Histórias Infantis... Ou Não! escrita por Docinho Malvado


Capítulo 3
Alice no país da maluquice


Notas iniciais do capítulo

Ignorem os erros ortográficos!



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            HOSPITAL PSIQUIATRICO WONDERLAND

– E então, quem é a nova paciente? – Perguntou Dr. Lewis Carroll que olhava curioso pela janelinha da porta uma garotinha que conversava sozinha no meio da sala branca.
- Alice Lidell, o pai a internou ontem á noite aqui no hospital. – Disse a enfermeira lendo sua prancheta.
- Porque o pai á internou? – Perguntou Dr. Carroll.
- O pai alegou que a menina é “maluca”. Disse que Alice tem alucinações quase que o tempo inteiro, que ela pode ficar fora da realidade por horas seguidas ininterruptamente; ela tem ataques psicóticos violentos; e também apresenta uma aparente síndrome bipolar, ás vezes ela está calma e carinhosa, ás vezes está assustada e triste e ás vezes está descontrolada e violenta como uma mulher adulta; Alice também tem um QI de 141, um nível bem assustador para uma criança de apenas onze anos.
- Desde quando ela apresenta esse comportamento?
- Aparentemente desde os oito anos.
- E antes ela era uma criança normal?
- Não, o pai disse que Alice sempre foi um pouco isolada das outras crianças e sempre foi muito esperta e madura para sua idade.
- Me parece apenas um caso de psicose infantil! – Disse Dr. Carroll achando exagero.
- Há relatos bem curiosos aqui na ficha dela, Dr. Carroll. Alice teve um surto na escola há três meses: Ela se levantou da cadeira, começou a gritar e a se jogar contra as portas e janelas tentando passar por elas sem abri-las. Os professores ficaram tão espantados que foram obrigados á prendê-la em uma sala, onde Alice começou a quebrar tudo o que encontrava pela frente. Foram necessários dois professores adultos para segura-la, a garota estava muito agressiva, chutava, mordia e arranhava tudo e todos que estavam perto dela.
- Há outro relato mais recente? – Perguntou Dr. Carroll achando aquela história absurda.
- Têm sim. Há um relato de ontem á tarde: Alice quase se jogou da janela de seu quarto alegando estar sendo perseguida por um baralho de cartas. Semana passada Alice ficou dias sem dormir alegando estar rodeada por animais falantes. Segundo o pai da garota foi por causa desse episódio que decidiram interna-la. Pela a sua própria segurança e também pela segurança dos demais á sua volta.
- E onde está a mãe dessa garotinha? – Perguntou Dr. Carroll realmente interessado no caso Alice Lidell.
- O pai disse que á esposa está muito abatida, ela não aceita ter uma filha maluca.
- Pare de usar a palavra “maluca”. Isso soa desrespeitoso e ofensivo! – Disse Dr. Carroll realmente bravo.
- Perdão, não foi minha intenção, eu apenas estava usando a mesma palavra que o pai.
- Isso é um absurdo. O próprio pai desmoralizando a filha desse jeito!
- Bem, o senhor vai querer entrar agora? – Perguntou a enfermeira desconcertada, tentando mudar de assunto.
- Sim, por favor. Entre comigo e anote tudo, sim? – Disse Dr. Carroll recuperando sua postura profissional.
A enfermeira abriu a cela de Alice e entrou sendo acompanhada pelo Dr. Carroll.
Alice estava olhando concentradamente o canto da parede branca, claro, para a enfermeira e para o Dr. Carroll não havia nada lá. Alice parecia estar hipnotizada. Dr. Carroll pigarrou ruidosamente tentado alertá-la sobre a sua presença. Não deu certo.
- Alice. – Dr. Carroll á chamou. – Alice!
- Presente! – Disse Alice tomando um susto.
- Olá Alice, eu sou Dr. Lewis Carroll, mas pode me chamar apenas de Lewis. – Disse Dr. Carroll informalmente.
- Olá Lewis! – Disse Alice sorrindo amigavelmente.
- Como vai você? – Disse Dr. Carroll se sentando no chão na frente de Alice.
- Acho que não muito bem, porque estou em um hospital? Eu não me sinto doente! – Disse Alice séria de repente.
- Isso não é um hospital, querida! – Disse Dr. Carroll.
- É sim, eu li na fachada ontem! – Disse Alice. – Não me faça de boba! – Disse Alice brava.
- Tudo bem. Mil perdões! – Disse Dr. Carroll sorrindo amigável para ela.
- Oh, me desculpe se eu pareci grosseira, essa não foi a minha intenção. - Disse Alice voltando a se acalmar.
- Alice, eu vou te fazer umas perguntas, tudo bem? – Disse Dr. Carroll.
- Claro! – Disse Alice sorrindo.
- Qual é o nome de sua mãe?
- Miranda.
