Ana Paula PART.

Bom, havia se passado um bom tempo da última vez que eu havia visto Débora. Se eu não me engano, no Natal do ano passado. Agora já estamos em fevereiro, começo de faculdade e nós, obviamente, estamos separadas ainda. Acho que o destino está nos testando.

Então, continuando... Era começo de uma nova vida, a vida de um aluno de ensino superior. Eu estava pronta? Bom, acho que sim. Saí de casa com minhas malas. Lembro-me que no dia liguei à Débs, mas nada dela me atender. Fui do mesmo jeito.

Chegando na escola, me deparei com um grande pátio, e muitos alunos, MUITOS mesmo! O que mais me dava medo era se eu estava realmente preparada. Mas cara, eu passei! Eu não podia perder aquela oportunidade, mesmo que eu tivesse que ficar longe de Débora, afinal, ela também conseguiu entrar numa faculdade de veterinária em São Paulo.

Ok. Cheguei em minha casa. Uma casinha pequena onde eu iria dividir com um menino. O nome dele era Gustavo. Entrei e encontrei-o.

– Oi. - ele disse.

– Oi. Você é o Gustavo?

– Sim. Pode me chamar de Guto. Prazer.

– Haha, ok Guto. Sou Ana Paula, mas pode me chamar de Ana.

– Ok.

Peguei minhas malas, com ajuda de Guto óbvio. Fomos ao quarto e deixamos lá em cima de minha cama. Saí e fui para a escola, para dar uma conhecida básica tá ligado? Depois que conheci a escola toda com a companhia de Guto, fomos para casa, jantamos e fomos dormir. Na verdade, Guto foi. Ele era um menino quieto, culto e gostava muito de quando eu cozinhava, haha. Com o tempo fomos nos tornando ótimos amigos. Um dia, eu cheguei em casa, e o peguei conversando com um menino... mas não falei nada, fiquei na minha. Só um tempo depois que fui descobrir que ele era gay, há. Que foda!

Débora PART.

Há, puta que pariu. Já tinha se passado tanto tempo desde a última vez que vi Ana. Eu estava morrendo de saudades, e ela não me ligava! Decepcionante.

Era meu primeiro dia de faculdade. Peguei minhas bagagens, coloquei no carro e parti. Chegando lá, meus olhos brilharam. CARALHO QUE ESCOLA ENORME. Eu fiquei empolgada de estudar agora, haha. Fui para minha casinha, onde eu não iria dividi-la com ninguém. Era apenas minha e de Bisteca, meu cachorrinho novo.

Bom, arrumei a casa e fui dar uma passeada pela cidade. Comprei roupas novas, acessórios e muitas outras bugigangas. Ah, vida nova! De noite, fui a um dos mil barzinho de São Paulo, conheci muita gente, inclusive algumas que queriam meu corpo nu! Hahahaha. Fui para casa. Eu estava muito cansada, então adormeci. Eu teria muito "trabalho" pela frente, inclusive um trabalho de verdade, em uma lojinha no centro em horário sem aula.

(TRÊS ANOS se PASSARAM e a rotina era a mesma. Faculdade, trabalho, amigos, sair. Faculdade, trabalho, amigos, sair. As duas só se viam no final de ano, toda vez.)

Débora PART.

E três anos tinham se passado, e nós só nos víamos no Natal. Todos os anos assim. Eu já estava doente sem ela. Sem minha princesinha do meu lado. Era tão bom quando estávamos no colégio, juntas. Era tão mais emocionante. Agora é só isso, essa vidinha de merda, sempre com a mesma rotina. Ano que vem nós nos formamos, e... será que Ana não conheceu ninguém especial lá? Ah, que má sorte seria a minha...Agora já iriam completar seis meses de namoro nosso. Resolvi ligar a ela.

"- Amor? - perguntei.

– Oi amor! - disse com empolgação. -Pois não?

– Você ainda quer estar comigo, para todo o sempre? - perguntei, sem distrações.

– Débs, nós nos amamos. Eu não tenho motivo algum para lhe deixar. Eu te amo muito!

Nisso, minhas bochechas coraram, minhas mãos suaram e eu tremia.

– Ah, eu também te amo muito meu anjo!

– Haha. Mas... Por quê a pergunta?

Caralho, como eu ia explicar que eu tava com medo dela estar com outra...?

– Nada amor, é que nós estamos tão longe uma da outra... Fiquei com medo de ter conhecido outra pessoa.

– Imagina! Eu lhe amo. Não iria te deixar."

Bom, essas foram suas últimas palavras antes dela desligar. Eu estava confiante! O final do ano estava chegando, e agora seria nossa formatura de faculdade! Como passou rápido! Eu finalmente poderia viver com Ana agora. Ah, e teríamos uma comemoração... uma festinha. Eu liguei para Ana, para ver se ela poderia comparecer como minha parceira.

Ana Paula PART.

