Percy Jackson E A Legião Da Luz escrita por Christhian Costa


Capítulo 19
Episodio 2: Capitulo 9




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Leo

A noite havia sido bem agitada e o dia prometia ser pior, agradecia por não ter que ficar no comando sempre, ter que responder às perguntas dos outros campistas havia tomado a maior parte do meu tempo principalmente porque tinha que inventar desculpas para não falar sobre os Legionários no navio e talvez trocar os campistas de quarto para acomodar aqueles que não estavam precisando de tratamento não tivesse sido minha melhor ideia, mas eu estava acostumado a consertar e inventar coisas, receber um bando de desconhecidos armados e possivelmente perigosos não estava no meu repertório.

Toda essa confusão na minha cabeça quase anulou minha capacidade de dormir, por sorte meu sono de máquina sem combustível tomou conta assim que me sentei na mesa de reuniões, parecia ser o único lugar onde não iriam me perturbar com perguntas, não via tantas delas desde que retornei ao Acampamento meio-sangue, mas naquela ocasião a maioria achava que eu estava morto e também estava acompanhado da minha recém resgatada namorada, Calipso, então a situação era muito diferente, pelo menos dessa vez não havia ninguém querendo me bater até a quase morte, ainda não pelo menos. Quando dormi não sabia se seria acordado por falhas no motor, sons de batalha ou qualquer outra coisa que envolvesse morte iminente como costuma acontecer, mas por sorte foi apenas Ana batendo na porta da sala.

Quando abri a porta percebi que ainda era muito cedo, quase pensei que havia apenas cochilado por algum tempo, mas o céu estava um pouco claro então devíamos estar perto da alvorada.

— Então, o que aconteceu que não pode esperar até um horário menos absurdo? — disse olhando para Ana.

— Leo, são quase seis da manhã, acho que você já dormiu até demais na verdade — Ana respondeu, não a vi desde que a pedi para cuidar de Dakota e lembrado disso notei que ela estava com roupas diferentes agora — Eu só queria saber se você está certo desse plano para irmos atrás de Jason, sei que precisamos encontra-lo, mas não acha que está confiando rápido demais neles?

— Eu acho que não temos nisso...— Disse então me veio à mente que não havia comentado a ideia de Edgar com ninguém ou pelo menos não lembrava, preferi não comentar esse ponto — De qualquer forma acho melhor pensarmos em como vamos organizar esse café da manhã, não acho saudável para ninguém receber uma missão de barriga vazia, agora onde é q...

Foi então que o Argo se tornou palco de mais uma bizarrice, quando passei por Ana na porta senti meu coração apertar, de repente me sentia triste, abatido, quase caí no chão, mas Ana me segurou.

— Leo, minha nossa, você tá ficando pálido o que foi? — Ela disse enquanto me apoiava.

— Eu não sei — Disse com a mão sobre o peito, o aperto havia passado, mas isso não me tranquilizava, ter ataques fulminantes de melancolia não combinava comigo — Só foi estranho e... o que é aquilo?

Por um momento achei que ainda estava tonto, mas na proa do navio um vulto se movia tão rápido que mal podia acompanhar, até que parou e senti como se aquilo olhasse para mim, mas antes de podermos reagir a coisa veio para cima de nós e no outro instante eu estava novamente sentado em uma cadeira da mesa de reuniões, vi Ana se levantar do chão com sua espada dourada apontando para mim e achei que ela fosse avançar em mim então percebi que o alvo era um homem atrás de mim.

— Mas quem é esse aí? — Ana perguntou surpresa.

— Como é que eu vou saber? — Eu disse deixando minhas mãos chamas — Mas mexeu com o semideus errado.

Tentei me virar na cadeira o mais rápido possível, mas ainda assim não acertei o cara que apareceu próximo a ponta da mesa.

— Ei, calma, me desculpem por esbarrar em vocês — Ele pediu enquanto levantava as mãos, o cara devia ter fugido de um show de luta-livre porque ele era um mar de músculos — Ahem, meu nome é Bolgin, sou um deus e um cara chamado Jason e a amiga dele, Catarina, me mandaram aqui para avisar que vocês vão morrer.

Alguns segundos de profundo silêncio profundo se passaram enquanto eu e Ana processávamos aquilo, Jason havia mandado uma mensagem o que significava que ele estava vivo e junto da tal tenente, mas que essa mensagem era que iriamos morrer e que o borrão escarlate na nossa frente era um deus foi difícil de aceitar.

— Vocês estão bem? — Bolgin perguntou — Nesse mundo vocês ficam em silêncio quando veem um deus?

— Você é o deus da luta-livre? — Eu indaguei e ele fez uma cara como se aquilo fosse uma coisa de outro mundo.

— Jason disse que íamos morrer? — Ana disse ainda com a espada preparada para atacar aquele cara — Tem certeza disso?

— Não, quer dizer ele não disse isso — Bolgin retrucou — E eu não sou o deus da luta-livre seja lá o que isso seja, sou o deus das más noticias e o amigo de vocês me pediu pra entregar essa para vocês, se vocês travessarem até Echnoi, meu mundo, da forma errada vão acabar morrendo.

