London Love escrita por Gi Carlesso


Capítulo 47
Os planos infalíveis. Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Hey, margaridas! Olhem só quem chegou TUTS TUTS uushushs eu demorei um pouquinho, mas culpem os estudos e o curso, ok? Fora que não to lendo nada e minha criatividade morreu! Mas, andei lendo umas coisas e consegui escrever algo que preste ushushs
Esse capítulo é narrado pelo nosso lindo, maravilhoso, gostoso e criador do apelido "margarida" vulgo Will Evans. Preparem os risos, porque eu ri pra caramba em umas partes uhsusush Will é uma comédia!
Boa leitura ^^



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Will Evans

Dia 2 de dezembro, 19h.

Primeira fase do plano.

Arrumando desengonçadamente a jaqueta de couro marrom escura que encontrara em meu armário, segui pelo estacionamento da gravadora sentindo que meus pés poderiam falhar a qualquer momento. Minhas mãos estavam suadas e eu provavelmente tinha as bochechas num tom de cor de rosa quase chegando ao vermelho vivo. Uma ironia, já que eu nunca ficava envergonhado ou nervoso com qualquer coisa, nem sequer quando estávamos prestes a nos apresentar em meio a uma plateia de mais de 30 mil pessoas. Era loucura, eu só estava causalmente indo ver uma velha amiga que compartilhava comigo o mesmo espaço de trabalho.

Bom, uma amiga cobra traiçoeira que nos passou o tapete.

Guardando o gravador bem escondido dentro de meu bolso da calça jeans preta, segui para dentro do grande prédio já ouvindo os poucos flashes de câmeras que vinham de algum ponto do portão de entrada do estacionamento. Malditos fotógrafos, não posso nem sequer estacionar um carro sem virar capa de alguma revista boba de fofoca.

Os corredores da gravadora estavam agitados e lotados como sempre, por isso a rotina de trombar com alguém enquanto tentava encontrar o botão do elevador acontecia normalmente como se nada tivesse mudado. E de fato, nada mudara. Nós apenas estávamos sendo acusados 24h por dia de ter desviado uma enorme quantia de dinheiro para nossas contas, as mesmas que permaneciam intactas por praticamente todo o mês. Droga, eu nem sabia como desviar dinheiro, por que continuavam a me culpar disso? Não tenho culpa se um ator desconhecido odeia a margarida de nossa banda. E sim, estou falando do Price. Não que eu esteja culpando ele disso tudo... não, eu estou sim culpando ele. Ninguém mandou se meter com a atriz bonitona que ficou amiga da banda.

Ora, que bagunça.

Revirei os olhos para meus próprios pensamentos enquanto esperava o maldito elevador descer de uma vez. Alguém deveria estar segurando-o em algum ponto do terceiro andar e um aglomerado de pessoas pensando em subir no mesmo que eu começava a aparecer a minha volta. Ótimo, agora além de estar com um gravador em minha bunda, vou precisar dividir um espaço pequeno com outras 20 pessoas.

Alô, vocês não conhecem aquela lei da física que diz que dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço? Se não, deveriam.

Irritado, fui o primeiro a entrar no maldito elevador e, como já esperava, tive que dividi-lo com mais uma penca de pessoas usando ternos e roupas sociais que se aglomeravam no pequeno cubículo. Uma mulher baixinha usando um terninho de grife azul marinho estava ao meu lado tentando fazer qualquer movimento sem me tocar, mas acabou por trombar as mãos em meu braço quando tentou encontrar seu celular nos bolsos. Claro, nós começamos a rir e só assim eu vi como ela era bonita. Tinha cabelos tão escuros que chegavam a ser azuis com a luz do elevador, lábios grossos e olhos negros sedutores, sem contar as curvas que fui capaz de ver sendo que tanta gente nos exprimia e...

Ok, William, se controle!

Tentando me esquivar dos pensamentos pervertidos que não consegui evitar, repassei mentalmente as palavras e o plano de Scarlet.

– Will, você vai precisar ser discreto. Ela não pode desconfiar de nada. – disse ela ao mesmo tempo em que me entregava um gravador pequeno que me fez questionar sobre onde ela conseguiu um daquele. – Coloque isso no bolso de trás. É pequeno e não vai marcar se você usar jeans mais largos.

– Ótimo. – resmunguei. – Achei que você ia pedir para eu colocar isso dentro da cueca na parte de trás.