Finalmente se passaram os anos, e agora eu ja estaria me formando no final do ano. Aleluia. Eu estava sentada em minha cama, quando de repente Débora me liga. Uhu, finalmente sinal.

"- Amor? - perguntou.

– Oi amor! - eu atendi com empolgação. -Pois não?

– Você ainda quer estar comigo, para todo o sempre? - perguntou direto e reto.

– Débs, nós nos amamos. Eu não tenho motivo algum para lhe deixar. Eu te amo muito!

Débora ficou em silêncio. Pude ouvir seu fungado e sua respiração nervosa.

– Ah, eu também te amo muito meu anjo!

– Haha. Mas... Por quê a pergunta? - perguntei, nervosa.

– Nada amor, é que nós estamos tão longe uma da outra... Fiquei com medo de ter conhecido outra pessoa.

– Imagina! Eu lhe amo. Não iria te deixar." - Respondi. Nisso, o sinal acabou de vês e a ligação caiu. Ah, que raiva! Sinal filha da puta.

– Quem era? - perguntou Guto.

Olhei para ele com uma cara tristinha por causa do sinal daquela merda de casa.

– Minha namorada. Mas a merda dessa casa não tem sinal! - disse, quase chorando. - Eu queria tanto falar com ela, todos os dias. Mas nós só nos falamos quando encontramos sinal, ou no final do ano.

Guto me abraçou, me pegando no seu colo. Me deu um beijo na testa e olhou para mim.

– Calma mocinha, calma. O ano está acabando e logo vocês vão poder ficar juntas!

– É... - respondi meio murchinha, olhando para ele. - Nós não vamos nos separar né Guto?

– Não! Nunca! - respondeu, com um grande sorriso no rosto.

Nisso, fomos almoçar. Já estava até tarde. Tínhamos que estudar para a prova final. Umas três horas depois que acabei de estudar, fui olhar para ver se Guto fazia o mesmo. Cheguei na sala, e ví-o deitado, tremendo de frio, dormindo. E pra levá-lo para cama? Meu Deus, que peso. Puxei-o pelo pé, até chegar lá. Peguei-o nos ombros, e coloquei-o na cama. O cobri e deitei ao lado. Cobri a gente, e dormimos. Sempre era assim.

No dia seguinte, era a última prova. Último dia lá, estudando. E no dia seguinte seria a festa de comemoração. Que emoção! Eu era uma Jurada! Hahahaha.

Acordei Guto e fui preparar o café. Nisso, ele tomava um banho. Quando saiu, arrumou a mesa para nós e eu entrei no banho. Há, a gente revesava! Tomamos café da manhã e partimos para a prova. Duas horas, e saímos de sala. Tudo tinha dado certo. Mais tarde sairia os resultados. Fomos para casa. Tentei ligar para Débs, mas nada de sinal. Adormeci de tarde. Quando acordei, Guto não estava na casa. Vi um bilhete.

"Ei pequena, tive que partir para minha cidade. Nós passamos!!! Parabéns Jurada! Preferi não participar da festa amanhã. Pode vir me visitar sempre que quiser, lembre-se que moro em Piracicaba, interior de São Paulo. Espero que você e a sua namorada fiquem juntas. Amo você, dorminhoca!

PS.: Me chame caso for casar, hahaha. Ah, e lembre-se que já tenho você adicionada no skype!"

Não acredito que aquele infeliz me deixou dormindo e partiu! Há! Vou pegar ele! Haha. Ainda bem que acordei em tempo. Eu ainda tinha que dar uma arrumada básica em minhas coisas e escolher a roupa para amanhã.

Débora PART.

Quando me deparei com o tempo, já estávamos fazendo a prova final para irmos embora da faculdade. Saí da sala, fui para casa e arrumei minhas coisas. Esperei sair a resposta. Fui olhar. "PASSEEEEEI!". Peguei minhas malas e arrumei basicamente, só para não ficar de última hora. Liguei para Ana.

– Alô, amor?

– Oi meu anjo.

– Então, sabe o que é? - falei, meio que com vergonha. - Eu gostaria de saber se você quer ser minha parceira amanhã na comemoração da facul.

Ana ficou em silêncio. Caralho! Me senti uma anta.

– Então amor, acho que não vai dar. Amanhã é a minha festa aqui...

– Ah.. - falei decepcionada. - Ok então. - e desliguei.

Ah, que merda! Eu seria a única sem um parceiro naquela merda de festa mas, não seria por ela que eu não iria. Bom, me arrumei e fui a um barzinho na cidade. Chegando em casa, dormi. No dia seguinte quando acordei, fiquei pensando se eu queria mesmo me mudar dali. Era minha casa, e agora eu já era de maior, vacinada e uma veterinária completa. Acho que iria ficar por ali mesmo.