— Por que você não falou assim desde o começo? — Perguntei tentando não dar muita atenção ao fato de que estava com um deus ET — E como assim equino, você vem do mundo dos cavalos?

— É Echnoi, afinal vocês querem saber o que vão enfrentar ou não? — Pelo menos aquele cara estava começando a ser objetivo, eu e Ana assentimos e ele começou a explicar — Resumindo a história, o ser chamado Azalas atacou nosso mundo, agora se quiserem resgatar seus amigos devem ir até a montanha de calcário em Echnoi, mas lá também é a base das forças de Azalas, ah, e ele está fazendo isso para alcançar seu mundo então se vocês também precisam impedir isso para voltar em segurança, estão entendendo?

Como ficamos em silêncio ele decidiu continuar:

— Se conseguirem chegar vivos a Echnoi vão precisar procurar o general Rilvar, diga a ele que estão ali em meu nome e supondo que ele não os mate imagino que a ajuda de vocês será indispensável, agora.. gah — Ele de repente se curvou e pôs a mão sobre o tempo, de alguma forma ele estava se tornando transparente — Acho melhor terem ótima memoria pois não tenho mais tempo, para impedir que vocês explodam na encosta da montanha devem manter esse navio na velocidade de 160 milhas por hora e daqui a três horas devem abrir o portal, imagino que já saibam uma forma de reativar a pedra portal, nesse momento o tempo nos mundos estará alinhado, tenham em mente que vocês terão no máximo 24 horas para voltar, do contrario podem certos problemas, agora eu preciso ir.

— Espera ai, como assim...— Antes que pudesse terminar de falar ele desapareceu numa nuvem vermelha, Ana parecia muito mais preocupada do que confusa, aqueles olhos verdes dela as vezes pareciam se perder um mar que só ela podia ver — Mais essa e olha que ainda nem passou o café, vamos temos muita coisa para ajeitar pelo visto.

 Ana e eu saímos pela porta e pelo menos nada nos jogou de volta a sala, mas perto dos controles do navio havia alguém que pensei ser uma outra aparição, só mais próximo consegui reconhecer Jonathan por baixo de uma camada de cinzas e graxa, além das roupas e dos cabelos chamuscados.

— Ah, err.. oi Leo, Ana.. o que vocês estão fazendo? — Ele disse surpreso em nos ver, na verdade parecia envergonhado, difícil de dizer com situação dele.

— Então Jonathan — Eu disse sarcástico — Enquanto estávamos aqui lidando a crise no navio você estava brincando na fornalha?

— Claro que não Leo — Ele retrucou

— Então o que você esteve fazendo esse tempo todo Jonathan? — Ana perguntou impaciente e de braços cruzados.

— Eu... estive ocupado — Jonathan disse parecendo chateado — O que importa é que eu estive te procurando, pra falar sobre, você sabe, a legião da luz e admitir essa história toda.

— Claro, porque você não pode trazer boas noticias — Respondi — Mas tenho que fazer isso não é, afinal esse é o meu navio.

Causar irritação em Jonathan realmente melhorava meu humor, me sentia quase preparado para aguentar uma multidão de semideuses querendo me matar.

— Mas de qualquer forma o que você quer falar com seu capitão? — Eu disse indo em direção aos controles, não podia esquecer das informações que Bolgin havia passado, mesmo não achando o deus das más noticias um exemplo de poço de confiança, ainda tinha que falar com Edgar sobre tudo isso.

— É só pra você usar o modo de passeio do Argo.

— Modo de passeio ? — Eu e Ana falamos ao mesmo tempo, lembrava de ter colocado vários modos no Argo quando construí, modo de batalha, navegação, voo, mas não lembrava de nada como passeio.

— Eu posso mostrar, se o capitão me dar acesso aos controles é claro — Jonathan respondeu.

— Esteja a vontade oficial homem-cinzeiro — Disse me afastando dos controles com meu melhor sorriso, Jonathan não me deu atenção e começou a usar os controles com suas sequências próprias de comando, depois de retornar reconstruí parte dos sistemas do navio, mas muito do que estava originalmente no Argo III não fui capaz de alterar, imaginava que esse tal modo passeio estava entre elas.

Depois de alguns segundos o som de engrenagens em movimento começou a soar por todo convés, as balistas se recolheram e vários pedaços de madeira começaram a se dobrar deixando espaços dos quais mesas apareceram, dispostas na forma de um U elas se aproveitavam do espaço e o campo do navio impedia, na maior parte do tempo, que os ventos nos atingissem com toda força, então podia entender bem a definição de modo passeio, mas também vi porque Jonathan quis mostra-lo logo, a disposição da mesa poderia comportar tanto semideuses como os legionários e também o U que formavam estava voltado para a cabine de controle, esse seria o meu palco pelo visto.

— Nossa, já tinha usado isso alguma vez? — Ana perguntou.

— Não — Jonathan disse com o olhar perdido para além da proa do navio — Estive guardando para uma ocasião especial, não sei se essa é a ideal, mas fico feliz de tantas pessoas poderem ter essa bela visão.

