A Arma Escarlate - As Aventuras Dos Píxies escrita por Erik Alexsander


Capítulo 35
Capitulo XXXV - Índio




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XXXV - Índio

Acordei no dormitório com a cabeça latejando. A luz forte que vinha da janela me impedia de abrir os olhos, mas mesmo assim me levantei e percebi que meu corpo estava dolorido. Olhei para meus braços descobertos e vi alguns curativos e algumas partes arranhadas. Como eu havia me machucado daquela forma de um dia para o outro?

Olhei para o quarto e ele estava estranho, com algumas manchas escuras nas paredes como cicatrizes de um incêndio ou algo do tipo. O relógio mostrava que já era seis e meia, então me levantei e com um pouco de dificuldade vesti o uniforme e peguei meus materiais.

Que dia da semana era mesmo? Me esforcei mas... nada. Na porta do dormitório vi Capí e Viny passando e corri até eles.

– EI! Esperem!

Eles pararam e eu consegui alcançá-los. Era estranho, pois os dois aparentavam estar da mesma forma que eu: machucados e perdidos em pensamentos.

– Sabem que dia da semana é hoje? - perguntei.

– Não faço a menor ideia. - Viny respondeu.

– Hoje é quinta Índio, porque? - Capí respondeu. Ele olhou para mim de forma estranha e depois para Viny. - O que deu em vocês hoje?

– Não sei... eu só... acordei com uma forte dor de cabeça e...

– EIEIEIEIEIIE!!! MEU AMOR, ME ESPERAA!

Me virei para trás e lá estava a menina doida por quem eu tenho uma queda... Tá, confesso que sou apaixonado por ela, mas ninguém precisa saber disso.

– Ninguem merece... - murmurei apenas para fazer um charme que ela tanto gosta. Eu achei que ela viria apenas me abraçar, mas quando vi que ela se jogou de um metro de distância, percebi que a intenção dela era me lançar no chão, portanto não tive tempo e ela me abraçou forte e caímos com o material todo espalhado no chão.

– AI Indiozinho! Bem que você poderia ter me segurado né... Mas não tem problema, eu te amo do mesmo jeito.

Não me lembro de algo relacionado á namoro entre nós, e por isso estranhei quando ela se inclinou para mim com os olhos fechados e os lábios fazendo um bico.

– CREEEEDO!! Não sei de quem eu mais tenho nojo. Dessa menina grudenta e metida a sabe-tudo, ou desse moleque sem graça e com cara de bunda.

Aquele comentário fez meu sangue ferver. Finalmente achei alguém que conseguia ser mais insuportável que a própria Annie: Erik. Apesar que a Annie era especial, mas ele não.

Ela se levantou toda vermelha igual seu All-Star e eu a acompanhei lançando um olhar de ódio para Erik. Ele não pareceu se importar porque começou a rir que nem um besta.

Annie começou a andar na direção dele e eu tentei impedir falando.

– Ignora ele Annie, ele só quer nos provocar.

– Deixa que eu cuido dele Índio, meu amor.

Eu sei que Erik era um garoto legal e tudo mais, não era como Abel e os outros, mas as brincadeiras dele ultrapassavam os limites. Pelo menos para mim. Caimana e Viny chegaram para ver o grande espetáculo, assim como vários outros alunos.

– Aff! - murmurei.

Ela chegou na frente de Erik que agora tentava segurar o riso e parou.

– Repete o que disse sobre mim garoto! - ela mandou.

Ele fechou os olhos com deboche e respondeu:

– N-A-O-TIL... NÃO!

Ela agarrou a orelha de Erik com muita força e puxou para baixo sem dó nem piedade. O garoto começou a gritar: NÃO, NÃO, NÃO! ANNIE, PARA POR FAVOR! PARA, PARA PARA! SUA DOIDAAA! POR FAVOR, EU JURO QUE NUNCA MAIS FALO ISSO.

– Se você fizer mais alguma gracinha de novo, vai se arrepender moleque!! - ela gritou soltando a orelha dele que agora estava tão escarlate quanto os tênis da Annie.

– Aih Annie! Isso num vale! - ele choramingou no chão. - Eu sei que você me ama, vai fala logo!

– O que? Tah louco moleque?

Ele levantou e pegou Annie num movimento romântico pronto para beijá-la. Foi nesse momento que toda a calma e todo o raciocínio na minha mente se esvaíram por completo.

Não importa se passei vergonha, isso na hora eu nem percebi. Só sei que sai correndo e agarrei Erik pelo colarinho e comecei a gritar coisas como:

– NÃO CHEGUE PERTO DA MINHA NAMORADA DE NOVO TÁ OUVINDO??!!!

Eu sei, eu sei. Isso não é tipico de mim. Mas aquele garoto parecia que tinha feito de propósito.

– Eu tava brincando Índiozinho, me desculpaaaa!!