- E o nome do seu pai?
- Stanley.
- O que você faz nas suas horas vagas?
- Eu vou para o país da maluquice! É uma terra cheia de maravilhas!
- E o que você faz lá? – Perguntou Dr. Carroll curioso.
- Eu aprendo muitas coisas e também me divirto muito com meus amigos.
- Pode me dizer quem são os seus amigos?
- Claro! – Disse Alice sorrindo. – Qual deles você quer conhecer?
- Todos eles. Sabe, eu adoro fazer amigos novos! – Disse Dr. Carroll sorrindo e tentando parecer convincente.
- Bom, primeiramente têm um Coelho Branco que está sempre atrasado; por mais que eu corra, eu nunca consigo conversar muito com ele, até hoje eu só consegui lhe fazer uma única pergunta.
- Que pergunta?
- Eu perguntei: Ei, Senhor Coelho, quanto tempo dura a eternidade?
- E o que ele respondeu? – Perguntou Dr. Carroll realmente muito curioso.
- Ele respondeu: Ás vezes dura apenas um segundo. E falando em tempo, eu preciso ir, estou muito atrasada para chegar ao meu destino!
- Que interessante! – Disse Dr. Carroll fascinado. – Pode continuar?
- Ah, sim. O Chapeleiro Maluco e a Lebre de Março, eles me ensinam palavras que começam com a letra M e também me ensinam boas maneiras, todos os dias nós tomamos chá!
- O chá das cinco? – Perguntou Dr. Carroll.
- Não, a festa do chá, eles tomam chá toda hora. – Disse Alice rindo com a sua piadinha interna.
- Porque lebre de março? Por que não só lebre? – Perguntou Dr. Carroll espantado.
- Porque a Lebre de Março brigou com o tempo, ele não faz nem mais tic e nem mais tac, então agora ela só vive no mês de março. Foi o Chapeleiro que deu esse apelido para ela! – Disse Alice. – Além do mais, se a lebre fosse só lebre, ela não seria a Lebre de Março! – Disse Alice como se fosse uma coisa obvia.
- Continue! – Disse Dr. Carroll realmente interessado no país da maluquice.
- O Gato Risonho, ele me levou até o chapeleiro e a lebre. De vez em quando ele aparece para tomar chá com a gente, mas quase nunca, o Chapeleiro não gosta muito dele porque ele tem a habilidade de evaporar! – Disse Alice.
- Eu não sabia que gatos podiam rir.
- Eu também não sabia, na verdade, eu disse essa mesma coisa pra ele! – Disse Alice rindo um pouco. – Ele me respondeu que apenas gatos de Cheshire podem rir!
- O que seria um gato de Cheshire? – Perguntou Dr. Carroll.
- Eu também não faço á mínima idéia. – Disse Alice séria. - A Rainha Branca é uma mulher nobre e terna, que sofria preconceito por ser inteiramente da cor branca, mas quando eu cheguei no país da maluquice, eu dei para ela uma coroa e assim ela virou uma rainha, agora todo mundo ama ela! – Disse Alice feliz. – Também os Gêmeos que me contam histórias que sempre têm uma moral; o Dodô que me ensinou a corrida maluca, ela é ótima para se secar quando está molhado; as Flores que me ensinam a cantar e dançar, elas são rabugentas ás vezes, mas sempre são muito tagarelas; e também tem uma Lagarta Azul, ela me dá todas as respostas, me explica as coisas e me dá conselhos!
- Isso é realmente muito incrível, todos eles me parecem bons! – Disse Dr. Carroll espantado. – Não existe nenhum maldoso?
- Existe sim! – Disse Alice triste de repente. - A Rainha de Copas, ou Rainha vermelha, como você preferir chamar aquela tirana cabeçuda!
- Porque cabeçuda? – Perguntou Dr. Carroll.
- Porque a cabeça dela é do tamanho de um globo! Eu acho que cresceu alguma coisa muito má lá dentro que pressiona o cérebro dela! – Explicou Alice enojada.
- Porque ela é tão terrível assim?
- Ela é uma mulher má e desprezível, que não sente sequer um pingo de compaixão por ninguém, ela governava antes da Rainha Branca, ela era a favor da decapitação de quem não lhe agradava! – Disse Alice com muito desprezo na voz. – Agora que ela não é mais a Rainha, ela só fica assombrando o País da Maluquice.
- Porque ela não é mais a rainha?
- Porque assim que eu cheguei no país da maluquice tirei a coroa dela e dei de presente para a Rainha Branca, ás vezes a Rainha Branca também vai tomar chá com a gente, mas quase nunca, ela é uma mulher muito ocupada!
- Tem mais algum mal? – Perguntou Dr. Carroll.
- Tem sim. O Valete, ele é o noivo da Rainha de Copas. Ás vezes ele me obriga á fazer coisas ruins! As Cartas de Baralho me perseguem quando eu me recuso, as Cartas de Baralho não passam de seguidores da Rainha Vermelha, eles são tão cruéis quanto ela! – Disse Alice revirando os olhos.

