Grande parte da papelada atrasada já estava encaminhada e Grissom resolveu fazer uma pausa. Fez uma ronda pelo laboratório, procurando saber o andamento do caso.

Greg trabalhava com algumas amostras de DNA. O som alto de um rock pesado impediu-o de ouvir Grissom entrar. Ele dirigiu-se ao pequeno rádio em cima da bancada e o desligou.

- Consegue me ouvir ou já está surdo? – Perguntou Grissom.

- Ah, desculpe, senhor – respondeu Greg, um pouco sem jeito.

- Como estão as coisas por aqui? – Quis saber Grissom.

- Estou processando algumas amostras de DNA que Warrick me passou – disse ele apontando para a sua bancada. - E tenho aqui alguns resultados para passar para a Catherine.

Nesse momento Greg viu Catherine passando pelo corredor e chamou-a.

- Ei, Cat! – Gritou ele, meio alto demais.

Catherine parou de súbito na frente da porta, fitou-o com os olhos apertados e se aproximou devagar.

- Cat? – Disse ela, ainda com os olhos apertados.

Envergonhado, Greg não sabia o que fazer. Lançou um olhar rápido para Grissom que estava com a cabeça abaixada e um sorriso bobo no rosto. Gesto esse que não passou despercebido a Catherine, que dirigiu seu olhar de repreensão a ele.

Grissom não embarcava muito nas brincadeiras de Greg, mas não pôde deixar de concordar com ele dessa vez. Percebendo que Catherine o observava, tratou de retomar sua postura séria e repreendeu Greg pela brincadeira. O que ele não viu foi que Catherine, agora saindo com os resultados de Greg na mão, estava com as faces avermelhadas.

Grissom não encontrou mais nenhum CSI, deveriam estar todos em campo e tomou o caminho de sua sala novamente. Chegando lá ouviu seu telefone tocar e atendeu.

- Grissom.

- É Brass, houve um assassinato em massa numa casa noturna. Cinco dançarinas mortas. Traga a equipe toda.

Grissom providenciou que todos voltassem imediatamente e incumbiu todos ao novo caso.

Chegando à cena do crime, Grissom foi logo recebido pelo capitão.

- Os corpos estão lá dentro – Informou Brass. - Elas formavam todo o corpo de dançarinas da boate, não escapou nenhuma.

Um carro se aproximava e Grissom observou Nick e Catherine descerem do veículo. Catherine mostrada um semblante aflito, o que não combinava com ela.

- Você está bem? – Perguntou Grissom, que foi ao encontro dela.

- Sim, é só que... – Ela não terminou a frase.

Grissom olhou-a desconfiado, esperando que terminasse a frase. Como ela não continuou, ele passou a frente dela e parou-a pelos braços.

Catherine é uma mulher forte, e poucas vezes Grissom viu-a em situação vulnerável. Sua expressão não demonstrava a segurança que normalmente tinha e isso o preocupou.

- O que foi, Cath? – Perguntou ele.

Por um momento ela não disse nada, apenas observou toda a movimentação na frente da boate. Abaixou a cabeça, respirou fundo e ergueu os olhos para Grissom.

- Eu trabalhei aqui – falou com a voz embargada. - Conheço todo mundo. Ou melhor, conhecia...

Grissom observou Catherine respirar fundo algumas vezes, numa tentativa de segurar as lágrimas.

- Vai pra casa, Cath – disse ele. – É pessoal demais pra você.

- Não – insistiu ela. - Eu consigo lidar.

Grissom sabia que não adiantaria discutir com ela. Ela sabia ser profissional em qualquer situação, mesmo num caso difícil como esse.

- Tudo bem – concordou ele. – Mas se precisar de uma pausa, um descanso...

- Estou bem, obrigada – concluiu ela, forçando um sorriso.

Ela se dirigiu a boate e entrou. Grissom seguiu-a.

Sara já processava o local quando Grissom se aproximou.

- E o Warrick? – Perguntou ele.

- Ainda não chegou – respondeu ela. – Você precisa dar uma olhada nisso – falou ela com certo receio, entregando-lhe um pedaço de papel.

Grissom estranhou a atitude de Sara. Tirou do bolso uma luva e a usou para pegar o papel. Estava todo amassado. Levantou-o na altura dos olhos para conseguir ler entre as dobras do papel.

- É do assassino – informou Sara. - Deixou um recado.

Depois de ler, Grissom empalideceu. Olhou para Sara, que sustentou seu olhar. Aquilo não significava boa coisa:

“Você não escapa, Cath, minha querida.”