Evidências escrita por Jaqueline S


Capítulo 1
Um dia cinzento




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Gilbert Grissom sentou na cama, sentindo a cabeça latejar. A dor de cabeça já o acompanhava a três dias, fazendo de suas noites mais cansativas do que relaxantes. Calçou suas pantufas e vestiu seu roupão. Não sentia fome, estava enjoado por conta da dor, mas sabia que precisava comer algo. Abriu a geladeira e tomou um copo de leite. Abocanhou alguns biscoitos do pote que estava em cima da mesa e ligou a televisão.

O homem do tempo não ajudou. Grissom ouviu a previsão do tempo para aquele dia, que era basicamente o mesmo da semana anterior. O dia cinzento e chuvoso, nada convidativo, o deixava ainda mais desanimado.

O celular tocou. Olhou de relance para o visor do aparelho e não se surpreendeu com o nome ali escrito.

- Grissom – atendeu ele.

- Oi – respondeu uma voz feminina do outro lado da linha. – Será que teremos a honra de sua presença hoje? Está atrasado. Está tudo bem?

- Desculpa, Cath. Estou a caminho – disse, desligando o celular.

Catherine Willows é, talvez, a pessoa pela qual tem mais consideração. Ao longo de anos trabalha ao seu lado. O tempo os fez muito próximos, amigos verdadeiros, irmãos para toda hora. Preocupava-se muito com a amiga, mas seu jeito fechado e recluso não permitia muitas demonstrações, apesar de saber que ela tinha conhecimento de sua consideração por ela, assim como ela tinha por ele.

Vestiu-se, tomou outra aspirina e saiu. Alguns pingos de chuva conseguiram marcar seu casaco escuro antes que conseguisse entrar em seu carro.

Chegando ao laboratório, reuniu-se com toda a equipe para comunicar o único caso do dia. Depois que todos saíram para buscar seus equipamentos e dirigirem-se a cena do crime, Grissom tomou o caminho de sua sala. A dor de cabeça não deixou que trabalhasse direito durante os últimos dias e alguma papelada havia se acumulado.

Sentou e deu início ao seu trabalho. Catherine apareceu na porta, instantes depois, e encostou-se no batente. Grissom levantou os olhos e contemplou por um momento a figura ali parada.

- Você não anda bem – disse logo ela.

- Estou bem, Cath. Só estou com dor de cabeça – respondeu ele.

- Conheço você, Gil. Algo o está incomodando e não é só a dor de cabeça – disse ela, agora se aproximando da mesa.

Ela sentou na cadeira de frente a sua mesa, com os cotovelos apoiados e as mãos cruzadas. Grissom observou seu olhar inquisidor e soube que ela não desistiria até que soubesse a real razão do seu comportamento nos últimos dias. Andava mais quieto que o normal, mas não queria discutir aquilo naquele momento, até por que nem ele mesmo sabia.

Grissom nada disse. Seu olhar continuava a contemplar Catherine, não escapando a ele nenhum detalhe de seu rosto. Sentiu sua pulsação aumentar, a respiração ficou mais pesada e desviou o olhar.

- Essa dor de cabeça está me perseguindo a alguns dias, mas não é nada – disse ele, olhando-a novamente. – É sério – concluiu, dando um sorrisinho de canto.

Este último gesto desarmou-a. Ela se levantou, deu a volta à mesa e chegou mais perto dele. Alcançou sua mão e apertou com firmeza.

- Sabe que estou sempre aqui se precisar, não é? – Perguntou ela.

- Claro! – Respondeu ele. – Obrigado.

Ela se afastou em direção a porta. Grissom soltou a respiração, que havia acelerado novamente. Antes que ela saísse, porém, chamou-a.

- Ei, Cath! Sabe que sempre estarei aqui pra você também, certo? – Perguntou ele, ainda que com um pouco de dificuldade em pronunciar essas palavras. Ele não era do tipo de fazer muitas declarações.

Ela não respondeu. Olhou-o de costas, ainda andando em direção a porta e deu um sorriso sincero. Isso seria o máximo que ela conseguiria tirar dele.

Por enquanto.


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