Os alnos ao redor riam muito. Lágrimas desciam dos rostos de alguns deles, não aguentando a cena.

– EI EI! Chega né! - Capí interveio.

– Ai Erik, não acredito que você veio provocar eles de novo... - Alícia chegou com um olhar cansativo.

– Eu achei que eles iam entrar na brincadeira. - ele disse tristonho.

– Eles são namorados Erik, não se faz brincadeiras assim com quem namora.

Eu olhei para o lado tentando disfarçar. Eu estava corando, que coisa mais ridícula.

Annie jogou o cabelo para trás e veio na minha direção rebolando. REBOLANDO! Deuses, como aquilo era engraçado.

– EI PESSOAL! - Lucas veio em sua cadeira de rodas. - Eu acho que hoje não haverá aula.

Eu não havia entendido direito o que ele disse, então Annie, que era muito amiga do garoto, se aproximou de mim e repetiu o que o garoto disse.

– Como assim não vai ter aula? - perguntei.

Os alunos se entreolharam confusos, menos Capí. Ele apenas baixou a cabeça.

Ele sabia de alguma coisa. Disso tenho certeza.

– Gente, mas ontem não teve aula também! - Caimana disse.

Varias conversas paralelas começaram. Os alunos pareciam que não se lembravam de nada. Alguns alegavam que teve aula, ma um dizia que estavam em uma luta ou algo do tipo e ainda acrescentou que todos os alunos foram submetidos a interrogatórios a respeito dos acontecimentos, mas apenas ele tinha escapado e por isso se lembrava de tudo. Era o Welllington, mais um amigo da Annie.

– Mas é sério gente! - Ele dizia. - Vocês não se lembram de nada?

Os alunos balançavam negativamente a cabeça.

– Mas...

– Ei Well! Você deve ter bebido alguma poção que não devia na sala do Rudji, aposto! - Annie disse.

– Annie, você sabe muito bem que eu não faço isso a não ser que a poção seja amarela.

– Eu sei mas...

– Senhor Wellington Monteiro!

Uma voz se fez ouvir, calando todos naquele momento. Dalila estava na ponta do salão com ar esnobe como sempre. Como eu odiava aquela mulher.
Wellington olhou para a conselheira e ergueu a mão.

– A diretora exige sua presença na sala dela. Agora.

Uma garota entrou repentinamente na conversa.

– Tudo o que ele esta falando é verdade pessoal! - era Clarissa. Estava claramente abalada. - Vocês não estão estranhando a falta de alguns alunos? Eles morreram nos ajudando! E todos fomos submetidos á... ao esquecimento! Isso pe um absurdo.

O caos reinou no lugar. Todos ficaram apavorados naquele instante. Como seus amigos haviam morrido e ele nem sequer sabiam. Tudo o que sabiam é que os mesmo haviam participado de um programa de intercâmbio e apenas isso.

– Já que a senhora também está na mesma situação que o senhor Monteiro, queira nos acompanhar por favor.

O garoto foi tremendo junto de Clarissa e eles acompanharam Dalila pelas escadas. Todos ficaram calados.

Por um longo momento que pareceu séculos, os alunos ficaram se entreolhando até que alguém cortou o silencio.

– Bom, já que não vai te aula... VAMOS PRA PRAIAAA!! - Caimana gritou, tirando a roupa e ficando apenas de biquíni. Eu não sei como ela conseguiu, mas uma enorme prancha já estava nas mãos dela, e todos a seguiram correndo para o mar, tirando suas roupas no caminho. Parece que o grito dela encantou todo mundo como naquela velha história do flautista azêmola que encantou os ratos e tudo mais. Então sobraram apenas eu e Capí.

– O que houve Capí. - perguntei. Ele ainda estava com a cabeça baixa e parecia profundamente triste.

– Não é nada Índio. Não se preocupe.

– Você está escondendo alguma coisa. - eu disse.

– Não é nada, é só que... eu estou indo para uns... enterros.

Ele me deu as costas e foi para sua casa na orla da floresta.

Ele tinha dito "uns". Usou o plural então aquilo significava que... Não podia ser.

Tudo estava muito estranho ali. A falta de memória dos alunos. As aulas que não tivemos no dia anterior e hoje. Os alunos desaparecidos. Mas de alguma forma era impossível ligar as coisas.

Eu fui até a arvore mais próxima, onde tinha bastante sombra, abri meu livro e comecei a ler. Largando aquele mistério de lado. Afinal, estava tudo bem. Todos estavam felizes e tudo estava do jeito que deveria ser. Porque se preocupar com problemas que não existem?

Tudo bem que a pulga atrás da minha orelha estava inquieta, mas fazer o que?

Apenas baixei a cabeça e continuei minha leitura.

E acabei adormecendo com a brisa soprando calmamente.

FIM


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Notas finais do capítulo

Em breve, mais uma fanfic de AAE para vocês! ;) Aguardem!




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