Scar me fitou com uma das sobrancelhas loiras franzidas e os lábios formando uma linha fina, indicando que ela estava brava. Opa, eu falei demais.

– Essa era a primeira opção. – zombou ela.

– Eu não vou enfiar um gravador na minha bunda, entendeu? – revidei cruzando os braços e recebendo um tapa forte de Henri, quem me encarou de cara feia. – O que? Sua namorada estava pedindo para eu colocar um maldito gravador dentro das calças.

– Eu disse no bolso, gênio. – ela revirou os olhos. – Mas sério, lembre-se de liga-lo assim que você entrar no prédio, ok? Qualquer coisa que Nathalie disser pode ser usado contra ela e para incriminar Tyler. Tente ser convincente e... – Scarlet riu baixinho e eu não gostei nadinha do que ela poderia dizer a seguir. – Quem sabe usar seu charme com as garotas. Ela é francesa, não é? Quem sabe se chama-la para sair ou alguma coisa parecida Nathalie pode acabar confessando.

Com um dedo levantado em sua direção como se pedisse silêncio, eu apertei meu próprio nariz entre o dedo indicador e o dedão.

– Por favor, não me diga que está pedindo para eu chamar para sair aquela cobra que ajudou a ferrarem com a banda. Porque se estiver, eu juro que pulo de uma ponte agora mesmo. Deixo até os gêmeos escolherem a ponte.

– Will, não estou mandando você dormir com ela, só estou pedindo para usar seu charme e arrancar alguma coisa dela.- Scar deu de ombros. – Aposto que isso não é difícil para você, já que está saindo com uma mulher diferente a cada duas semanas.

De olhos cerrados, eu fingi estar ofendido com aquilo.

– Sim, mas eu não saio com mulheres que tentaram me colocar na cadeia. – neguei levemente com a cabeça. Ela estava sentada a minha frente na mesa de jantar da casa de Henri e ele, estava ao seu lado de pé como um segurança pessoal de braços cruzados, só faltava o terno e os óculos escuros. – Mas você está me mandando fazer isso enquanto vocês aproveitam a festa e chegam primeiro? Por que o pior fica para mim?

Henri negou levemente e pousou a mão direita sobre o ombro dela.

– Scar vai ficar com a pior parte do plano.

Arqueei as sobrancelhas sem conter minha surpresa/curiosidade.

– Humm... e qual seria a pior parte?

– Nem queira saber.

Ok, eles deveriam ter me contato que raios de pior parte era. No entanto, estava óbvio que Scarlet teria que arrumar uma forma de arrancar algo da víbora traiçoeira vulgo Tyler Blackwell, já que não havia nada de pior nesse mundo do que isso. Eu nem sequer podia imaginar como ela faria isso, talvez na festa em que nós fomos convidados ou quem sabe depois. Céus, como Henri deixou que esse plano fosse montado? Eu não sou nenhum cavalheiro como ele, mas não deixaria minha namorada se envolver com esse cara depois do que aconteceu.

Eles só podem estar enlouquecendo.

Quando enfim escutei o som indicando que meu andar finalmente chegou, esperei que boa parte da multidão do elevador descesse e assim, pude seguir tranquilamente pelo corredor vazio. De longe, reconheci Jannet, uma mulher que costumava trazer biscoitos com gotas de chocolate quando começamos a trabalhar para a gravadora. Acenei levemente para a mulher baixinha e gorducha de cabelo encaracolado que teve que dar pulinhos por cima do balcão para poder acenar de volta. Cara, eu adoro essa mulher. Não fazia a menor ideia do porquê que ela havia parado de trazer os biscoitos, mas nunca tive a coragem para perguntar. Talvez seu filho tenha brigado dizendo que não éramos nenhum bando de crianças. Sério, eu praticamente podia ver essa cena já que conhecera o cara há alguns meses. Era um homem gordo de uns 2 metros de altura e uma barriga que fazia parecer que ele comera um elefante.

Ignorando minhas distrações, procurei entre as portas que possuíam nomes em uma placa até enfim encontrar a última delas, onde Nathalie Petit estava escrito. Bem de frente à porta transparente, havia um balcão mais baixo, onde um homem falava atentamente ao telefone. Reconheci aquele como James, o secretário de Nathalie que já havia feito algumas cantadas para Henri. Aproveitando a distração dele com o telefone, fui logo abrindo a porta de leve para não fazer uma cena logo que visse a mulher. Queria pega-la de surpresa e ver qual seria sua reação.