— Você está de parabéns homem-cinzas — Eu disse dando um tapinha nas costas dele — Um problema a menos, agora só temos que chamar todos e...

— Caham! — Ana me interrompeu — Desculpe cortar o clima, mas vocês não acham que estão um pouco sem condições de se apresentarem?

— Como assim — respondi — Estou perfeitamente be..

— Leo Valdez vai logo tomar um banho antes que eu te force a um da pior maneira, o mesmo vale para você Jonathan.

— Wow, certo, certo — Eu disse já me distanciando de Ana, mas então me virei para ela — Fale o que o Flash com esteroides disse para o Edgar, acho que ele pode entender aquilo tudo melhor que nós dois.

— Espera ai, como assim Flash? — Jonathan perguntou ao meu lado.

— Coisas de capitão, agora melhor fazer o que Ana disse, apesar dos pratos mágicos não vai querer arriscar perder o café com tanta gente nesse navio — Eu disse já na escada, mas para falar a verdade o prazo de três horas estava quase me apressando mais do que a fome.

Despois de ficar minimamente apresentável fui a procura de Ana ou de Edgar, precisava falar com eles o mais rápido possível, não sabia que horas eram ao certo, meu sinto magico não produzia relógios em seus bolsos mais do que produzia enchiladas, mas eu sabia que não podia ter demorado muito tempo tomando banho pois a maioria ainda estava em seus quartos.

— Leo, ei Leo — Escutei alguém me chamar, mas estava tão distraído que não dei atenção até que me um gato entrou em meu caminho.

— Obrigado Bridey — Amber disse acariciando sua gata — Devia prestar mais atenção a sua volta Leo.

— Amber, oi, estou procurando a Ana agora, você a viu por ai? — Eu disse ignorando o fato de que aquela garota parecia ter surgido do nada.

— Isso que queria falar com você, ela me pediu pra te procurar e dizer que te espera na oficina de Hecate, ela estava com um tal de Edgar.

— Ah, valeu Amber — Eu disse já indo na direção da oficina, mas então olhei para trás e vi que Amber estava parada — Você não vem, a oficina é sua não é?

— Sim, mas Bridey não gosta daquele cara — Amber respondeu sem graça — E ele também me dá calafrios, de qualquer forma a oficina de Hecate está em suas mãos, não faça nada de errado ou pode acabar virando um sapo, te vejo no seu discurso, tchau.

E depois de terminar de falar ela foi correndo na direção oposta, não lembrava de ter anunciado um discurso para ninguém, Ana provavelmente já estava avisando os outros sobre as mudanças no café da manhã, sem ver mais ninguém no caminho fui até a oficina e quando cheguei lá vi Edgar atrás de uma das mesas enquanto anotava alguma coisa em um caderno sobre o que deviam os pedaços da pedra portal em cima da mesa e Ana estava logo ao lado da porta encostada na parede.

— Que bom que você chegou — Ela disse ao me ver entrar — Aquele cara só tem murmurado um monte de coisas estranhas desde que começou a mexer naquela pedra e acho que ele não lidou bem com aquela história de Echnoi e tal.

— Eu não sou doido se é isso que você quer dizer — Edgar disse sem tirar os olhos do caderno, ele estava sem o manto dessa vez e usava uma camiseta branca — Só não estava achando que isso envolvia Echnoi.

— Afinal de contas o que tem de tanto nesse mundo, além de que ele parece ter seus próprios deuses e honestamente isso ainda está difícil de aceitar — Questionei

— Em resumo, Echnoi é considerado uma lenda, um mundo dentro da rede que liga os outros, mas em seu próprio tempo, apenas se conectando à terra as vezes — Edgar explicou e parou de anotar no caderno para ajeitar os óculos — Eu estudo as relações entre os mundos há anos e em momento algum lembro de ter encontrado algo sobre Echnoi além de histórias e mitos, e caramba, de repente tenho abrir uma porta para lá com uma chave quebrada.

— Isso quer dizer que você não consegue? — Eu perguntei preocupado.

— Essas palavras nunca saíram da minha boca — Edgar respondeu com um sorriso orgulhoso, pelo menos aquilo foi um alivio — Mas preciso saber, esse navio chega a velocidade de 490 Km/h, ou melhor, 300 Milhas por hora?

— Ta brincando, acha que isso aqui é uma banheira voadora? claro que o Argo passa essa velocidade — Respondi — Mas por que especificamente essa velocidade?

— Pra ser sincero, essa pedra aqui está além de qualquer conserto — Ele disse rolando um dos pedaços sobre outro o que fez com que algumas faíscas voassem em seu rosto — Mas como ela obviamente ainda tem as propriedades podemos fazer isso de uma outra forma, ai é que vou precisar da sua ajuda em especial Leo.

— Eu sou especialista em dar ajudas especiais, mas o que você quer fazer?

— Bem, ouvi dizer que você era bom com forjas, acha que pode forjar um dardo de balista, pelo menos a ponta de metal?

— Eu forjo uma dezena desses com uma mão nas costas, mas não entendo o que isso... ah, você quer que eu forje com os restos da pedra?