Mas no que eu estava pensando mesmo era em Ana. Ah, que raiva que eu estava de Ana! Maldita mulher que me fazia ficar louca com qualquer coisa, principalmente quando transamos, mas isto não vem ao caso. Haha. Bom, já estava quase na hora da festa então entrei tomar um banho. Saindo de lá, me maquiei e coloquei meu lindo vestido azulado, bem justinho e com brilhos. Passei um batom vermelho e estava pronta para sair.

Chegando lá, meus olhos não acreditam no que vejo. Aaaah, como assim?

Ana Paula PART.

Bom, fui tomar um bom banho e em seguida capotei no sofá. Acordei lá pelas 23:50 am com uma ligação de Débora.

– Alô, amor?

– Oi meu anjo. - falei com voz de sono.

– Então, sabe o que é? Eu gostaria de saber se você quer ser minha parceira amanhã na comemoração da facul.

Fiquei em silêncio. Pensei numa resposta...

– Então amor, acho que não vai dar. Amanhã é a minha festa aqui...

– Ah...Ok então. - disse, desligando em minha cara.

Há, foi o único jeito de poder fazer a surpresa a ela, sem que ela desconfie. Ah é, esqueci de lhe contar da surpresa, mas depois você vai ficar sabendo.

Bom, eu não tinha contado a ela, mas eu havia comprado uma passagem pra ir para São Paulo para vê-la, e melhor ainda com a oportunidade de ir a festa com ela. Sei que ela ficou triste comigo, mas foi o jeito. Providenciei uma roupa elegante para amanhã, e voltei a dormir. No dia seguinte quando acordo, mando-lhe uma sms falando "bom dia meu amor". Meia hora depois e ela ainda não havia me respondido. Recebi isso como um "estou bolada", e deixei quieto. Lá pelas 17:00 pm, me arrumei. Eu ia chegar lá bem na hora da festa. Eu sabia exatamente onde era, então não haveria problema.

Chegando lá não visualizei Débs, então fiquei sentada em um banco onde ninguém podia me ver. Quando a vi linda e maravilhosa num vestido azul, me levantei e fiquei parada na frente dela, à espera. Vi ela me olhando, e seus olhos brilharem.

Quando me dei conta, estávamos abraçadas e de mãos dadas. Que saudades que eu estava dela!

– Você falou que não viria!

– Você acha mesmo que eu iria dar essa mancada contigo?!

Débora sorriu e me deu um beijo. Ela estava tão feliz, e eu também, obviamente. Olhei para ela, e para todos os amigos que estavam em volta nos olhando, afinal, era possível ver a alegria de Débs de longe. Olhei para todos, e depois fitei seus olhos cor de mel brilharem sob a luz do poste. Me ajoelhei, peguei uma caixinha em minha bolsa e disse...

– Meu amor, se passaram três anos! Eeer... - dei uma travada. - Quer se casar comigo?

Aaaah, mas que vergonha que eu estava naquela hora. Vi Débora começar a chorar. Suas lágrimas caiam repentinamente de seus olhos, e eu, com aquela vista embaçada, com cara de "se controla". Vejo Débs com a mão no rosto e todo mundo apreciando o momento. Eu só escutava o pessoal dizendo "ah, que lindas"; "que momento!" e coisas do tipo.

– Sim! Sim, sim e sim! - Respondeu, me dando um abraço forte, passando-me a mensagem de segurança, amor e felicidade. Nos beijamos loucamente, porém fomos interrompidas com o barulho da porta da festa se abrindo. Assim que entramos, nos deparamos com uma enorme festa. Daquelas de bombar mesmo! Dançamos a noite inteira... Eu, e minha futura esposa.

Débora PART.

Me deparo com Ana Paula, em pé com uma pose de "estava lhe esperando". Mas que mulher bipolar! Como assim ela mente para mim? Ah, esqueci isso e fui correndo abraçá-la. A minha saudade era maior...

– Você falou que não viria! - falei com tom de confusa.

– Você acha mesmo que eu iria dar essa mancada contigo?!

Eu sorri, lhe dando um beijo em seguida. Eu estava muito feliz em vê-la, era a coisa que eu mais queria naquele momento. Todos nos olhavam, quando de repente vejo Ana com uma caixa de joia na mão.

– Meu amor, se passaram três anos! Eeer... - percebemos que ela deu uma travada, haha. - Quer se casar comigo? - perguntou, euforicamente.

CARALHO! Eu não me continha naquela hora. Minhas mãos tremiam e suavam, eu chorava repentinamente, e eu fiquei vermelha. Porém, minha felicidade era visível a todos. Meus amigos de faculdade apenas olhavam e comentavam sobre o momento.

– Sim! Sim, sim e sim! - lhe respondi, lhe dando um forte abraço. Eu me sentia muito feliz, muito segura, e eu realmente amava aquela mulher! Nos beijamos na frente de todos, que nos aplaudiram. Fomos interrompidas quando a porta da festa se abre. Assim que entramos, nos deparamos com uma enorme festa, com um salão triunfal! Dançamos todo o tempo, juntas, coladas... Eu e minha futura mulher.