O Livro Do Destino escrita por Beatriz Azevedo


Capítulo 66
O grande premio




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–Podíamos fingir que eles não estão aí? Felipe sussurrou.

Revirei os olhos.

–Então... melhor eu ir. Felipe falou desaparecendo.

O castelo é dele.

As regras também.

Dei de ombros ao olhar fuzilante de Mike por alguns instantes.

–Cortou o cabelo, Ju? Letícia perguntou.

Corei lembrando e passando a mão no penteado bagunçado que restou.

Mike revirou os olhos.

Letícia olhou finalmente para a cena semicerrou os olhos e saiu.

Suspirei.

–Ei! não pode ficar emburrado toda vez que...

–Que você vai beija-lo? ele perguntou sorrindo o que fez sua resposta ficar irônica.

Pisquei repetidas vezes tentando disfarçar meus olhos de surpresa.

–Imagine: toda vez que lhe vejo vocês estão quase se beijando. Ele falou dando de ombros.

Contive um riso.

–Sabe aquela história que sua mãe conta de que o cenário muda a peça?

Ele revirou os olhos e olhou pro chão.

–Eu odeio o Felipe. Ele murmurou.

–Por um simples ataque de ciúmes? ou algo mais? insisti.

Ele me encarou.

Sentei.

Ele olhou pro teto e fingiu pensar.

O encarei com desdém.

Ele sorriu.

–Pois eu não entrego os pontos tão facilmente. Ele falou e depois riu.

–E vocês vão me deixar loucamente irritada se continuarem discutindo como se eu fosse um premio.

Ele deu de ombros.

–Por que tudo fica tão silencioso? perguntei.

Ele deu de ombros.

–Por que meu mundo é silencioso e estar comigo torna o seu também.

–Tem a sensação de estar correndo perigo quando está comigo então? perguntei rindo.

–Talvez um perigo que se silencia.

–Boa.

–Juliette Roberts? Ele falou sorrindo.

Revirei os olhos.

–Sim.

Ele respirou fundo.

–Aceita namorar comigo? Ele perguntou rapidamente fazendo-me pensar por alguns segundos o que ele queria dizer.

Juro, quando penso neste momento sinto até hoje as borboletas azuis dentro de minha barriga fazendo-me ficar apenas de olhos arregalados, queixo caído e pensamentos distantes, lembro desta cena e rio.

Rio mesmo.

–De verdade? perguntei com a sobrancelha erguida.

Ele revirou os olhos.

–Sim.

–Eu aceito.

–Mas tem uma coisa. - Ele falou sério.

–Já sei - falei revirando os olhos - Felipe não encosta mais um dedo em mim.

–Ia dizer para que pedisse para ele parar de dar em cima de você, mas prefiro sua decisão.

Sorri.

Não sabia o que deveria sentir e acho que isso foi o melhor, meu primeiro namorado, meu primeiro melhor amigo, a pessoa que eu pensava que já havia separado direito meus sentimentos me fazendo ficar sem saber o que dizer.

–Ahhh. Felipe falou reaparecendo do nada.

Mike fez uma careta.

–Pois ainda será minha Julie Roberts. Felipe falou determinado.

Revirei os olhos.

–E ainda vai levar belos tapas se continuar me usando como premio de competição. Respondi.

–Mande seu - ele fingiu vomitar - namorado e sua irmã embora, se quiser poupar-lhes a vida.

Mike semicerrou os olhos o que é engraçado, já que seus olhos já são um pouco puxados fazendo-os ficarem quase fechados.

–Eu cuido da sua namorada, cara, não é isso que inimigos fazem? Felipe falou apoiando as mãos nos meus ombros.

–Er... não. Mike respondeu revirando os olhos.

Revirei os olhos.

–Ok. então não confie em mim. - Felipe falou sorrindo.

Movi bruscamente meus ombros para frente fazendo Felipe cair e começar a rir.

–Legal, faz tempo que não sou pego de surpresa.

Mike encarava Felipe e era óbvio que isso só fazia Felipe mais contente.

–Cara, além de ser chato não morre. Mike falou.

Ele revirou os olhos.

–Então que comece a briga. Felipe anunciou.

–Estão de brincadeira né? Perguntei, mas não fui ouvida.

Revirei os olhos.

–Só brigo mentalmente. Mike respondeu dando de ombros.

Escondi uma risada.

–Tadinho de você. Felipe falou ironicamente.

–Felipe, deixa o Mike em paz. Falei puxando seu braço.

Achei que ele estivesse enxergando minha alma quando só ficou segurando meu braço e olhando nos meus olhos.

Mike olhava para Felipe e para mim, e depois fingia olhar para outro lado.

–Calma. Falei quando senti seu braço segurar o meu com mais força.

Mike fez intenção de se mexer, mas fiz-lhe um sinal para que ficasse quieto.

–Felipe. Falei seria.

Ele apertou meu braço com mais força.

–Você está me machucando. Falei irritada.

Ele sorriu melancolicamente.

Me abraçou com força e no outro instante não estávamos mais no castelo.

Ainda sentia Felipe segurando meu braço.

–O que está fazendo? perguntei.

Olhei em volta, um vilarejo qualquer.

–Vamos enfrentar meu pai, agora.

Felipe me arrastou enquanto eu tentava me soltar.

–Está louco? seu pai não...