— Exato, apesar de chamarmos de pedra portal ela tem as propriedades de um bom metal e se ela ainda tem energia depois de explodir, forja-la em algo não será problema — Edgar disse com uma simplicidade absurda, mas eu estava pensando no que aquelas pedras fariam com meus dedos — Tudo certo pra você?

— Sim, sim, claro — Eu disse trocando um olhar rápido com Ana, se ela tinha alguma objeção não demonstrava — Então acho que podemos ir para o café, tenho um discurso para improvisar.

— Espera ai, isso é só como chegamos nesse lugar — Ana interrompeu — Mas ainda temos que saber o que vamos fazer quando estivermos lá, afinal pelo que parece estamos entrado de cabeça em uma guerra ou pelo menos uma batalha.

— Não se preocupe com isso — Edgar disse enrolando os fragmentos em um pano e me entregando — A Legião da luz é reconhecida pelo menos como um quebra galho em quase todos os mundos e eu posso falar com esse tal de Rilvar em qualquer língua que eles falem.

— Me desculpe se não estou apostando na legião — Ana disse com uma cara azeda.

— O que quer dizer com isso? — Edgar perguntou tão intrigado quanto eu, apesar de não ser próximo de Ana nunca a tinha visto daquela forma.

— Não importa agora — Ana disse voltando a postura calma — Bem, eu vou falar com os campistas sobre o café e mandar todo mundo pro convés.

— Certo, eu já pedi para Evan fazer o mesmo — Edgar disse ainda desconfiado.

— Então vamos nos preparar para a hora do show — Eu disse saindo daquela sala que estava estranhamente desconfortável.

Não havia muito o que eu pudesse fazer agora, andando pelos corredores do navio vi campistas e legionários se entre olhando estranhamente enquanto iam pra o café, apesar de não ter preparado uma única frase sabia que esse não era meu forte então decidi ir direto para o convés e ajudar no que quer que eu pudesse.

Quando cheguei ao convés vi que Jonathan já tinha as coisas sobre controle, ele e Evan estavam distribuindo os campistas de um lado e os legionários de outro, uma medida de precaução eu diria, numa situação dessas nunca se sabe o que ainda pode acontecer, então me dirigi a cabine de controle, teria de esperar que todos estivessem ali, enquanto andava de um lado para outro Jonathan tentava explicar para alguns legionários como funcionavam os pratos e os copos mágicos que por alguns motivos eles pareciam incapazes de acreditar que geravam comida, um deles fez o péssimo erro olhar dentro do copo e acabou ensopado de suco de laranja, gargalhadas dos dois lados encheram o ar, o rapaz foi se sentar intrigado com a louça magica e seus amigos logo o apelidaram de “suco de fruta”, depois de mais alguns minutos vi Ana e Amber subirem ao convés e Edgar foi o ultimo a chegar, me pareceu que todos já estavam lá.

Agora com campistas e legionários frente a frente nas mesas trocando alguns olhares de desconfiança me sentia ansioso, precisava fazer com que eles trabalhassem juntos e isso despertou algumas lembranças ruins sobre a primeira vez que estive em Nova Roma, não podia deixar que nada do tipo se repetisse, claro que nada havia sido minha culpa, mas o fato de não haver balistas a vista me deixava mais tranquilo.

— Eai, como vai todo mundo, aproveitando o passeio pela Leo Airlines espero — Comecei a dizer quando acreditei que estavam todos confortáveis e prontos para ter suas cabeças explodindo de informação, mas havia um murmurinho em ambos os lados e isso não estava ajudando — Certo, se puderem..

— Ei, aquela garota está com meu prato preferido — Apontou um romano em seguida diversas reclamações encheram o convés.

— Por que eles estão aqui — Muitos questionaram conforme a discussão aumentava, com legionários Edgar não parecia conseguir fazê-los manter a calma.

— Espero que não tenham mexido em nada do meu quarto — Alguém reclamou.

— Deixem o cara do cajado comigo — Nicholas disse se levantando e pegando seu machado embaixo da mesa, um péssimo costume que ele tinha.

As coisas estavam saindo do controle mais rápido que esperava, mas eu era o artista e precisava da atenção da plateia, por bem ou por mal.

— Escutem aqui se vocês não pararem com essa briga toda eu vou virar esse navio de cabeça pra baixar e deixar cada um de vocês saltar de paraquedas sem paraquedas — Eu falei enquanto deixava estampado meu melhor sorriso psicótico com um tique falso no olho, efeito imediato, apesar de Nicholas ainda ter sido forçado a se sentar por Ana e Jonathan, consegui a atenção de todos — Bem, agora eu espero que fiquem assim até que eu termine de falar.

Não houve objeção, gostaria de ter Calipso ali comigo para me ver brilhar, mas pelo menos Ana estava fazendo sinal de parabéns para mim.

