Come To The Dark Side, We Have Cookies! escrita por Tia Cafira


Capítulo 9
Quase primeiro dia de aula




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Parecia que eu tinha estado eras deitado. Minha cara queimava e quando abri os olhos, o Sol invadiu minha mente. Onde eu estava deitado também era quente e meu suor me fazia grudar naquilo. Entendi que estava no banco traseiro de couro, do carro do Brandon. Eu não fazia ideia do porque estar ali, e quando tentei levantar, eu vi tudo escurecer de novo. Quando levantei e minhas costas doeram mais do que nunca, eu estava só de calças e não havia água por perto. Nicole estava no banco da frente, e estava completamente nua, e uma menina no banco do motorista aparentemente já havia acordado e estava se vestindo. Ela era a menina que tinha participado do menàge comigo e com a Nicole. Me xinguei por não me lembrar de nada. Eu não achei minha camisa, mas achei minha jaqueta no chão do conversível e cobri Nicole. Mas estava tão calor, que eu fui atrás de algo mais fresco para nos cobrir. Talvez desse sorte de achar nossas roupas. Achei o Brandon ajudando o DJ a recolher as coisas, e comecei a tentar caçar a árvore da noite anterior. Dei uma puta sorte que ninguém roubou minhas roupas ou as roupas da ruiva. Brandon deu um sorriso sacana, ele sabia que eu tinha alguns preconceitos com homossexuais, e agora eu "automaticamente" era um deles. Eu tava mais pra bissexual. Mas eles nunca iam me deixar esquecer disso. 

—Nicole. - Eu beijei os lábios dela bem rapidamente e depois tive que cutucá-la para que ela despertasse. - Suas roupas. 

—Nossa, quanta gente ainda. - ela foi vestindo suas roupas e todo o equipamento do DJ já estava no porta-malas. Brandon ligou o carro e aquela multidão de pessoas dormindo na grama agora já era fofoca pro final do dia. A aula começaria dali a 1 hora ou menos.

—Na verdade, estamos 7 minutos atrasados. - Eu chequei no meu celular. 

E quando chegamos na escola, a polícia estava por lá:

—E agora, o que fazemos? - O DJ perguntou.

—Dá meia volta, discretamente, Brandon. - e Nicole abaixou no banco da frente, rezando para que seu pai não reconhecesse o conversível de seu melhor amigo. 

—Vamos pra onde? - perguntei.

—Meu studio. - o cara DJ falou.

—Seu porão é seu "studio"? - Brandon foi bem indiscreto, mas foi de consenso que iríamos pra lá, mesmo sem saber porque estávamos nos escondendo da polícia.

Quando chegamos lá, a Nicole correu para vomitar e chequei os bolsos, e tive um alívio em ver que eu estava com o meu celular e o dela, e fui ver se ela precisava de ajuda. Quando tive certeza que ela não melecaria o cabelo, eu vomitei na pia e fui ajudar os caras a tirar os equipamentos do carro. Quando terminamos o DJ ligou a TV, e os noticiários estavam desesperados. 

"... a média é de mais de 200 jovens mortos na clareira da reserva florestal de Oregon, as mortes até o atual momento não têm explicação..."

—Como assim sem explicação?

—Cala a boca, DJ. - Brandon pediu.

"... a teoria mais aceita foi de um vazamento de um gás, mas não há laudos que comprovem, manteremos o país atualizado.."

—Cara. Nós estávamos lá. - Brandon se jogou no sofá e procurou o celular. - Não acredito, meu celular não tá comigo!

—Não podemos ir até lá, - eu disse - eles nem nos deixariam entrar. Agora é esperar eles entrarem em contato conosco. Pelas mensagens eles vão saber que estávamos lá. Vão nos interrogar.

Quando Nicole ficou bem, tentamos dizer a ela tanto quanto nós sabíamos, e algo na cabeça dela pareceu fazer sentido:

—Acordamos tarde, e havia tanta gente lá. Eu estranhei isso.

—Mas eles pareciam estar dormindo! - o DJ disse. - Também achei estranho o Jake estar com o celular e ter achado as roupas. Ninguém parece ter sido roubado.

Percebi que o cara parecia estar de olho em mim.

—E agora? Nós desviamos da polícia no caminho da escola! Vão perguntar porque evitamos eles a tarde toda. - Nicole estava claramente em estado de pânico. Na noite passada uma menina foi morta porque caiu da sacada, e agora isso. 