–O que entende sobre a mente humana para acusar alguém de loucura se é apenas um modo diferente de ver o mundo? Felipe falou, uau, eu o transformei em um filosofo.

Mesmo sabendo que tudo que ele estava fazendo era para ajudar tinha algo no fundo do seus olhos que eu não sabia identificar, mas sei o que sentia quando o via.

Medo.

–Seu modo de ver o mundo assusta o meu. Respondi.

Ele revirou os olhos e continuou me puxando.

–Onde está seu pai?

Ele riu.

–Acha mesmo que meu pai está em uma localização? ele está em todo canto, exceto aqui.

–E como vamos acha-lo aqui? perguntei.

–Pense, Julie, se ele está em todo o canto menos aqui, quando ele vier para cá ele estará somente aqui.

–Uau!

Ele sorriu desafiante.

–E como derroto seu pai?

Ele olhou pro chão.

–Meu pai é muito ligado à nossa família...

Revirei os olhos, mas foi por que eu estava mais brava comigo mesma que com qualquer outra pessoa.

E isso me faz pensar que... talvez todos os vilões das histórias podem ser muito maus, mas um pouco de humano existe neles e isso continua os deixando humanos, se eu o derrota-se teria que acabar com sua família, e isso me tornaria a vilã, não tornaria, todos somos vilões dependendo do jeito que os outros vêm nossa atitudes, não é?

Pensei um pouco.

–Não há outra forma?

Ele pensou um pouco e fez que não com a cabeça.

–Sempre existe outra forma, mas...

–Sem "Mas" fala logo. Falei sem paciência.

–Pense um pouco. Ele falou se afastando.

Revirei os olhos.

–Como vou pensar se meus pensamentos voam para qualquer outro canto?

Ele já havia sumido.

Sentei em uma pedra e pensei um pouco.

Finalmente um tempo só meu.

Eu queria ficar sozinha, mas ficando sozinha me sinto só.

Arrastei meu pé na terra seca em volta da pedra.

"Não tem solução" Era o que estava na minha cabeça.

–Quem disse? Laura perguntou.

Me virei surpresa.

–Meudeus! pensava que...

–Que morri? sim! - e ela começou a rir. A encarei com minha cara "você não bate bem da cabeça" e ela com a cara "Nem você" - Onde você acha que está?

Olhei em volta.

–Eu morri?

É essa foi a pergunta mais burra que eu fiz.

–Amor você acha que aqui é o céu? - ela falou rindo.

Revirei os olhos.

–É só mais uma dimensão entre tantas, e lhe garanto que essa é uma das melhores.

Apoiei minha cabeça em uma mão enquanto com outra brincava com o cadarço do meu tênis.

–Eu vim fazer um passeio e não acreditei quando te vi.

A encarei.

–Sabe o engraçado? eu pensava que ficaria super feliz em ver sua amiga que passou para melhor.

–E como é?

–Depende, pra mim é algo perfeito, lembra que eu sempre quis voar, olha. Ela falou flutuando.

–Mas e o...

–Se ele morrer agora eu não vou vê-lo.

–Por quê?

–Por que ele se manteve na vida. Ela falou revirando os olhos.

–Então ele iria pro...

–Não, ele ficaria uma alma vagueando pelo universo solitário.

–E os filhos dele?

–Tem um universo para cada pessoa neste mundo. Ela falou dando de ombros.

Pensei um pouco.

–E devo lhe dar os parabéns, a minha Julie tá namorando.

Sorri.

–Julie, o que vai fazer agora?

–Não sei agora, mas estou pensando em algo nunca feito antes.

–Como assim?

–Qual a semelhança de todos que são perseguidos pelo Destino?

–Usando você como exemplo, todos são paranoicos. Ela falou rindo.

Revirei os olhos.

–Ser celestial, todos enfrentaram o Destino.

Ela me encarou não escondendo o sorriso enorme.

–Pretende se esconder para sempre?

–Não, Laura, pretendo algo que tem que dar certo.

Ela revirou os olhos.

–Vou acrescentar a lista que os perseguidos pelo Destino também gostam de fazer mistério.

–E como vai a Mary? Falei mudando de assunto.

Laura arregalou os olhos.

–Julie, a Mary não veio para cá.

–Não?

–Ela não era sua prima, ela era um ser de capa fantasiado, mas ela acabou se revoltando e matando a irmã.

–Mas ela matou você também.

–Sim, quando ela desistiu de ser "vida eterna" e salvar você uma pequena parte de humanidade entrou nela assim ela matou metade dos seres de capa.

–Por isso ainda existem. pensei.

–Exatamente, mas eles não vão lhe perturbar, estão mais fracos que nunca.

–Não consigo mais pensar em paz? brinquei.

Ela fez um biquinho e fez que não com a cabeça.

–Então, diga-me, quem pretende beijar Juliette Roberts primeiro? ela brincou.

Revirei os olhos.

–Nossa, Laura, fala de mim, mas se eu tocar no assunto do Tiago você fica brava.

Ela riu.

–Ele era meu namorado.

–Tá, ok, Laura, você quer vir comigo?

–Eu quase sempre estou contigo. Ela disse dando de ombros.

–Então tá bem.

Eu a encarei.

–O quê?

–Me manda de volta pro castelo.

–Ah, sim. Ela falou rindo.


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