— O que eu vou dizer não é exatamente fácil de se admitir — Respirei fundo e continuei com um tom mais sério — Primeiro eu peço desculpas a todos vocês campistas, não apenas por ontem, mas principalmente por algo que não contamos a vocês, quem não tava numa caverna durante as últimas semanas sabe de quando Annabeth desapareceu e Percy foi atrás dela, mas só apareceu uma semana depois, então... contamos a vocês que eles haviam se perdido no labirinto ou algo assim certo? Bem, isso foi uma mentira, a verdade é que Percy acabou em outro mundo e lá ele teve que enfrentar um cara doido e muito poderoso, mas ele teve ajuda, um desses caras também estava lá e então quando Percy e Annabeth voltaram Quiron e os conselheiros chefes consideraram que era melhor manter em segredo o que havia acontecido porque as coisas já estavam mais malucas que o normal, acho que isso ninguém pode negar, mas não tem mais segredo pra ser mantido, na verdade, não pode haver, porque só sobreviveremos ao que temos pela frente se trabalharmos juntos, eu sei que não sou realmente um líder, mas eu tenho estado ao lado de vocês há tempo o bastante, compartilhando lutas, perdas e conquistas, por isso, peço a vocês campistas, gregos e romanos, confiem em mim, aos legionários sei que minha palavra pode não valer muito pra vocês, então eu vou chamar a personalidade da terceira mesa a partir da esquerda, o senhor dos picolés, aquele que não precisa de ar condicionado, vem pra cá Edgar e compartilhe algumas palavras.

Ele não pareceu exatamente surpreso embora estivesse tenso, alguns legionários pareciam não gostar muito dele por causa e Nicholas do outro lado parecia querer a visão de calor do superman nesse momento.

— Obrigado Leo pelas palavras e a chance de estar aqui nesse palco — Ele disse entrando na onda, ele pôs as mãos entrelaçadas sobre os controles e podia jurar que haviam palavras brilhando entre suas mãos — Olá semideuses e legionários para fazer uma curta apresentação, meu nome é Edgar e faço parte da legião da luz, na verdade mais ou menos, mas o que importa é que é um grupo que como vocês protege esse mundo, o porquê de nunca termos nos encontrado antes é um mistério. O que não é um mistério são os nossos objetivos, a nossa luta, o fato de que temos um inimigo em comum e amigos que precisam de nossa ajuda e para ajuda-los temos que trabalhar junto, sei que confiança não é algo fácil de se criar, mas é o que precisamos agora.

Um silêncio prolongado se estendeu no navio, parecia que até mesmo o vento havia parado para ver onde isso iria parar, os semideuses pareciam confusos em geral, mas os legionários pareciam descrentes de Edgar e ele percebia.

— Certo, eu também peço desculpas — Edgar falou para os legionários — Sei que fui muito intrusivo quando apareci com a missão de ir atrás de Caius pra vocês, sei que não tenho a melhor fama na legião e que pode ser demais pedir que confiem em mim depois de tudo o que eu causei, mas por favor, me desculpem, eu sofro das perdas assim como vocês.

Dessa vez o silêncio não durou muito e foi Cecilia quem o quebrou.

— Com licença, mas apesar de todo esse discurso as coisas ainda não estão claras — Ela disse ao se levantar e ajeitar os óculos — Por exemplo de onde vocês vêm, o que exatamente fazem, onde estavam nas ultimas vezes que o mundo quase acabou.

 Os legionários pareceram confusos com aquilo e alguns pareceram até a tentar fazer contas, mas eu sabia que ela falava sobre as guerras contra os titãs e os gigantes, isso não me deixou exatamente feliz, eu era um dos sete, encarei a senhora cara de lama mais vezes que queria contar, mas algo no tom dela parecia mais entristecido que acusatório, o problema era que parecia haver outros que não estavam aceitando a ideia.

— Então — Cecilia continuou — Creio que falo por todos os romanos quando digo que não podemos fazer uma aliança tão precipitadamente, eu digo que deveri...

Antes que ela pudesse terminar sons pesados de passos subindo a escada para o convés e uma voz alta e firme a fizeram parar.

— Bem legal Cecilia, mas da última vez que eu chequei a autoridade maior ainda é minha — Dakota disse saindo da escada vestido com uma armadura romana que estava tão lustrada que era difícil olhar diretamente para ele, pelo menos estava sem um elmo, então notei algo diferente nele, ele parecia estar 100% sobreo — Estou errado?

— Não, senhor senador — Cecilia disse voltando a sentar, não sabia se ela estava com mais raiva de Dakota ou surpresa com ele.

— Muito bem então — Dakota disse se aproximando e dirigindo a atenção para os romanos — Como Cecilia bem demonstrou eu posso mandar que vocês cooperem com essa coisa toda, mas eu não quero isso, sabem por quê? Por que quem precisa da nossa ajuda é alguém que nunca faria isso, Jason não precisaria, ele é alguém em quem vocês confiam, alguém que lutou por vocês, sangrou por vocês, desmaiou por vocês e faria tudo de novo, então que tal se ao invés de ficarem perdendo tempo com essa falação toda, nós pensarmos no que devemos fazer, gregos, romanos, legionários, me digam se isso vai ser importante caso quando voltemos a nossas casa só tenhamos mortalhas e arrependimentos conosco?

“Furacão Dakota arrasa reunião de jovens sobrenaturais” se houvesse um jornal sobre semideuses essa seria a manchete principal sem duvida, mesmo eu estava desconfortável agora e parecia que ele tinha atingindo todos, até Cecilia olhava para envergonhada para seu prato.