As tragédias estavam acompanhando jovens, e isso estava deixando sequelas em nós, e na cidade em geral. E o pior, é que eu fazia uma ideia de quem era o responsável por aquilo, mas não fazia ideia da razão. Eu não posso invocar Lúcio quando quero, e nesse momento, nem sei se quero vê-lo.

—Gente, vamos tentar ficar calmos. A polícia logo vai chegar até nós, não temos nada a temer nem a esconder. Temos sorte de estarmos vivos e vamos esperar mais notícias. - eu tentei acalmar mais a mim mesmo do que aos outros.

Ficamos o dia inteiro naquele sótão, e a imagem dos jovens deitados pelo chão, aparentemente dormindo depois de sexo, drogas e música. Tudo parecia muito surreal e muito triste. Mais de 200 jovens, que tinha mais ou menos a nossa idade. Provavelmente Nicole perdeu amigas, Brandon está com medo pela própria pele, como todos nós. 

"Estamos de volta com o The News of Oregon, a Oregon School Three Rivers declarou que as aulas estão suspensas até a próxima semana, e os Estados Unidos da América declararam luto por 2 dias..."

—A polícia está demorando, talvez seja melhor nos apresentarmos voluntariamente. - nenhum deles achou uma boa ideia quando eu disse isso. Mas eu sabia que tinha que acelerar as coisas, precisava buscar por mim mesmo o que estava acontecendo. Talvez esse acontecimento deixe eu e Nicole separados, ontem eu fiquei tão alto que disse a ela que até fizemos amor. Não sei o que fazer, me sinto egoísta dizendo que até veio a calhar essas mortes todas.

—Fica comigo, Jacob. 

Da minha nuca escorreu um pingo de suor, e eu fiquei em alerta. Ignorei meu nervosismo e devolvi o celular dela, enquanto com o meu próprio, despedia-me do DJ e do Brandon. Ia levar Nicole de táxi para casa e ligar para Jill, o namorado da minha mãe e o chefe de polícia da cidade de Three Rivers.

—Jill?

Jacob?

—Preciso falar com você.

Eu deixei Nicole em casa, e disse que se fosse abordada, que dissesse a verdade, demos sorte de não cruzar com nenhuma patrulha, mas eles estavam com certeza em alerta máximo. Eu já estava na delegacia, quando o pai de Nicole me avistou e me conduziu pra sala do Jill.

—Senta aí, garoto.

Eu sentei e disse que estava lá ontem, e que saímos minutos antes dele acharem todo mundo. Contei tudo, que achamos que estavam todos dormindo, e que simplesmente saímos.

—Ok. Quem estava lá?

—Era uma rave, tinha muita gente. Mais de 100, com certeza.

—Mas quem te levou pra lá? Eu sei que você não dirige. Aposto que a ruivinha estava por lá, não estava?

—Estava. Trocamos mensagens, antes de irmos pra lá. Mas Brandon estava dirigindo, e o DJ voltou no mesmo carro que nós.

—Qual o nome desse DJ?

—Derek. Derek Gaston, se não me engano.

—Estamos com o celular desse tal de Brandon, estamos com os celulares de todas as vítimas. Podemos checar essa sua história? Onde posso achar Brandon, Nicole e esse Derek? O carro de vocês não apareceu no primeiro dia de aula, e nem foi visto na casa do próprio Brandon, na sua, ou na de Nicole.

—Fomos para a casa do DJ, eu acabei de deixar Nicole em casa.

—Houve alguma droga nova? Algo a ver com um gás?

—Creio que não, não usei nada desse tipo.

—Ok, você está liberado.

Foi estressante, não nego. E foi constrangedor, eu sabia que aquele não seria o único interrogatório que eu passaria, e que as perguntas só ficariam mais específicas. Toda a delegacia ia saber de tudo. Mas tudo bem, desde que descobrissem o que aconteceu. 

Quando cheguei em casa, os cachorros estavam na varanda tomando sol e minha mãe tinha aberto as janelas. Estava trabalhando e eram umas 9:00 da manhã. Eu não tinha a mínima ideia por onde começar a pesquisar, mas com certeza tinha que voltar até aquele lugar. Ou achar Lúcio antes.


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