– Com quem você estava falando quando eu entrei aqui? – Perguntou Dr. Carroll.
- Com o Gato Risonho, ele me disse que vai lhe fazer uma visita hoje á noite. - Disse Alice sorrindo cruelmente, parecendo distante.
~ ♠ ♥ ♦ ♣ ~
- E então Dr. Carroll, o que o senhor acha sobre o caso Alice Lidell? – Perguntou a enfermeira quando já estavam na sala do Dr. Carroll debatendo sobre o novo caso.
- Tudo isso foi criado pela menina como se fosse um mundo paralelo. Uma realidade menos dolorosa daquela em que vive. Ela já não pode suportar mais o peso de dar adeus a sua infância, então resolveu usar de sua imaginação infantil para amenizar a dor e o sofrimento.
~ ♠ ♥ ♦ ♣ ~
Que fim levaram?
Infelizmente, Alice executou uma tentativa de fuga aos quinze anos. Ela não obtém sucesso, e acaba detida pelos funcionários do hospital psiquiátrico. A diretora do hospital, furiosa, manda que apliquem a terapia de eletrochoque na garota, para que nunca mais volte a se repetir. Após o castigo, Alice torna-se agressiva e violenta, ao ponto da diretora decidir que a única saída para ela, seria a lobotomia. Alice viveu por muito tempo em um estado de “coma”. Ela nunca mais viveu, sorriu, tampouco falou.
Dr. Carroll ainda recebe visitas de alguns amigos de Alice numa cela do hospital. O Dr. renomado acabou por ficar “maluco” depois do que aconteceu com a sua paciente favorita.
A enfermeira que escreveu a história na prancheta acabou por se afastar do sanatório depois do que aconteceu com Alice e com Dr. Carroll, com medo de levar o mesmo fim que eles.
E Alice foi imortalizada como a menina sonhadora que viveu aventuras incríveis no País da Maluquice.


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Notas finais do capítulo

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