— Então, Leo, qual o plano para chegarmos nesse outro mundo? — Dakota perguntou.

— Ah, bem... Edgar pode explicar isso ai — Eu respondi rapidamente.

— Não era você o capitão navio, Leo? Que seja... — Edgar disse antes de se virar para a plateia e explicar nossa ideia.

— Espera ai, é essa sua ideia, abrir um rasgo na rede e passar um navio inteiro por ele? — Uma legionária questionou — Isso é insano cara.

— Ela tem razão, quer dizer eu acho, não entendo nada disso pra falar a verdade — O filho de Apolo da enfermaria disse — Mas isso nossa praia, isso de alterar o espaço parece até loucura.

— Nem tanto na verdade — Amber disse chamando a atenção de todos, ela estava alimentando a gatinha dela então demorou um pouco para perceber que as atenções estavam nela, quando percebeu levou mais um minuto para respirar bem e responder — Ora Dan, quando se viaja nas costas de um Pégaso a distância não é a mesma da forma mortal, isso porque eles naturalmente alteram o espaço sem falar no labirinto de dédalo, ele cresceu tanto que pode ligar qualquer parte do mundo hoje em dia inclusive lugares como o mundo inferior e o tártaro que acho que podemos considerar como outras dimensões, então isso tudo não é assim tão insano e nem tão distante do que vivemos no acampamento.

Depois que Amber explicou aquilo os semideuses pareceram entender melhor tudo aquilo, eu incluso.

— Já que parece que chegamos a um entendimento, de alguma forma, que tal terminamos o café, eu não posso ser o único morrendo de fome aqui não é? — Eu disse com um sorriso no rosto.

Depois que o café terminou os semideuses começaram a assumir suas funções, alguns foram levar comida para os que estavam na enfermaria, outros foram reforçar a estrutura do navio e preparar as armas para qualquer situação de combate e Edgar mandou que os legionários fizessem um inventário do que eles ainda tinham de equipamento. Eu esperei com Ana enquanto Jonathan usava os controles para recolher as mesas.

— Acho que lhe devo um agradecimento — Dakota disse se aproximando e me confundindo por um momento.

— O que você fez hoje já foi um agradecimento maior do que poderia pedir, você arrasou — Ana respondeu me poupando do constrangimento — Mas se quiser posso socar sua cara de novo qualquer dia.

— Desculpe, mas esse convite eu prefiro deixar passar — Dakota respondeu.

— Você que sabe — Ana disse com um dar de ombros — Eu vou ver o que posso fazer para preparar o navio, até mais Leo.

— Então, Leo, onde você vai forjar o dardo? —  Edgar perguntou depois de Ana e Dakota irem embora — Temos que começar logo.

— Na oficina, mas por quê? — Perguntei — Eu posso forjar o dardo sem problemas, com um pouco de bronze celestial ou de ouro imperial para dar a liga é claro.

— Ainda não entendi isso de bronze celestial, mas não é sobre a forja o problema — Edgar explicou enquanto andávamos até a oficina — Mesmo que você tenha muita habilidade com metais essas pedras são componentes muito instáveis, então é preciso lidar com a energia latente ou você pode acabar sendo transportando para o polo norte e por experiência própria te digo que não é a viagem turística dos sonhos de ninguém.

Decidi aceitar o conselho e evitar um encontro com papai Noel, apesar de que exigir meus presentes não era má ideia, afinal eu era um ótimo menino, mas na verdade já tinha tido minha cota de experiências geladas por uma vida.

— Caramba, quando foi a última vez que limparam esse lugar? — Edgar questionou a entrar na oficina e ver as pilhas de peças, parafusos, ferramentas e equipamentos espalhados sobre as mesas e o chão.

— Sabe como é né, filhos de Hefesto constroem, não limpam, teve uma vez que tentaram construir uma linha inteira de itens de limpeza autômatos, mas o resultado não foi exatamente o esperado — Eu disse enquanto retirava algumas coisas no caminho.

— Não foi o esperado como? — Edgar perguntou preocupado.

— Ah, o básico sabe, osso quebrados, pequenos incêndios e um limpa moveis ácido — Respondi dando de ombros — Vocês não tem isso no lugar de vocês?

— Não exatamente — Ele disse.

— Bem, é melhor se acostumar — Eu disse chegando a mesa — Mas o que que você vai fazer com relação a energia ou sei lá o que?

— Eu preciso conduzir a energia dos fragmentos enquanto você os forja, assim eliminamos qualquer risco — Ele disse fincando o cajado em frente à mesa — Certo, estou pronto, mas como você vai forjar se não fogo aqui?

— Cara... — Eu disse com um grande sorriso no rosto enquanto colocava as pedras sobre a mesa então fiz com que minha mão livre se ascendesse em chamas — Fogo é algo que nunca falta com Leo Valdez.