Só havia um único problema.

Eu me esqueci que as paredes eram de vidro e ela já havia me visto antes de entrar.

Merda.

Vejam só se não é William Evans. – Nathalie estava de perfil e curvada para frente enquanto terminava de empilhar uma montanha de fichas de arquivo. Ela usava uma saia lápis preta um tanto colada e um terninho da mesma cor, roupas que eu julgava um tanto formais para aquele ambiente de trabalho. – Posso saber o que faz na minha sala?

Ela sorria abertamente, quase como se o mundo fosse um grande campo de flores e cheirasse à morango. Droga, como ela nem sequer ficou surpresa quando me viu? Sei lá, nem uma expressão de “ai meu deus, ele está aqui! O que eu faço? Como não vou demonstrar que ferrei com a banda dele?!”. Nem mesmo uma expressão de medo!

Ok, Will, concentre-se.

– Ora, Nathalie, não posso fazer uma visita para colegas de trabalho de vez em quando? – menti usando todo o charme que ainda me restava apesar do nervosismo. Abusando de uma pose despreocupada e um meio sorriso convidativo, eu me sentei sobre uma das cadeiras em frente a sua mesa esbanjando ousadia. Claro, ela pareceu ter notado isso pelo menos. – Principalmente a que cuida para que meus namoros não virem capas de revistas.

Nathalie deu de ombros e sentou-se em sua cadeira usando a mesa como apoio para os dois cotovelos e seu queixo, que tocou sobre suas mãos cruzadas. Ela ainda tinha um mínimo sorriso nos lábios.

– Se veio para que agradecer, Will, sugiro que venha em outra hora porque estou ocupada.

– Ocupada para conversar com um amigo? – sugeri.

Um ano antes da banda fazer sucesso e eu conhecer os gêmeos e Henri, participei de algumas aulas de teatro e aprendi muito bem como “ler” as pessoas. Cada um tem um modo de agir, pensar e falar. Para ler, eu só precisava avaliar cada movimento de Nathalie e captar cada emoção que ela deixava óbvio sem nem ao menos pensar. Antes mesmo que eu pudesse manipula-la e arrancar dela o que queria, precisava estuda-la e de que maneira melhor seria do que estar ali bem de frente com ela? Mesmo que suas feições demonstravam sua desconfiança e hesitação, eu sabia que ela diria mais cedo ou mais tarde o que eu precisava.

Ignorei a incômoda sensação do gravador no bolso de minha calça jeans e apoiei-me mais perto dela, usando também a mesa como apoio.

– Conversar? – questionou ela afastando-se logo que me aproximei e cruzando os braços em frente ao peito. – E desde quando você conversa com garotas, Will?

Ela teme proximidade, contato visual e toque.

– Você é tecnicamente minha chefe, Srta. Petit. Desde... desde o que aconteceu com a minha banda, as pessoas por aqui não gostam tanto da minha presença. Achei que, por ser essa pessoa ótima e simpática que é, poderia conversar comigo um pouco. – comentei com uma falsa tristeza. Não que esse sentimento fosse meu forte, mas pela expressão dela, eu deveria ter atuado muito bem. – E fora que seu trabalho é excelente.

No mesmo instante, ela corou.

– Está exagerando. – Nathalie deu de ombros. – Só estou fazendo meu trabalho.

Ela não gosta de elogios sobre o trabalho e muito menos pessoais.

– É, seu trabalho me tirou de várias enrascadas. Um bom exemplo foi quando tive que pular da janela da casa de minha ex namorada e os paparazzi tiraram muitas fotos. – revirei os olhos com essa lembrança. – E você, Nathalie, já teve algum tipo de relacionamento conturbado ou que acabou mal?

Nathalie pareceu um tanto surpresa com aquela pergunta, tanto que demorou algum tempo para me dar qualquer resposta que fosse. Fingindo estar interessada em algo em suas unhas, ela deu de ombros novamente e fitou-me nos olhos.

– Uma vez quando estava na faculdade. Foi um completo desastre. – ela mordeu os lábios inconscientemente enquanto sua mente parecia vagar em memórias distantes. – Ele era meio bad boy assim como você, Will, mas saia com ainda mais garotas. Além disso, contanto o fato de que ele queria se tornar ator... Bom, você já deve ter imaginado o que aconteceu.

Ator, bad boy e traições? Peguei você, Blackwell.

