The Innocent Can Never Last escrita por Clarawr


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

O início (não só o primeiro capítulo) é meio Lana del Rey (leia-se parado e entediante) mas é necessário para você se inteirar dos sentimentos da Jojo em relação à tudo que ela passou, enfim. Além disso, foca bastante na relação dela com seus tributos queridos. Não desistam de mim! COMENTEM E FAÇAM 1 CRIANÇA FELIZZZZZ ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/391500/chapter/1

Acordei e o dia ainda não tinha amanhecido. Mas eu sabia que não ia mais conseguir dormir. Um ano. Exatamente há um ano atrás meu nome foi sorteado e eu fui nomeada tributo feminino do Distrito 7. Fui para a sexagésima oitava edição dos Jogos Vorazes. Há um ano atrás, embarquei para a Capital. E fui a única a voltar.

     Então hoje eu vou conhecer os dois tributos que eu, como mentora, terei de treinar. Hoje começa meu trabalho de preparar duas crianças para lutarem até sobrar apenas uma. Ou nenhuma. Porque posso muito bem acabar perdendo os dois.

     Vou ver essas duas crianças do meu distrito penar por tudo que eu penei. Vou entender exatamente o medo que estão sentindo e saber com precisão o pesar que se acumula nelas ao saber que há uma grande chance de ela ter de largar sua vida aqui, sua família, seus amigos, todos aqueles que ela ama.

     Basicamente, vou reviver os meus dias na arena. Todos os anos daqui para frente.

     Seria melhor ter morrido naquele maldito Jogo.

     Levanto-me e sinto a cabeça girar com o sangue fluindo para baixo. Não sei muito bem onde ir, nem o que fazer, então fico vagando pela minha agora ampla casa, tentando desbravá-la, verificando se existem portas ou compartimentos que eu ainda não tenha notado. Provavelmente era uma ação involuntária que pudesse me levar a achar um esconderijo, um lugar onde eu pudesse me enfiar e nunca mais ser achada.

     Como se eu fosse ter essa sorte.

     - Johanna? – Ouço minha mãe me chamar.

     Minha mãe tem estado preocupada comigo desde que eu voltei. Não a culpo. Eu sei que não ando lidando muito bem com a realidade desde que cheguei. Mais uma herança trazida da arena: a certeza que sua sanidade vai voltar em frangalhos.

     - Johanna? – Minha mãe me chama de novo, com a voz preocupada. Deve ter achado que me matei de vez.

     - Estou aqui. – Saio debaixo da mesa onde estava examinando as paredes em busca de novos buracos.

     Ela vem a meu encontro na cozinha, parecendo surpresa:

     - Por que está acordada? Ainda é cedo. A colheita é só às duas. – Ela fala, cheia de dedos. Não querendo me tornar mais consciente do que terei de fazer.

     - Não estava conseguindo dormir. – Digo e minha voz deixa transparecer apenas dez por cento do terror que sinto em meu peito.

     Mas ela é minha mãe. Não preciso deixar escapar muita coisa para que ela alcance meu estado de espírito.

     - Filha. – Ela se aproxima e acaricia meus cabelos. – Eu sei que vai ser difícil. Mas você vai fazer o seu melhor, eu sei. Vai cuidar daquelas crianças como se fosse você mesma lá.

     - Eu sei. Esse é exatamente o problema. Vai parecer que estou lá de novo.

     Contra fatos não há argumentos. Ela não tem o que me responder sem me deixar pior. Então ela simplesmente me abraça, tentando passar o máximo de conforto possível para mim.

     Essa é uma das coisas que eu mais amo na minha mãe. Ela sempre sabe como me reconfortar. Ela sabe exatamente como eu funciono, então conhece minhas fraquezas e meus limites. E sempre sabe quando eu não preciso, ou não posso, ser consolada apenas por palavras. Daí ela me abraça, ou faz um carinho na minha cabeça e, pelo menos por alguns minutos, eu esqueço das coisas que me preocupam.

     Desfruto de seus braços em volta de mim por um tempo e logo estou relaxada o suficiente para voltar a dormir. Deixo que ela me leve até a minha cama e fique comigo até que eu durma mais um pouco antes de o pesadelo real começar. 

Minha mãe me acorda ao meio dia. Eu provavelmente teria continuado dormindo, mas tenho que me arrumar e estar impecável em frente ao Edifício da Justiça, no palco junto com Kamina - a mulher que faz o sorteio em meu distrito e que chamou meu nome ano passado - para receber meus tributos. Posso acordar tarde e me dar ao luxo de só chegar a praça às duas da tarde. Não preciso mais me inscrever para o sorteio. Meu nome não aparece mais nas bolas de vidro. 

Depois do banho, fico parada em frente ao espelho, divagando. O rosto diante de mim não me causa mais surpresa. Olheiras fundas, que por mais que eu durma, não somem. Olhos sem expressão, os lábios cheios raramente se mexem para sorrir. Os cabelos pretos e lisos caem pelo meio das minhas costas. Acho que eu costumava ser bonita. Tento resgatar essa beleza perdida em mim enquanto desembaraço os cabelos e escolho minha roupa. 

Cedo demais, a hora da colheita chega. Tenho que sair de casa. Minhas pernas parecem pesar duas toneladas, mas me obrigo a vencer a resistência de meu corpo e andar ao lado de minha mãe até a porta do Edifício da Justiça do Distrito 7. Ela tem de ficar na área reservada para os adultos. Eu, não. Vou ficar em destaque, no palco, junto com os outros vitoriosos do Distrito 7. No caso, contando comigo, 5. Kamina me vê e acena freneticamente para mim. Respondo com um aceno chocho.

     - Oi, Johanna! – Ela me beija no rosto. – Você vai ficar no palco, junto com os outros vitoriosos. Vem, vem. Tudo tem de estar perfeito hoje!

     Fico pensando se uma bomba explodindo o Edifício da Justiça se enquadra em sua concepção de perfeito. Porque na minha, não podia se encaixar melhor.

     Viro para me despedir de minha mãe. Ser mãe de uma vitoriosa não trouxe muitos benefícios para ela. Ela me abraça:

     - Não se esqueça, vai dar tudo certo. Você vai fazer seu melhor. – Ela me aperta com mais força. – E eu vou sempre estar torcendo por você daqui. Posso estar longe, mas vou estar sempre com você aqui. – E ela toca minha cabeça e o lado esquerdo do meu peito.

     - Eu te amo. – Sussurro em sua cabeça.

     - Eu também. – Ela responde, antes de ser arrastada por um pacificador para a área dos adultos e me deixar sozinha para enfrentar o que me espera. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

AEW AEW AEW!!!!! E aí? O que acharam? Espero que tenham gostado. Deem uma comentada, se não for pedir demais, para eu saber como as coisas estão indo.
Beijos ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Innocent Can Never Last" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.