As pedra não foram o trabalho mais difícil que já tive, na verdade como Edgar havia dito elas funcionavam como bons metais, mas entendi a preocupação dele, os fragmentos realmente liberavam energia e Edgar havia criado um tipo de círculo mágico que pairava sobre nossas cabeças e de acordo com ele deveria impedir qualquer acidente, não que estivesse muito confiante no “deveria”, mas já tinha trabalhado sob garantia menores. Apesar de ter boas características os fragmentos não eram suficientes e tive de usar ouro imperial, agradecimentos a meu pai pelo estoque de minerais mágicos de preparo urgente, quando terminei de encaixar a ponta em um cabo de projetil o circulo azul já cobria todo o teto da oficina, me perguntava o que toda aquela energia teria feito.

— Edgar, eu terminei o dardo — Eu disse ofegante, não tinha notado o quanto estava me cansando, Edgar também parecia exausto.

— Muito bem então, melhor se afastar Leo, isso consuma ser um show de luzes — Edgar disse e quando me afastei ele apontou com o cajado para o dardo e o circulo de energia começou a se aproximar da ponta dourada, faíscas voavam e correntes elétricas cortavam o ar, uma luz intensa emanava do dardo em varias cores e ficava difícil de olhar, até começou a diminuir para uma aura azul — Bem, ai está, um dardo de balista que corta dimensões.

— Nossa, essa aura me faz quase querer ficar com ela e modéstia à parte, mas eu diria que a ponta ficou um luxo — Eu disse aproximando minha mão da ponta, mas Edgar bateu nela com o cajado — Ei, pra que isso agora, essas mãos são preciosas sabia?

— Ainda está instável, você podia fazer a gente explodir agora sabia? — Edgar disse sarcasticamente apesar de aparentar estar exausto — Seria preciso no mínimo algumas horas para “resfriar”, mas não temos esse tempo.

— Tempo! Quanto tempo ainda temos? — Eu perguntei a uma distância segura da mesa — E como vamos levar isso se não podemos tocar?

— Bem — Edgar bateu com o cajado no chão e na ponta dele um relógio de energia azul apareceu, preferi não comentar nada, mas o tempo estava quase no fim, tínhamos apenas minutos — Ah caramba, é melhor a gente correr, eu vou amarrar o pano na ponta, isso deve segurar um pouco.

— Okay, vamos levar logo essa coisa — Eu disse pegando o dardo da mesa, mas esqueci de considerar que aquilo era longo demais e bem pesado, quase deixei cair enquanto passava pela porta.

— Melhor eu segurar também — Edgar disse já fora da oficina fazendo o cajado desaparecer no ar e segurando a parte de trás do dardo.

Atravessamos o navio o mais rápido que se pode quando se está levando uma vara de mais de dois metros com potencial nuclear, as coisas estavam indo bem até que deram errado. Encontramos Amber e Dakota no fim de uma escada.

— Ah, olha só, estávamos indo atrás de vocês, mas.. — Amber nos cumprimentou, mas de repente a gatinha que estava em seu colo teve um ataque e pulou em cima de Edgar, com o susto acabamos derrubando o dardo e caindo um por cima do outro — Ah minha nossa, desculpe, desculpe mesmo, me deixa ajudar.

Antes que Amber se aproximasse o pano que envolvia a ponta do dardo saiu e a ponta enrolou no manto de Edgar, imediatamente o tecido começou a pegar fogo e Edgar teve que tira-lo e rolar no chão o que fez com que o dardo fosse para perto de Amber e Dakota, correntes de energia começaram a emanar da ponta e uma delas quase acertou Amber, mas Dakota a puxou para trás, eu ainda estava enrolado no chão e Edgar em chamas, o dardo podia explodir a qualquer momento então peguei o pano que cobria a ponta e joguei para Dakota que por sorte entendeu ele pegou o pano e segurou o dardo com a mão direita, uma grande luz me cegou e por um momento achei que estávamos acabados, mas quando abri os olhos vi Dakota segurando o dardo, agora com o pano envolvendo a ponta novamente.

— Você conseguiu! — Exclamei me levantando.

— É, mas quase não saio inteiro — Dakota disse mostrando braço, a manopla que usava na mão direita parecia ter explodido e havia queimaduras em seu braço — Essa coisa não vai explodir a gente, vai?

— Sem tempo pra explicar, mas é possível — Edgar apareceu e não parecia nada feliz após ter o manto carbonizado além de parte da calça dele parecia ter queimado também — Vamos logo, espero que as balistas já estejam prontas.

Então corremos para o convés, dessa vez Dakota levava o dardo, quando passamos por Amber ela parecia querer entrar dentro da parede, infelizmente eu não tinha tempo para dar apoio a ela.

— Tudo preparado — Jonathan disse quando nos viu chegar — Vocês estão bem encima da hora, o que aconteceu com seu braço Dakota?

— Aconteceu o Leo — Dakota disse irritado, eu quis discordar e dizer que aquilo era um trabalho de dois, mas Edgar foi correndo até a balista de proa e parecia olhar para o céu além do navio chamando a atenção de quem estava no convés.

— Certo, Leo, prepare o dardo na Balista — Ele disse então se virou para os que estavam no convés — Escutem bem todos, estamos a alguns momentos de fazer uma das maiores loucuras da vida de vocês, então por favor vão para o interior do navio e fiquem onde é mais seguro.