– Ele dormiu com você e nunca mais deu sinal de vida. – fora um bom palpite de fato, mas eu não disse aquilo como um palpite e sim, como uma verdade. Era terrível lembrar disso, porém eu mesmo já havia feito isso com uma garota antes... talvez eu seja mesmo um idiota como a margarida costuma dizer todos os dias.

– Exatamente. – suas feições agora estavam mais sombrias e ela parecia um tanto irritada com a minha presença. – Ótima conversa, Will, mas eu preciso voltar ao trabalho agora. Estava... estava ocupada antes de você chegar.

Nathalie já se levantava e estava pronta para continuar seu trabalho enquanto organizava a pilha de fichas de arquivo quando eu a impedi com uma só pergunta rápida e direta. Pode não ter sido minha melhor estratégia para conseguir arrancar algo de alguém, porém aquela situação exigia medidas extremas para se resolver.

– Era Tyler Blackwell, não era? – assim que ouviu minha pergunta, ela parou no mesmo instante de arrumar a pilha. Mesmo que de costas, eu me aproximei dela usando a primeira descoberta sobre ela ficar desconfortável com aproximações. – O cara que largou você, era Tyler, não era, Nathalie?

De costas, eu pude vê-la apertando com força os dedos em torno de uma das fichas, fazendo com que os nós de seus dedos finos ficassem brancos. Podia ser que eu havia ido longe demais, porém não pararia ali. Agora, sabia seu ponto fraco e além do mais, sabia que de fato ela conheceu Tyler.

– E o que você tem a ver com isso, Evans?! – explodiu Nathalie deixando-me surpreso demais para reagir. De frente a mim e nem um pouco incomodada com a proximidade, ela me empurrou de leve usando o dedo indicador provando que estava além de furiosa. – Pelo o que eu saiba, você não é nenhum psicólogo! É só um maldito cantor de boy band que mal sabe as merdas que a vida pode fazer com você!

Ela estava prestes a me empurrar de novo, porém segurei-a pelas mãos antes que pudesse de fato fazê-lo. Havia uma lágrima deslizando livremente por sua bochecha esquerda e as feições começavam a ficar vermelhas por conta do choro. Ela não estava furiosa, estava triste.

– Sim, eu sei que a vida pode muito bem ser uma megera traiçoeira, mesmo que eu possa não ter vivido tanto ainda. – aquilo soou como uma indireta, tanto que ela pareceu ter entendido. – E sei também que as pessoas que menos esperamos, podem nos passar o tapete melhor que a vida. Não é mesmo, Nathalie?

Irritada de repente, ela bufou e encostou-se sobre a mesa para usa-la de apoio.

– O que está tentando arrancar de mim, Will?

– Você ajudou Tyler Blackwell a tirar o dinheiro da conta que iria para a instituição de caridade e desvia-lo para a minha e as contas dos garotos. – não foi uma pergunta. – Nem pense em negar, nós já sabemos a verdade. Só quero que me conte cada detalhe do que aconteceu e como pretendiam esconder isso da polícia e de toda a mídia.

Por um momento, realmente achei que ela fosse negar dizendo que não conhecia Tyler nenhum. Porém, Nathalie apenas assentiu enquanto limpava o rosto das lágrimas usando a manga de seu terninho de grife preto.

– Você vai me entregar para a polícia, não é?

Eu até me senti culpado e arrependido por fazer isso, porém assenti. Ela parecia... parecia arrependida por tudo o que fez, como se Tyler tivesse obrigado ou coisa parecida e me senti um vilão por estar fazendo isso com ela.

Preciso fazer isso. Você sabe, não posso deixar que a minha e a carreira dos garotos acabe por causa do Tyler e o ciúme dele.

Quase como se estivesse irritada consigo mesma, ela assentiu e limpou as lágrimas que ainda deslizavam por sua bochecha.

– Tudo bem. Eu o ajudei sim, Will. – admitiu sem olhar-me nos olhos. – Mas saiba que o meu envolvimento é o menos dos seus problemas. Você deveria ficar preocupado com sua amiguinha, pois Tyler tem um segundo plano na manga.


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Notas finais do capítulo

Meio pequeno, mas já dá pra vocês entenderam as m*rdas que vão acontecer usuhhsu o próximo vou postar daqui dois dias, ok? E tratem de comentar, estão magoando minha pobre alma de escritora sem motivação :( :(
Até o próximo xx