotou dos lábios dele e, descaradamente, acenou na nossa direção antes de voltar a conversar com John, um dos atores.

Mas que diabos foi isso?

– Você acha que...

– Não. – Henri se ajeitou ao meu lado e fechou os dois últimos botões de sua camisa branca, apenas para parecer mais arrumado. – Nem se incomode com isso. Ele só está tentando parecer normal depois do que fizemos no tapete vermelho. Você viu a cara dele, Scar, parecia que tinha visto um fantasma. Pelo menos antes de vir até nós e quase implorar que eu desse um soco na cara “livre de imperfeições” dele.

Como Henri acabara fazendo aspas com os dedos para a parte do rosto de Tyler, eu acabei rindo, mesmo que a situação pedisse uma postura mais séria de mim.

Os únicos sons que podiam ser ouvidos no teatro eram de conversinhas paralelas, inclusive a voz de Jason foi captada por mim quando ele dizia algo para um dos garçons que serviam água e outras bebidas. Fiquei incomodada por um tempo pelo o que aconteceu, mas logo minha inquietação desapareceu quando uma piada me veio em mente.

– Se foi você, ele viu um fantasma muito gostoso. – eu praticamente cantarolei aquela frase, algo que apenas fez Henri apenas rir mais.

– E desde quando eu sou gostoso?

Revirei os olhos com aquela pergunta e tratei de me distrair arrumando a barra do vestido longo, apenas para demorar mais com a resposta para ele.

– Desde que eu olhei para sua bunda. – resmunguei e juntos, acabamos gargalhando um pouco alto demais, causando olhares repreensivos e engraçados de outros atores do elenco do filme.

– Pare de olhar para a minha bunda então. – Henri reprimiu a risada mordendo os lábios, porém seus olhos já estavam lacrimejando. – Ou eu vou começar a olhar para a sua.

– Nem pense nisso, garotão. – notando que o riso já não me atrapalhava e as luzes do teatro começavam a ser apagadas totalmente para o início do filme, aproximei-me lentamente de Henri para sussurrar em seu ouvido. – Saiba que eu posso ser bem violenta quando quero e esse filme é a prova disso.

E antes que ele sequer pudesse responder a aquilo, o filme começou.


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Notas finais do capítulo

KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK ai como eu adoro Harlet mds
Vejo vocês no próximo e tratem de comentar, margaridas!!
Beijos xx