Semideuses e Legionários que estavam ali arrumando as cordas do navio rapidamente desceram as escadas, a única pessoa que veio para o convés foi Ana, assim só ficamos eu, Edgar, Jonathan, Dakota e ela.

— O que que eu perdi? — Ana disse chagando até nós.

— Só alguns princípios de incêndio e que a gente pode explodir — Eu disse depois de preparar a balista.

— Mas que droga Leo — Ana respondeu.

— Acho que seria melhor que você também fosse para dentro, essa não é uma experiência simples — Edgar disse para Ana.

— Ei, pode parar, meu pai é o deus do mares e navios estão no domínio dele, então se você está dizendo que vai ser tão difícil eu posso muito bem fazer o Argo ficar inteiro até no pior dos percursos.

— Tudo bem então, não precisa explodir comigo — Edgar disse se afastando dela e vindo falar comigo — Acho melhor você ficar nos controles também, não conheço bem seu navio, mas esse tipo de viagem nunca é fácil.

— Tudo bem, quando tirar o pano é só dar o sinal que disparamos, mas e você, como vai se manter seguro? — Eu disse.

— Eu ainda preciso ter certeza que o portal vai aguentar então tenho que ficar bem aqui, não se preocupe eu dou um jeito e de qualquer forma já está na hora.

Assim todos assumimos nossas posições, Ana se prendeu com algumas cordas ao mastro central, Edgar fez seu cajado retornar e segurava a ponta do pano que cobria o dardo, Jonathan estava morrendo de nervosismo ao meu lado nos controles e Dakota logo atrás de nós por algum motivo.

— Certo, lá vai — Edgar gritou enquanto retirava o pano da ponta dardo imediatamente usei os comandos para disparar a balista e Jonathan mandou o sinal para que todos se segurassem.

O dardo cruzou o céu como um relâmpago em todos os sentidos, um rastro de energia era deixado para trás e podia ser minha visão, mas o projetil parecia estar indo em linha reta perfeita ao invés de uma curva, de repente uma onda de turbulências chocou o navio e um som como o de um trovão cortou o ar e a nossa frente o dardo parecia criar um tipo de túnel e o navio começou a acelerar dentro dele, correntes de energia cortavam o ar, a turbulência estava muito forte. Quanto mais entravamos no túnel mais ficava difícil de ver o mundo de fora, tudo parecia uma sequência de imagens desbotadas, até que o túnel envolveu completamente o navio e então as coisas ficaram ainda mais estranhas, apesar de não diminuir a velocidade tudo parecia estar lento, a energia do portal fluía vagarosamente pelas paredes do tudo como uma cascata de arco-íris com tons que nunca havia visto antes, um momento realmente lindo não fosse a certeza de que batêssemos nessa cascata morreríamos. A esse ponto tinha perdido o dardo de vista, olhando em frente só via uma grande luz, na proa do navio Edgar mantinha seu cajado levantado e só então percebi que isso estava afastando correntes de energia do navio. A noção de tempo foi pro tártaro ali dentro, mas podia notar que havia algo como uma passagem de estágios, a partir de um certo ponto a parede do túnel começou a mostrar imagens, a principio eram como fotos de pontes, montanhas, uma de uma fileira de patos de bronze, mas depois houve imagens que não faiam sentido, vulcões do tamanho de uma cidade, montanhas flutuantes, criaturas sem iguais caçando em florestas, podia jurar ter visto dragões em uma das imagens, sutilmente o túnel acelerava e estreitava o que nos pegou de surpresa quando de repente o navio foi projetado com violência para a frente, se Dakota não me segurasse teria saído voando do navio, mas Edgar não teve a mesma sorte, quando olhei para frente o vi voar para a morte, mas então as cordas do navio se desprenderam a uma velocidade sem igual e o seguraram, demorei alguns segundos para entender que Ana havia salvado a vida dele, as correntes de energia começaram a acertar o navio e de repente parecia que o túnel criara uma gravidade própria que tentava nos esmagar com uma força incrível, mas o navio se manteve firme e então atingimos a luz no fim do túnel e surgimos em um céu azul cheio de nuvens, ao olhar para trás pude ver o portal se fechar como se fosse uma ferida que cicatriza, me deixando com a dúvida de como faríamos para voltar. Diminuímos a velocidade do navio e Ana trouxe Edgar até o convés com as cordas e nesse momento todos estávamos desabando de exaustão.

— Bem, é isso ai, bem-vindos a Echnoi — Edgar disse deitado no convés do navio.

— Mal acredito que sobrevivemos — Ana disse sentada ao lado do mastro.

— Nem eu — Jonathan disse rindo nervosamente e tive medo que ele fosse ter algum problema psicológico depois dessa experiência.

— Não sei o porquê de tantas duvidas, afinal estão na Leo Airlines — Eu disse reunindo forças — E o que fazemos agora?

— Que tal lidar com esse pássaros azuis gigantes? — Dakota disse apontando para as laterais do navio onde as criaturas pareciam estar nos cercando.

— Ah, que ótimo, um comitê de boas vindas especial, espero que tenham enchiladas — Eu disse, mas duvidava muito disso.


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